Como sempre, eu me levantei cedo e tomei um banho rápido e coloquei minha farda e sai de casa para ir para meu posto. Há uns dois dias atrás eu troquei de horário para meu colega poder ficar um tempo com a esposa, e, bem, varias pessoas passam por mim todos os dias e isso era emocionante via varias pessoas diferentes. Algumas paravam para tirar uma foto ou duas, mas como eu não podia me mexer era até um pouco triste, devo afirmar, porém quando troco de turno e ainda tem alguns turistas dou meus melhores sorrisos para os que pedem por fotos.

Quando deu a hora de sair, fui logo para lá, onde ficaria até às onze da noite para assim voltar para casa. Era perto de onde eu morava, então dava para ir a pé. E vi um filhote de gato por onde eu passava e não resisti, brinquei um pouquinho com ele e voltei minha atenção ao trajeto original.

Como era de se esperar depois de algumas horas, vários turistas paravam pra tirar fotos e outros apenas olhavam e acenavam para mim. Aquilo era uma tortura, pois sou um cara de coração mole, haha, duas jovens moças que passavam por mim com belos sorrisos e uma chegou a me mandar um beijo, mas continuei com minha postura. Às vezes as pessoas achavam que eu sempre estava de mau humor, mas eu tenho uma expressão naturalmente séria e isso dificulta fazer amizades.

De manhã as coisas eram mais emocionantes e alegres, as lojas se abrindo e as pessoas indo para ir trabalhar... Incrível, bom, pelo menos para mim.

Mais tarde naquele dia, eu podia jurar que eu teria um infarto. Um rapaz bonito de olhar curiosamente encantador, vestindo uma camisa verde que, por Deus, o deixava extremamente lindo, me mandou um beijinho, um daqueles tradicionais que se beija a mão e assopra em direção a pessoa. Eu senti meu rosto fervilhar e não contive em me mexer, aquilo tinha sido a coisa mais linda que já pude ver na vida e ele era tão fofo... Mas quanto me recompus vi que tinha um papelzinho dobrado no chão, como já tinha perdido a postura, mais um pouco não seria um problema, no bilhete tinha as seguintes palavras ‘Desculpe por ser descarado eu sou assim mesmo, mas te achei muito bonito. Aqui está meu número XXXX-XXXX’. Eu guardei aquele bilhete apenas por amor, pois eu gravei o numero tão rápido como se fosse me salvar da morte.

O resto do dia foi tão bonito que simplesmente me deixei levar por um sorriso bobo que sempre que o notava tratava de ficar sério, mas sinceramente, era impossível.

Quando cheguei em casa, não pude evitar pensar em ligar para ele, mas como passava da meia noite resolvi não ligar já que ele poderia estar dormindo, longe de mim querer acordar um anjo. No dia seguinte, iria ligar, sem falta.

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Quando acordei fiz o de costume e sai de casa, mas quando estava saindo Edgar, meu colega com o qual troquei de horário, me ligou e avisou que eu poderia ficar relaxado o dia todo que ele já estava lá para fazer o horário normal dele. Desliguei após uma curta conversa. Meus pensamentos voavam em volta daquele rapaz do dia anterior, como era muito cedo resolvi esperar um pouco para ser mais convencional ligar para ele.

Já eram sete horas quando finalmente decidi fazer a ligação, e quando ele atendeu sua voz parecia sonolenta, porém tão bonita...

— Desculpe, eu te acordei?

—Não, não eu que tenho essa voz de manhã cedo... Você seria o guarda?

—Sim, sou eu, me chamo Heitor e você?

—Me chame de Mars. Então... Vamos tomar um café?

—Por favor, e pode ser hoje, se não te atrapalhar.

—Se for pra sair com você NADA vai me atrapalhar – ele deu uma risada gostosa e calma – Então, nove horas no café perto do lugar onde você trabalha.

Despedimo-nos e eu me troquei, coloquei uma blusa de manga comprida azul escura e uma calça preta simples e meu sapato fechado preto. Como estava ansioso fui caminhando até lá.

Quando eu cheguei à esquina do café vi um gatinho preto e tive que ir mexer com o bichano, me abaixei e logo ele veio pro meu lado se esfregando e brinquei um tempo com ele. Depois de brincar bastante com o gato ele simplesmente foi embora e me levantei, ao fazer isso olhei para o lado e vi. Vi a coisa que poderia ficar olhando o dia todo sem cansar, Mars. Ele usava uma calça jeans e uma camisa verde diferente da do outro dia, que praticamente o deixava mais lindo ainda.

O céu estava nublado, com isso ainda estava meio escuro, entretanto Mars parecia irradiar luz própria tanto que não me segurei em dar um selinho rápido no menor, foi a coisa mais gostosa que um dia já fiz. Quando me dei conta estávamos ambos corados eu o abracei e logo fomos para o café.

Quando chegamos ao café, nos sentamos e uma jovenzinha veio nos atender. Ele pediu um cappuccino grande e eu pedi um café pequeno e um bolo de cenoura, após pedirmos ela se foi. Voltei meu olhar para a linda pessoa a minha frente e sorri.

— O que esta olhando? – ele comentou ganhando cor nas bochechas –

— Um anjo – rimos de leve e continuei falando – Você trabalha em que?

— Sou pintor e eu estou de férias por aqui... Só vou ficar mais quatro dias.

— Entendo... Bem, podemos nos ver ainda nesses quatro dias haha. – ele concordou comigo e nossos pedidos chegaram –

Nós conversamos mais um pouco e tomamos nossos cafés e eu dividi meu bolo com ele e de repente começou a chover, mas continuamos ali. Ele me disse que só não ficaria mais porque não tinha um lugar pra ficar e ele odiava hotéis, prontamente ofereci minha casa pra ele ficar sem más intenções Mars pareceu cogitar todas as possibilidades antes de aceitar com um belo sorriso.

Como a chuva tinha piorado, eu comprei um guarda-chuva na lojinha ao lado do café para irmos até a minha casa que era a mais próxima. Quando avistamos minha casa, a chuva tinha melhorado um pouco e Mars simplesmente saiu debaixo da proteção do guarda-chuva e começou a dançar na chuva enquanto eu abria a porta. Chamei-o, não podia deixa-lo ficar doente.

Entramos, e vejo Mars se jogar no sofá.

— Não se importa certo? – perguntou calmo –

— Claro que não. Vou pegar uma toalha pra você, sinta-se a vontade. – e fui pegar a toalha –

Enquanto voltava pra sala, ouvi o som da musica que eu particularmente sou apaixonado ao chegar à sala vejo Mars dançando calmamente ao som da musica I can't Help Falling In Love do Elvis Presley, quando ele me avista me chama pra dançar junto e não pude recusar.

Riamos e girávamos pela sala até que ao fim da musica nos beijamos outra vez, e outra e mais uma. Até nos vermos em uma situação constrangedora, entretanto Mars se aproximou de mim e me beijou, sem vergonha e descaradamente e nos guiou até o sofá. Elvis ainda tocava ao fundo, mas no momento era apenas eu e ele nada mais existia.

— Heitor? – ele perguntou deitado em cima de mim com a cabeça encostada no meu peito –

— Sim? – Falei baixo acariciando suas madeixas negras –

— Eu acabei amando você tão rápido... – Eu ri nasalmente –

— Eu amei você no momento em que me mandou um beijinho. – rimos –

E a partir dali, a gente acabou ficando mais próximos e a nos divertir mais. Mars se mudou pra minha casa e ficamos um bom tempo arrumando as coisas, reorganizando tudo e sinceramente, ele é lindo fazendo qualquer coisa que seja.

Quando terminamos de arrumar tudo e apenas relaxar olhando para o nada, eu acabei percebendo que tinha que mudar de emprego. Conversamos sobre isso e acabei virando sócio do café onde e Mars fomos aquele dia, e foi umas das melhores coisas que fiz, tinha tempo pra ficar com a pessoa que eu amo.

Mars pintava vários quadros lindos que, simplesmente não conseguiam ser mais belos do que quem os fizera.

E, assim, passei e vou passar os mais belos dias de minha vida.

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