Louco pelo que havia ocorrido, Caleb fugiu para a floresta. O sangue correndo furiosamente pelas suas veias o enchia de dor pelo corpo todo. A neblina complicava sua fuga sobre quatro "patas", mas com um olhar de lobo ele podia enxergar e identificar até mesmo uma pessoa a 1 quilômetro de distância. As árvores que o cercavam deveriam complicar seu trajeto, mas elas pareciam estar mapeadas em sua cabeça, e ao invés de atrapalhar, elas o ajudaram despistando-o do ser que parecia começar a segui-lo. A fera que o havia mordido e concedido lhe os seus novos poderes agora o caçava como um lobo caça um cervo.

Aos poucos, Caleb enxergava uma forte luz cegante que vinha do que parecia ser uma estrada. Acabou dando de encontro com a avenida principal da cidade, porém, isso acabou atrapalhando mais do que ajudando. Sua visão estava tão aguçada que aquela luz o estonteou a ponto de ele bater em uma das árvores das qual ele sabia onde se localizava. Apesar disso, a fera se assustou com o brilho e então fugiu.

A batida fez com que o jovem controlasse sua transformação, agora ele se concentrava na dor que residia em sua cabeça, e não em seu corpo inteiro. Sua visão havia voltado ao normal, logo, aquela luz ofuscante não o cegava mais. Coincidentemente, aquela luz era de um carro da polícia, o que veio a calhar, pois era exatamente quem ele procurava. Correndo desesperadamente como se alguém próximo tivesse sofrido um acidente, ele bateu na janela da viatura onde estava o policial que estava prestes a sair do local. Aparentemente havia ocorrido um assassinato no local, não se sabia bem o que havia ocorrido, apenas que o corpo estava marcado com garras do obro à cintura e também no pescoço. O policial que estava ali era o Xerife Stilinski, como sempre, preocupado com os cidadãos, foi logo ao socorro de Caleb.

—Ei,ei,ei... Calma aí, deixa eu te ajudar... O que houve?

—B-bem... Nada demais, apenas o pneu do carro da minha mãe que estourou... Estamos nos mudando pra Beacon e algo o rasgou...

—Jura? E esse rasgo na sua blusa em forma de mordida? Aparentemente caiu sangue aí... E cadê a ferida que devia estar aí? - Perguntava freneticamente o Xerife da cidade. Caleb ficava louco com todos os "porquês" que lhe eram concedidos pelo policial. Será que Caleb poderia confiar nele? Será que poderia realmente contar o ocorrido? Ele chegou a uma conclusão: Quanto menos gente souber, melhor! Então, ele simplesmente disse que era um adorno da blusa para representar a mordida de um animal feroz. O Xerife Stilinski entendia um pouco do sobrenatural de Beacon, já havia passado por vários casos do gênero, então não ia cair numa desculpa tão esfarrapada como essa, mas fingiu acreditar para não levantar suspeitas sobre ele.

—Ok, garoto... Entra no carro e me guie até sua mãe... Lá eu vou dar pra ela o meu estepe e vocês seguem viagem.

—C-certo, obrigado.

Chegando lá, Caleb percebe sua mãe do lado de fora do carro e de braços cruzados com a cara mais fechada do que um cofre  de 10 toneladas. "Meu Deus, fiz bosta... Será que demorei demais?" pensou Caleb no carro enquanto o Xerife olhava para ele com a típica expressão de "Moleque, você está ferrado.". Assim que o carro parou, Caleb desceu e caminhou com esperança de que um pouco de bondade houvesse sobrado na alma de sua furiosa mãe. Neste momento ela parecia mais furiosa e medonha que a fera que havia o atacado uma ou duas horas mais cedo.

—Caleb! Onde você estava? Quer morrer ou me matar de preocupação? E... Aí, meu Deus! O que foi isso? Sua blusa tá rasgada! Tá tudo bem? - Dizia Margareth preocupada com o filho

—N-não foi nada, mãe. Ela só prendeu em uns galhos...

—Ainda bem! Se acontecesse algo com você eu não saberia o que fazer! - Ela disse o abraçando fortemente

Neste instante o Xerife lembrou do que Caleb havia dito: "É um adorno bobo da blusa, pra parecer que um animal feroz me mordeu.". "As desculpas não batem... Vou falar com o Stiles e com o Scott." ele pensou.

O Xerife pôs o estepe no carro dos dois e os guiou até a entrada da cidade, deu informações de onde eles precisavam ir e rapidamente foi pra casa alertar Stiles. Já era tarde da noite, 2h00am mais ou menos.

—Stiles, acorda! - Ele disse acendendo as luzes do quarto e chacoalhando o garoto como se dependesse da vida dele.

—AAAAAHHHHH!!! - Gritou Stiles como se estivessem matando-o. - O que foi, pai? Quer me matar?

—Às vezes, sim. Mas deixe de bobagem, aconteceu algo importante.

—Tá, o que foi?

—Um garoto novo se mudou pra Beacon Hills, acho que o nome dele era Caleb... Ele veio me pedir ajuda quando estávamos investigando um assassinato, que particularmente acho que tenha sido causado por alguém com garras e presas bem grandes se é que me entende...

—Tá, mas o que isso tem a ver com o garoto?

—Ele estava com uma marca de mordida estranha na blusa e com um pouco de sangue... Como haveria sangue num lugar sem ferida?  Disse que era um enfeite! Coisa boba... Mas quando a mãe dele perguntou ele disse que a blusa prendeu em um galho.

—E o que isso tem a ver, pai? - Stiles perguntava como se nada fizesse sentido, mas em sua defesa ele poderia dizer que estava apenas dormindo até acordarem ele desesperadamente. Sua cabeça não estava no lugar para raciocinar tudo que seu pai dizia sobre o caso.

—Não percebe, Stiles? O moleque foi mordido! Por um Alfa! Tem noção do que pode acontecer? - Stiles já estava quase caindo do colchão do qual estava sentado, estava roncando enquanto fingia escutar tudo o que o pai dizia. - Stiles, acorda!

—Anh? Oi? Alfa? Onde? - Ele dizia desesperado por ser repentinamente acordado pela segunda vez.

—Quer saber? Vai dormir... Puxei a ficha do garoto, parece bom aluno, tira boas notas... Só quero que você e o Scott fiquem de olho nele, posso confiar em você?

—Tá, tá... Pode sim... - Ele dizia bocejando já deitado na cama.

—Esse moleque... - Ele dizia fechando a porta do quarto de Stiles e passando a mão no rosto, reconhecendo derrota perante a preguiça do filho

No Dia Seguinte (de manhã)

Caleb estava "podre" de cansaço pelos ocorridos do dia anterior. O animal que o perseguiu, a falta de confiança que ele tinha no policial, os poderes que surgiram com aquela mordida... Tudo o que ele menos queria era ir para a escola! Ele era um aluno novo que provavelmente ia andar sozinho, teria que aguentar matérias chatas e pessoas implicando com ele por ser "aluno novo".

—Caleb! Desça, venha tomar café!

—Mãe, eu posso faltar hoje? Não estou no menor pique pra ir pra escola... - Ele disse enquanto descia as escadas do segundo andar que davam direto na cozinha.

—Sinto muito, mocinho, você não vai faltar no primeiro dia de aula. - Margareth dizia enquanto mexia alguns ovos dentro de uma bacia para fazer um bolo. Havia um tempo que a batedeira estava quebrada, mas ninguém fazia questão de ir atrás de comprar outra.

Caleb sabia que não era bom contestar com sua mãe, sempre que o fazia ficava de castigo de algo. Da última vez ele perdeu o direito de sair com os amigos durante 1 semana. Tudo que fez após essa breve discussão foi subir as escadas coçando a cabeça e suspirando de raiva, enquanto Margareth continuava a mexer a clara dos ovos e dava um sorriso escondido. "Calma lá jovem... Você vai fazer amigos novos..." ela pensava no silêncio da cozinha.

Enquanto se trocava no andar de cima da casa, ele olhava o espelho e se perguntava se aquilo tinha sido um sonho. Foi quando seus olhos verdes chamuscaram um amarelo por um breve momento. Caleb desceu as escadas com uma feição decepcionada e triste... Sabia que aquele seu majestoso cabelo grande seria tirado de "emo" como quando apareceu pela primeira vez no seu colégio antigo assim. Sophie foi a única que esteve sempre com ele, e por mais irônico que fosse, agora ele que estava longe dela.

No caminho pro colégio ele viu um jipe passando a toda velocidade para chegar no horário certo, haviam três pessoas lá dentro... Dois meninos e uma menina! Ele se espantou com a confusão que estava lá dentro, eram papéis voando para todos os lados enquanto eles ajeitavam as coisas dentro de suas mochilas. Porém, quando um dos meninos se virou para a janela ele viu Caleb, era Scott, que estranhamente, ao ver Caleb, seus olhos brilharam em vermelho carmesim, tornando a fazer os olhos de Caleb chamuscarem amarelo. "E-ele é igual a mim... Será que posso confiar nele?" Caleb pensou naquele momento que passou rápido como um raio.