Solangelo Moments escrita por Junebug


Capítulo 32
Pirates In Foggy Days


Notas iniciais do capítulo

Universo Alternativo. Will acaba de se mudar com sua mãe para uma nova cidade e está se sentindo infeliz até fazer um novo amigo.



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Will estava detestando morar naquela ilha fria e nevoenta. Sua mãe tinha dito que era só o inverno, que a cidade ficaria mais agradável quando chegasse o verão, mas Will estava acostumado com a antiga cidade onde parecia ser sempre verão. Ele não costumava ser pessimista, mas naqueles poucos dias depois da mudança, tudo que fazia era caminhar sozinho pelas ruas da pequena cidade, que sempre iam dar num mar escuro e revolto e o deixavam bem infeliz.

Naquela tarde, ele resolveu se aproximar de um velho barco encalhado na areia úmida de uma das praias mais isoladas. Foi quando ouviu:

— Você acha que eu tenho medo? Eu sou o capitão di Angelo que já sobreviveu a mais de dez maldições de espíritos do alto-mar, acha que tenho medo dessa sua boca suja nojenta? Você vai aprender que não!

Will foi ao encontro da voz e das batidas que se seguiram a ela. Na proa do barco, um menino lutava bravamente contra um mastro partido ao meio com uma espada de pirata de madeira negra. Quando ele conseguiu atirar longe uma das metades do mastro quebrado, Will entendeu que a luta tinha terminado e assobiou em apreciação.

— Você realmente mostrou a ele! – disse, sorrindo e batendo palmas.

O menino se aprumou, visivelmente envergonhado, mas também zangado.

— O que você quer? – ele perguntou. Parecia ter mais ou menos a mesma idade de Will, uns onze anos, e usava um chapéu de pirata que combinava com o casaco e as botas escuras, mas que ele tirou depressa assim que percebeu os olhos de Will no alto de sua cabeça.

— Hmm, eu... posso brincar com você? – Will perguntou.

— Brincar? – o garoto estreitou os olhos como se aquela palavra fosse um código para algum xingamento. Vendo que Will o olhava de volta inocentemente, quis saber: – Quem é você, afinal? Está de visita na cidade?

— Eu sou Will Solace. Me mudei para cá há alguns dias... Com minha mãe. Por causa do trabalho dela.

Nico o observou por uns segundos até anunciar:

— Você... pode ser meu prisioneiro, se quiser.

— E o que eu faria?

— Você ficaria amarrado aqui... Você pode tentar fugir, para nós lutarmos e eu capturá-lo de volta.

Will teve que seguir as regras de Nico, mas os dois acabaram se divertindo. Nico gostou das ideias de Will para seus ferimentos de batalha.

Eles não viram o tempo passar, e a tarde nublada começava a ficar cada vez mais escura quando Will ouviu seu nome sendo chamado.

— É minha mãe.

Ele foi até a amurada do barco para responder.

— Will! Pelo amor de Deus! Eu estou procurando você há quase uma hora! Por sorte o homem do posto de gasolina o viu passar para cá... Venha. É hora da janta.

— Me desculpe, mãe. Espere só um momento. Eu só vou me despedir do meu novo amigo.

Ele se virou para Nico - que Will não percebeu, mas estava espantado por ser chamado de amigo - e disse:

— Preciso ir. Nos vemos de novo amanhã? Eu poderia ir até sua casa... Onde você mora?

Nico apontou para trás de Will, que se virou e mal enxergou um ponto escuro solitário numa elevação em meio à névoa, ao longe.

— É a funerária da cidade. Dizem que é mal-assombrada e que meu pai tem um pacto com o demônio.

— Ooh... E é verdade?

Nico deu de ombros.

— Não tenho certeza.

— Will!

— Já estou indo! – Ele passou uma perna pela amurada e disse para Nico: - Dez da manhã estaria bom? Nós podemos brincar de caçar fantasmas! – Com um pulo, ele passou para a areia e se afastou depois de um aceno, na direção da mulher loura que o esperava mais adiante.

Nico os observou sumir de vista, murmurando consigo mesmo:

— Garoto estranho...

Mas havia um esboço de sorriso em seu rosto por imaginar a reação de seu pai e sua madrasta se Will aparecesse na casa. Talvez Nico pudesse mostrar a ele sua coleção de barcos em garrafas.


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