Awakening escrita por sallyssong


Capítulo 6
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   Amber estava sentada no sofá observando o céu noturno pela janela da sala. Nicholas descera as escadas visivelmente animado. Sentara ao lado de Amber e ligara a TV em um canal qualquer. Amber pegara o controle e o desligara, virando-se de frente para o irmão e encarando-o.

- Que foi? – Nicholas dissera com um sorrisinho brotando no canto dos lábios. Possuía uma cara de cafajeste natural.

- O que aconteceu aqui quando eu subi? – Amber perguntar, encarando-o séria. Sabia identificar as mudanças do irmão.

- Nada demais. – Nicholas falara e virara para a TV, com um sorrisinho no canto da boca ainda. Amber abrira a boca em sinal de espanto e dera um sonoro tapa no braço do irmão, que soltara uma exclamação de dor, massageando o lugar.

- Você dormiu com ela? Nicholas, isso é nojento! Ela está morta! – Amber falara, levantando-se e parando de frente para o irmão, que continuara encarando-a com um sorrisinho nos lábios.

- Vou te falar, ela pode estar morta, mas... Funciona como se estivesse viva. – Nicholas falara e soltara uma gargalhada ao observar o rosto da irmã. Amber possuía as bochechas vermelhas e estava completamente séria.

- Você é grotesco, Nicholas! – Amber falara e caminhara até a cozinha, sendo seguida pelo irmão. Abriu a geladeira e pegou uma jarra d’água.

- Até parece que você não se sentiu atraída por ela! Qualquer um se sentiria. – Nicholas falara e Amber revirara os olhos, colocando água no copo e segurando-o, pronta para beber.

- Você faz essa cara, mas não me engana. Acha que eu não vi, irmãzinha, o beijo de vocês ontem? Eu estava do lado de fora e vi tudo. – Nicholas falara e Amber deixara o copo cair no mesmo instante, visivelmente assustada e nervosa.

- N-não sei do que você está falando! – Amber falara, em meio a gaguejos. Nicholas soltara uma gargalhada e encostara-se a pia.

- Foi uma cena linda, posso te afirmar. – Nicholas dera um pequeno sorriso e Amber bufara, saindo a passos fortes até a sala. Nicholas a seguira e quando fora implicar com a irmã, escutara uma voz atrás de si.

- Olá! – Catherine dissera, sorrindo. Nicholas virou-se no mesmo instante e encarou-a com uma expressão de deslumbre. A menina passara indiferente por ele e sentara no sofá, mexendo nos longos cabelos negros. Amber observara-a em silêncio.

- O que você pretende fazer? – Amber perguntara depois de alguns segundos. Nicholas saíra do seu estado de torpor e observara Catherine, esperando pela resposta da menina. Catherine virara seu rosto delicadamente na direção de Amber, observando-a.

- Vou até a casa de um velho amigo. – Catherine dissera, olhando diretamente nos olhos de Amber.

- Amigo? – Nicholas falara, vendo o olhar dela se direcionar para si e sentindo-se feliz momentaneamente. – Não sabia que possuía amigos.

Catherine dera um leve riso debochado.

- Claro que os possuo. Um só, no momento. Não devemos confiar em muitas pessoas, ainda mais, em vampiros. – Catherine falara e olhara para Amber. Ela estava tão bonita.

- Como o conheceu? – Amber perguntara. Tinha tantas dúvidas sobre a menina.

- Ele que me criou. – Ela falara e os dois irmãos ficaram em silêncio. Só podia se ouvir o barulho da respiração deles e sentir o cheiro de curiosidade se espalhando pelo ar, entrando em suas narinas e atiçando suas mentes.

- Qual o nome dele? – Amber continuara perguntando. Catherine ainda a encarara, contemplando seu rosto alvo.

- Kurt. – Ela falara, monossilábica.

- Como foi? – Amber perguntara e Catherine a encarara com um semblante de curiosidade. – A sua transformação... – Amber completara e um silêncio pairara na sala. Os dois irmãos observavam a vampira, enquanto ela encarava o chão, reflexiva, durante alguns minutos. Parecia estar mergulhada nas memórias de sua vida humana. Seus olhos cinzas azulados tinham um brilho diferente, e pareciam estar perdidos em algum lugar distante.

- Eu não queria. – Catherine dissera, em um fio de voz. Os olhares dos irmãos se aguçaram sobre ela, enquanto a mesma ainda encarava o chão, perdida.- Invadiram a casa aonde morávamos. Eu, meus pais e meus irmãos. Era uma tarde de inverno. Só eu consegui fugir. – Catherine dissera. Sua voz parecia desarmada. Frágil. – Meu pai gritou para eu correr o máximo que podia, enquanto eu ouvi da sala os gritos da minha mãe. Pareciam bater nela... Na época, eu me assustei. Eu havia acabado de completar 16 anos. Não entendia do mundo. Eu era uma criança. – A voz da mesma sumiu e ela sentiu algo doer em sua garganta. Algo ficar preso. Tristeza. Saudade.

- E o que houve? – Nicholas perguntara, observando a menina continuar com a cabeça abaixada, encarando o chão seriamente.

- Eu corri. O máximo que pudi. Mas, um deles veio atrás de mim... Eu relutei quando ele me puxou e senti algo de metal invadir minha barriga. Caí no chão no segundo seguinte e senti novamente um corte de formar em minha perna. Por um descuido dele, consegui derrubá-lo e corri com todas as forças que me restavam. Escondi-me atrás de uma árvore e fiquei um tempo por lá, rezando para que ele não me achasse. Ouvi passos de folhas sendo esmagadas e no meu campo de visão apareceu um homem alto. Ele era branco feito neve. Os cabelos compridos, loiros. Os olhos azuis entorpecentes. Eu pensei já estar morta e que um anjo do Senhor viera até mim. – Catherine dera uma pausa e deixara um pequeno sorriso escapar pelo canto dos seus lábios. – Ele sorriu para mim de um modo divino e confortante, dizendo que iria me ajudar. E foi aí que tudo apagou. Eu acordei horas depois com o cheiro de sangue, sentindo a dor da minha transformação. Kurt me ensinara tudo que precisei para sobreviver. No começo, não conseguia me acostumar com a idéia de não crescer. Não envelhecer. Mas depois, me acostumei. Todos me viam como um anjo. Meu rosto, meu corpo de menina, meus olhos. Tudo atraía demais. Depois que me conheciam, viam que não era bem assim. – Catherine dissera e elevara os olhos, encarando os irmãos, com um pequeno sorriso.

- Você já transformou alguém? – Amber perguntara, curiosa. Catherine ficara muda durante vários instantes. Fechou os olhos e colocou as mãos sob as têmporas, tentando tirar as imagens de sua mente. Abriu-os em seguida e os irmãos encaravam-na preocupados.

- Sim. – Ela dissera, monossilábica.

- Quem? – Nicholas perguntara, cada vez mais consumido pela curiosidade.

- O nome dele era Matthew. Era um jovem jornalista. Não deveria passar dos 23 anos... – Ela falara, com um tom de voz diferente. Triste.

- Porque o transformou? – Amber perguntara. Catherine inclinou seu rosto na direção do rosto da menina e deu um sorriso triste.

- Porque ele sabia demais. Devemos preservar a máscara. Quando alguém descobre, devemos acabar com ele. Mas para Matthew, as ordens foram diferentes. O príncipe mandara eu cuidar da situação. E eu o transformei. – Ela dissera, levantando-se e caminhando até a janela.

- E o que houve com ele? – Amber continuara perguntando, observando o jeito de andar da menina até a janela. Ela era sensual até mesmo sem querer.

- Está morto. – Catherine falara de um jeito amargo e frio, assustando os irmãos.

- C-como assim morto? Mas... – Amber tentara entender o que Catherine acabara de falar e fora cortada pela menina.

- Nós podemos morrer. A luz do sol é fatal. E foi isso que aconteceu com ele. Enfim, acho que não irão querer continuar sabendo sobre isso. – Catherine falara de um jeito duro e frio, cortando o assunto. Um silêncio se instalara no local e Nicholas pegara sua blusa em cima do sofá, vestindo-a.

- Vou sair com Victor. Não devo voltar ainda hoje. – Ele falara, pegando a chave do carro e rodando-a por entre os dedos. – Até mais. – Ele dissera, dando um beijo suave na testa da irmã e passando por Catherine, secando-a com o olhar. Abriu a porta de casa e saiu, deixando as duas garotas sozinhas e em silêncio na sala.

- Você o amava? – Amber perguntara, e Catherine virara para ela, observando-a.

- Sim. – Catherine dissera simplesmente, deixando o silêncio invadir o local novamente. Ela caminhara devagar até Amber, sentando-se novamente ao lado dela, virando-se de frente para a loira.

- Sabe, Amber, você me lembra muito Matthew. – Catherine dissera e dera um pequeno sorriso. – Os seus olhos. São curiosos como os dele. Até a cor são parecidos. Seu jeito de ser... Sua beleza exótica. – Catherine falara, passando devagar uma de suas mãos pelo rosto de Amber, acariciando sua face com as costas da mão gélida, observando a menina fechar os olhos no ato.

- Quando você vai embora? – Amber perguntara, abrindo os olhos devagar e encarando os olhos cinzas, que a observavam.

- Amanhã. – Catherine falara simplesmente. Um silêncio se acomodara no lugar.

- Eu irei com você. – Amber falara sem nem ao menos pensar. Catherine dera um risinho debochado.

- Não, Amber. Você acha que poderá me ajudar? Eu agradeço o que você e Nicholas fizeram por mim, mas, você não será de grande ajuda. – Catherine dissera, seriamente. Amber a encarara com desespero.

- Eu quero ficar perto de você. – Amber falara, observando-a. Catherine ficara em silêncio. – Deixe-me ir com você. Eu preciso. Você quer que eu vá, Catherine. Sei que quer. Deixe-me ir... – Ela dissera, em um tom de súplica. Catherine puxou-a devagar para seu colo e acariciou os cabelos longos e loiros claríssimos da menina.

- Isso não é um jogo que possa sair depois, Amber. Você está se envolvendo em algo sério e perigoso. Saiba que não costumo ser tão boazinha quanto pensa... – Catherine falara, aos sussurros, com um tom de voz frio. Amber levantara-se do colo da garota e inclinou seu rosto próximo ao dela, olhando fixamente para os olhos cinzas.

- Que bom, porque eu também não.


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