— Olha só. Essa aqui é a sua cara.

Nico deu uma olhada na camiseta vermelha com a imagem de uma caveira usando uma coroa.

— Tem preta?

— Argh, você vai mesmo comprar tudo preto? – Will perguntou, exasperado.

— Eu me sinto bem de preto! – defendeu-se Nico.

— Mas você vinha usando outras cores. Eu achei que...

— As roupas eram suas. Eu não tinha muita opção.

Will devolveu a camiseta com um suspiro resignado.

Nico pegou uma camisa branca de mangas compridas pretas ali perto com a frase: Nah. Você está errado.

— Pronto. Satisfeito?

Depois que eles passaram no caixa para pagar as compras, Will disse:

— Desculpe, mas eu estou curioso. Onde você consegue dinheiro?

Nico olhava para a frente enquanto respondia:

— Tem uma conta no banco... Meu pai disse que o dinheiro era da minha mãe. Foi esse dinheiro que pagou pelo tempo que Bianca e eu passamos no internato e tudo mais. Ele só mandava alguma fúria se disfarçar de advogado para acertar as coisas. O cofre tem também algumas joias que pertenciam a ela. Todas que ela conseguiu trazer da Itália quando viemos para cá.

Ele parecia querer soar casual, mas estava com aquele olhar meio perdido de quando se lembrava da família. Aquele olhar fazia Will ter vontade de abraçá-lo, embora não fosse só aquele olhar especificamente que o fizesse sentir isso...

— O que foi? – Nico perguntou, encarando-o de volta com uma sobrancelha levantada.

Will piscou.

— Eh... Estava pensando... Você... gostaria de ir ao cinema do bairro italiano?

~

Aquele lugar lembrava um cinema antigo. Exibia lançamentos e clássicos da Itália e de alguns outros países do Mediterrâneo. Claro que o filho de Hades ia parar na frente de um cartaz sombrio com o título de L'Inferno, pensou Will, e iria apontar para aquilo com certo brilho nos olhos e perguntar:

— Podemos assistir esse?

E claro que Will concordaria.

Pois foi exatamente o que aconteceu.

Na volta para o acampamento, Nico estava empolgado comparando o inferno do filme com o Mundo Inferior. Eles discutiram sobre os efeitos especiais do início do século passado e sobre voltar ao cinema italiano mais vezes, sentados na van do acampamento que cheirava a morangos e era dirigida por Jules-Albert, o chofer zumbi.