Scorpius Malfoy e a Pedra da Ressurreição escrita por Mariana


Capítulo 3
Adaptação




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Mateus e Órion se integraram rapidamente à Hogwarts. Fizeram a seleção juntamente com os alunos do primeiro ano. Alvo acompanhou com atenção e Scorpius desejou que nenhum deles fosse para a Sonserina. Para sua tristeza, Órion ficou na mesma casa que ele. Mateus foi para a Lufa-Lufa e Lorcan e Lysander foram para a Corvinal, assim como seus pais.

A maior surpresa da noite foi o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Desde 1998, a professora titular era Millicent Proudfoot, uma bruxa baixinha, atarracada e bem velhinha, afinal tinha mais de duzentos anos. Um homem ruivo com muitos fios grisalhos, alto e um pouco barrigudo chamou a atenção de todos os alunos e gerou comentários e risinhos para Rose e Hugo.

— Muito bem, gostaria que todos vocês aplaudissem o nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Ronald Weasley!

Rony se levantou, acenou para os alunos e recebeu muitos aplausos, especialmente dos alunos da Grifinória, de Hagrid e de Neville Longbottom. Scorpius empalidecera, lembrando-se das palavras do bruxo na Toca.

— O... O que será que houve com a Sra. Proudfoot? – perguntava a Alvo.

— Sei lá, cara, mas essa é a notícia mais sensacional de todos os tempos! Tio Roniquito professor... Essa foi boa! – dizia Alvo, às gargalhadas.

McGonagall ficou surpresa ao ver o nível de conhecimento dos alunos transferidos. Mateus e Órion tinham tudo para serem excelentes bruxos, e acabaram ficando, respectivamente, no terceiro e quinto ano. Mateus logo entrou para o time de Quadribol da Lufa-Lufa e contava radiante a Alvo e Scorpius sobre o seu teste.

— Foi fantástico! Acho que os caras do time já tinham ouvido falar de mim, já que eu era batedor da Norte, mas mesmo assim fui lá, na humildade, fiz o teste e passei com louvor. Tinha um babaca do segundo ano, um tal de Nathaniel Smith que ficou implicando comigo por eu ser de fora, mas não caí na pilha dele e me dei bem! Agora o babaca tá lá, comendo grama!

Alvo sorria, e Scorpius ficava ainda mais aflito. No dia seguinte, seria a vez dele fazer teste para entrar no time da Sonserina.

— Você vai tentar qual posição? – perguntava Mateus, tentando relaxar o colega.

— A-apanhador...

— Relaxa. Pensa pelo lado bom: se você perder, eu não vou ser obrigado a te derrubar da vassoura!

Alvo gargalhava e Mateus ria junto. Scorpius soltou um “hahaha” irônico e saiu de perto dos dois. Mateus ficou preocupado.

— Peguei muito pesado com ele, não?

— Relaxe, Mateus. Ele tá assim só porque tá nervoso. Mas amanhã, quando ele passar no teste, vai estar tão contente que será capaz de te beijar na boca!

Mateus fez uma cara de nojo e os dois riram mais ainda.

O dia do teste chegou e Scorpius ficou surpreso ao ver que Órion iria concorrer com ele para a mesma vaga.

— Não vai se deixar abalar por aquele cara, é só ficar tranquilo que você se dará bem! Se você não se incomodar, eu vou assistir seu teste.

— Você faria isso por mim, Alvo?

— Claro, Scorpius, você está cansado de saber que é mais que um amigo, é um irmão pra mim! Eu até pensei em convidar a Rose também, mas...

— Melhor não. Não quero que ela me veja ser massacrado.

O teste foi tranquilo. O capitão da Sonserina, Lucas Eastwood, atirou longe um pomo-de-ouro e os candidatos tinham que encontra-lo. O primeiro que achasse teria a vaga. Scorpius voou em sua Nimbus 5000 e olhava por todos os lados em busca do pomo. Até que o encontrou perto de um dos aros e voou rapidamente até ele. Mas foi interceptado por Órion, que bloqueou sua passagem, pegou o pomo e ficou com a vaga.

— Parabéns, Órion Black! Você agora é o mais novo apanhador da Sonserina!

O mundo desabou para Scorpius. Perder daquele jeito foi inadmissível para ele. Não quis falar com ninguém depois dali. Mas logo à tarde ele teria aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, e Rony talvez fizesse perguntas. E seria uma aula com a Grifinória, e Scorpius não poderia evitar os comentários maldosos de Polly Chapman, Yann Fredericks e Karl Jenkins. Além disso, ainda tinha a Rose, mas Scorpius tinha que ignorá-la e se esforçar ao máximo para não chamar a atenção de Rony. Porém, logo na entrada ele esbarrou numa gaiola com morcegos-vampiros, que escaparam e isso gerou correria generalizada na sala.

Os morcegos-vampiros voavam atrás dos alunos em busca de sangue. Estes gritavam desesperadamente e fugiam da sala. Rony pedia por silêncio enquanto tentava reuni-los novamente, um a um.  Scorpius estava escondido embaixo da mesa, com as mãos na nuca, e Alvo o imitava.

— Puxa, cara, que dia horrível esse seu, hein?

Scorpius não respondia. Rony finalmente tinha conseguido petrificar os morcegos e levitá-los até a gaiola, em segurança. Estava suando. Suas orelhas estavam vermelhas e queimando. Como é que poderia ter se esquecido de dar o almoço aos morcegos? Sua primeira aula como professor estava sendo desastrosa e ele tinha que consertar isso. Reuniu novamente todos os alunos e tentou recomeçar a aula.

— Muito bem, nobres alunos, esta foi uma demonstração prática de como se proteger de morcegos-vampiros! Espero que tenham aprendido a lição e anotado tudo!

Um silêncio pairou na sala. Rose afundava na cadeira e Alvo olhava constrangido para o tio. Tentou ajuda-lo.

— Tio... Quer dizer, professor Rony, poderia nos falar mais sobre o modo inteligente e arrojado que o senhor usou para deter os morcegos-vampiros?

As orelhas de Rony ficaram vermelhas novamente, mas de vergonha. Era bom ter um amigo, ainda mais um sobrinho tão bom e gentil como Alvo para auxiliá-lo com os alunos.

— Bem... Usei o petrificus totalus e o levicorpus, bons feitiços para parar e transportar coisas que estão fora de controle. Pergunta inteligente, senhor...

— Alvo Potter. Rony já estava voltando ao seu bom humor habitual.

— Alvo Potter. Belo nome. Realmente não renega as origens. 10 pontos para a Sonserina.

Rony teve que fazer isto com uma certa amargura. Nunca tinha superado o fato de que o sobrinho tinha sido selecionado para a casa que tinha aprendido a odiar. Mas foi como Hermione disse ao saber que Rony tinha sido convidado para o cargo: ele não poderia fazer distinção entre as casas.

— Bom, conselhos para o caso de situações semelhantes ocorrerem novamente: morcegos-vampiros têm preferência pela região do pescoço e pelos pulsos, logo a melhor maneira de se proteger é justamente se agachar e colocar as duas mãos na nuca. A escolha de um bom esconderijo também ajuda, então darei mais cinco pontos para Alvo Potter, Rose Granger-Weasley e o senhor... – Rony olhava para o canto esquerdo, tentando saber o nome do aluno de cabelos negros e longos.

— Órion Black.

— OK. Continuando, e o senhor Órion Black, que fizeram este procedimento.

Scorpius empalideceu. Ele tinha feito exatamente a mesma coisa, antes dos outros três, e não receberia nenhum ponto. Achava uma injustiça, mas não queria entrar em atrito com o professor logo de cara. Alvo falou por ele.

— Professor, Scorpius Malfoy fez o mesmo que a gente. Aliás, foi ele que teve essa ideia.

— Boa lembrança, Alvo Potter, mas infelizmente foi ele que libertou os morcegos-vampiros e provocou essa confusão generalizada. O que fez com que eu descontasse 10 pontos da Sonserina.

Foi a vez de Scorpius afundar na cadeira. Karl, Yann e Polly o vaiavam, enquanto Rose o olhava com pena. Ele queria sumir, morrer, qualquer coisa menos estar ali. Alvo tinha razão ao dizer que aquele era o pior dia dele.

Scorpius não quis mais conversa com ninguém e passou o resto do dia recluso. Alvo se zangou com a atitude do amigo e falou:

— Ok, você não conseguiu a vaga, mas não pode ficar assim a vida toda, bola pra frente!

Scorpius se virou para o outro lado e pôs o travesseiro na cabeça.

Nos dias seguintes, Scorpius foi se afastando de Alvo, que por sua vez, ficou ainda mais amigo de Mateus. Quando não estavam em aula, ficavam sempre juntos, conversavam sobre Quadribol e Alvo fez Mateus se tornar o mais novo torcedor dos Chudley Cannons.

O brasileiro acabou se tornando muito popular em Hogwarts, fazendo amigos em todas as casas. James tinha se simpatizado bastante com ele.

— Seu novo amigo é muito mais legal que o Malfoy!

Hugo e Fred também tinham adorado Mateus, e até Rose ficou amiga dele.

— Você é tão divertido! Espero que fique aqui até se formar, os brasileiros podem esperar mais um pouco.

Apenas Lílian não falava muito com ele. Ficava distante, apenas olhando. Nas aulas, sempre se sentava bem longe dele. E quando Mateus falava com ela, Lílian corava.

— O que há de errado com essa menina? – perguntava James.

Órion também ficou popular em Hogwarts, afinal o apanhador era a estrela do time. Fez alguns amigos na Sonserina e sempre fazia tarefas com Gutemberg Nott, um dos mais inteligentes da classe.

Ele acabou se aproximando de Scorpius, que não era um estudante muito popular.

— Amanhã será nosso jogo contra a Lufa-Lufa. Esteja lá, eu quero que você me veja humilhar o Nogueira e coloca-lo em seu lugar.

Scorpius não quis ver o jogo. Preferiu ficar na biblioteca, e lá avistou Rose.

“Calma, Scorpius! É só uma menina! Não fica nervoso, não estraga tudo!”, pensava ele. Arrumou seus cabelos e conferiu o hálito. Estava fresco. Resolveu se aproximar.

Ficou algum tempo fitando-a estudar, até que ela finalmente reparou que havia alguém ali.

— Vai ficar me olhando o dia todo?

Scorpius começou a suar frio. Tentou pronunciar alguma frase, mas nada saía de sua boca.

— Tem vários livros aqui muito mais interessantes que eu.

— Eu... Eu só... Fiquei surpreso em te ver aqui. Achei que fosse assistir à partida de Quadribol...

— Eu? Não, preferi ficar aqui na biblioteca, tenho um monte de tarefas para terminar. Se eu quiser conquistar um aceitável nos NOMs tenho que trabalhar duro, não é mesmo?

Scorpius assentiu e Rose continuou.

— Sente-se – Scorpius a obedeceu antes que ela mudasse de ideia – eu não mordo.

Scorpius sorria, sem graça.

— Soube que tentou ser apanhador da Sonserina.

— É... Tentei. E quase consegui, mas o Órion Black me atrapalhou...

— Alvo me contou. Infelizmente, não tem muito que fazer. Alvo me disse também que o Eastwood achou que você foi muito bem e que se o Black não puder jogar, vai te chamar pra ser apanhador no lugar dele.

— Mesmo? Bom, mas eu não queria ser apanhador reserva. Queria estar lá, jogando. Treinei muito nas férias, quando não estava comendo ou dormindo, estava na vassoura, melhorando o voo.

Rose voltou à sua leitura. Scorpius transbordava de felicidade “Ela falou comigo! E me tratou bem! Será que devo chama-la pra sair? Não... ainda tá muito cedo, ela só falou comigo, talvez depois de mais duas ou três conversas assim eu possa fazer o convite”.

...

Alvo estava de mal de Scorpius. Não tinham brigado propriamente, mas o silêncio dele indicava que o Malfoy não queria conversa. Alvo estava certo de que era por causa de Mateus Nogueira. O brasileiro era realmente carismático, cativou todo mundo, mas Scorpius ainda era seu melhor amigo, e Alvo não queria perder uma amizade tão preciosa por uma bobagem.

Como se não bastasse, Alvo ainda se via às voltas com Kate Richards. Ela era monitora da Sonserina e sempre que podia, a garota arranjava um jeito de ficar a sós com ele e o enchia de presentinhos. Alvo jogava todos fora, principalmente se fossem comestíveis, pois temia que ela tivesse colocado poção do amor. E pior: Alvo descobriu que Kate era filha de ninguém menos do que Romilda Vane, que tentou fazer o mesmo com seu pai no passado. Alvo narrou tudo isso em uma longa carta a Harry, que respondeu o aconselhando a tomar cuidado com Kate Richards e a não namorar a colega só para fazê-la feliz.

Outra coisa que Alvo vinha fazendo rotineiramente era frequentar a biblioteca. Além de intensificar seus estudos para os NOMs, ele pesquisava sobre as vidas de Dumbledore e Snape. Queria saber coisas além do que seu pai tinha lhe contado. Dumbledore era praticamente unanimidade. O melhor bruxo desde Merlin, o melhor diretor que Hogwarts já teve, não fazia distinção e era querido por todos. Não ambicionava o poder e recusou diversas vezes o Ministério da Magia para se dedicar à Hogwarts. “Papai está certo ao dizer que Dumbledore é um homem extraordinário”. Mas Snape era diferente. Filho de uma bruxa com um trouxa, vivia em um lar instável, foi comensal da morte, não foi um professor muito querido em Hogwarts e traiu Dumbledore, matando-o. Foi diretor no período em que Voldemort estava vencendo a Segunda Guerra Bruxa, mas acabou morto por ele. “Snape é controverso. Provavelmente, papai não gostava dele. Mas ele deve ter feito algo muito bom para que papai mudasse de ideia a ponto de me dar o nome dele”. Alvo se lembrou de que Harry lhe tinha contado sobre o amor de Snape por Lílian, sua avó. Mas seria isso suficiente? Porque Snape mataria Dumbledore?

Alvo concluiu que o pai não tinha lhe contado tudo e mandou-lhe uma carta questionando sobre Severo Snape. Ele roía as unhas de ansiedade. Até que uma semana depois, uma coruja chegou. Alvo pegou o envelope rapidamente e leu a carta diversas vezes. Aquela história era realmente muito bonita.

“Alvo, sempre que você me perguntou sobre Severo Snape, sempre disse que ele foi um homem muito corajoso. Eu tinha decidido esperar que você tivesse mais idade para lhe contar a verdadeira história dele, porque achei – erroneamente – que você não entenderia. Acho que eu deveria ter lhe contado antes, talvez isso tivesse evitado muitas das nossas brigas. Então, sem mais delongas, começo dizendo que inicialmente eu não gostava muito dele. Snape era muito severo comigo, e costumava me punir por qualquer deslize que eu desse. Depois descobri que ele me tratava dessa maneira por causa do seu avô, que nos tempos de juventude, perseguia Snape por ele ser simpatizante das Artes das Trevas. E também por causa da sua avó, eu tenho certeza que papai sabia que Snape gostava dela desde a infância, e esse deve ter sido um dos motivos que fizeram seu avô implicar tanto com ele. Já lhe contei que ele foi da Ordem da Fênix, mas acho que não expliquei o motivo. Severo Snape foi Comensal da Morte e deu a Voldemort informações cruciais sobre a profecia a respeito do garoto que iria derrota-lo. Snape ficou devastado ao saber que Voldemort matou sua avó e isso fez com que ele pedisse perdão a Dumbledore e quisesse ajudar a destruir o Lorde das Trevas. Dumbledore percebeu nele um arrependimento sincero, ele era um bom legilimens e sabia que Snape seria fundamental para que a Ordem conseguisse derrotar Riddle. Claro que na sua idade eu não sabia disso e eu simplesmente o odiava. Quando soube o que ele fez com Dumbledore, fiquei revoltado e o considerei um traidor. Mas pouco antes de sua morte, uma morte muito honrada, diga-se de passagem, Snape entregou-me suas lembranças. Vi que ele só matou Dumbledore porque ele já estava sendo tomado por uma terrível maldição. Dumbledore estava atrás de Horcruxes de Voldemort e ao apossar-se do anel dos Gaunt, viu que lá estava a pedra da Ressureição. Dumbledore tentou abrir e destruir o anel e sua mão foi atingida por uma maldição que o teria matado, se não fosse a ajuda de Snape. Dumbledore também soube, por Snape, que Voldemort tinha dado a Draco Malfoy a missão de mata-lo. Então, para evitar que Draco tivesse sua vida destruída e que a maldição tomasse todo o corpo de Dumbledore, ele pediu que Snape o matasse. Como Dumbledore era proprietário da Varinha das Varinhas, Voldemort pensou que Snape tivesse conquistado sua fidelidade após matar o antigo dono. Eu vi a morte dele. Voldemort, que dizia não querer derramar sangue mágico, matou-o só ao vislumbrar a possibilidade de ter para si a Varinha das Varinhas. Ele achava que Snape seria o verdadeiro dono dela e o matou para ter a posse, mas antes de Snape matar Dumbledore, este já tinha sido desarmado por Draco Malfoy, que não é mais o proprietário desta varinha. Eu o desarmei e guardei-a em um lugar seguro. Este é um segredo que apenas poucas pessoas sabem. Peço que não conte a ninguém e que se perguntarem algo a respeito de seu nome, diga apenas o que está na lápide dele: um homem muito corajoso”.

Alvo ficou emocionado após ler a carta. Passou a admirar Severo Snape assim como admirava Alvo Dumbledore.


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