Nada como uma clara e fresquinha manhã de primavera no mar. Dois pares de pés cobertos por um tecido felpudo corriam até o quarto dos pais.

A dona do parzinho maior ajudou a do menor a subir na cama primeiro e não tardou até que os dois começassem a pular em cima do corpo que ali descansava.

— Acorda, mamãe, acorda!- o mais novo riu ao ver a careta da mãe.

— Papai falou pra acordarmos a dorminhoca.- disse a mais velha. — Com pulinhos.

— Ah é? Aquele pateta!

As crianças gargalharam e se jogaram em cima de Sara que fez cosquinha nos dois.

— Vamos, mamãe! Papai já preparou o café!- ainda rindo, Ricky devolveu a cosquinha na mãe e tentou levantar.

— Tabom, tabom. Já acordei.

O três seguiram pra cozinha, dois saltitantes e uma zumbi.

— Bom dia, bela adormecida.- o ouviu dizer.

— Bom dia, malévola.- respondeu.

Grissom deu risada da resposta da esposa e foi até ela lhe dar um beijo.

— Que história é essa de me acordar com pulinhos?- indagou depois do beijo que recebeu. — Não tenho mais coluna pra isso.

— Mais que eu, você tem.- sorriu.

Sara se acomodou no banco ao lado do filho que já se servia de uma panqueca enquanto Gil colocava o suco de Maggie em seu copinho, dando um beijo no topo da cabeça dela em seguida.

“Eu quero ouvir tua voz em cada amanhecer

Viver ao lado seu e ver a vida acontecer

Você é um sonho lindo que eu gosto de sonhar

É o meu paraíso

Pra sempre vou te amar” — Raça Negra

Estavam em março de 2023 e na tarde daquele mesmo dia, Greg marcou uma reunião de família. Estavam longe, então marcaram a reunião no skype às 19h. Como quase todo mundo agora trabalhava de dia, não foi problema.

Presentes na reunião estavam Gil e Sara falando do oceano, Greg e Morgan de Illinois, Catherine, Jim, Robbins, David, Conrad, Hodges e Max de Las Vegas — estando Max com Catherine e Robbins com Jim —, Russell de Paris, Nick de San Diego e Rayle de São Francisco.

— Oi pessoal!- os mais jovens cumprimentaram assim que todos foram entrando na chamada.

— Que saudade de uma reunião de família!- disse Russell. — Espero que não sejam más notícias.

— Não são.- Morgan sorriu. — Saudades de você, DB. Você é o que a gente não vê há mais tempo.

— Cada um está em um canto, é complicado de nos vermos sempre.

— É, quando estávamos todos em Vegas era mais fácil.- Greg concordou.

— Bom, estou ansiosa pra saber o motivo da reunião.- falou Catherine.

— Feliz por terem me incluído.- comentou Max com um sorriso. — Creio que isso é um convite pra fazer parte da família.

— Ah, você já faz, Max.- Sara sorriu e a amiga diretora sorriu de volta.

— Bem, eu ia esperar encontrar vocês na casa da praia, mas ainda falta dois meses.

A família inteira se juntou para comprar uma enorme casa de praia em San Diego, já que Vegas não tinha praia. Todos participaram na compra e marcaram de passar algumas temporadas lá. Ação de Graças, Natal, Ano Novo, enfim. A casa era gigante e cabia a família toda sem problema. Era linda e moderna, propriedade privada. Nick estava mais perto diariamente então passava lá as vezes pra ver se estava tudo certo.

Era a casa oficial de toda a família CSI! E desde o natal eles marcaram de se ver em abril pra páscoa. As crianças amaram, estavam super ansiosas.

— Eu soube já tem um tempinho.- Morgan continuou. — Mas quis esperar saber outra coisa pra contar pra vocês de uma vez.

— Eu estava doido pra compartilhar.

— Ai, contem logo!- Hodges pediu.

— Meu pai, senhor Conrad Ecklie…- ela disse olhando fixamente pra telinha onde ele estava. —... vai ser vovô de um menininho.

A alegria foi difícil de conter, todos começaram a falar e comemorar ao mesmo tempo.

— Como se sente, vovozão?- Gil quis zoar, mas achou fofíssima a reação dele. Nunca viu Ecklie chorar.

— Garanto que ser avô é a melhor sensação do mundo depois de ser pai, Conrad.- Robbins comentou.

— Concordo.- disse Russell.

— É o melhor presente que eu poderia ganhar.- ele fungou tentando conter as lágrimas.

— Que isso, sogrão, achei que fosse eu!

Greg fez todos rirem. Sentiu falta disso.

— Ai eu vou adorar ter outro bebê pra babar!

— E fotografar, né, Rayle!- Morgan sorriu com o comentário dela. — Porque óbvio que depois daquele pré wedding, eu vou querer que você fotografe mais a gente.

Rayle achou fofíssimo o que ela disse e fez um coração pra ela com as duas mãos.

— Descobrimos o sexo do bebê hoje a tarde e a gravidez mês passado. Morgan está de quatro meses e eu não ia aguentar esperar ela estar com seis pra vocês saberem.

— É, achamos melhor fazer igual a Sara e o Grissom fizeram.- os dois casais sorriram. — Mas seria muito legal ver a cara de vocês lá na casa de praia quando me vissem do nada com uma barriga de seis meses.- riu.

— Bom, eu digo por todo mundo que estamos muito felizes por vocês.- falou Hodges. — Essa criança vai ser a coisa mais linda do mundo.

— Como assim você não puxa só o meu saco, Hodges???

Grissom quem fez todos rirem agora.

— Pelas minhas contas… vai nascer em agosto?- Nick indagou.

— Isso, amigão.- Greg sorriu orgulhoso. — Agosto eu vou segurar meu pequeno no colo.

Não só Nick, como Sara também sorriram, com muito orgulho do amigo.

— Estamos ansiosos pra ver vocês.- super Dave sorriu.

— Eu sou o mais ansioso pra ver todos.

Jim não conseguiu se conter e mais uma vez fez piada com o “ver”. A risada foi inevitável.

~ ♥ ~

Abril chegou e eles combinaram de se encontrar na casa sexta feira à noite do segundo fim de semana. Iam ficar sábado e o domingo de páscoa.

Nick chegou primeiro com Rayle, Rebecca e Amy que chegaram na quinta em San Diego, deram uma organizada na casa e já se acomodaram.

Os próximos a chegarem foi a galera toda de Las Vegas: Catherine, Lindsey, Hannah, Helena, Maria, Jim, Robbins, David, Joshua, Hodges, Emma, Cooper, Archie, Mandy, Bob, Henry, Max, Penny, Chris, Folsom, Allie, Abby e Robert.

Russell chegou sozinho e quase junto com Greg e Morgan. A recepção foi maravilhosa e eles paparicaram demais os novos papais.

A família de Abby chegou em seguida. Deixaram o Ishmael na beira da praia e Nick ajudou a prender. Sara, Grissom, Ricky e Maggie desembarcaram felizes e ansiosos. Quando Sara viu Greg e Morgan, correu para abraçar os dois de uma vez.

Os CSI’s novatos, ou seja, Max e sua equipe, se deram super bem com os veteranos. Bateram papo a noite toda enquanto as crianças dormiam, exaustas da viagem. E era bom descansarem bem porque de manhã, ninguém ia segurar aquela criançada numa casa à beira mar.

E sobrou para os adolescentes olharem as crianças. Felizmente os pimpolhos não encheram o saco pra ficar no mar o dia inteiro, pois os adultos bolaram uma brincadeira de páscoa. Cada um ia fazer seu ovo de chocolate e os pais compraram todos os ingredientes e decorações e tal. Os titios iam votar no mais bonito, no que tinha maior "técnica" como disse eles.

Então as crianças brincaram na praia de manhã, almoçaram, tomaram um banhinho pra tirar o sal e a areia e colocaram a mão na massa. Joshua, Ricky, Maggie, Hannah e até Cooper que estava com quase dois aninhos, fizeram seus ovinhos com a ajuda de seus pais. Mas não só eles, pois os jovens também quiseram, e fizeram uma festa, fizeram mais bagunça que as crianças. A casa encheu de risada e cheiro de cacau a tarde toda.

Maggie ficou com o título de mais profissional e como prêmio ganhou uma caixa de bombom, fora o próprio ovo que ela fez com a ajuda de Gil. Maggie nem titubeou e dividiu os bombons com seus “priminhos”. Deu um pra cada um e disse que amou os ovos de páscoa deles também.

Os pais ficaram orgulhosos.

Deixaram que comessem só os bombons e deixassem os ovos pro domingo de páscoa. Embrulharam tudo bonitinho e colocaram na geladeira. As crianças brincaram tanto de manhã na praia e na tarde de MasterChef Confeiteiros, que dormiram cedo.

Os adultos passaram mais uma noite batendo papo com a vista da praia nas paredes de vidro da sala.

— Quais as metas pro fim desse ano, Sara?- Penny perguntou. — Vocês vão vir mais vezes pra cá antes do natal?

— Bom, nós vamos voltar pra Vegas em setembro pro aniversário da Abby, então já aproveitamos pra vir ver o recém nascido.- sorriu acariciando a barriga de Morgan. — Em dezembro tem a formatura da Abby, o aniversário da Rayle e o Natal. Tudo pro fim do mês então já vamos ficar aqui até o ano novo e depois voltar pro oceano.

— Ricky e Maggie se adaptaram bem a viver no mar, não é?- Chris indagou surpreso.

— Verdade.- Russell também se surpreendeu. — Eu achei que por serem novinhos, eles iam ter dificuldade. Porque criança gosta de correr né, se pendurar nas coisas. Vivendo num barco no meio do oceano, é difícil fazer isso.- sorriu.

— Acho que o Ricky foi mais complicado do que a Maggie.- Sara comentou. — Apesar dele morar lá há mais tempo que ela. Porque o Ricky é mais enérgico que a Maggie, então a gente tinha que ficar mais de olho nele. Mais de uma vez ele já quis pular na água.

A galera riu.

— Quando ele era mais novinho, e Sara estava com ele no colo perto na água, ele se jogava do colo dela. Eu ficava em pânico.- Gil comentou fazendo mais alguns rirem.

— Por falar em pânico…- Morgan continuou. — Eu estou apavorada com a ideia de ser mãe. Fui pega totalmente de surpresa, nós não tínhamos planejado e só caiu a ficha recentemente, sabe? Minha barriga começou a aparecer e eu fiquei: Caraca! Eu vou ser mãe!

— Eu também fiquei meio apavorada.- disse Sara, entendendo ela. — Mais pela idade, porque eu fui mãe um pouco tarde e quase fui com Deus. Mas eu ficava com isso na cabeça também, se eu ia dar conta, se eu ia conseguir ser uma boa mãe, um bom exemplo, enfim…

— A ideia de gerar um ser humano que depende de você apavora um pouco mesmo.- comentou Catherine.

— Mas independente do medo, você vai amar, Morgan.- Max sorriu ao dizer.

Morgan sorriu e volta e acariciou sua barriga de seis meses. Já conseguia sentir ele e falava com ele com frequencia junto com Greg. Depois daquele dia, de falar com a família e ouvi-la, os dois, não só Morgan, se sentiram mais confiantes.

~ ♥ ~

Em agosto foram agraciados com fotos e vídeos do pequeno Sanders. Greg e Morgan demoraram bastante pra escolher um nome pra ele, mas consultando significados, gostaram de “filho da felicidade”. E quando o seguraram e viram seu rostinho, sabiam que tinha que ser Benjamin.

Gil e Sara receberam um e-mail com um convite super fofo com ilustrações de bebê e tal, convidando-os para serem padrinhos de Benjamin. Eles acharam muito bonitinho, e claro que aceitaram emocionados.

O mês todo, fora os aniversários de Nick e Grissom, o assunto foi só Benjamin. Babavam nele a cada nova imagem e vídeo que recebiam. Ricky e Maggie já o amavam, estavam ansiosos para pegá-lo no colo como fizeram com Cooper ao conhecê-lo.

Agosto demorou uma eternidade pra passar, e quando setembro chegou, Gil e Sara levaram o barco de volta à terra firme, mortos de saudade da filha e ansiosos para ver o afilhado.

Nada mais fofo do que serem recebidos por um Ecklie sorridente na casa da filha em Illinois, e encontrarem Greg e Morgan no sofá, segurando o pequeno Benjamin no colo. Ele estava mamando. Todos já tinham conhecido ele, só faltavam os padrinhos.

— Ai que coisa mais linda da dinda!- Sara afinou a voz. — Jamais achei que fosse falar igual a Catherine fala com meu filho.

Grissom não aguentou e deu risada.

Benjamin tinha a pele branquinha, olhos verdes e cabelos loiros. A carinha era igualzinha de Greg, formato dos olhos, narizinho, formato da boca. Ele herdou de Morgan os olhos, o cabelo e o jeitinho quieto. Era um poço de tranquilidade.

O casal amou aquela coisinha minúscula e ficaram horas batendo papo e paparicando ele.

No dia seguinte, Gil e Sara tiveram que desgrudar do bebê e pegar um avião de volta pra Las Vegas, pois tinham combinado de ir no parque de diversões com Abby no aniversário dela para comemorar seus vinte e quatro aninhos.

Levaram presentes e muitos abraços de urso apertados pra dar .

Foi um passeio em família mesmo, só eles, as crianças, ela e Robert.

Rayle fez Sara prometer que ia ficar em Vegas até o aniversário dela, então o casal aventureiro do mar teve que ficar em terra mais dez dias até o aniversário de Sara chegar.

Com esse tempo livre, Gil planejou uma noite tão incrível para os seus cinquenta e dois anos quanto a noite de seus trinta e sete. Enquanto a noite não chegava, Rayle, Rebecca, Amy e seus filhos, a mimaram o dia inteiro. Era lindo ver o quanto Sara era amada e quanto todos eles queriam ficar perto dela e deixar o dia dela o mais divertido e lindo possível.

A morena até foi visitar a mãe também, vinha trocando e-mails com ela frequentemente já que estava longe.

A noite chegou, todos foram dormir, inclusive Sara que estava cansada. Porém, ao ouvir a ideia do marido, o cansaço foi embora e a risada veio, pois não tinham mais idade para aquelas loucuras.

— Lembra daquela vez numa cena de crime, que eu disse que aquela mata em que estávamos era um ótimo lugar para olhar as estrelas e você disse que também era ótimo pra dar uns amassos?

— Não podemos fazer isso agora, é loucura.- disse sorrindo, mas adorando o papo.

— Só achar um lugar deserto, que ninguém iria. Eu sempre achei nossa árvore “sagrada”, que nunca íamos lá pra fazer essas coisas. Mas é só esse lugar que me vem à cabeça.

— A gente pode ir pra outro lugar, pois com certeza vão ouvir a gente aqui, já que a casa está cheia, e depois ir pra árvore apreciar as estrelas.

— Viu?- fez cara de convencido. — Eu sabia que ia gostar da ideia.

— Acho que ao ar livre só fizemos no barco, Gil. Inclusive é mais seguro, não corremos o risco de alguém ver. Com a velhice está vindo a coragem junto, é?- ele riu com a pergunta. — Dois jovens é menos constrangedor que dois idosos.

— Ah, pera aí, não somos idosos ainda. Bom, pelo menos você não é.- riu.

Ela também riu e deu um beijo nele, murmurando:

— Eu amo meu velhinho.

— Não acaba com o clima, abelhinha.- ambos riram. — Estou longe de ser um velhinho.

— Ui! Garanhão!

— Rebecca disse que eu pareço um sugar daddy... eu nem quis perguntar.

Sara colocou o travesseiro na cara para abafar a gargalhada que deu.

~ ♥ ~

A família Grissom voltou pro mar dois dias depois, não conseguiram ir passar a ação de graças com a família em Vegas, pois estavam ocupados no Peru, com seus pequenos exploradores. Mas dezembro era o mês que eles mais estavam ansiosos. O aniversário de Rayle era dia 15, a formatura de Abby dia 20, o Natal 24/25 e ainda a virada de 31/01, iam passar o mês inteiro, ou pelo menos todos os fins de semana já que todo mundo trabalha né, em família e estavam ansiosos, pois quando estavam juntos era muito divertido. No dia 15, Rayle combinou com Nick, Rebecca, Amy, Abby, Robert, Sara e Gil de irem jogar boliche, e levou seus dois amigos que conheceu no México para sua família conhecer: Thomas e Jeremmy. As crianças ficaram com Catherine e ela amou, pois tinha tirado a sexta-feira de folga.

Nunca riram tanto, foi uma noite muito divertida. Amaram os amigos de Rayle, eles eram maravilhosos, se deram super bem, eram entrosados. Nick já tinha os conhecido e já tinha falado bem deles. Eles tinham quase a mesma idade que Sara, um e dois anos mais novos. Super quiseram remarcar o rolê e Tom os convidou para irem à São Francisco no aniversário dele em fevereiro e eles super toparam.

Usaram os próximos quatro dias para irem atrás dos looks para a formatura e optaram por vestidos azuis. Abby escolheu um azul clarinho tomara que caia, Sara um azul escuro de mangas, e Maggie gostou de um que tinha o busto azul, mas a saia interligava com um nude e brilhinhos.

No dia da formatura foi o dia todinho de salão de beleza, cabelo, maquiagem, dia de princesa. E de príncipe também, pois Gil, Ricky e Robert também capricharam nos smokings, cabelo, e no caso de Gil, a barba.

Pense numa família linda e elegante!

Abby estava nervosa, mas ansiosa para pegar logo o diploma e feliz por ter conseguido se formar e ser oficialmente uma bióloga marinha. Estava orgulhosa de si mesma e sentiu no olhar de seus pais que também estavam orgulhosos. Mas eles fizeram questão de falar com todas as letras pra ela.

Vendo o nervosismo dela prestes a se juntar a turma e esperar para subir ao palco do teatro da faculdade — estavam do lado de fora ainda, todas as familias juntas —, Gil e Sara seguraram nas mãos dela, e perceberam que estavam tremendo.

— Fica calma, meu amor.- disse a mãe. — Isso é uma conquista, é normal se sentir nervosa pra subir num palco, sendo apresentada pra um teatro lotado de pessoas. Mas respira fundo, está todo mundo no mesmo barco aqui hoje.- sorriu. — Você vai arrasar lá em cima e vai pegar seu diploma linda e plena. Não vai tropeçar no salto, não vai fazer feio, eu tenho certeza disso.

— Foram quatro longos anos de estudo, filhota.- disse o pai, deixando as duas derretidas por falar daquele jeito de novo. —... de esforço, de perrengue, faculdade não é fácil, mas você se saiu muito bem. A gente acompanhou seu desempenho olhando todo semestre, ajudando sempre que necessário, sempre que você precisava, e é lindo ter feito isso quase a vida toda.

— Todo sofrimento ao longo dos anos valeu a pena, pequena.- concluiu Sara. — Hoje é o seu dia! Todos estão aqui para prestigiar todos vocês, que conseguiram se formar. Aproveita.- ela e o marido piscaram ao mesmo tempo.

Abby abriu o sorriso mais lindo do mundo e abraçou os dois forte antes de ser chamada com todas as turmas para se organizarem. As familias foram para a grande sala, cada um se acomodou nas poltronas e esperaram. Ouviram a oradora, os diretores, professores, toda aquela cerimônia, e aplaudiram todos os jovens que passaram, a turma de Abby foi a última, só pra atacar a ansiedade dos pais.

Quando Abby Sidle Grissom foi chamada, nenhum dos dois segurou as lágrimas. Até ouviram um fungado de Robert do lado. Ricky e Maggie vibraram quando a viram. E foi mais lindo ainda quando depois de toda a cerimônia e toda a sessão de fotos dos formandos, eles se juntaram novamente para abraçá-la e parabenizá-la.

Sara e Gil fizeram isso primeiro e depois deram um espaço. Robert foi em seguida dando um beijo nela e dizendo que ela estava linda lá em cima, mas quem fez a festa foi as crianças. Maggie agarrou a cintura dela e Ricky pulou em seu colo abraçando seu pescoço repetindo “Nossa irmã é bióloga! Nossa irmã é bióloga dos peixinhos!” com os sorrisos e os risos mais lindos do mundo, em completa alegria.

Sara e Gil observavam os quatro com um olhar bobo em silêncio, mas Gil quebrou esse silêncio colocando a mão na cintura da esposa e falando ainda olhando para os filhos e genro. O barulho ao redor não impediu que Sara ouvisse, já que ele estava falando praticamente no ouvido dela.

— Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida, sabia? Ver nossa filha mais velha se formando, nossos pequenos vibrando por ela…- Sara olhou pra ele, emocionada com o “nossa filha mais velha”, ele continuava olhando pra eles enquanto falava com ela. —... ver que ela encontrou um cara que cuida dela, que a ama, que torce por ela, que a olha com tanta ternura e que também cuida da família dela.- disse ao ver Robert pegando Maggie no colo pra selfie que Abby ia tirar. — Eu nunca achei que ia participar de um momento desses e até me emociona saber que eu sou pai daqueles três. Olha que lindos!

Os pequenos não paravam de rir com as fotos e boomerangs no instagram que estavam fazendo. Maggie quis tirar fotos de Abby com a beca e com Robert também, e tudo isso aos olhos atentos e carinhosos dos pais.

— Eu acho que nunca te agradeci o suficiente por isso, meu amor. Eu não podia querer vida melhor. Nós navegamos por aí, trabalhamos juntos, viajamos, nos divertimos, fazemos amor, ensinamos nossos filhos, brincamos com eles… e eu jamais achei que ainda faria isso com quase setenta anos de idade, que faria e que teria tudo isso.- só então ele olhou pra ela. — Você me deu tudo isso. Você, Sara.- ela achou que já tinha chorado o suficiente naquele dia, mas estava enganada.

— Foi lindo o que disse…

— Os anos que passei perto e longe de você também...- enlaçou mais sua cintura enquanto dizia. — Foi um passo grande para fazer eu me abrir, me expressar melhor, sem gaguejar, sem soar frio, sem sentir medo ou timidez.- sorriu. — Agora eu consigo dizer tudo o que sinto por você, tudo o que você significa pra mim, tudo o que a nossa família significa pra mim. Posso até me declarar em meio a uma multidão se quiser. Dá até pra eu aproveitar o palco lá de dentro.

— É uma ideia para se pensar.- riu secando as lágrimas.

Ele sorriu, a trouxe para mais perto de si e lhe deu um beijo curto.

— Eu te amo.- ela sorriu e disse o mesmo. — Aliás, quantas vezes eu já disse que te amo hoje?

— Que pergunta difícil!

Riram e se beijaram mais uma vez.

“A primeira vez em que eu te vi

Eu nunca me esqueci daquele dia

Tão cheio de ternura e de alegria

Começava o nosso grande amor

Havia tanta paz no seu olhar

E amor no seu sorriso de menina

O sentimento a gente não domina

Quando se percebe um grande amor

Percebi então que o seu olhar alguma coisa me dizia

Tanta coisa linda

Tudo aquilo que meu coração queria

Tanta emoção

No coração já não podia ser contida

Pois eu acabava de encontrar

O grande amor da minha vida” — Roberto Carlos