Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 64
Alta


Notas iniciais do capítulo

Oi, estou viva, viu?
Bora terminar essa história?
Espero que gostem.



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Os dias foram se passando de forma lenta, o período de chuva contribuía para que fossem ainda mais tediosos.

— Vai, por favor! Eu prometo, é só uma vez. – Harley implora cruzando as mãos, a agulha no braço ainda está incomodando.

— Eu sinto muito, mas você mal está conseguindo ficar sentada muito tempo. – Alerta o médico, impassível.

— Se eu não tomar um banho eu vou surtar! Já fazem duas semanas que ela está passando esponjas molhadas em mim e lenços umedecidos, me sinto imunda... – Harley faz sua melhor cara de pena, mas não consegue convencer – Só 5 minutos em um chuveiro, só isso. Olha meu cabelo como está!

Ela tenta mover o cabelo embaraçado, ainda com vestígios de sangue e poeira, o médico torce o nariz.

— Parece que eu voltei da guerra! O que sinceramente, foi bem parecido. Já não basta eu estar mijando em um balde...

— Não é um balde, é um coletor prático e esterilizado.

Harley revira os olhos.

— Olha, quem sabe nós não fazemos um acordo? – Ela coloca charme na voz, se aproximando dele – Para garantir minha segurança no banheiro, o senhor poderia ficar na porta – Tenta se inclinar para frente, mas as olheiras, cabelo bagunçado e hematomas não a ajudam a dobrar o profissional.

— Sendo franco com a senhorita, em uma semana faremos alguns exames, e se sua recuperação estiver correndo bem, o que para isso você precisa obedecer minhas recomendações, você poderá tomar, em uma cadeira de rodas, é claro.

Harley fica pensativa, é estranho quando cai a ficha do quão profundos são seus ferimentos, que ela poderia estar morta agora se tivesse caído diferente em alguns centímetros.

Já faziam três semanas que ela estava imobilizada, sem pisar no chão direito, recebendo cuidados diários e tendo apenas poucas pessoas para conversar. O amor da sua vida estava mandando flores a cada 3 dias, o tempo em que a anterior perdia seu brilho e começava a murchar, mas visitas? Nenhuma. Então, a história das flores já não estava mais colando. É claro que ela não tinha acesso a nenhuma informação a respeito dele, ou do Batman, ou de qualquer coisa que aconteceu após aquela terrível noite. É como se o mundo dela estivesse limitado a poucos metros.

É claro que estar ali era um inferno, mas mesmo que quisesse sair, ela não conseguiria se levantar devido as suas fraturas, e ainda havia visto duas vezes cerca de três homens armados vigiando a saída. Homens Dele. Estariam ali para protege-la ou impedi-la de fugir? Vai saber.

Ela bufa quando percebe que não vai conseguir mudar as opiniões de Chuck, e se deita abatida, nem tem forças direito para uma discussão, mas acredita que se tivesse, certamente ganharia. Seus hematomas antes roxos, agora adquiriam uma tonalidade amarelada, ainda doíam se pressionados, o que Harley sempre praguejava quando encostavam nela para algum exame ou outra necessidade.

Os dias se resumiam a ler algum livro antigo, infernizar seus responsáveis ou fazer palavras cruzadas, e as vezes todos os três. Mas, a verdade, é que havia um certo conforto em ter pessoas de prontidão, cuidando dela, fazendo companhia. E o que ela mais odiava admitir, é que estava aliviada de não estar na presença do Coringa.

(...)

— Boas notícias, você terá alta e poderá descansar em casa! – Chuck abre as cortinas, adentrando em seu ambiente sem avisos.
Harley reprime um palavrão pelo susto.

— Que estranho, achei que estava ferrada demais para isso, que precisaria ainda de uns dois meses.

— Você está longe de saudável com certeza, mas tudo tem corrido bem e o resto da sua recuperação, seu corpo mesmo poderá cuidar. E claro, você precisa colaborar e respeitar os seus limites, são lesões sérias que se não tratadas corretamente, poderão ser permanentes.

— Quer dizer que não vou poder correr, praticar exercícios físicos ou fazer sexo selvagem? – Ela pergunta, estendendo a mão para ver o envelope com o resultado dos exames.

— Nada que exija o mínimo condicionamento físico. – Ele responde, recuando das mãos dela.

— O que foi? Eu tenho doutorado, meu anjo. Sei interpretar uns papeizinhos.

Ele entrega o envelope para Harley, que o abre sem cerimônias. Ela força as vistas para entender os resultados das coletas de sangue e urina, e coloca os raio-x contra a luz para observar as fraturas.

— Você quer me mandar para casa com isso? – Ela exclama – Meu corpo está destroçado por dentro, se eu tiver uma quedinha sequer, volto para um hospital ou pior.

Ela respira fundo, o medo não é cair, mas ser empurrada. De novo.

— Eu entendo seu medo, Harley – Ela havia insistido que ele a tratasse pelo nome há algumas semanas, sem mais formalidades – Mas, você vai conseguir se cuidar, vou dar uma olhada em você duas vezes por semana.

— Eu não tenho escolhas, né?

Chuck se certifica que a cortina está fechada, ele se senta na cama dela com cautela e abaixa o tom de voz.

— Você vai ficar bem, eu te manteria aqui se pudesse – Ela duvida – Mas, são ordens superiores, e como eu disse, vou te visitar quase diariamente.

Ela respira fundo e força um sorriso, concordando com ele.

Eles nunca mais se viram.

(...)

O coração de Harley está acelerado, suas mãos estão suando, a boca está seca e tudo se intensifica a medida que ela vai se aproximando de sua prisão, ou casa.

— A única coisa boa dessa merda é ser levada por dois bonitões. – Ela resmunga baixo o bastante apenas para ela própria ouvir.

Sua cadeira de rodas é descida do carro, dois homens a guiam enquanto outros dois mantém sua segurança, com armas em punho.

Seu acesso ao soro está implantado ao lado, tem sido usado por tanto tempo que ela mesma esquece da sua existência.

— Me prometeram um banho hoje, vocês que vão dar? – Harley provoca os homens, que a ignoram

Eram bons nisso, todos a mando do Coringa tinham o hábito de fingir que andar com ela era como transportar uma carga, importante e silenciosa.

O corpo de Harley se estremece quando ela contempla aquela porta de metal. Há uma mistura de sentimentos que vai desde o alívio de um lugar familiar, onde poderá se banhar e vestir as próprias roupas, até o medo e a incerteza, ela não se sente segura.

Os homens a guiam para dentro, ignorando suas perguntas a respeito do Joker. Eles silenciosamente a deixam na sala de estar, acima do tapete, dão as costas e se retiram.

O silêncio é ensurdecedor. Ela tenta virar a cadeira com as mãos mas não consegue devido ao tecido do tapete abaixo, na segunda tentativa seu peito começa a doer, na terceira ela ouve passos e então congela, seu corpo se torna uma estátua, até sua respiração parecia ter parado.

Os passos são pesados, estão descendo as escadas, em direção à ela, que não consegue se virar.

— Voltou para casa, amor? – Coringa sibila, batendo seus anéis no copo de whisky.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo. ♥



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