All I Want escrita por Laurent


Capítulo 7
Fogo encontra gasolina


Notas iniciais do capítulo

GENTCHY! Novidade pra vcs: criei uma PLAYLIST no spotify pra cada personagem! Vou deixar o link de cada uma no fim do cap ♥ Escolhi as musicas a dedo e talvez (talvez...) elas tenham algumas pequenas dicas a respeito do rumo q a história tomará. Espero q gostem e comentem aqui o que estão achando de td isso :)

O nome do cap é em homenagem a uma música da Sia, Fire Meet Gasoline (que, aliás, tá na playlist do Gabs). Obg por todo o apoio q vcs têm me dado e por todos os coments, estou muuuuito feliz! Bjsss e espero que gostem ♥ :*



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— Não vai caber todo mundo no meu quarto — falei, coçando a cabeça. Minha mãe tinha me emprestado um colchão extra, o qual eu colocaria ao lado da minha cama, no chão.

— Eu durmo no sofá da sala — disse André prontamente. Maria estava tomando banho. Ele tinha acabado de ligar para a polícia, e eles haviam dito que fariam uma ronda na área.

— Não, eu durmo no sofá — contrapus. — Você pode dormir na minha cama, e a Maria...

E então eu percebi que, se a Maria dormisse no colchão ao lado da cama, os dois ficariam completamente sozinhos no meu quarto.

— Não, cara — disse André. — Pode dormir na sua cama. Eu não ligo.

Pensei que talvez André ainda estivesse um pouco chateado com Maria por não ter ficado com ela.

— André — comecei. — Se você ainda tá magoado com ela... esquece, cara. Já passou.

— Não tô magoado com ela. Mas é que... acho que eu tô é magoado com a situação, sabe.

Ele veio até mim, ficando bem à minha frente, e baixou o tom de voz:

— Você já quis muito, mas muito mesmo, ficar com uma pessoa... só que ela simplesmente parece não dar a mínima pra você?

Mas é claro que sim. Só você não enxerga isso, idiota.

— Acho que não — menti.

— Isso é o que eu estou sentindo por ela.

— Mas vocês podem ser amigos, ainda. Nem tudo nessa vida se resume à romance.

Ele suspirou.

— Não sei se consigo ser amigo de alguém que, pra mim, é mais do que isso, Gabriel. É... é muito difícil.

Foi como se uma faca tivesse rasgado meu peito.

*

E então, como André havia dito, ele passaria a noite no sofá, eu na minha cama e Maria ao meu lado, no chão.

Às 23:50 decidimos ir dormir, mesmo eu não estando com muito sono. Acho que todo mundo queria encerrar o dia o mais rápido possível.

— Boa noite, André — falei, entregando a ele um lençol e um travesseiro. — Até amanhã.

— Boa noite.

— Boa noite, André — repetiu Maria, lançando-lhe um sorriso educado.

— Boa noite — ele não a retribuiu.

André se ajeitou no sofá enquanto Maria e eu fomos para o quarto. Meus pais já tinham ido dormir fazia algum tempo, e eles estranharam um pouco uma garota estar dormindo em casa (era algo que nunca tinha acontecido, para ser sincero).

Entreguei a ela um lençol e um travesseiro, apaguei a luz e me deitei, conforme ela se ajeitava no colchão.

— Boa noite, Maria.

— Boa noite, Gabriel.

Suspirei.

Ainda estava pensando naquilo que André me dissera, e ainda sentia a dor da faca no meu coração. Meus olhos se fecharam, mas minha mente não se afastou da realidade. Abri-os de novo. Virei-me na cama, tentando procurar uma posição confortável, mas sem sucesso algum. Terminei de barriga para cima, encarando o teto.

— Gabriel? — sussurrou Maria, abaixo de mim.

— Quê?

— Você tá bem?

Suspirei. Eu não estava bem. Lágrimas vieram aos meus olhos.

— É por causa do assalto? — quis saber ela.

Talvez fosse, eu queria que fosse. Mas não era.

— Não — respondi.

Alguns segundos se passaram sem que nenhum de nós dissesse coisa alguma. Um silêncio devastador tomou conta do quarto, apenas com as nossas respirações.

— Você gosta dele, não gosta? — indagou.

Balancei a cabeça. Que bom que Maria não estava me enxergando, pois eu estava prestes a chorar.

— Eu já percebi, Gabriel. Tudo bem, eu não vou falar pra ninguém, prometo.

As lágrimas começaram a fluir, caindo no travesseiro como pedidos de ajuda. Mesmo assim, eu tentei ao máximo não demonstrar o choro em minha voz.

— Eu gosto. Gosto, sim. Gosto muito. E não... e não é só como amigo.

Pude ouvi-la se mexer no colchão, como se estivesse mudando de lado.

— Então você é gay? Ou... bissexual?

Às vezes eu ficava tão focado nessa questão de gostar do André que acabava me esquecendo do pequeno detalhe de que eu não era nem assumido ainda. Por onde começar? O que eu devia fazer primeiro? Essa era uma coisa que até aquele momento eu nem tinha pensado a respeito.

— Eu sou gay.

Dizer aquilo em voz alta era algo novo e, de certa forma, libertador.

— Isso... uau... — começou Maria, e pude sentir um sorriso em sua voz. — Isso é tão fofinho.

— Você acha?

— Sim. É lindo.

Por mais estranho que parecesse, eu abri um sorriso leve. Senti-me um pouco melhor.

— E por que você não conta pra ele? Pro André?

O sorriso se foi com a mesma velocidade com que veio.

— Porque... é difícil, Maria. É algo tão difícil pra mim. — parei, enxugando mais lágrimas.— Ele também é meu amigo. Se eu contar isso pra ele, nossa amizade pode estar perdida. E eu não quero perder o meu melhor amigo. Às vezes eu penso nisso como uma contagem regressiva. Se eu contar, será o fim de tudo. Por mais que eu queira beijá-lo, senti-lo... eu não quero que isso acabe, isso que existe entre nós.

Acho que ela percebeu que eu estava chorando.

— Há quanto tempo vocês se conhecem? — perguntou em tom cauteloso.

— Bom, há dois anos. Não é muito tempo, na verdade. Mas foi o suficiente pra que a gente desenvolvesse essa amizade.

— Entendo.

— Toda vez que a gente se abraça eu sinto como se quisesse ficar com ele pra sempre. Como se eu não quisesse soltá-lo nunca. E eu sinto uma atração tão forte por ele.

— Atração física?

— Também. Eu... às vezes não sei explicar o que eu sinto por ele exatamente.

Ficamos em silêncio por algum tempo. 

— Você precisa descobrir, Gabriel — comentou Maria.

— Como?

— Contando pra ele.

Suspirei.

— Ele me disse uma coisa hoje. Enquanto você tava tomando banho.

— O quê?

— Que ele... — dizer aquilo me doía como se eu estivesse queimando vivo. — Que ele não consegue ser amigo de alguém que ele enxerga de outra forma.

Maria não respondeu.

— Ele estava falando de você, na verdade, Maria. Ele gosta de você. Eu sei que ele vai ficar uma fera por eu te contar essas coisas, mas já não ligo mais.

Ela pareceu ponderar por um bom tempo.

— Eu entendo que você tenha medo — prosseguiu ela. — Seria realmente estranho se você não tivesse. Mas, o que quer que aconteça, você estará melhor depois que contar.

— Faz sentido — respondi.

— Gabriel — ela disse meu nome com seriedade. — Eu sei que isso é difícil pra você. Mas você não pode esconder seus sentimentos dele. Você nunca saberá o que ele sente realmente se não disser a verdade. E nós nos arrependemos de não dizer a verdade, de desperdiçar o tempo que temos. Isso é único, Gabriel. Imagine você, cinco segundos antes de morrer. Você acha que vai se arrepender de ter dito a verdade? Acha que vai se arrepender por ter sido sincero? Ou acha que vai se arrepender por ter escondido o que sente?

Fiquei em silêncio, absorvendo todas aquelas palavras e pensando. Percebi que nunca havia falado sobre aquilo com ninguém, e nunca tinha ouvido uma opinião alheia sobre meus sentimentos. Nunca havia cogitado compartilhar o que eu sentia com outra pessoa. Com uma pessoa amiga.

Subitamente, as coisas que Maria havia dito adquiriram um sentido muito grande na minha mente. O que quer que aconteça, você estará melhor depois que contar. Naquele momento, aquela frase encheu minha cabeça com pensamentos que eu talvez nunca tivesse tido. Por que esconder? Por que eu estava escondendo o sentimento mais profundo que eu tinha?

— Você tem razão, Maria.

 


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Notas finais do capítulo

Playlist do Gabriel:
https://open.spotify.com/user/laurent123373/playlist/5jeQl18nsJ8q6bzt68ummb

Playlist do André:
https://open.spotify.com/user/laurent123373/playlist/7egp4Rp3P3qfssGqlXGRwR

Playlist da Maria:
https://open.spotify.com/user/laurent123373/playlist/3Ifa72tfUJZzIWkf7FZ2ao



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