As Sete Ameaças escrita por Leh
Há quanto tempo eles estavam cavalgando? Sophie estava tão cansada que quase caiu do cavalo duas vezes, embora quem estivesse fazendo o esforço fosse o animal.
— Preciso parar – declarou Logan sem esperar pela manifestação de ninguém.
Embora Clyde fosse o mais paranoico quanto à perseguição, foi o primeiro a voltar o cavalo e descer.
— Você tem razão, os cavalos estão exaustos.
— Obrigada! – falou Pamela desabando no chão – Preciso dormir. Muito. Mas antes preciso comer. Vamos acender uma fogueira?
— Não! – gritaram os três homens juntos.
— Fogueiras irão chamar a atenção de qualquer um que passar.
— Oh... tudo bem. E o que vamos comer?
Sam e Logan de olharam culpados.
— Bem... nós não pensamos exatamente isso.
— O que só prova por que eu sou o estrategista aqui – falou Clyde pegando uma sacola no alforje e a abriu, revelando não só uma variedade de pães, queijo e carne seca, como também algumas moedas de prata – Vamos racionar a comida e amanhã, se não me engano, iremos passar perto de um vilarejo, então Pamela pode entrar e comprar mais mantimentos.
— Por que eu?
— Por que eu e Sophie estamos sendo procurados por fazermos parte dos Sete e Logan e Sam por deserdarem o exército. Você é a única que provavelmente não tem a cabeça na berlinda.
— Ele tem razão – falou suavemente Sophie – Você será a última de nós que eles irão procurar.
— O general McLash sempre tem razão – falou Logan orgulhoso.
Clyde suspirou e sentou-se, distribuindo os alimentos.
— Devemos esclarecer algumas coisas aqui. Para começar, meu nome não é Kyle McLash e eu claramente não sou mais general do exército de Paladium.
— Você é Clyde Eagle, certo? – falou Sam admirado.
— Sim. E ela é Sophie Hibou.
— Dois... dos grandes Sete na minha frente... eu... é uma honra!
Sophie ruborizou, mas sua pele morena escondia qualquer indício.
— Não somos tão grandiosos assim. Você disse que é uma Ameaça também, certo? Somos iguais a você em todos os sentidos.
— Até por que não terminamos o treinamento do mestre Ivo.
— Mas as lendas que tem sobre vocês... são incríveis!
— Por que vocês sumiram? – perguntou Logan, sempre direto ao ponto.
— Fomos sequestrados – explicou Sophie.
— Um homem chamado Potter Lobus tem a ameaça de retirar as memórias de quem quiser. Ele limpou nossas memórias e nos mandou para lugares diferentes.
— Por que? – falou Pamela engolindo um pedaço gordo de pão.
— Não sabemos...
— Minha teoria é de que os líderes do governo sabiam que seríamos uma ameaça para eles no futuro, então se livraram de nós enquanto ainda podiam.
Todos encararam Clyde, perplexos.
— O que estão olhando? É a teoria que mais faz sentido!
— Ele tem razão – falou Sam – Os reis estavam se tremendo de medo, sabiam que com o conhecimento necessário, qualquer um iria se rebelar contra o governo.
— A prova disso é que os números do Exército de Libertação estão aumentando assustadoramente.
— Especialmente as Ameaças neles.
— E acabaram de ganhar mais um – declarou Sam.
— Está falando sério? – falou Logan assustado.
— Sim. Estou cansado dessa brincadeira de gato e rato.
— Você estava no exército.
— Sim, mas apenas por que meu pai é do Exército de Libertação.
Sophie, Pamela e Logan estavam boquiabertos, enquanto Clyde dava gargalhadas.
— Você é um espião.
— Sim.
— Aposto que Sam Loyid nem é seu nome.
— Não. É Imad. Sou o filho do principal líder do Exército de Libertação.
— Por que nunca me falou isso antes? – falou Logan – Somos melhores amigos!
— Eu sei, mas não podia comprometer minha missão. Só me permitiriam sair de meu posto se algo incrível acontecesse.
— Entendo. Apenas não entendo como nunca notei.
— Sou muito discreto, tive um treinamento muito efetivo.
— E você vai tentar nos converter?
— Não será preciso. Só há dois lados nessa guerra: dos reis e do Exército de Libertação. Não há para onde correr, não há como ser neutro. Claro que não iriam escolher o lado dos reis, ou teriam ficado no acampamento, o que os coloca automaticamente no lado do Exército.
— Por que não podemos ser neutros? – perguntou Pamela.
— Por que essa guerra já tomou proporções extremas. Não há como ficar parado, não é só o seu destino que está em jogo, mas o destino de toda a sua futura geração.
— Ele tem razão – afirmou Clyde – Não há como ficar neutro, mas também não iremos tomar decisões precipitadas. Preciso conhecer os ideais do Exército de Libertação antes de decidir que lado ficar, e isso não é conversa para o momento atual. Nesse momento, Imad, quero saber qual a sua ameaça.
O garoto sorriu. Ele era pequeno e franzino, com seus cabelos escuros, pele caramelo e nariz um pouco grande demais, ele tinha uma aparência que beirava a fragilidade, mas, quando levantou e, com os olhos fechados fez o chão tremer, mostrou que não era tão frágil quanto parecia.
Os cavalos relincharam, assustados, enquanto o chão tremia loucamente, atirando tudo ao redor para todos o alto. Até mesmo Clyde e Sophie tiveram que se segurar um no outro para não voar.
E então, tão rápido e forte como veio, parou. Imad sentou-se novamente e sorriu ainda mais.
— Impressionante?
— Muito – falou Clyde – E creio que não é o seu máximo.
— Nem perto disso.
— Quantas mais coisas eu ainda não sei sobre você... – falou Logan com os olhos arregalados.
— Muitas, mas vamos nos conhecer melhor. Eu prometo.
Um relincho foi ouvido ao longe. Clyde levantou e fez um gesto pedindo silêncio. Ouviu então patas rápidas e fortes pisando no chão de terra, galopando com uma velocidade assustadora.
— Montem nos cavalos! Precisamos sair daqui imediatamente!
Pamela nem mesmo reclamou do cansaço que sentia, apenas subiu no cavalo e correu. Todos fizeram o mesmo, em fuga perigosa.
Passaram a noite sendo perseguidos até deixarem o exército inimigo para trás e ainda assim não pararam. Até o sol nascer e se pôr novamente, eles continuaram cavalgando, cavalgando e cavalgando.
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