O Jogo Assassino escrita por Nabea


Capítulo 8
Capítulo VII




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“Apenas alguns dias e tudo muda; e quando pensamos que teremos respostas, aparecem mais perguntas”.

— Mikaella Park, Agente Especial.

 

Cena do Crime.

4:30 PM

O sedã virou a última esquina, percorrendo meio metro, logo, tornando-se possível ver a cena: viaturas da policia estacionados na rua e em garagens alheias; a multidão de curiosos atrás da fita amarela, esticando os pescoços para ver algo a mais, enquanto policiais tentavam mantê-los afastados, e as vans das imprensas em frente a casa, com os câmeras-men e jornalistas preparados para transmitir as informações ao vivo.

Era nada mais que a típica cena de noticiário, qual sempre acontecia em casos como esse. Algo que não tinha como evitar. E vendo a rua como estava Wonder estacionou o carro, permanecendo distante, pois era perceptível que, mesmo que tentasse, não conseguiria passar.

— Vamos seguir a pé. — Anuncio descendo do carro. Seus amigos o acompanharam, fechando a porta com um estrondo, e assim, saíram rumo a casa.

Abriram caminho em passos apressados entre a multidão, qual parecia revoltar-se cada vez mais — visto que seus murmúrios e reclamações estavam intensificando, chegando a gritarias e xingamentos —; e assim que alcançaram a fita, prestes a ultrapassa-la, um policial apareceu os barrando.

— Estão pensando em fazer o quê? — questionou cruzando os braços sobre o peito. Sua voz soara ríspida e alta, apenas para ser ouvida sobre o falatório da multidão. — Não estão vendo que é uma cena do crime? — encarava-os com olhar cético, cheio de superioridade.

— Sabemos, por isso que estamos aqui — concordou Michael, sustentando o olhar, sem se intimidar. — Estamos aqui para ajudar. — Sua mão lentamente entrou no bolso de sua calça, tirando de lá sua identificação: seu distintivo, qual ergueu: — Fazemos parte da investigação.

Park e Black fizeram o mesmo: tiraram os distintivos dos bolsos e o mostrou, qual analisou cautelosamente, olhando as fotos ali estampadas e depois os donos, da cabeça aos pés, até que, com uma expressão azeda, devolveu.

— Passem. — Anunciou, tanto quanto relutante, erguendo a fita com as próprias mãos, dando passagem.

O trio, após guardar os distintivos, sem nada a comentar, passaram rapidamente, e com a mesma pressa — sem se importarem com os olhares — caminharam até a casa e assim que entraram pela porta escancarada, procuraram Mye, encontrando-a em meio a um pequeno grupo de policiais e pessoas do laboratório criminal, quais pareciam estar discutindo sobre o caso.

Com passos pequenos, aproximaram-se.

— Licença. — Mikaella pediu, tocando o ombro da morena, qual se virou abruptamente, não por susto, apenas para ver quem lhe chamava.

A expressão de seu rosto, de inicio, era de nojo e confusão, mas assim que os vira, contorceu-se em alivio, talvez por ter a chance de entender o que estava acontecendo.

— Até que enfim vocês chegaram. — Expos, o que soara como sussurro em meio a todos os barulhos que ocorria em conjunto ao redor.

— O que sabem até agora? — Michael questionou de imediato.

Mye distanciou-se do grupo, para poderem conversar, sem gritarias extras.

— As vitimas é o casal Amber e James Foster — começou. — Um dos vizinhos, que achava que eles estavam viajando, passou e viu a porta aberta, e quando entrou os encontrou... — apontou para outro cômodo à sua direita, onde estava outro grupo. Aquela era o senário principal —... logo ligando para a polícia. — Finalizou, com a cena na cabeça. Era atordoante!

— Ele mexeu em alguma coisa? — questionou Lenon, recebendo uma negação. — O vizinho sabe dizer se dias antes receberam visitas?

Mais uma negação. Não era de se surpreender, o assassino agia nas sombras: entra e saí como fantasma.

— Perguntei se sabia de algo sobre eles... — iniciou, mas a essa altura Michael já havia se distanciado, em rumo ao outro cômodo, sem nenhum impedimento dos colegas, que continuavam focados nas informações —... mas a única resposta dele foi que o casal era muito reservado. — Era óbvia sua decepção. — Eu estava começando a ouvir o que acharam... — Indicou o grupo com que estava antes.

Lenon cogitou acompanha-la e ouvir as informações de outros policiais, Mikaella, por outro lado, pediu licença e encaminhou-se até Michael, o único que permanecera no cômodo.

— Acharam alguma coisa? — indagou, ficando ao lado de Michael que permaneceu em silencio por um tempo.

— Nada demais. — Disse com a voz distante. — Apenas a faca, que já foi levada para análise. — Fechou os olhos e massageou a têmpora, tentando imaginar uma cena que se encaixasse nos rastros de sangue, todavia, nenhum resultado positivo: não eram iguais às outras cenas de crimes já vistas, não era como a do assassino! — As fotos que foram tiradas serão entregues para nós depois que forem digitalizadas. — Abriu os olhos; aquilo era como um quebra-cabeça, mas faltavam peças para concluí-lo.

Soltando um suspiro, ergueu o olhar a amiga. Os olhos azuis continuavam indecifráveis e a expressão de seu rosto continuava fria e nervosa. Eles se entreolharam, até que Michael voltou a olhar o chão.

— Eles também nos convidaram para ir ver a autópsia. — Informou, como se não fosse útil.

— Então temos que ir — Wonder concordou com a cabeça, de forma lenta e distraída, mas nada disse ou fez. Mikaella pegou-o pelo pulso, e o puxou para longe. — Lenon, autópsia. — Avisou assim que passara pelo colega que conversava com alguns policiais, sem pegar detalhe do-que-quer-que-seja, pois saíra rapidamente no encalço dos outros dois.

 

Instituto Médico Legal

O edifício branco e decadente onde são realizadas as autópsias não era um caminho longo a ser percorrido. Estavam seguindo dois policiais pelo corredor branco, no qual quanto mais se aprofundavam, mais o cheiro de formou tornava-se forte. Pararam em frente a uma porta dupla branca de pequenas janelas que não davam nenhuma visão nítida do interior da sala, e lhes estenderam as máscaras brancas, quais rapidamente colocaram, todavia, não impediram o cheio.

— O doutor está esperando — disse um dos uniformizados abrindo passagem ao trio.

Concordando com a cabeça, adentraram o local: uma sala simples, porém pouco iluminada; o ar frio, e com o cheiro de formou mais forte, tanto quanto o de putrefação e morte.

— Boa tarde! Vocês devem ser os agentes do FBI, certo? — cumprimentou um senhor a beira dos seus 55 anos, cabelos grisalhos e feição marcada pelo tempo, sem olha-los, enquanto cortava com o bisturi, o peito do corpo sobre a maca a sua frente.

— Sim — concordou Lenon. — Me chamo Lenon, essa é a Mikaella e esse Michael — apresentou, indicando cada um.

— Prazer, doutor Charles. — Sorriu e após a apresentação, voltou à atenção ao corpo, qual havia parado o corte abaixo dos seios, apenas para olha-los.

Em um gesto sutil, finalizou o corte, e deixou o bisturi ensanguentado sobre a mesinha com seus outros instrumentos. Com as mãos enluvadas abriu o peito da dama portadora de cabelo ruivo;  de orbes secretas, por conta de seus olhos fechados, e pele — um dia corada — pálida, sem vida. Tinha seus 22 anos.

Deixando o corpo aberto, tirou as luvas, jogando-as no lixo; caminhou até a pia e lavou as mãos.

— Desculpe por não ter esperado, mas decidi adiantar um pouco — expôs, e após colocar outro par de luvas, passou pelos agentes em direção a outras duas macas metálicas, quais erguiam dois corpos, cobertos por um lençol branco. — O casal Foster — anunciou deslizando o pano, revelando, aos poucos, a mulher de cabelo negro e pele cinzenta. — Eles estavam começando a entrar em estado se putrefação — indicou o braço, qual estava começando a ter a pele marcada. — O corte no pescoço, a jugar pela brutalidade... — apontou para a ferida em horizontal: uma linha deformada e torta —... a faca estava cega. — Passou o indicador, desenhando-a. — E pelo pouco de sangue que estava espalhado pela região... — pausou e com os dedos emaranhados nos fios negros, inclinou a cabeça, qual parecia querer se desgrudar do corpo, só que, pelo pouco de pele e carne que tinha na nuca, não foi realizado. Analisou um pouco mais, só para confirmar sua hipótese: —... foi feito após a morte.

— Só queria deixar sua marca — observou Mikaella, aproximando-se um pouco mais do corpo.

O doutor concordou, afinal, era típico de casos assim: quanto mais o assassino tornava-se conhecido, mais espalhava o terror, sempre deixando sua marca visível.

— Se a causa da morte não foi perda de sangue, o que foi? — questionou Lenon, confuso.

— Como as outras vítimas, eles foram torturados — mostrou a perna direita, onde no lado inferior da coxa possuía cortes: uns profundos e outros superficiais, apenas de provocação —, mas não foi à causa. — Cobriu o corpo até a cintura. — A causa da morte foi traumatismo craniano — passou o dedo na superfície da cabeça, sentindo o profundo desnível —, pelo menos a da mulher.

Os agentes olharam-no, ainda mais confusos, entendendo a pergunta silenciosa — “Como assim?” —, mas não respondera de imediato, até porque, tinha que mostrar para entender.

Doutor Charles cobriu o corpo e virou-se para a outra maca, descobrindo o marido.

— Esse, sim, foi por perda de sangue.

Os agentes analisaram: tinha o peito aberto, no entanto fora feito para análise; tinha sido torturado, mas nada diferente sobre isso, e, principalmente, não tinha corte no pescoço. Mas em consideração, no antebraço, tinha um corte profundo, em vertical, qual pegou artérias em meio ao ato.

Aquilo também era novo...

— Qual foi à hora da morte? — Wonder perguntara, sentindo a garganta fechar, talvez de raiva, talvez de nervosismo.

— Do jeito que a putrefação se alastrou, diria que há cinco dias — cobriu o corpo. — A mulher por volta das dez, e seu marido por volta do meio dia.

Nada condizia com o assassino: faca cega, corte após a morte, ataque de manhã...

“O que ele estava fazendo? Queria o que, afinal?”, era a pergunta que não se calava.

— Ainda irei fazer mais análises, e assim que terminar o relatório irei entregar aos policiais — o doutor tomou as palavras, enquanto os agentes olhavam aturdidos para os corpos. — Foi um prazer conhecê-los — sorriu, mas não recebeu nenhum em troca.


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Notas finais do capítulo

Sinto muito por qualquer erro, mas espero que tenham tido uma boa leitura :)
Até a próxima (espero).



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