Intento Perderte - Trendy escrita por dmsabs


Capítulo 1
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Olar gente :)

Então, comecei a escrever essa fic no fim de 2011 e é uma das histórias que criei na qual sou mais apegada. Esse ano, revirando alguns arquivos, encontrei ela perdida e achei que ela não merecia ficar inacabada e sem ver a luz do sol. Por isso decidi que irei termina-la e, portanto, deixo aqui para vocês apreciarem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/704993/chapter/1

Dulce`s POV

Abri os olhos com um pouco de dificuldade. Estava morrendo de sono. Desliguei o despertador que tocava insistente. Passei as mãos sobre a cama e a encontrei com o rosto virado para mim. Dormia tranquilamente e sustentava um leve sorriso nos lábios, talvez sonhando com algo. Sorri boba, como fazia todos os dias, sempre que olhava essa pequena que é a responsável por eu ainda estar de pé, firme e forte. Aproximei meus lábios de sua testa e ali depositei um leve beijo.

— Hey bebê, está na hora de levantar. – mexi em seu cabelo levemente bagunçado.

Ela resmungou e virou para o outro lado, me fazendo rir.

— Ok, então vou falar pro papai que você preferiu ficar dormindo ao invés de ir vê-lo.

Ela se virou novamente para mim, abrindo os pequenos olhos verdes lentamente. Ela colocou a mão sobre o rosto, devido a claridade que a irritava.

— Mãe, to com sono. – ela falou com a voz manhosa e enrolando um pouco as palavras, devido à pequena idade – e ao sono.

— Awn que bebê manhosa da mamãe. – a peguei no colo e enchi-a de beijos. — Também to com sono meu amor, mas a gente tem que ir, senão perdemos o vôo.

— Mamãe, não quero ir. — ela fez bico.

— Por que não? A gente vai ver o papai.

— Porque ele não pode vir aqui? — ela ficou em pé na cama.

— Porque ele está trabalhando, você sabe disso. – ela fez uma careta.

 E porque não moramos com ele? – suspirei ao ouvir a pergunta.

— Eu já te expliquei, Ju. – Ela era muito pequena para entender ainda e eu sempre tentava explicar de uma forma razoável, mas ela sempre insistia. — Vem, vamos tomar banho. – a peguei no colo e a levei até o banheiro da suíte, colocando-a sobre o gabinete.

— Desculpa mamãe. – olhei seus olhos verdes que tanto mexiam comigo e me traziam lembranças. – Ju deixou você chateada por causa da pergunta.

— Está tudo bem, bebê. – beijei sua bochecha e ela me abraçou.

— Estou com saudades do papai. – ela tinha um olhar triste, e isso doía demais em mim.

— Logo você irá vê-lo. – sorri, tentando animá-la.

~

Julia já estava quase dormindo novamente quando terminei seu banho. Enrolei-a em uma toalha felpuda, tentando protegê-la do frio que fazia naquela manhã. Levei-a em meus braços até seu quarto, aonde pude observar uma pequena bagunça em sua mala. Ela riu quando viu que eu havia percebido que ela tinha mexido na mala e eu balancei a cabeça negativamente.

— Você não tem jeito né? – coloquei-a sobre a cama e fui em busca da roupa que eu já havia separado para ela viajar, mas não encontrei. – Onde está sua roupa, senhorita Julia? - ela riu, mas não respondeu. Olhei em volta e achei sua boneca de cabelos cor de fogo vestida com a roupa. – Como sua roupa veio parar na "María"?

— Não sei mãe. – ela ria.

— Ah, então ela pegou a roupa sozinha? Então por isso ela vai ficar de castigo aqui e não vai viajar com a gente. – a fitei séria.

— Não mamãe! — ela fez bico e eu ri, indo até ela e começando a vesti-la.

Ela era tudo pra mim. Tudo. Foi ela quem me deu forças após a separação. Por ela eu enfrentava tudo. Ela era a minha razão. Ela quem me fazia levantar todos os dias e deixar as dores de lado, continuar vivendo. Um sorriso era o suficiente para alegrar todo o meu dia.

— Estou com frio mamãe. – ela me disse entrando debaixo do edredom com a toalha.

— Vem aqui se enxugar e vestir sua roupa que melhora. – ela riu. – Vem. – tirei o edredom de cima dela e a peguei, colocando-a em pé sobre a cama. – Larga essa toalha molhada antes que pegue um resfriado. – ela obedeceu e eu peguei a fralda.

— Mamãe, não quero fralda, já sou grande. — ela cruzou os braços nervosa e eu ri.

— Mas filha, vamos viajar, não acha melhor colocar?

— Não mama.

— Ok. — deixei a fralda de lado.

— Mamãe, porque não posso usar um desse? — ela segurou a alça do meu sutiã que estava a mostra devido a fina alça da blusa que eu vestia, enquanto eu a ajudava a colocar sua calcinha, e em seguida a pequena calça jeans.

— Porque você é um bebê ainda. – eu ri e ela me encarou séria.

— Não sou bebê.

— É sim, minha bebê, a mais linda do mundo. – mordi de leve sua bochecha, a fazendo rir.

— Mama? – ela me chamou enquanto eu colocava sua blusa rosa florida.

— Sim? – sorri para ela.

— Amo você. – ela se jogou em meus braços, abraçando meu pescoço.

— Eu também amo você.

~

— Mamãe, cadê o papai? – ela estava em meu colo, olhando para todos os lados, procurando-o na multidão de pessoas que iam e vinham. Felizmente não havia nenhum repórter ali.

— Me procurando, pequena? – ouvi sua voz atrás de mim e como sempre, me arrepiei completamente. Só a voz dele fazia isso comigo. E nada havia mudado. Ela o viu antes de mim e logo abriu um sorriso. Eu virei lentamente, tentando me preparar para encarar aquele sorriso e aqueles olhos verdes que ainda mexiam tanto comigo.

— Papai! – ela estendeu os braços para ele, que a pegou no colo, abraçando-a fortemente. Olhei-o e não havia mudado muito desde a última vez que nos vemos. O cabelo estava um pouco mais curto, a barba feita. Estava lindo.

— Que saudades, pequena! – ele sorriu e olhou para mim um pouco sem graça. — Oi... Dulce.

— Oi Alfonso. – respondi e vi a mágoa em seus olhos por tê-lo chamado assim. Ele odiava ser chamado de Alfonso, e sabia que algo estava errado quando isso acontecia. Mas ali ele nem precisava se esforçar para descobrir o que estava acontecendo, ele sabia muito bem.

— Vamos? – ele se ofereceu para pegar minha mala, mas eu recuei. – O que foi?

— Ficarei em um hotel.

— Por quê? – ele me olhava confuso.

— Não acho apropriado ficar em seu apartamento. – respondi firme. Não conseguiria ficar no mesmo teto que ele, não depois de tudo. E ainda mais naquele apartamento.

— Que bobeira é essa agora Dulce? – ele estava visivelmente irritado.

— Sem contar que é sua semana com a Ju, não quero atrapalhar. – tentava encontrar maneiras de fugir dele. Eu não queria ficar longe da Ju, mas também não queria ficar perto dele. — E eu tenho que ver algumas coisas também. Terminar de resolver algumas questões do novo disco. Não vim apenas para passear, Alfonso.

— Você não vai atrapalhar nada Dulce. E eu quero que você vá. E a Ju também, não é? – ele falou com Ju, que observava atentamente a nossa conversa.

— Sim mamãe, vem com a gente. – ela fez bico.

Não sei por que Poncho... Alfonso insistia nisso. Estamos separados, desde quando a ex-mulher fica no apartamento do ex-marido, por mais que tenham filhos?

— Dulce, não há necessidade de você ficar em um hotel. Você sabe que lá tem espaço de sobra. E aquele apartamento também é seu. — será que ele não entendia que isso era completamente errado e que eu não suportaria ficar naquele apartamento cheio de lembranças?

— Mamãe, não quero ir sem você. – Ela veio para o meu colo e me abraçou.

Como dizer não a ela? Como? Alfonso sabia como me convencer, sabia que eu não diria não a ela, até porque já seria difícil ficar longe daquele pedacinho de gente. Golpe baixo, muito baixo.

Ele me olhou. Percebeu que havia vencido.

~

— Papai, já estamos chegando? – ela estava sentada na frente, no apoio do banco, apesar das minhas advertências de que ela deveria ir atrás, por segurança.

— Sim. Está vendo aquele prédio ali? – ele apontou para o prédio mais alto que havia naqueles arredores.

— É ali? – ele afirmou e ela riu animada. — É muito alto!

Eu observava o trajeto. Quantas vezes havíamos feito esse caminho? Muitas. Los Angeles não mudou muito desde que voltei para o México.

Senti uma nostalgia enorme quando passamos em frente ao prédio. Se apenas de ver o prédio as lembranças já apareciam e me deixavam assim, imagina quando entrasse no apartamento?

Ele entrou na garagem e estacionou. Ele desceu do carro e abriu o porta-malas, tirando de lá as malas para em seguida abrir a porta do passageiro e me encarar sem entender nada.

— Não vai descer? – Ju passou pelo meu colo e desceu do carro com a ajuda dele.

— Sim. – respirei fundo. Bem fundo. Será que ele era tão insensível a ponto de não ver o quão difícil era aquilo para mim? Ficar perto dele, voltar a esse lugar.

Ju foi correndo para o elevador, tudo parecia novidade para ela. O lugar, pelo menos. Mesmo que não fosse.

— Mamãe. – ela estendeu os braços para mim, que a peguei no colo, enquanto a porta do elevador se abria e Poncho entrava com as malas. – Mamãe, você já veio aqui?

— Sim meu amor, você também. – sorri.

— Não vim não! – ela me olhou confusa e eu ri, assentindo. – Não me lembro mamãe.

— Mas claro que não se lembra. A última vez que estivestes aqui era apenas um bebê. – Poncho riu, me fazendo lembrar aquela dura partida. – Tinha um ano. – ele suspirou.

— E porque a gente foi embora? – ela me olhou, esperando uma resposta. Odiava quando ela tocava nesses assuntos, não sabia como responder.

Encontrei o olhar de Poncho em mim, esperando também uma resposta. Enfim o elevador chegou ao 20º andar, a cobertura.

— Depois falamos disso. – dei um beijo em sua testa e sai do elevador, entrando naquele apartamento que eu conhecia de cor e salteado, cada canto, cada detalhe.

Ele não se moveu. Esperou minha reação, sabia que poderia haver alguma. Mas me controlei, fiz todas as lágrimas que queriam cair ficarem quietas e voltarem para o lugar da onde vieram. Mas aquilo doía, e como doía. Coloquei Julia no chão e ela correu para a varanda perto da piscina, toda animada. Fui atrás dela, precisava respirar.

— Mamãe, mamãe! — ela riu e se abaixou perto da borda da piscina. – Por que não temos uma dessa no nosso apartamento?

— A piscina enorme na casa da sua avó já não é o bastante?

— Mas eu queria lá em casa. — ela fez bico.

— Lá não dá bebê. – eu ri e me abaixei, a chamando para um abraço, que logo veio correndo até mim.

Tê-la ali comigo me fazia esquecer um pouco de tudo o que eu tinha que enfrentar.

— Ei pequena, venha ver seu quarto. — ele a chamou e ela olhou para mim. Eu apenas assenti com a cabeça sorrindo e ela foi correndo até ele.

Ele a pegou no colo rindo e foi em direção aos quartos. Eu fiquei ali. Não queria estragar aquele momento. Ele com certeza tinha feito alguma mudança no quarto e queria surpreende-la. Mas a mim ele já não surpreendia. Era sempre do mesmo jeito, agindo como se nada tivesse acontecido. Para ele talvez tivesse sido mesmo, nada. Para mim foi muito, demais, absurdamente demais. A gota d`água.

Uma fina lágrima teimava em descer quando ele se aproximou, cauteloso.

— Ela está te chamando para ver o quarto.

— Eu já vou. — falei com a voz meio embargada e limpei a lágrima.

Me levantei e respirei fundo. Me virei e andei até o corredor, passando por ele. Não pude deixar de observar que a porta de nosso antigo quarto estava fechada. O quarto de Ju ficava ao lado. Ele havia pintado as paredes com listras verticais em branco e rosa bebê. Já não havia mais um berço e sim uma pequena cama, com colchas de personagens femininos da Disney, como Ju adorava. Móveis brancos. Prateleiras com várias bonecas e brinquedos, alguns antigos, outros novos. Alguns pacotes de presentes ao lado da cama. E um tapete rosa, que Ju estava amando.

— Mamãe! – ela deu um gritinho de alegria que me fez sorrir alegremente. Criança acha que tudo é novidade mesmo, é uma festa!

— Gostou bebê?

— Aham! – ela pulou em cima da cama rindo. Ele estava na porta, observando tudo com um sorriso nos lábios. — Pena que não ficaremos muito aqui mamãe. – ela me olhou triste e vi ele rindo.

— Quem sabe. – ele disse se aproximando.

O encarei sem entender. O que ele quis dizer com isso?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como deu pra perceber, ela é inspirada no poema Intento Perderte, da primeira versão do Dulce Amargo.

Vou tentar trazer para vocês um capítulo por semana, no mínimo. Espero que gostem.

Quem quiser me seguir no twitter: @ dmsabs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Intento Perderte - Trendy" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.