Entrei no quarto irritado e fui direto tomar um banho. Quem aquela anã pensa que é? Eu ainda continuo sendo o mesmo Noel do colegial, mas maduro talvez… Ou não. Isso não importa. O que interessa agora é provar para Aria que não  se esquece Noel Kahn de forma alguma.

Assim que sai do chuveiro, escutei Toby e Caleb conversando sobre a ideia das garotas. Elas estavam querendo sair para dançar esta noite.

— Achei que elas estavam querendo descansar. Disse procurando uma roupa dentro da mala.

— Parece que elas estão animadas. Querem fazer desta viagem uma momento inesquecível.

— Se depender de mim vai ser mesmo. Disse passando perfume.

— E pra ser inesquecível precisa passar este tanto de perfume? Perguntou Caleb.

— Tática de jogo.

— E você ta jogando o que, afinal?

— “Reconquistando a Aria - Parte Um”.

— Sério? Com este tanto de perfume? Acho que ela vai acabar correndo de você.

— Toby, Toby… Você ainda tem muito o que aprender. Este perfume é o mesmo que eu usava quando nós estávamos juntos. Entendeu?

— Entendi, entendi… Boa sorte então.

— Relaxa, não vou precisar de sorte.

*  *  *

Estávamos nos arrumando quando finalmente Aria decidiu falar o que tinha acontecido na varanda. Ela ainda estava muito estressada e eu até achei que ela não ia querer sair hoje.

— Entenderam? Ele continua o mesmo babaca de antes. Parece que não cresceu.

— Mas foi com este babaca que no colegial rolou muita Química.

— Só Química não, Hanna, História também. Uma linda história de amor.

— Eu era uma idiota isso sim. Mas não esquece que na mesma época estava rolando muita Química, História e…. Física entre você e o Toby.

— Águas passadas. Agora somos todas adultas e não vamos cometer os mesmos erros.

— Ei! Quer dizer que eu ter voltado com o Caleb foi um erro?

— Vocês são uma exceção, Han.

Continuamos conversando sobre os namoros e namoricos que tivemos no colegial enquanto nos arrumávamos. Marcamos com os garotos de nos encontrarem no hall no hotel e uma hora depois estávamos indo encontrá-los quando esbarrei com o Toby na porta do elevador. Ele me olhou dos pés a cabeça e fez aquele olhar de quando fica sem falas. Eu estava vestida com tubinho preto e um salto dourado.

— V-você está linda.

— Obrigada. Disse sorrindo.

Ficamos nos olhando sem dizer uma palavra. Fazia tanto tempo que a gente não se via, mas parecia que todos os sentimentos estavam voltando como era antigamente.

— Hummm… Cadê os meninos?

— É… Já fora. Eu esqueci o meu anel e tive que voltar. E as garotas?

O anel. Aquele anel de prata com algumas palavras escritas em japonês, o mesmo anel que eu o presentiei quando estávamos namorando.

— Spencer?

— Ãn? Que?

— As garotas? Já foram?

— Não, não. Elas já estão vindo.

— Certo, então… Eu vou pegar o anel.

— Ok. Vou ficar esperando elas.

Assim que reunimos todos no hall do hotel, a recepcionista ligou para um táxi e vinte minutos depois estávamos todos dentro dele rumo a nossa primeira noite na cidade.

— Gente, alguém ta sentindo esse cheiro? Parece que caiu um frasco de perfume dentro do carro. Disse Aria.

Caleb e Toby riram abafado e pude ver Noel colocando um braço em volta de Aria.

— Oh meu deus é você, Noel! Tava saindo o que do seu chuveiro?

O comentário da pequena foi o suficiente para Caleb e Toby soltarem gargalhadas. Eles ficaram fazendo piadinhas sobre o perfume do Noel até chegarmos a porta da boate.

O ambiente era totalmente envolvente, sentamos em umas mesas que tinha perto da pista de dança e até pedimos algumas bebidas. Mas depois de trinta minutos ali, estávamos querendo mesmo era ir até a pista de dança e esbravejar toda tensão que ficou no nosso país.

Cinco ou quatro músicas depois, o nosso grupo foi se desfazendo: Hanna e Caleb sumiram para se agarram em algum canto e Noel foi sentar ao lado de Aria na nossa mesa. Quando percebi eu e o Toby estávamos dançando cada vez mais perto e sem me controlar comecei a rebolar para ele fazendo jogadas propositais de cabelo. Assim que ele percebeu, o vi morder o lábio inferior e levar as mãos ao rosto com uma expressa de “Ai meu deus”! Foi o suficiente para eu perder o restante do juízo que tinha: sorri e cheguei mais perto dele. Parecia que só tinha nós dois na pista. Minutos depois, nossos corpos já estavam colados e ele acariciou o meu rosto. Fiquei olhando naqueles lindos olhos e senti sua mão parar na minha cintura. Senti meus lábios tremerem e virei de costas para ele, mas apenas o suficiente para ele ficar atrás de mim e eu poder encostar minha cabeça no ombro dele. Imediatamente depois, ele beijou meu pescoço e eu esqueci completamente quem eu era. Virei brutalmente para ele, coloquei minha mão na sua nuca, fechei os olhos e senti sua respiração se aproximar da minha. Um segundo depois, e quase ao mesmo tempo, a música parou e uma luz acertou os meus olhos me fazendo parar.

— E o nosso “Casal Destaque” desta noite é… A moça de preto com o cara de azul!