O Jogo Assassino escrita por Nabea


Capítulo 2
Capítulo I




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Vejo que os esforços são inválidos, chegando ao esquecimento, quando não se dá o que as pessoas desejam, ou, ao menos, não consegue conter um crime.

Jones Russel, Detetive da 12° Departamento Policial de New York*.

 

 

New York,

12° Departamento Policial.

26 de Março.

Chegava a dar oito horas da noite, horário onde o céu já estava escuro e trabalhadores saiam de seus serviços em direção a suas casas, a procura de um descanso. Era a hora de a cidade começar a entrar em silêncio, porém não era isso que acontecia: as ruas continuavam estavam agitadas; as casas ainda acesas, as televisões sincronizadas no mesmo canal, num volume mais alto que o necessário com os telespectadores concentrados no que ali passava; hipnotizados com o assunto.

E a delegacia encontrava-se no mesmo estado: todos ainda presentes no local estavam empilhados um no outros, xingando mentalmente, ou mordendo suas línguas para um palavrão não lhes escapar pela boca, focados na jornalista morena dos intensos olhos cinza que anunciava tudo com uma voz calma, límpida.

Mais um assassinato ocorreu em Nova York, na 7th Avenue. — Dizia, parecendo estar sem medo, como se o assassinato não fosse nada demais comparado aos que já vira em toda sua carreira; mas todos sabiam que era mentira, todos sabiam do modo como esse era efetuado — sem dó, piedade —, sabiam que era horrível. — Estamos aqui com o policial Russel, um dos responsáveis pela procura do assassino.

O camera-man se virou para o moreno de 40 e tantos anos: seu cabelo começava a ser mesclado com os grisalhos que parecia não lhe importar; sua expressão machucada pelo tempo estava séria, mas seus olhos deixavam claro a irritação, e seus lábios franzidos deixava a decepção que sentia transparecer.

“De novo, mais um assassinato que poderíamos ter evitado, mas não conseguimos”. Provavelmente esse era seu pensamento enquanto olhava para a câmera, parecendo perdido em outra realidade.

Esse é mais um dos assassinatos desse ano, do mesmo criminoso que procuram... — a morena mantinha a mão firme no microfone, onde os nós de seus dedos tornavam-se brancos, prestes a ficar roxos — O que tem a dizer sobre? — levou o microfone a boca do mais velho, tentando não tremer diante à câmera.

O policial encarou a morena com um olhar sentido, mas tentando mostrar ar confiante ao resto do publico, respondeu:

Infelizmente essa tragédia aconteceu, e sentimos muito pela família... — sua voz no começo saiu esganiçada, então pigarreou antes de prosseguir: —... mas estamos fazendo o melhor possível para colocar o assassino atrás das grades. — Parou, logo repassando as palavras em mente, esperando que fossem boas. Era muita pressão porque sabia que muitos assistiam, já que era a notícia do momento.

Já tem algo que o faça determinar quem seja o assassino? — questionou observando-o atentamente com aqueles olhos cinza, que pareciam suplicar que a resposta fosse “sim”, suplicando para que aquilo acabasse logo.

O policial ficou quieto por um tempo. Dizer não era a verdade, mas sabia que seria atacado pela multidão por causa do trabalho sem resultado, e avanço... Nesse momento pegou-se pensando na população, na segurança deles que trabalhão para manter. Pegou-se pensando nas famílias... na sua! Mas, triste e sem ao menos esconder isso, retrucou:

Infelizmente, não. — Sua voz saíra mais baixa que o esperado, mais sofrida que o esperado, mais suplicada que o esperado. Na verdade, a vida, estava sendo inesperada demais.

Assim que respondera, no meio da plateia que rodeava o prédio envolvido pela fita amarela que tinha escrito: “CRIME SCENE DO NOT CROSS”**, saiu um homem que gritou a plenos pulmões:

Então como querem nos proteger? — gritou exasperado. Ele estava sendo levado à loucura com tudo isso. — Vocês não estão fazendo seu trabalho! — Denunciou, e só dizia tal porque estava com medo, mas afinal: quem não estava com medo?

O policial olhou para o homem que se pronunciara. Sabia que seria assim, mas não conseguiu conter um olhar afetado, triste.

Estamos fazendo o nosso melhor — respondeu, mais para si que para qualquer um. Em consolo. — Licença. — Pediu e foi-se embora.

A jornalista o viu se distanciar, sentindo pena porque eles não eram culpados, e sabia que tentariam fazer algo a respeito para acabar com essa “tortura”, mas a população não estava enxergando isso, só ligavam para sua própria proteção, sem ver o quanto esses homens esforçavam-se para realizar o que queriam. Esforçavam-se para efetuar o trabalho que decidiram exercer.

A morena voltou à realidade ao ver o policial fardado sumir entrando em uma das viaturas:

Obrigada e boa noite. — Despediu-se rapidamente, querendo acabar tudo.

Sua imagem sumiu na tela, e em seu lugar apareceu à loira que olhando para a câmera fixamente, continuou com seu trabalho:

Um assalto ocorreu em... — começou outra notícia, mas nesse momento ninguém mais estava interessado.

Todos ali no recinto saíram aos poucos, aturdidos pelo fato e pelo que viram. Sabiam que precisavam fazer algo a respeito, mas era mais complicado do que as pessoas imaginam... Em meio a pensar, o chefe da delegacia — que continuou parado diante a televisão, absorto em pensamentos — decidiu seguir a ideia, a arriscar, sacrificar tudo. Levado a concordar com tal decisão, se direcionou ao escritório às pressas, onde com a mesma rapidez pegou seu telefone e discou os números que conhecia de cor.

No primeiro toque foi atendido.

Alô? — era uma voz calma e melodiosa: de uma mulher.

— Emilly? — questionou. A moça concordou com um “sim” que parecia uma nota musical. O homem suspirou aliviado, e um tanto derrotado: não queria fazer isso, mas era necessário, haviam chegado à fase complicada. — Preciso de ajuda.

 

Londres,

27 de Março***.

Mais um homicídio entre os sete que já estão registrados, em menos de três meses. — A jornalista britânica de lindo sotaque informava calma. — Dessa vez quem sofrera foi o casal de Las Vegas que foi encontrado pela camareira. Eles passavam as férias em New York para visitar a família. — As fotos apareceram no campo direito da tela: uma loira jovem e bonita, de olhos claros e calorosos... devia ter chorado muito enquanto sofria. Abaixo de sua imagem tinha seu marido: moreno, rosto marcado pelo tempo e olhar castigado pela vida, desse, não tinha nada a observar. — Os policiais estão à procura...

Nem esperara terminar, já desligara a televisão. Não precisava ver aquilo, pois sabia de tudo e, com tal pensamento, sorriu: um sorriso lago e frio.

— Que divertido — comentou com voz embargada em diversão, voltando a bebericar sua bebida marrom.


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Notas finais do capítulo

* Após uma pesquisa sobre as delegacias em New York, eu vi que não existia a 12°, e assim como o seriado “Castle” (que amo, só por observação), decidi utiliza-la. E desde já, peço sinceras desculpas por algum erro ao nomear a delegacia.
** Em português significa: “CENA DO CRIME, NÃO ULTRAPASSE”.
*** O horário londrino é cinco horas adiantadas que o nova-iorquino, então, levando isso em conta, enquanto em New York é sete horas — chegando ser oito —, seriam meia-noite em Londres, ou seja, dia 27 de Março.

Viram? Eu decidi colocar anotações. Parece tão "profissional" agora... só que não kkkkk Agradeço por estarem lendo e espero que estejam gostando ♥
Até a próxima meus chocolates :*



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