No dia anterior da batalha deixo meu rastro até a clareira onde os Cullen iriam esperar os recém criados. Andar era bem complicado levando em conta que faltando semanas para o parto, Tyler já pesava quase três quilos. Não imaginava como ele poderia crescer mais.

—Já estamos acabando – Edward para atrás de mim, massageando as minhas costas quando paro com dor.

Os Cullen e os lobos estão na clareira praticando mais um pouco. A alcateia e Emmet mal se contem da felicidade de entrar em combate. E pelo menos, com essa situação, eles estão mais unidos. Seth é o que se dá melhor com os vampiros, o que irrita um pouco os outros membros da alcateia. Mas eu os entendia, era difícil não gostar deles.

Corto a mão numa galho seco e aproveito o pouco sangue para deixar numa árvore, fortalecendo o rastro.

—Vai deixar eles loucos. Recém criados não se contém em relação a sangue – eu o olho preocupada com os lobos e ele parece adivinhar – Os lobos tem um cheiro horrível, se sobressai ao cheiro de sangue. E de qualquer forma, não iríamos deixar que fizessem isso.

Mais tranquila, continuo deixando a trilha.

No dia seguinte, bem cedo encontramos com Jacob na clareira. Jake encobriria meu cheiro e Edward me encontraria depois.

—Tá pesada, hein Bells – ele brinca.

—Culpa do Tyler que é imenso. Ô bebê pra chutar as minhas costelas!

—Os genes do alpha. Meu pai disse que eu também era um bebê muito grande. Minha mãe penou mais comigo do que com as gêmeas.

—Jake, nós precisamos conversar – começo sem saber como dizer que vou me casar com Edward.

—Pode falar, não é como se eu pudesse evitar te ouvir enquanto te carrego.

—Eu sei que você vai ficar chateado, mas eu preciso te contar eu mesma. Não quero que saiba por outra pessoa.

—Você não vai se mudar, né?

—Não, Jake. Não por enquanto. Mas precisaremos em algum momento ir. Os Cullen vão levantar suspeitas por não envelhecer. Mas não se preocupe, você e o Tyler serão próximos. Ele vai ter boas lembranças da reserva, uma infância feliz em Forks com meu pai. Mas não era isso que eu queria falar.

—Era o quê?

—Eu e Edward estamos noivos.

—Noivos? – ele para – Vocês vão se casar?

—Sim.

—Isso é ridículo! Você nem quer se tornar como eles! Quer ser uma mãe humana normal e ele nunca vai envelhecer!

—Ele é o amor da minha existência. Contanto que ele esteja ao meu lado, está tudo bem.

—Bells, eu posso parar de me transformar e ter uma família normal com você – ele volta a andar com os olhos fixos em mim, mas sem tropeçar.

—Jacob, não está em discussão. Eu já decidi e gostaria que você estivesse ao meu lado nesse momento.

—Não prometo nada – ele diz sério e continua a andar em silêncio.

Quando chegamos, Edward está montando a barraca e vejo Jake se controlar para não avançar nele. Odeio esse clima de tensão.

—Está entregue, agora vou voltar pra clareira – ele  olha para o céu – escolheram a pior noite de todas para acampar.

—Não é como se tivéssemos escolhido o dia – Edward falou enquanto ajeitava algumas coisas sem olhar diretamente para Jake.

—Alice já tinha nos dito da tempestade, mas não tinha muito que fazer.

—Você é a única que sente frio aqui, Bells – Jake começou a se despir e caminhar para a floresta – Vou dar uma olhada para ver se nenhum chegou antes e saber o que está acontecendo em casa.

—Você contou a ele – Edward disse.

—Eu precisava que ele fosse o primeiro a saber. Ele é o pai de Tyler afinal. Pelo menos um dos pais – eu sorri para Edward que pôs as mãos sobre minha barriga. Ty pareceu reagir ao toque gelado e me deu um chute nas costelas.

—Acho que estamos ficando sem espaço – Edward brincou.

—E como!

Jacob disse que passaria a noite na tempestade transformado já que para ele o cheiro era insuportável. E a temperatura só fazia cair. Eu estava inteiramente vestida, dentro do saco de dormir térmico, mas o frio que eu sentia fazia com que eu me sentisse nua.

Edward por fim chamou Jacob para se deitar ao meu lado e me aquecer. Até abri a boca para reclamar, mas pensei em Tyler e em como o frio não faria nada bem a ele, então aceitei calada a situação extremamente constrangedora.

Jacob não escondeu o sorriso vitorioso ao entrar na barraca e eu revirei os olhos.

—Oi, garotão – Jake tocou minha barriga e se deitou ao meu lado. Toda a vontade de reclamar desapareceu quando ele me aninhou a ele. O calor era uma dádiva pouco valorizada. Era com respirar depois de um longo período sem ar.

Eu conseguia ver vagamente no escuro da madrugada, mas podia ver que Edward não estava nada feliz com a situação. Se fosse ao contrário, eu também não estaria.

—Ainda posso ler seus pensamentos – a voz de Edward era fria e assustadora.

—J-j-j-jacob! – briguei.

—Ainda sou o mesmo cavaleiro. É só um aviso – a voz de Jake deixava claro que ele estava se divertido – Você está gelada. Até seus lábios estão roxos, se quiser ajuda...

—Claro! – Jake e Edward pararam de respirar e eu pus a mão de Jacob sobre minha boca – Obrigada pela ajuda – minha voz saiu abafada e Edward riu.

—Hora da humana dormir – Edward disse – Amanhã vai ser um longo dia.

Estiquei minha mão para que ele a pegasse. Edward segurou-a com o menor contato possível, mas já não incomodava mais com o calor de Jacob. Eu estava habituada demais a dormir em contato com ele. Jacob bufou e certamente rolou os olhos, achando brega, mas não liguei.

—Boa noite Edward, Jacob e Tyler – depois de receber as devidas respostas fechei os olhos e cai no sono quase imediatamente.