The tale of the Midnight Wedding escrita por strahovski


Capítulo 1
O casamento à meia-noite.




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Quinze minutos.

Apenas quinze minutos separavam Alice do momento que mudaria sua vida completamente. Cerca de novecentos segundos, pensando de outra forma… Era muito ou pouco tempo para mudar duas vidas tão radicalmente?

Para ela, era muito. Principalmente considerando a situação atual.

— Mary! Acorda! — Chamou Marlene, pela quarta vez, pois a garota estava quase cochilando na desconfortável cadeira novamente. Alice, que estivera presa em seus devaneios, fitou o pequeno aposento em que se encontrava através do reflexo do espelho: Mary encontrou seus olhos e sorriu docemente; Marlene se certificava de que seus cabelos loiros ainda estavam devidamente presos e perfeitos; Lily, que estivera até pouco tempo ajudando Alice a se aprontar, terminava sua maquiagem sem pressa, cantarolando uma musiquinha alegre, e Dorcas havia acabado de abrir a porta com um nada gentil “que foi?” para a pessoa do outro lado. Todas usavam vestidos idênticos no mesmo tom de azul, saltos altos e tinham os cabelos presos num coque frouxo atrás da cabeça. A visão das amigas lhe tranquilizou um pouco, mas assustou-se quando a porta bateu com força.

— O que houve? — Indagou Lily, imediatamente se virando para a amiga.

— Peter não quer entrar comigo! — Exclamou Doe, parecendo profundamente ofendida. — Se alguém vai rejeitar alguém aqui, sou eu! Alice, eu me recuso a entrar com o Peter!

— Mas se ele já disse que não quer entrar com você… — Interveio Marley, sem entender, mas a morena insistiu:

— Eu falei com a noiva primeiro, então o meu pedido é o que vale.

— Isso é tão imbecil…

— O Peter é um imbecil!

— Meninas! — Interrompeu Lily, com seu tom autoritário, e as duas se calaram. — Já tem estresse suficiente por aqui!

— Tudo bem, Lils. — Interveio Alice, com um risinho nervoso; era verdade que estava prestes a explodir, mas a situação era tão familiar que não pôde evitar apreciá-la. A garota se virou no banco, com todo o cuidado para não amassar o vestido de noiva, e adotou o ar mais paciente do mundo: — Por que Peter mudou de ideia?

— Não é óbvio? — Disse Marlene, antes que Doe pudesse responder, adotando aquele seu irritante ar superior. Como ninguém pareceu entender, prosseguiu: — Peter é o mais baixinho dos rapazes. Doe é a mais alta de nós. Façam as contas.

— Como eu disse: imbecil!

— Ah, pelo amor de Merlin, Doe! — Falou Mary, lá de seu canto, ainda parecendo sonolenta. — Deixe o Peter ter um pouco de dignidade.

— Duvido que ele saiba o que é dignidade. — Ironizou a morena, mas recebeu um olhar duro de Lily.

— É o casamento da Alice, deixe ela decidir.

— Hã… Acho que você pode entrar com o Remus… Tudo bem, Marley?

A garota assentiu com a cabeça, e Alice sentiu-se aliviada por um problema estar resolvido, mas sua cabeça imediatamente voltou-se para todas as outra milhares de coisas que poderiam dar errado. Como se tivesse sentido o nervosismo da amiga, Lily deixou as outras três conversando num canto e equilibrou-se na ponta do banco em que Alice se sentava, com cuidado para não sentar em cima do vestido.

— Você parece nervosa.

— Dá pra notar? — Riu a jovem, e encarou novamente seu reflexo. Estava linda, não conseguia negar isso, e, embora o vestido de noiva não fosse dos mais confortáveis, lhe caía muito bem. Suas melhores amigas estavam ali, mesmo naquele cenário tão desfavorável, e tudo parecia estar indo nos conformes.

— Você não está sorrindo. — Observou a outra, e Alice concordou.

— Acha que foi uma boa ideia?

— Qual parte?

— Ah, você sabe… As coisas estão se complicando e Frank e eu agindo como se estivesse tudo bem…

— Alice Fortescue! Como se atreve? — Por um instantem Alice achou mesmo que estava levando uma bronca, mas Lily sorria. — Eu acho é muito bom que tenham um casamento. Adoro casamentos.

— E quando é que você e James vão oficializar?

Houve uma pausa, na qual Lily corou violentamente por um instante; não era segredo nenhum que ela e James planejavam se casar, mas a garota ainda ficava desconcertada quando a conversa se voltava para aquele assunto. Alice riu baixinho e empurrou a amiga levemente com o ombro, para despertá-la.

— Meia-noite, hm? — Continuou a ruiva, mudando de assunto. — Bem incomum.

— É, mas… bom, gostamos dessa hora. Achamos que era a melhor.

— Mary discorda. — E indicou com a cabeça a amiga que parecia prestes a pegar no sono de novo, e as duas riram.

— Hm… Com licença? — Pediu uma voz masculina, e todas se viraram para a porta; Sirius espichara a cabeça por uma abertura. — Sem querer ser o cara chato, mas… O Frank sumiu.

— QUÊ?! — Exclamaram Alice, Lily, Marlene e Mary (que despertou subitamente), mas Dorcas já havia rumado para a porta.

— Cai fora, Sirius! — E a garota forçou a porta contra o rapaz, mas ele ainda resistiu o suficiente para gritar:

— Evans, seu namorado me obrigou a fazer isso!

— Noivo! — Corrigiu a voz de James, vinda lá de fora.

— FORA, SIRIUS! — A junção dos esforços de Doe e Mary, que abandonou sua cadeira pela primeira vez em uma hora, acabou sendo suficiente para expulsar o Black.

— Sabe que ele estava só brincando, não é? — Comentou Lily, voltando-se para a noiva, que parecia encontrar dificuldade para respirar. — Eles estão ficando entediados, só isso.

— Sim, sim, eu sei. — Respondeu Alice, com a voz fraquinha, dividida entre o riso e o choro. Acabou não escolhendo nenhuma das opções e respirou fundo antes de prosseguir: — Mas eu acho que vou ter um ataque mesmo assim…

— Não se atreva, Alice! — Ralhou Dorcas, lá de seu canto. — Coloquei um vestido de festa por sua causa, e sabe que eu odeio vestidos de festa!

— Ninguém odeia vestidos de festa! — Argumentou Marlene, e desencadeou um discussão levemente exaltada sobre o assunto, na qual Mary acabou se metendo e serviu como mediadora. Novamente, o falatório das amigas era tão familiar que ajudou-a a se acalmar; era como se estivessem de volta ao dormitório feminino, em Hogwarts, e abordado um tema delicado em uma de suas muitas conversas tardias.

— Prometo que não vou deixar ele fazer isso quando for a sua vez.

— Ah, peça para ele fazer com o James, ele nos deve uma agora. E... vai ser engraçado. — Riu a ruiva, e Alice acabou rindo também.

— Só não prometo que vou manter aquelas três ali sob controle. — E indicou as amigas com um gesto de cabeça.

— Ah, mas mantê-las sob controle tira toda a graça.

— Meninas, está quase na hora. — Anunciou Mary, e todas conferiram seus relógios; de fato, faltavam apenas três minutos para a meia-noite. A garota deu um longo bocejo.

— Ah, você não vai ficar bocejando no altar, né? — Reclamou Marlene, parecendo indignada. — É falta de educação.

— Desculpe, eu vim direto, não deu pra descansar direito, e, honestamente, quem é que se casa de madrugada?

— Toma um café ou--

— Não tem problema, Mary. — Interrompeu Alice, se levantando. Todas se calaram para apreciar a visão da amiga naquele vestido de noiva simples, mas que lhe caía surpreendentemente bem. — Sei que não é o melhor horário, mas o que importa é que vocês estão aqui. Todas vocês. Obrigada por… Bom… Por tudo.

— Eu não quero chorar antes da hora, então chega, Alice Fortescue. — Interveio Doe, usando seu tom mais ameaçador, ainda que estivesse sorrindo. — Uh, vai ser estranho te chamar de Alice Longbottom agora, não vai ter o mesmo efeito…

— E se chamarmos de Alice Josephine? — Sugeriu Mary, checando seu próprio vestido uma última vez.

— Quem é Josephine? — Indagou Alice, parando no ato de apanhar seu buquê.

— Seu nome do meio.

— Não é meu nome do meio.

— Não é?! — Exclamou Mary, parecendo absurdamente chocada, e tanto Lily quanto Doe precisaram se esforçar ao máximo para não cruzar olhares, ou cairiam na risada.

— Quem diria que nossa Alice era tão tradicional. — Suspirou Marlene, correndo os olhos pela amiga, agora completamente arrumada.

— Quem diria que ia se casar tão jovem? — Suspirou Doe, imitando o tom da amiga, que estava feliz demais para se aborrecer.

— Quem diria que seu nome do meio não é Josephine?! — Exclamou Mary, ainda parecendo profundamente abalada com a nova informação, e todas riram.

— Talvez, se passasse menos tempo dormindo e mais tempo prestando atenção nas coisas…

— Okay, já chega! Temos um casamento para conduzir. — Interveio Lily, também checando se estava tudo certo com ela. — Tudo bem, Lice? Está pronta?

— Não. Mas não importa.

As meninas se retiraram, despedindo-se de Alice animadamente. Cada uma encontrou seu par no corredor adiante, todos elegantemente arrumados e profundamente entediados: Lily, obviamente, foi com James; Mary foi acompanhada por um impecável Sirius Black; Marlene fez sinal para que Peter fosse com ela, e o garoto fez o máximo para evitar Dorcas, que fez par com Remus; ele parecia ter se recuperado bem da última lua cheia e não parava de sorrir.

As duplas seguiram em fila até o pequeno salão no andar de baixo, que havia sido bela e delicadamente decorado com tons de azul e alguns detalhes em lilás; as meninas haviam se encarregado de conjurar algumas pequeninas borboletas azuis com uma espécie de surpresa, pois sabiam que era o animal preferido da amiga. A maior parte das cadeiras estava vazia, pois muitos não puderam comparecer por conta de missões ou porque estavam se escondendo do Lorde das Trevas, mas todos haviam comemorado e enviado felicidades, fosse por meio de carta, patrono ou pó-de-flu.

Alice quase torceu o pé várias vezes enquanto descia os degraus; respirou fundo diversas vezes antes de entrar, e desejou que seus pais estivessem ali, ou alguém que pudesse levá-la ao altar, pois estava com medo de tropeçar e cair de cara no chão. Onde é que estavam com a cabeça? Organizar um casamento no meio de uma guerra? Era loucura! Não podia estar fazendo aquilo! Mas estava. E suas pernas magicamente conseguiram suportar seu peso quando fez a curva e adentrou o salão. Os poucos convidados presentes se levantaram, exceto Augusta, que já estava em pé, empenhada em arrumar a gravata do filho. Frank afastou-a com um gesto; o nervosismo estava estampado em seu rosto, e a gravata-borboleta estava completamente torta, mas ele abriu um largo sorriso ao ver Alice vindo em sua direção; a moça retribuiu o gesto, não apenas porque a gravata torta lhe dava um ar tolo, mas porque todos que mais importavam para eles estavam ali: Lily, James, Mary, Sirius (que recebeu um tapa no braço de Dorcas no instante em que Alice olhou para ele), Doe, Remus, Marlene e Peter. Dentre os convidados, Alice registrou imediatamente a presença de Emmeline, Amos, Edgar, Gideon, até mesmo Molly Weasley fizera a gentileza de aparecer, ainda que desacompanhada. E estavam todos tão felizes...

Estava tudo bem. Ao menos naquela noite, tudo estava bem.


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