— Acho que precisamos conversar.

Sara sorriu levemente, sabia o que estava por vir e agradeceu aos céus por isso, bateu com a mão no colchão a fim de convidá-lo a sentar com ela e assim o fez. Ela estava sentindo-se bem, talvez fossem os hormônios, mas Sara estava pronta para perdoa-lo, bastava que ele pedisse. Certo que o que ele disse fora forte, ela tinha realmente ficado magoada, triste com o que ele pensava dela, mas depois que soube que dormira com ela, numa poltroninha que mal cabia metade de seu corpo, ela estava decidida a perdoá-lo. O amor falara mais forte.

— Precisamos.

— Ontem quando me mandou embora, com toda razão, eu fui para casa e, depois de dizê-la como estava, mamãe me disse o que realmente tinha acontecido no noite do jantar. - Grissom mantinha os olhos fechados desde o começo, não teria forças de continuar a se desculpar olhando para ela porque choraria antes mesmo de falar o que queria. - Enquanto eu arrumava o nosso jantar, pedi para ela mandar uma mensagem à você. Confiei a ela uma simples tarefa e ela usou para nos afastar. Eu nunca iria pensar que ela teria feito algo assim, logo ela que me ensinou a sempre ser verdadeiro. Durante a maioria da noite eu fiquei esperançoso que aparecesse, achava que era o trânsito ou mesmo algo no laboratório que prendera você, mas eu comecei a dar ouvidos ao que ela falava e acabei sendo um idiota com você no outro dia.

Sara ouvia atentamente o discurso do namorado enquanto observava seu estado. Ele estava abalado, os olhos fundos evidenciavam que, fora a noite de ontem, ele não dormia bem. Se conhecia bem, Grissom ainda não comera desde a noite do acidente. Olhando seu rosto via que ele estava se esforçando para não chorar. Ela o amava e vê-lo assim lhe doía mais do que as próprias palavras que ele havia lhe dito. Se estava magoada? Claro que sim. Mas amor é isso, não gostava de vê-lo chorar e sabia que estava a um fio de começar. Amor é isso. É colocar as necessidades do outro acima da sua. Talvez Grissom não fizera isso, mas Sara faria com toda certeza.

— Eu quero que saiba que eu estou imensamente arrependido por tudo o que eu disse a você.. e por tudo o que eu lhe causei.. se eu não tivesse dado ouvidos a mamãe e sim a você, nós não estaríamos aqui. Você não teria sofrido esse acidente..

Olhou Sara e, talvez pela primeira vez desde o acontecido, eles conversaram olho no olho. Ela aproveitou e pôs a mão em seu rosto áspero, acariciando-o.

— Eu não te culpo por isso, Gil. Não foi culpa sua isso ter acontecido. E nem adianta procurar culpado, não existe um e eu estou bem. Isso já acabou.

— Mas eu poderia ter evitado tudo isso, apenas te escutando. Eu deveria confiar em você e não fiz.

— Você confia em mim agora? - Ela segurou suas mãos. Não queria mais falar sobre o que tinha acontecido. Acontecera, passado é passado. Talvez ele não lembrasse, mas algo novo surgira na vida deles e ela estava pronta para viver aquele momento.

— Mais do que nunca.

— Vai continuar deixando outras pessoas atrapalharem nossas vidas, mesmo sua mãe?

Ele a olhou. Sua mãe tinha errado, mas era sua mãe. Daria ouvidos a ela, como sempre fez, mas antes de tudo, saberia a verdade dos dois lados antes de formular uma conclusão. Mas preferiu apenas concordar com ela com um leve aceno.

— Então vamos esquecer que isso aconteceu. 

Eles se abraçaram e Grissom ameaçou chorar, agora de alívio e felicidade. Sara o olhou e o deu um leve beijo.

— Griss, eu te amo e eu já tinha perdoado antes mesmo de você vir aqui. Eu te amo e eu sei que ela é sua mãe, que dará ouvidos a ela constantemente, eu só espero que seja diferente do que foi. Eu te amo e eu só quero viver feliz com você. - Juntou suas mãos a dele e colocou sobre sua barriga. - E com o nosso bebê.