Fruto pecaminosamente indesejado
Deteriorou, era o peso do mundo
Cruelmente fora descartado
Jaz em um bueiro imundo
Foi despejado ao relento
Foi torturado e ludibriado
Fez-se uma alma atormentada
Convive com seu pior inimigo
Este se faz de amigo
Diante de hipocrisia e sarcasmo explícitos
Chegando ao ápice do sofrimento
Sua alma tornou-se vazia
Sua vida apenas decorria
Enquanto o mártir permanecia
A esperança ia e vinha
Mas ao persistir a mesmice
Conformava-se com o que a vida lhe propunha.
A fadiga lhe apunhalava
A enfermidade lhe acometia
O dia era uma guerra sanguinária
A noite era a morte em sua forma mais amarga
Tanto rezara, tanto implorara
Tudo era em vão, ingênuo
O que um dia tanto cobiçara
Transformou-se em um suspiro continuo
Todos que ama, não são amigos
Mas, então, seus piores inimigos
Inocente é aquele que acredita no amor
Este vem logo após a dor
Consolando-te com lábia insensível
Dura não mais que seu desejo
Torna-se rotina
Corroi-te a alma
Tira-te a calma
Destroi-te a consciência
Não permita que seja admissível
Esse amor que é fogo por um momento
Esse doce anestésico amargo de consequências
Quem dera que durasse mais que um só lampejo.
Quem diria que seria a causa de seu tormento.