Love me like a Cat escrita por Lunathck


Capítulo 6
A curiosidade matou o gato


Notas iniciais do capítulo

Sentiram saudades? Boa leitura



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“Alô mãe… Tô bem, e a senhora?... Não, você sabe que amanhã eu trabalho… Eu também quero ver vocês, mas não dá pra pegar avião todo final de semana… As férias inteiras? Talvez uma parte, não consigo ficar na roça um mês inteiro… Ok. A gente se fala… Beijo.”

Brownie escutava Miguel falar sozinho com uma pequena caixa de luz, provavelmente pensando que seu humano era no mínimo, estranho.

Já Miguel, se sentou na cama com o peitoral a mostra, e coçou a nuca. Seu cabelo estava no limite do “bagunçado”.

“O que você está olhando, hein?” Perguntou ao gato, que se espreguiçou, deitado no travesseiro ao lado do dono na cama de casal. Era ceder um travesseiro ou deixar sua cabeça ser usada como um!

Ainda eram 7:30 da manhã de domingo… Só de pensar que podia ter dormido até meio dia… O problema era que, uma vez acordado, não conseguia mais pegar no sono, então se levantou e tomou um banho bem demorado.

Já desperto ele se vestiu e foi para a cozinha, abriu a geladeira para ver o que tinha pro café. Brownie se enroscou entre as pernas de Miguel e miou, o olhando. O homem suspirou e fechou a geladeira, com a deixa, o gato correu até sua vasilha de ração, prestes a ser agraciada com vários grãozinhos. Comeu como se fosse a melhor refeição de sua vida.

“Esfomeado…” Voltou a abrir a geladeira e pegou tudo o que precisaria.

Mais tarde, no seu dia de descanso, Miguel recebeu uma mensagem de sua chefe, referente ao que tinha passado boa parte da noite escrevendo.

“É uma boa introdução, personagem bem situado, ambiente propício para um romance… Mas estou em dúvida. Você escreveu 30.000 palavras… E onde está o par romântico? É o garoto que trabalha com ela?” Miguel leu com desgosto aquela ultima parte, mas não era ruim em lidar com críticas.

“Não, o grandalhão não. Ainda não sei quem será o namorado”

A resposta chegou de imediato.

“Como assim não sabe? Um romance só existe com duas pessoas. E é muito importante você ter uma trama em mente, senão a história fica de certa forma… Sem sentido, comum.”

“Mari. Romances são sem sentido e comuns”

“então transforme em algo incomum. Até amanhã”

Nossa, como aquela mulher era cansativa! Até no domingo?

De quebra olhou as outras mensagens do whatsapp, havia uma de um colega de trabalho chamando pra comemorar o primeiro ano de casamento, iria dar uma festa com a esposa. Só de ouvir a palavra “casamento” no áudio, Miguel quase parou de ouvir ali mesmo e o deixou sem resposta. Eles deviam comemorar sozinhos, o que 1 ano tem de mais? Se bem que casamentos hoje em dia não duram isso tudo.

“Não vai dar, tenho um compromisso hoje a noite. Boa festa, abç” respondeu.

O compromisso era realmente muito sério. Com sua cama. Não era fácil trabalhar o dia inteiro de segunda a sábado!

xXx

Dênis chegou muito cedo no trabalho segunda-feira e teve que esperar Luana chegar para abrir o pet Shop. Ele sempre estava muito bem disposto às segundas pois tivera o domingo todo pra recuperar as energias, logo era a manhã mais desagradável para Luana.

“Amor da minha vida!” ele a apertou e deu um beijo em sua bochecha enquanto a menina procurava as chaves.

“Credo Dê. Sai.” Ela o empurrou de leve, ele deu um passo para sair de frente da fechadura. “Você ta querendo alguma coisa?”

Dênis negou com um gesto de cabeça, nem um pouco ofendido “Não. Só quero dizer que você é linda e fofa” ele deu um sorriso largo.

“NÃO ME CHAMA DE FOFA, OK?” Ela falou de forma ameaçadora. Por algum motivo odiava que alguém lhe dissesse isso “eu não sei o que da em você depois dos finais de semana, fica todo meloso assim e mais insuportável que o normal”

“Eu não ligo que diga isso, sei que você me ama mais do que a si mesma.” A garota deu uma risada irônica, Fred entrou na loja com aquela cara de cansaço outra vez. Dênis sabia que o outro nunca o contaria sobre a relação com a namorada, por que ele não sabia guardar segredos, mesmo assim o garoto sabia que as coisas estavam ficando sérias.

“E aí, como foi a noite?” Perguntou a Fred, que revirou os olhos ao ver a expressão sugestiva do loirinho. O que ele pensava? Que transavam todo santo dia?

“Teve uma festa dos tios da Bruna, de um ano de casamento. Foi bem legal, mas pra ir trabalhar no outro dia cedo, né? Domingo não é dia de festa a noite” reclamou e massageou as têmporas por causa da ressaca.

“Eu posso concordar que você não teve escolha a não ser ir, mas bebeu por que quis!” Luana riu da cara do irmão mais velho, que a mandou calar a boca, mostrou o dedo do meio e entrou para algum outro cômodo.

Mais um ótimo dia de trabalho. Por mais dificuldades que tenha, Dênis adorava trabalhar ali. Talvez fosse a melhor parte do seu dia… É triste quando o maior prazer da rotina de uma pessoa é a hora de descansar. Tem que gostar do que faz, senão cada dia se torna pior que o outro.

Ao chegar em casa, Dênis tinha pouco tempo para tomar banho e comer alguma coisa, antes que Fred buzinasse a sua porta o esperando para ir pra aula.

Já Miguel não tinha necessidade disso. Apenas revisava o material que daria aula e do trabalho mesmo iria para a faculdade. Isso se não tivesse esquecido os óculos em casa. Passou por lá antes de revisar e o recuperou, entrou no carro estacionado na calçada do prédio em que morava e começou a leitura rápida. Cerca de dois minutos depois algo o fez desviar o olhar, uma buzina há alguns metros de distância.

Carros buzinavam toda hora. Mas o que lhe chamou atenção foi o garoto saindo de casa e entrando nesse carro. Era a casa de Dênis.

Miguel não tinha comentado, mas morava na mesma rua que o garoto, apesar de nunca terem se encontrado. Como não conseguiu ver quem dirigia o carro que buscara o loiro, Miguel deixou os papéis de lado e acelerou. Não era como se estivesse seguindo aquele garoto, o destino de ambos era o mesmo.

Quando estacionou, relativamente perto do carro em que não desgrudou os olhos, viu o loiro sair junto com o grandalhão, que também trabalhava no Pet Shop.

Miguel revirou os olhos e se aproximou. Não era como se estivesse querendo ouvir nada, ele ia para aquele lado de qualquer jeito.

“Até amanhã, boa aula” Fred deu dois tampinhas nas costas de Dênis.

“Tchau.” Eles trocaram um toque de mãos e cada um seguiu para onde tinha que ir.

Não parecia algo anormal, mas Miguel ergueu uma sobrancelha e foi para o lado em que o loiro seguia. Não era como se estivesse o vigiando, só desviou do seu caminho um pouquinho.

Ele cumprimentou alguns colegas e entrou na sala. Miguel puxou os próprios cabelos e balançou a cabeça. O que estava fazendo? Que mania estranha ele tinha de querer saber sobre a vida dos outros. Voltou para o seu caminho original, arrumando o cabelo, e deu a sua aula com excelência apesar da falta e revisão.

Liberou a ultima turma mais cedo já que concluíram a atividade proposta, e alguns passos depois de sair, uma porta longe de onde ele estava se abriu em um rompante e alguém saiu correndo dali. Esbarrou em Miguel e nem sequer olhou pra trás para pedir desculpas, mas era impossível não reconhecer aqueles fios claros e a estatura baixa.

Seguindo o rastro do garoto, ele quase passou reto pela figura sentada no cantinho onde ficava a entrada da biblioteca, a essa hora já fechada. O lugar não estava muito iluminado e mesmo o mar de pessoas indo em direção à saída não percebeu o garoto ali escondido. Ele estava na mesma posição do outro dia, abraçando os joelhos e com a cabeça baixa, mas seus ombros chacoalhavam de forma brusca, conforme chorava. Miguel se agachou na frente do menino e tocou seu ombro, o que quase o fez pular.

“O que você está fazendo aqui?” Ele murmurou, sua voz estava meio rouca. Olhava para Miguel tentando limpar as lágrimas que turvavam sua visão. Mas ao vê-lo só conseguiu chorar mais ainda.

“Shhhh…” O mais velho se ajoelhou, puxou o rosto do garoto para o seu ombro, o deixando se esconder ali e chorar o quanto precisasse. Ele não negaria, porém, sua curiosidade em saber o que havia acontecido.

Quando pareceu relaxar um pouco e o choro ter cessado, Dênis passou as mãos devagar envolta da cintura do outro e lhe envolveu em um abraço. Miguel ficou sem reação. Parou de acariciar os fios loiros que nem sequer sabia estar tocando, e aí o garoto se afastou e limpou o rosto, fungou uma vez. Olhava para Miguel com um misto de agradecimento e vergonha.

Mas não havia o que falar naquela situação. Miguel até poderia inventar alguma coisa, se sua camisa azul de botões não estivesse molhada de choro e aquela sensação quente do abraço ainda permanecesse em seu corpo. Ele pegou o paletó que largara no chão e tirou um bombom do bolso. Havia ganhado de uma de suas alunas, mas ficou sem graça de recusar.

“ Pra adoçar um pouco seu dia” estendeu o doce para Dênis. Ele parecia um bichinho assustado, encolhido e olhando para a mão do moreno como se fosse ser mordido por ela. Por fim, aceitou o bom bom

“Pra mim? Mas eu aposto que o meu dia não é tão amargo quanto o seu!” A princípio, parecia apenas uma fala inocente, até que a expressão do garoto se transformou, com um sorriso provocativo. Apesar do que tinha dito, já desembrulhava o bombom e mordia um pedaço.

Miguel revirou os olhos e estava prestes a levantar, mas Dênis o puxou pelo braço. “Toma. Vamos dividir” o garoto aproximou o chocolate da boca de Miguel, que acabou comendo sem pensar muito bem naquele segundo. Dênis sorriu. “Eu tenho que ir”

Ele se levantou e saiu correndo, sem nem dar chance de Miguel dizer nada. Quando enfim estava indo embora, já sentia a barriga começando a revirar.

“A curiosidade matou o gato…” Miguel murmurou, se perguntando se conseguiria dirigir até em casa ou seria preciso parar em alguma farmácia para tomar enzimas.

Maldita intolerância à lactose.


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Notas finais do capítulo

Hmmmm será que rolou um climinha ali? To pagando pra ver. Vou matar vocês de curiosidade mais um pouco, meus gatchos. Beijão, acompanhem (caso estejam gostando) e deixem reviews (em qualquer caso).