nomes ocultos escrita por kirikiri


Capítulo 1
A estranha mulher esguia do olho tatuado


Notas iniciais do capítulo

Para iniciar meu projeto, nada melhor do que uma curta historia que se passa uns 45 anos antes da principal começar



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No dia 23 de junho de 693, na província de higderia, parte do império de Evoltron, deusa do conhecimento, nasceu uma garota que possuía olhos brilhantes alaranjados, assim como todas as pessoas que nascem com anomalias físicas de cor, ela foi levada a igreja, onde uma sacerdotisa definiu ela como uma escolhida das deusas e futura grã-sacerdotisa, a única que representa a vontade de todas as 8 deusas, deram a ela o nome Capriccio, mesmo sendo desde seu nascimento definida como uma pessoa especial, viveu seus primeiros anos isolada e cercada de eventos inexplicáveis. 

Até os seus 5 anos ela possuía duas colegas de quarto que tiveram que trocar de quarto pois, estranhamente, para onde Capriccio ia, simplesmente ocorriam eventos sobrenaturais. O proprio quarto foi se alterando com o passar dos anos e ela sempre dizia que tudo o que acontecia era vindo de seres monstruosos que somente ela podia enxergar, mas todos podiam sentir em determinado grau. Não demorou para ela ser isolada e apenas receber visitas de seus tutores, mestres e a superiora que é responsável por cuidar de todas as crianças, uma idosa desprezível e que independente de cheirar a rosas era nojenta. 

Após determinado tempo, a igreja considerou e passaram a crer que os seres que atormentavam poderiam ser os servos da Morte, entidade poderosa que havia se aliado há pouco tempo com a igreja, e ela então foi mandada para ver Capriccio e averiguar se as bestas dela estavam de fato atormentando a criança, 

—  Admitam que vocês não confiam em mim, afinal, Morte não é um nome de bom tom afinal. 

— Nunca — disse a superiora. —  Seres que não podem ser vistos e que amedrontam parecem soar como os seus servos. 

—  Meus servos não tem tempo para querer me contraria e assustar garotinhas, disseste dia destes que ela estava isolada há três anos, não foi? 

— Sim, era muito perigoso manter ela perto das outras. 

—  Você é uma suína desrespeitosa e bruta — gritou exaltada a Morte. —  eu falo com ela mas não pense que é porque um dos meus leais serventes fazem maldades por aí e sim por que ela n deve ter conversado com ninguém durante todo esse tempo.   

 

A Morte sempre conheceu a solidão, a única da casta divina que não possui um altar e é desprezada por todos que não compreendem que morte é o complemento que permite que a vida exista, afinal, ninguém quer morrer. Ao saber de uma pessoa que está isolada por tanto tempo de pessoas que a odeiam, Morte viu a possibilidade de encontrar alguém que não queira ela destruída. Andando pelo corredor estreito, de piso de madeira bruta, facilmente ela encontrou a porta de Capriccio, a única diferente dos demais quartos, pois aos poucos tudo dentro daquele quarto foi magicamente transformado. 

De frente com a porta cheia de flores esculpida, ela hesitante bateu de leve três vezes, temendo assustar a garota. Prontamente a suína desrespeitosa e bruta abriu a porta com todo o cuidado possível para que fizesse o máximo de barulho, logicamente a criança que estava dormindo se assustou e isso já conferiu um inicio ruim porém assim que a morte lançou um terrivel olhar para a superiora e ela percebeu que havia passado do seu limite, Capriccio percebeu que havia sido defendida da velha por um completa estranha nas duas definições possíveis da palavra. 

— Quem é você ? —  perguntou Capriccio. 

Pelo ângulo da cama para a porta e a baixa visibilidade, ela apenas conseguia ver uma silhueta preta de uma magricela alta, conforme seus olhos ficaram menos turvos ela percebeu que ela era mais estranha ainda, uma magricela alta de olhos que lembram o de um réptil, cabelos negros que ficavam no limite do quadril, uma pele palida amarelada e uma tatuagem ao redor do olho esquerdo. 

—  Meu nome não é de bom tom, porém eu vim lhe ajudar. 

—  Você é a morte ? —  perguntou a garota de 10 anos que não demonstrava qualquer sinal de medo. 

—  Você pergunta isso de maneira tão natural. 

—  Ela me disse que os seus bichos estão me seguindo, mas eu não acredito nela. 

A má fama da superiora dentro da igreja se dá por ela fazer questão de ser desagradável por possuir um cargo vitalício dentro da organização religiosa, ninguém acredita até estar na mesma sala que ela e perceber que se trata de uma infantil putrefata há muitos anos, suína desrespeitosa e bruta idosa que cheira a leite de rosas e talco. 

— Ninguém confia nela de qualquer forma —  disse a morte andando de vagar até uma cadeira que ficava ao lado da cama. —  Posso me sentar? 

A  criança solitária sorriu e respondeu que sim. 

—  Bem, eu preciso saber como são essas criaturas que você vê, para que eu possa finalmente provar a elas que eu não sou responsável por isso. 

—  Mas se você fosse responsável faria de tudo para elas acharem que você não é culpada e somente você sabe como seus servos são fisicamente. 

—  Você fez o seu dever de casa, não é? 

—  Eu sei tudo sobre você menos sobre o seu coração 

 

Nesse momento a Morte sentiu algo estranho, percebeu nas palavras daquela menina o que seria uma maturidade superior a da superiora. 

—  O que você disse? 

— Os livros, tudo o que falam sobre você é quem você é e o que faz e de que forma, porém ele nunca fala sobre como você é por dentro. 

 

Capriccio percebeu que a morte estava confusa, percebeu que ela provavelmente não sabia que as crianças que são destinadas a igreja desde que nascem, desenvolvem-se mais rápido mentalmente que pessoas normais. 

—  A resposta da minha primeira pergunta, por favor. 

Capriccio então tentou lembrar qual era a primeira pergunta e respondeu. 

—  Possuem 6 patas, corpo coberto de pelos e são altos. 

—  Não condiz com os meus, já posso fazer com que elas parem de suspeitar de mim. 

—  Elas quem? 

—  As deusas 

Capriccio se levantou da cama e foi trancar a porta, voltou para a cama e disse: 

—  Você não vai sair agora, alguém que já passou tanto tempo só deve saber mais sobre as pessoas do que as próprias deusas 

—  Por que diz isso? 

—  Você observa as pessoas, é o que você faz, e nunca cria laços afetivos com elas, de tanto enxergar todos você deve saber como funcionam. 

 

A Morte então sorrindo disse que continuaria ali, contou varias historias, mas não terríveis sobre a crueldade do homem, mas as poucas vezes em que ela havia se impressionado com a bondade do coração, colocou a garota de volta a dormir e pela primeira vez não se sentiu má. E foi dessa forma, um tanto quanto aleatória e inesperada que tanto a Morte quanto Capriccio se livraram da solidão e da dor que ambas carregavam na vida por serem demonizadas como um monstro ou como uma louca. 


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