O dia estava maravilhoso. O sol brilhava imponente, mas o vento da manhã estava fresco, concedendo o balanceamento perfeito ao clima. Dênis decidiu que uma blusa fina de mangas longas seria uma boa escolha, e não tardou ele já estava no trabalho.

“Bom dia Lu” ele apertou a amiga em um abraço, que a fez revirar os olhos “dormiu bem?”

“Se tem uma coisa que eu odeio é acordar cedo” ela deu uma risada, brincando “você tá felizinho hoje hein”

“ah mas eu sempre tô” Se fez de inocente.

Naquele momento Fred chegou na loja e desejou bom dia, parecia um pouco sério, o loiro até estremeceu ao ser encarado pelo amigo. “Fred, cê tá legal?”

“To ótimo” Ele respondeu, parecendo bem irônico. Deixou a mochila em um armário e pegou o jaleco pendurado no cabideiro, se vestindo com ele “Eu só tava me perguntando por que você simplesmente desapareceu da faculdade ontem. Onde foi que se meteu?”

Dênis franziu as sobrancelhas, não sabia porque o outro estava levando o assunto com tanta seriedade. Deu uma olhada de esguelha para Luana, que assistia calada, suspirou. “Qual o problema? Eu matei aula, não vem dizer que você nunca fez isso…”

Fred respirou fundo e cruzou os braços “não se trata disso, porra! Você me deixa preocupado e ainda age assim?”

“Não sei por que motivo, o que eu faço é problema meu”

O moreno ergueu as sobrancelhas “diz isso pro seu pai, foi ele que me ligou querendo saber onde você tava e aí ficaram dois idiotas procurando a princesinha ”

Depois de alguns segundos se acalmando pra não continuar com a discussão, abaixou o tom de voz e respondeu “Foi mal Fred, eu esqueci de avisar, sério. “

“os dois estão pior que marido e mulher, cada dia brigando por uma coisa.” Luana comentou “só não saí pra pegar pipoca porque fiquei com medo de perder a cena.” Fred revirou  os olhos, dava pra ver que pra ele o assunto era sério.

“De qualquer forma ninguém vai precisar se preocupar mais com a minha incomunicabilidade” Dênis deu um sorriso.

“Mas que merda de palavra é essa?” O moreno interrompeu

“Bocó” Denis tirou o celular da mochila, o exibindo bem perto do rosto do amigo “olha, agora você vai poder me monitorar via GPS se é isso que quer”

“Ah ótimo, e já colocou pra carregar ou tá esperando que ele carregue pela luz do sol?” segurou o pulso do loiro com firmeza e abaixou sua mão para encará-lo com desdém.

“Ah, tem isso né… Essa telha inútil.” Ele ficou olhando confuso para o Iphone 6. Por algum motivo odiava celulares.

“ Chega de conversa fiada, vão trabalhar vocês dois” Luana tomou o celular de Dênis e foi colocar pra carregar.

xXx

“Eu tenho uma pergunta: você se apaixonou pra escrever um romance, ou está escrevendo um romance porque se apaixonou?” Marina entrou na sala sem bater, empurrou alguns objetos da escrivaninha de Miguel para o lado e sentou-se na mesma, havia um sorriso sujestivo em seu rosto.

“Oi?” Ele respondeu, ao desfocar do que estava fazendo e prestar atenção em sua chefe “quem disse que eu estou apaixonado?”

“Ué, tem outra explicação? Está procurando diversão ou experimentando coisas novas, algo do tipo?” Ela provocou.

“Eu ainda não pensei nisso, Marina. Para de se meter na minha vida.”

“Mas querido, você que me meteu nisso!” Ela riu, levantando um maço de folhas, o romance que Miguel estava escrevendo. “É a história de vocês, tô certa?”

Miguel suspirou, tirou os óculos e passou a mão no cabelo, sem olhar diretamente para ela “Isso é vergonhoso. Não estava pensando direito quando escrevi”

“Mas você vai continuar, né?” Ela fez beicinho.

“Não, eu prefiro escrever ficção científica” ele fingiu mexer em uns papéis. Esperava que ela pegasse a deixa e fosse embora.

“Você não pode fazer isso, tá ficando tão amorzinho” ela abraçou as folhas, se balançando de um lado pro outro. “Continua vai…”

“Você não tem mais nada pra fazer?”

xXx

Isabella cutucou Dênis com uma caneta. O olhava esperançosa, enquanto o garoto fingia prestar atenção na aula, a ignorando.

“Não me obrigue a fazer um escândalo no meio da aula, seu babaquinha. Tenho certeza que não vai querer se expor” ameaçou a menina ao ouvido dele, que estremeceu e olhou assustado para ela.

“Eu já disse, depois eu conto” as mãos do menino suavam de leve, mas era evidente que ele estava fugindo, suas bochechas vermelhas o entregavam. Bella não agüentava a ansiedade para saber o que havia acontecido.

A garota arrancou uma folha de seu caderno e rabiscou algumas palavras, logo entregando para o loiro.

B: Assim é + confortável pra vc? DESEMBUCHA!

 

D: Você é tão insistente…

Nós só nos beijamos durante o filme, foi isso.

Dênis respondeu, passou a folha para ela já olhando para o lado contrário, para que a garota não visse seu rosto.

B: Eu quero detalhes meu amor.

 

D: Você é chata

 

B: ainda ta sujeito a escândalos e sabe que sou boa nisso.

 

D: ok. Não tem nada demais pra contar, mas você não vai me deixar em paz né… Teve uma cena do filme que eu não ia agüentar assistir, e aí ele foi desviar minha atenção, quando olhei pra ele, ele me puxou e me beijou.

Isabella quase deu pulinhos na cadeira ao ler, não entendia como o garoto podia estar tão emburrado ao falar disso, devia estar dando pulinhos com ela.

B: mas você gostou? Ta com uma carinha… E depois? Teve mais?

 

D: Não me faça perguntas desse tipo! Lógico que eu estou com essa cara, to morrendo de vergonha de te contar. Depois? Ia ter outro beijo mas a chefe dele chegou bem na hora. Não te falei mas ele foi o editor do livro que virou filme, eu não sabia que ia ter um coquetel depois, quase tive um infarto

 

B: MDS! Boa sorte pra vocês kkk que sensacional a chefe pegou vocês juntos.

Dênis apertou os olhos para a amiga e deu um tapa em seu braço, que até fez barulho. Ela não parou de rir.

No intervalo, não pretendia sair de sua sala, mas precisou ir ao banheiro. Já estava secando as mãos depois de lavar quando uma pessoa entrou no recinto, eles olharam surpresos um pro outro. Antes que pensassem em algo pra dizer, ouviram a conversa de outros garotos prestes a entrar no banheiro, então Miguel impulsivamente puxou o loiro para a cabine de cadeirante e trancou-a.

“Você sai puxando as pessoas pra dentro da cabine sem mais nem menos, é?” Dênis deu um sorriso. Miguel o analisou uma vez e ficou um momento fitando os lábios rosados em contraste com a pele branquinha do menino.

“SHHH fala baixo… Eu só estava morrendo de vontade de fazer isso de novo.” Murmurou o mais velho, havia se aproximado até o limite, suas bocas se encontravam poucos centímetros distantes e ele encarava aqueles olhos cor-de-mel, que se fecharam gradativamente, entregando-se. Afinal, ele também queria bis.

Com um movimento o moreno o puxou para si, tomando seus lábios de uma forma necessitada. Era tudo que ele queria no momento, e não conteve um sorriso entre o beijo quando o loiro o abraçou, colocando-se nas pontas dos pés para ficar mais próximo de sua altura.

Sem se sentir saciado, Miguel traçou um caminho de beijos pelo maxilar do outro e encontrou a pele fina e macia de seu pescoço, mordiscou e chupou o local, o marcando. Sentia Dênis se encolher e puxar o tecido de seu paletó, mas ele inclinava seu pescoço a favor dos beijos e suspirava baixinho. Repentinamente o loiro se assustou com algo vibrando em sua calça jeans, os dois se afastaram alguns centímetros e Dênis procurou o celular no bolso, o atendeu fitando Miguel com um pedido de desculpas.

“Colé. Quer encontrar a gente aqui do lado de fora? Estamos bebendo” Fred disse, do outro lado da linha.

“Não me ligue atoa, idiota. Outro dia eu vou…tchau” respondeu o loiro, desligou sem ouvir uma resposta. “Desculpa…” Murmurou para Miguel e o abraçou, enterrando o rosto em seu peito. Pego de surpresa, o moreno ficou estático por alguns segundos, beijou o topo da cabeça de Dênis e o apertou. Os fios loiros tinham um cheiro tão bom…

“Não tem porquê se desculpar, vai lá e a gente se encontra no final da aula” murmurou, ainda com os lábios próximos de seu cabelo. Sem encarar o moreno, Dênis assentiu e o apertou um pouco mais forte antes de sair da cabine.

Isabella olhou estranhamente para Dênis, quando o loiro voltou do banheiro. Não teria reparado a demora se o rosto vermelho não o entregasse, e então ele sentou-se ao lado dela.

“Ta passando mal?” Ela perguntou, sorrindo e arrumando o cabelo do amigo. Ele fez que sim e deitou na carteira, tampando o rosto com os braços. Nisso ela pôde ver uma mancha vermelha no pescoço de Dênis e seu sorriso se alargou, mas decidiu deixá-lo em paz por enquanto, não gostava que ele ficasse constrangido por ter que contar o que tinha feito.

Dênis tentava controlar a vergonha, respirando fundo. Com certeza a amiga sabia, mas por sorte não perguntou nada, do contrário teria que sair correndo dali.