Lifesaver escrita por Lays Lopes


Capítulo 1
Capítulo 1




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Uma cama confortável e alguns remédios para dormir era o que eu precisava, mas, longe disto, eu tinha longas e perturbadoras horas de vôo até Austin, onde seria minha nova casa.

Minha cabeça doida e meu braço, por baixo do geso, coçava incessantemente. Suspirei.

Tive se quer um espaço entre o velório de minha família e minha viagem, para despedir-me de minha antiga casa, que ficaria lá até que completasse meus dezoito anos — ou talvez até que tomasse coragem para voltar nela.  

“Todos iremos morrer, você os encontrará novamente” foi este consolo, vindo sem sentimento nenhum de Dallas, minha irmã mais velha, que fez com que eu aceitasse o espaço cedido para mim por titia Denise para viver junto dela.

Ela, assim como eu, sabia como seria difícil lidar com o luto e crise de idade, vivendo com Dallas, uma mulher já formada, que pouco ligou para os pais e a pequena irmã em sua vida e sempre preocupou-se apenas com seu próprio nariz.

Ela se fez distante por toda minha vida, morava com nosso pai biológico e, logo que o mesmo faleceu de câncer, pegou toda sua parte da herança e gastou em uma faculdade melhor e um apartamento próximo, logo, nunca mais nos visitou e ontem, no enterro de nossa mãe, tive a desagradável oportunidade de vê-la e receber a proposta de dividir um apartamento, e uma vida, com ela.  Neguei prontamente sem me preocupar sobre como ela se sentiria com minha resposta pois, obviamente, a única coisa que sairia dali, seria alivio.

— Com licença, — a aeromoça despertou meus pensamentos — a senhora pediu por um copo d'água. Aqui está. —

A agradeci e esperei que se retirasse e, da minha tira-colo, tirei um remédio para dor de cabeça e dores no corpo. Era um pouco do que precisava, levando em conta que aquele  remédio relaxava meu corpo de certa forma e facilitaria meu cochilo até Austin.

Algumas horas de sono foram o suficiente para que minha for de cabeça se fosse embora. Acordei logo com a voz masculina pedindo para que colocássemos o sinto pois iríamos aterrizar. Assim o fiz.

Algumas burocracias depois, pude encontrar titia Denise, bela como sempre, me olhava de um jeito acolhedor e isso fez com que corresse para abraça-la. Fora um longo abraço que não fui capaz de conter minhas lágrimas. Seu abraço era tão bom quanto o de minha mãe e era impossível não me lembrar dela.

— Querida, eu sinto muito! — Abraçou-me ainda mais apertado — Eu estarei aqui para você agora, até o último dia. —

Nós saímos daquele aeroporto lotado e fomos para sua casa, titia, de todas as formas, tentava me distrair, para que não pensasse no acontecido, mas era impossível. Talvez eu devesse acreditar que, com o baque do acidente, não lembre bem de como aconteceu, mas me sinto mal, eu desejava ao menos saber como foi.

— Quando Nicholas chegar, vocês têm muito a conversar, te distrairá. Estou certa disso!

— Onde ele está?

— Ah, você não soube? Foi mandado junto de alguns militares para uma missão na fronteira do Canadá. — A olhei confusa, sempre soube que Nicholas havia ingressado no exército nacional, mas… fronteira do Canadá? O que tínhamos a ver com isso? — Eu também nunca entendi, em e-mails, ele dizia que, ao chegar, nos explicaria. Mas basta esperarmos, não é?

Nicholas sempre fora meu melhor amigo, desde meus cinco anos e, mesmo com sua mudança de cidade, isso nunca mudara, com exceção dos últimos dois meses.

Nicholas mandou-me um e-mail dizendo que talvez poderia ficar fora por um tempo, ou, talvez, não voltar mais, por isso, era necessário que guardasse aquele segundo e-mail que enviaria e, neste, haviam razões para ele me amar tanto, e por eu ser a melhor pessoa e amiga que já conhecerá. Depois, nunca tive notícias.

Lia aquele e-mail todas as noites e abria minha caixa todo momento, na esperança de que tivesse algo novo, mas nunca tinha… aquela notícia, de que ele estava bem, me deixava feliz, o máximo que eu podia.

Quando chegamos à casa de tia Denise, todos – com exceção de Nicholas, obviamente – estavam lá, comemorando minha chegada e desejando-me pêsames. Ao mesmo tempo que era bom, era extremamente triste. Suspirava à cada condolência recebida.

— A comemoração de boas-vindas é maravilhosa, titia. Agradeço por isso, mas me sinto cansada e todo meu corpo dói, posso descansar?

— Claro querida. Espero que não se importe em ficar no quarto do Nicholas enquanto terminamos o seu, tenho certeza que ele não se importará.

Logo que entrei em seu quarto, me deparei com um grande quadro de fotos, sendo equilibradamente fotos comigo e com seus irmãos. Cada foto nossa, era uma incrível lembrança, algumas que tinham tudo para serem péssimas, mas ele deu um jeito de que se tornasse uma boa lembrança. Sorri com o fato de, à cada foto, me lembrar de algo.

Sentia muito sua falta, mal poderia esperar para vê-lo e, saber que ele estava bem e vivo, era um grande alívio.

Uma foto ali, em especial, tocou meu coração de forma… dolorosa. O último Natal da família Jonas em Dallas, estávamos todos reunidos, minha família e a dele. Nicholas tinha Maddie no colo, os dois brincavam sem perceber que eram fotografados e, eu atrás deles, comia uma grande rabanada, obviamente odiei quando vi a foto.

Uma lágrima escorreu por minha bochecha e senti uma mão tomar meu ombro, era Joseph, o irmão do meio, joguei-me em seus braços e pus-me a chorar…


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo capítulo.



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