Sete segundos. Foi o tempo que Nick Wilde e Judy Hopps tiveram para agir antes que os agentes entrassem.

O esquadrão entrou, um grupo misto de mamíferos portando armas de cano longo com miras laser. Judy esperou todos entrarem antes de sair correndo, com Nick logo atrás de si.

Naquele sete segundos, Judy e Nick haviam feito a única coisa em que puderam pensar. Ela teve vontade de rir quando o seu plano deu ridiculamente certo. Mesmo com todo o treinamento especial, com toda a tática que aprendem, com todas as missões que realizam, com todos os ridículos manuais que decoram...

Porque eles nunca olham atrás da porta?

Eles tiveram menos de cinco segundos para assimilar o novo ambiente. A porta atrás da qual haviam se escondido dava para uma espécie de corredor, com portas do lado esquerdo e uma “sacada” do lado direito. Havia uma grande sala logo abaixo, uma biblioteca ou algo do tipo. Judy não esperou os tiros começarem a vir em sua direção antes de se apoiar no corrimão de madeira polido e saltar para a sala lá embaixo.

Nick olhou para baixo antes de pular. Foi o seu erro. Assim que começou a cair, soube que iria se esborrachar no chão, com ou sem o notebook em sua mochila.

E foi o que aconteceu. Ele caiu sobre as mãos e os pés, escorregando por quase um metro e batendo em uma pilha de livros. Os dardos e balas choveram em sua direção milésimos de segundo depois de ele se esconder atrás de uma mesa. Judy Já corria para uma porta qualquer quando Nick a alcançou.

A porta que ela havia escolhido abria-se para um corredor longo com várias portas e pinturas dispostas regularmente. Judy virou à direita no fim do corredor, no exato momento em que os primeiros agentes passaram pela porta no início do mesmo.

O corredor terminava em uma porta de vidro, que conduzia a uma sacada. Judy saiu para a sacada, seguida de perto por Nick. A sacada era alta demais pra que eles pulassem para o jardim lá embaixo sem se ferir.

Nick olhou ao redor. A mureta da sacada seguia em curva até se perder numa dobra da parede, a uma pequena distância do começo de um telhado. Ele correu para lá e pulou a mureta, descendo sobre as telhas. Judy o seguiu enquanto ele andava sobre o telhado rapidamente, tentando não cair. As telhas eram antigas, e provavelmente nunca haviam sido limpas, porque estavam cobertas de limo.

Assim que o casal deu a volta naquela parte do telhado, escondendo-se nas sombras daquele lado da casa, Puderam ouvir os agentes chegarem à sacada. Não demorariam muito a descobrir para onde Judy e Nick Haviam fugido. Nick analisou o telhado rapidamente, procurando rotas de fuga. Só encontrou uma calha, que não era lá muito confiável.

Ele testou a calha pressionando levemente com  o pé. A calha rangeu. Então Nick voltou-se para Judy.

— Você vai primeiro. – ele disse.

Judy rolou os olhos e desceu rapidamente, segurando- se no tubo vertical. Assim que a viu chegar lá embaixo, Nick desceu o mais rápido que pôde.

— Whoa – ele sussurrou. – nunca mais desço...

Ele calou-se quando fachos de luz começaram a dançar acima e ao redor deles, vindos do telhado. Os dois encostaram-se na parede para escaparem das luzes, dando graças pelos uniformes pretos. Nick tentou imaginar quanto tempo já havia se passado, mas não conseguiu. Bastou pensar na contagem regressiva para eles começaram a andar, lentamente contornando a parede e com as pistolas em punho. Estavam agora no lado oposto ao que tinham entrado na mansão.

Aquele lado da casa continha uma enorme piscina na parte de trás, um pequena quadra de esportes, algumas espreguiçadeiras e...

A garagem!

Judy teve uma ideia terrivelmente boa. Ela fez um sinal para Nick, que a seguiu silenciosamente na direção da garagem. Era subterrânea, com espaço para pelo menos quatro veículos tamanho elefante e armas penduradas nas paredes com a intenção de decorá-las.

Naquele momento, haviam três carros na garagem. Um esportivo de luxo, que obviamente era do dono da casa, um utilitário preto e uma van da mesma cor. Aqueles dois carros definitivamente não pertenciam a Lions.

De pé no centro da garagem, encontrava-se um lobo vestido de preto. Ele parecia receber instruções no comunicador. De repente o canino levantou as orelhas n direção dos dois, que estavam escondidos perto da porta da garagem. Judy atirou nele.

 A cápsula derrubou o agente instantaneamente, antes que ele pudesse fazer qualquer som. Assim que o lobo caiu ao chão, eles correram até o carro menor. Judy entrou, do lado do motorista, e Nick entrou do outro lado. Ele mexeu na mochila que carregava e tirou de lá o notebook.

CONTAGEM PARA O ENVIO

00h: 58m: 33s

— O quê? – Nick questionou – já passou uma hora?

Judy procurava alguma coisa em seus bolsos, não ando a mínima atenção para o que Nick falava.

— Essa maldita contagem regressiva – ele continuou, tentando mais alguns comandos no teclado. Nada funcionou – é impossível parar esse troço.

Judy continuou ignorando-o, ainda remexendo nos bolsos.

— Odeio não poder fazer nada. É... – Judy Saiu do carro de repente – Ei, Cenourinha, onde é que você vai?

A coelha correu até a van segurando um canivete, e furou os pneus do veículo, repetido o processo com o carro de luxo estacionado ao lado. Então voltou ao carro, guardando a pequena lâmina.

— Porque... – Nick começou a perguntar.

Judy encarou Nick, depois o computador, depois Nick novamente.

— Espere, você não entendeu? – ela perguntou.

Nick apenas olhou para ela, confuso.

— Como assim?

Judy respirou fundo, como se a resposta fosse muito óbvia, e apontou para uma pequena luz acesa na lateral do notebook. Nick olhou com mais atenção.  Ao lado da luz verde que ela apontara, havia o símbolo universal do Wireless e os dizeres “Wi-fi”. Só então Nick compreendeu.

Judy Queria ir o mais longe possível para ficar fora do alcance da rede de Lions. Sem Wi-fi, cabo ou modem, plano algum seria enviado, não importava quantas contagens regressivas estivessem rolando.

Nick teve alguns momentos para admirar o raciocínio rápido de Judy antes dos agentes começarem a atirar. Judy Acelerou garagem afora, saindo do caminho de concreto em direção ao gramado, deixando para trás apenas poeira e cacos de vidro e pedaços de gama.

Nick teve de sorrir.

— A coelha da direção suicida está de volta.