Depois dos Seis escrita por Lilás


Capítulo 8
A menina que sumiu


Notas iniciais do capítulo

Olá!!
Resolvi reaparecer porque sumi por uns dias, mas é porque eu tenho que estudar! (estou fingindo para mim mesma que estou estudando)
Desculpem o capítulo meio corrido hoje. Não tive tempo de corrigir.



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Milhares de hollows enchiam os céus de Karakura. Eram tantos hollows que a claridade do sol ficou parcialmente oculta por eles. A grande maioria era formada por hollows comuns, mas era possível ver também bandos de Gillians disparando ceros para todo lado. A pressão espiritual que eles exerciam apenas pela presença foi suficiente para fazer quase todos os habitantes humanos de Karakura perderem os sentidos.

Ichigo balançava Zangetsu freneticamente e, a cada golpe, conseguia acertar dezenas de hollows de uma vez só. Parecia que ele estava bem no meio de um grande enxame de abelhas. E a situação se agravou mais porque o Décimo Segundo Esquadrão levou horas para conseguir tapar aquela garganta.

Aliás, apesar dos subordinados de Mayuri terem detectado reiatsus tão poderosas quanto a dos Espadas de Aizen, Ichigo não conseguiu ver nem mesmo um adjucha. Na verdade, nenhum daqueles hollows era páreo para os capitães e tenentes do Gotei 13. A única vantagem que os hollows tinham contra os shinigamis era de ordem numérica. Só daria mais trabalho para vencê-los porque eram muitos. E Ichigo estava ansioso de terminar logo com isso para poder voltar ao aniversário de Hisana. Não sabia o porquê, mas estava com um mau pressentimento.

Estava um pouco distraído na luta por causa de outra coisa. Rukia lutava bem próximo dele e, obviamente, ele não deixou de se preocupar. Porém, depois de ver Rukia enfrentando os hollows, ele ficou menos nervoso e sorriu, orgulhoso. Ela havia ficado muito mais forte e a prova estava nos seus movimentos bem mais rápidos e precisos. Além disso, a zanpakutou de Rukia mostrou que não era apenas a mais bela da Soul Society como também uma das mais poderosas. Ela até já usara a Sode No Shirayuki para ameaçá-lo quando ele não fazia algo que Rukia queria. Como se ela precisasse disso para parecer mais assustadora.

— Vamos dar logo um jeito nesses chatos, Kia? – passou ao lado dela, derrubando hollows no trajeto. Rukia respondeu com um breve sorriso.

********************

Quando eles finalmente conseguiram derrotar todos os hollows, era quase noite. Os tenentes e capitães do Gotei 13 se organizaram de forma barulhenta na fila para atravessarem o Senkaimon. Soi Fong e os oficiais do Segundo Esquadrão tentavam colocar ordem na bagunça, mas estava difícil acalmar os ânimos. Os shinigamis conversavam empolgados, aparentemente animados com a tarde cheia de ação.

— Vocês viram como eu me desviei do cero daquele Menos Grande grandalhão? – Renji se gabava em voz alta – Acho que era o maior de todos.

— E depois vimos você ser nocauteado por um hollow filhote – Hirako comentou em tom de deboche – Ficou desmaiado até agora a pouco quando resolvemos ir embora.

Os outros shinigamis tiraram sarro de Renji que tentou argumentar, sem sucesso.

— Vamos ter muito tempo para contar histórias, Abarai-san – Ishida ajeitou os óculos – Agora, temos que animar uma garotinha na sua festa de aniversário.

— É isso mesmo – Ichigo sorria, vaidoso – Estou ansioso para ver Hisa...

Mas toda a conversa foi interrompida quando chegaram aos jardins da Mansão Kuchiki. Era como se a festa tivesse acabado e apenas os restos dela estavam espalhados pelo chão e mesas. Os empregados recolhiam o lixo e alguns poucos convidados estavam sentados com as expressões desanimadas.

— O que aconteceu aqui? – Byakuya tomou a frente do grupo.

— Kuchiki-sama – Shizuko se apressou em responder, meio atrapalhada – Ainda bem que os senhores voltaram.

— O que está acontecendo? – Rukia espichou o pescoço e olhou em volta – Cadê a Hisana?

— Rukia-chan – Isshin se aproximou do grupo, acompanhado de uma Yuzu que parecia estar se controlando para não chorar – Aconteceu uma coisa ruim...

— Pare de ficar fazendo rodeios, pai – Ichigo se preocupou com a incomum expressão séria de Isshin – E diga logo o que aconteceu.

— Bom, é que – Isshin pigarreou – Hisa-chan sumiu. Ninguém sabe onde ela está.

Todos ficaram alguns minutos em silêncio como se não tivessem entendido as palavras de Isshin e, ao final, Ichigo deixou escapar uma risada pelo nariz.

— Aquela pestinha – ele riu novamente – Deve estar brincando de se esconder. Ela sempre faz isso – Ichigo pôs as mãos na cintura e olhou em volta – Não se preocupem. Eu vou achá-la. Sei todos os esconderijos dela...

— Kurosaki-kun – Inoue chamou, porém começou a soluçar, sem completar a frase.

— Ichigo – Isshin continuava com o tom sério – Nós já procuramos por Hisana. Todos nós. Não sentimos a reiatsu dela em parte alguma. Ela não está na Soul Society.

Ichigo olhou bem para o rosto do seu pai, tentando descobrir se aquilo não passava mais de uma de suas brincadeiras de mau gosto. Mas Isshin estava sério demais. E os rostos dos seus amigos que ficaram na Soul Society estavam muito tristes. Yuzu começou a choramingar baixinho enquanto Karin procurava consolá-la. Inoue, Mizuiro, Tatsuki, enfim, todos os que continuaram na Soul Society estavam com suas expressões deprimidas.

— Não pode ser – Ichigo balbuciou.

— Quem viu Hisa pela última vez? – Rukia perguntou com a voz esganiçada – Alguém sabe o que aconteceu?

— Bom, Souken, Yasuhiko e as gêmeas apareceram correndo aqui muito assustados – Isshin continuou – Ninguém entendeu o que eles disseram, mas eles falaram algo sobre a Hisa-chan ter sido engolida por algum monstro. Estavam muito agitados e demoraram em se acalmar. Acho que Souken foi ao banheiro umas treze vezes...

— Yasuhiko sabe alguma coisa? – Yoruichi procurou o filho com os olhos – Cadê ele? Vou fazer ele falar.

As quatro crianças foram trazidas e ainda pareciam estarem assustadas. Francisca e Maria correram na direção de Sado e abraçaram cada uma de suas pernas, quase fazendo com que ele caísse. A mãe delas, que se chamava Maria Paula, veio logo atrás.

— Yasuhiko – Yoruichi puxou o menino para perto de Souken e das gêmeas ainda grudadas em Sado e se abaixou para ficar da altura deles – Vocês podem dizer o que aconteceu com Hisana?

As quatro crianças começaram a falar ao mesmo tempo e gesticular muito. As meninas até largaram de Sado para completar o coro, mas ninguém entendia nada do que eles diziam.

— Quietos! – Yoruichi gritou e os meninos imediatamente calaram a boca – Um de cada vez – Souken levantou a mão – Você quer começar, Souken?

— Posso ir no banheiro antes? – ele perguntou, simplesmente. Como se fosse um sinal, os outros três também pediram para ir ao banheiro. Todos falando ao mesmo tempo.

— Ninguém vai ao banheiro até contar essa história direito – Yoruichi berrou – Digam primeiro o que aconteceu com Hisa-chan. Vocês disseram que ela foi engolida por um monstro?

— Uma boca – Yasuhiko abriu exageradamente os braços – Uma boca de mais de cem metros!

— Mas não tinha dente – Francisca completou, indicando os próprios dentes.

— E tava chamando o tio – Maria apontou para Ichigo.

— Boca de cem metros? – Yoruichi enrugou a testa.

— Desse tamanhão assim – Yasuhiko abriu os braços novamente.

— E era bem escuro – Maria continuou – Não dava pra ver nada.

— Boca escura? Chamando Kurosaki-san? – Urahara parou por alguns segundos, pensativo, até estalar os dedos como se tivesse matado a charada – Uma garganta!!

Todos se assustaram com a exclamação do ex-capitão. Urahara se ajoelhou na frente do filho e o segurou pelos ombros.

— Você está dizendo – ele disse, encarando Yasuhiko – que Hisa-chan foi puxada para dentro de uma garganta?

— Uma garganta aqui na Soul Society? – Kensei perguntou.

— Não é totalmente impossível. Aizen, Ichimaru e Tousen fugiram daqui por uma garganta – Komamura resolveu explicar porque o capitão não estava na Soul Society quando isso ocorreu.

— Mas uma garganta agora? – Hisagi bagunçou os cabelos – O Décimo Segundo Esquadrão não deveria ter detectado isso?

— Vou verificar isso agora mesmo – Mayuri se apressou em se dirigir para seu laboratório – Eu sabia que não deveria deixar aqueles incompetentes cuidando de tudo – e saiu, resmungando.

— E o que podemos fazer enquanto isso para ajudar Hisa? – Renji se dirigiu ao comandante.

— Vamos esperar a confirmação do Décimo Segundo Esquadrão – Kyouraku coçou o queixo – Se for confirmado, organizaremos uma expedição de resgate ao Hueco Mundo.

— Esperar por confirmação?!! – todos arregalaram os olhos por causa do grito de Ichigo – Você está querendo dizer que devo ficar sentado esperando enquanto minha filha está desaparecida?!!

—Kurosaki-san – Kyouraku começou, lentamente – Devido às circunstâncias...

— Circunstâncias o caramba!! – Ichigo berrou – Eu não vou ficar esperando sem saber notícias da minha filha!! Quanto tempo podem demorar para detectar essa maldita garganta?! Vinte minutos?!! Meia hora?!!

— Kurosaki, por favor, se acalme – Soi Fong pediu, tranquilamente.

— Não vou me acalmar – ele rebateu – Porque se o Gotei 13 realmente conseguisse resolver seus problemas sem a minha ajuda, eu não precisaria deixar Hisana aqui sozinha, onde supostamente é seguro, e nada disso teria acontecido!!

— Agora você já está nos ofendendo, Kurosaki – Hitsugaya respondeu com sua voz rouca.

— Kurosaki – Ishida se aproximou dele mostrando as palmas das mãos – nós prometemos fazer de tudo para encontrar Hisa-chan, mas você precisa se acalmar...

— Não me peça para ficar calmo porque seu filho está bem ali – Ichigo apontou para Souken – FOI A MINHA FILHA QUEM SUMIU!!

— Todos nós também estamos muito preocupados com Hisa-chan... – Renji começou, vacilante.

— Você não me provoca, Renji – Ichigo usou um tom ameaçador.

— Ora essa, seu baka – Renji devolveu, rispidamente – Acha que tenho medo de você?!!

— Quer brigar, abacaxi vermelho? – Ichigo perguntou baixo, quase encostando o rosto na testa de Renji – Estou doido para bater em alguém mesmo.

— Parem com essa palhaçada!! – Rukia empurrou os dois para lados diferentes – Ichigo! Você acha mesmo que vai adiantar alguma coisa brigar com todo mundo aqui?!

— Eu estou preocupado com Hisa, Ruk...

— E você acha que eu também não?!! – ela gritou ao menos tempo em que o acertava no queixo com um soco – Eu sou a mãe da Hisana!!

Ichigo caiu por causa da pancada, mas não reagiu. Ao invés disso, sentou no chão e ficou alisando o queixo machucado.

— Você não está vendo como todos nós estamos angustiados com isso?!! – Rukia já não conseguia falar direito porque grossas lágrimas escorriam dos seus olhos – Você não percebe...

Ichigo olhou as expressões chorosas de suas irmãs, o olhar abatido de Isshin e, até mesmo, a tristeza evidente e contida no rosto de Byakuya. Mas não apenas sua família parecia sofrer com o ocorrido. Seus amigos também estavam com as expressões tristonhas. Sentiu-se um idiota agindo daquela forma.

— Guarde essa sua energia para brigar quando tivermos que resgatar nossa filha – Rukia enxugou as lágrimas – Não precisamos de mais problemas.

— Kia – Ichigo chamou, com a cabeça baixa – Me desculpe...

— Cuidaremos do caso de Hisana com a maior urgência, Kurosaki-san – Kyouraku completou.

— Exatamente – Byakuya falou com a pose nobre renovada – Principalmente, porque eu cuidarei disso também. A herdeira da Casa Kuchiki sumiu e eu não descansarei até que ela seja encontrada – e se retirou, com toda a dignidade do mundo, sendo seguido por Renji.

— Ajudarei o capitão Mayuri – Urahara ajeitou o chapéu listrado – Quanto mais rápido confirmamos nossas suspeitas, melhor.

— E eu vou ajudar tamb... – Yoruichi começou a falar, mas foi interrompida quando sentiu alguém puxar seu braço. Era Yasuhiko que fez sinal para a mãe se abaixar na altura dele.

— Posso ir no banheiro agora? – cochichou no ouvido dela.

— Mais alguém quer ir ao banheiro? – Yoruichi perguntou, revirando os olhos, e mais três mãos pequenas se ergueram imediatamente no ar.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo, que eu espero ser em breve.



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