Isso não é... escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 9
Isso não é um encontro.


Notas iniciais do capítulo

A música abaixo é uma das minhas músicas românticas preferidas - Photogaph é romântico? - e ela é Together da Demi Lovato com feat de Jason Derulo. Ma-ra-vi-lho-sa. Aqui https://www.youtube.com/watch?v=u71zWzmGMaM



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Remember love

Remember you and me

Remember everything we shared

(Lembra do amor

Lembra de você e eu

Lembra de tudo o que compartilhamos)

 

9-Isso não é um encontro. (Diga isso três na frente do espelho.)

Sexta-feira, 29 de abril

—Você acredita que ela me mandou calar a boca?

—Eu já estou mandando você calar a boca – reclamou Julie, jogando a almofada que estava nas suas costas em Michael, com força.

Desde que ele veio na sua casa, Mike não calou a droga da boca e isso já estava irritando Julie. Ele nem a deixou assistir seus animes e todos sabiam o quanto eles eram sagrados para ela. Se Demi não chegasse antes, quem mataria Mike seria Julie. Michael reclamava mais do que outra coisa e depois ainda tinha a coragem de dizer que as mulheres são frescas.

Embaixo dos olhos de Michael haviam olheiras gigantes, parecia até que ele havia levado um murro. Deitar no sofá ao lado da Julie enquanto ela assistia os animes seria um bom momento para ele tirar o atrasado com o sono, mas não... É muito melhor perturbar Julie Hemmings que só deseja ficar quieta no seu canto, assistindo a droga do anime.

—E vou ter que morar com ela por sua causa – acusou Michael.

—Minha causa? – perguntou Julie, incrédula. – Quem perdeu aposta foi você! Uma aposta injusta, a propósito.

—Injusta? Você me deixou acreditar que nunca beijou ninguém!

—E você está querendo acreditar que não queria perder – disse Julie, revirando os olhos e desviando da almofada que ele jogou nela. –Faça-me o favor e assuma que tem uma queda pela Demi e poupe nosso tempo.

Desviar da almofada foi fácil para Julie. Se Michael realmente quisesse acertá-la, ele teria ao menos jogado direito. Julie já estava ficando irritada quase sempre com o chove e não molha daqueles dois, essa brincadeira de cão e gato. Qualquer um que olhassem para ambos perceberia que eles estavam apaixonados, mas Julie não podia culpar Demi por não querer se envolver com Mike, embora pudesse culpar Mike por não fazer nada em relação a isso. Ele devia tentar recuperar a confiança da Demi e se redimir a ela pelo que fez. Demi merecia isso. E Julie merecia ver os seus animes em paz!

—Só se você assumir que tem um precipício pelo Ashton – brincou Michael.

Julie franziu as sobrancelhas e, pela primeira vez do dia, desviou os olhos da TV porque quis.

—Eu não tenho uma queda por ele.

—Então porque vai a um encontro com ele?

—Eu não vou para um encontro com ele. Ele vai comprar comida para mim, é diferente.

—Para mim é o mesmo.

—Para mim não é.

—E esses flertes a qualquer momento?

—O que é que tem?

—Sério, Julie? Vocês flertam mais que outra coisa sobre qualquer coisa. Ate para passarem o sal eu encontro vocês dois flertando.

—Ele é o meu amigo – afirmou Julie, dando de ombros.

—Eu sou seu amigo e você não flerta comigo.

—Ciúmes? Mas... – apesar do que disse, Michael esperava uma explicação. Deus, ele sabia levantar a sobrancelha. – É apenas normal. Nós fazemos isso desde que nos conhecemos.

Agora Julie estava confusa. Por que ela não podia flertar com Ashton? Julie não era obrigada a gostar dele por causa disso, você não flerta apenas com pessoas que está apaixonada. Se não, Julie seria uma vadia de marca maior.

—E não estávamos falando de mim, mas de você – disse Julie, tentando voltar ao assunto central. Ela não gostava de está perdida num assunto.

—Você devia ir se arrumar para o seu não encontro – aconselhou Michael.

—Está cedo – desconsiderou ela, deitando no sofá.

—Ashton chega daqui a 20 minutos.

Do nada, Julie levantou a cabeça e o encarou. Já? O tempo que Julie tinha para se arrumar era pouco. Muito pouco. Pouco ate para os seus padrões. Ela não gostava de ficar horas se arrumando, ficar “bonita” para os outros não era com ela. Contudo isso não significava que Julie iria sair como uma mendiga.

Em vinte minutos, Julie foi multifunções. Ela lavou o cabelo e o deixou na hidratação enquanto ensaboava as pernas para depilá-las, – ela também não sairia de casa parecendo um macaco – escovou os dentes e tomou banho, para enfim começa a dá um trato nos cabelos. Como ele era curto, liso e pouco – assim como seu tempo que já acabava – Julie rapidamente o secou e olhou-se no espelho para fazer uma careta depois de se avaliar rapidamente. Ela estava tão... Urg, normal!

Se alguém pergunta-se qual era a sua parte menos favorita do seu corpo, Julie diria o cabelo. Ela nem pensaria antes de responder. Muitas pessoas o achavam lindo, – ela própria sabia que era, como todas as outras partes do seu corpo – entretanto Julie também sabia que era a mais monótona. Ela achava seu cabelo entediante, algo tão sem vida. Quem se importava se todos achavam cabelo liso bom? Julie queria que ele fosse cacheado! E um babyliss facilmente resolveu isso.

A facilidade do mundo moderno era impressionante, o fato de seus dedos estarem todos queimados não desmerecia os cachos artificiais de Julie, somente realçava-os. Ela tentava se convencer disso ao sair do banheiro e encontrar Mike deitando na sua cama, muito confortável. Ela foi tomar banho e o mandou ir embora, desaparecer da sua vida, mas pelo visto ele não quis. Enquanto Julie o encarava esperando uma resposta e agradecendo por ter se vestido no banheiro – ela costumava esquecer a toalha e era obrigada a sair nua pela casa – Mike a olhou dos pés a cabeça.

—O que você está fazendo aqui ainda? – perguntou Julie, vendo que ele não estava disposto a dizer nada. – Era para você ir pedir desculpas a Demi.

—Você está muito bonita para um não encontro – foi a resposta dele.

Antes que ela pudesse dizer que era muito bonita a qualquer momento e que Michael deveria parar de coisa e ir logo admitir seus sentimentos a Demi, a campainha tocou. Julie suspirou ao deixar Mike na sua cama e descer as escadas para abrir a porta, onde encontrou Ashton mascando chiclete e com sua habitual bandana.

Se ele acordasse sem eles, não fui eu, só pensando, pensou Julie ao perceber que ele ainda não havia cortados os cabelos. Os cabelos loiros dele era cacheados como Julie gostaria que o dela fosse, nem tão encaracolado ou liso, um meio termo entre os dois. Ela também não cortaria se tivesse um cabelo daqueles... Certo, Julie continuaria cortando.

—Vamos? Ah... – murmurou Julie, olhando para baixo ao sentir o chão gelado. – Droga, esqueci de calçar os pés. Um momento.

Julie só faltou bater a porta na cara de Ashton, mas não bateu. Ela subiu as escadas correndo, encontrando Michael no meio do caminho, quase trombando com ele e descendo as escadas rolando, contudo conseguiu desviar a tempo. No quarto, Julie pegou a sapatilha que estava mais perto e no alcance da sua visão, que, por acaso, na verdade, não era uma sapatilha, mas uma bota. E desceu as escadas dessa vez pulando, tentando encaixar os pés dentro delas; aquilo era perigoso, mas Julie não gostava de estar atrasada.

Ainda lá em cima, ela os ouviu fofocando, mas não parou para ouvir tudo. Eles estavam na sua casa, então que tivessem ao menos coragem de falar na sua frente, mesmo assim Julie conseguiu pegar algumas partes.

—Não tente se aproveitar dela, ouviu?

—Se não você vai me bater?

Julie não precisava vê-los para saber que Ashton sorria, ela sentia isso e sorriu também. Mike era engraçado. Ashton se aproveitar de Julie? Estava mais fácil o contrario acontecer!

—Você a conhece bem o suficiente para saber que ela não precisa de ninguém para fazer isso. Mas de qualquer jeito terá mais quatro na fila querendo espancá-lo.

Julie deu um ponto a Mike por isso. Isso e o fato dele não ter parado de falar quando ela estava na frente deles.  Julie apontou para Mike ao falar:

—Quero você fora dessa casa quando eu voltar, você sabe onde deixar as chaves. E, pelo amor de Deus, seja lá o que aconteceu, você é culpado, então admita seus erros a Demi e pare de ficar choramingando que nem criança. E eu quero um pote de sorvete na próxima de vez que tiver que te aturar, porque quem sofreu fui eu te aguentando. Eu mereço ao menos isso.

Julie parou para respirar. Ela ia falar muito pouco, mas foi só começar que não conseguiu mais parar. Depois que se abre uma torneira é difícil fechar-la, ao menos era o que sua mãe dizia. E Julie concordava quando abria a torneira demais e ficava sem saber para onde girar.

—Que fôlego – assobiou Mike. Ele não parecia ofendido nem magoado, apenas impressionado.

—Obrigada, mas é serio – disse Julie, tentando parecer seria. – A maioria das garotas só quer ouvir desculpas.

—Certo, Julie – falou Michael, revirando os olhos e fechando a porta. – Tchau.

—Ahn? – murmurou Julie, encarando a porta, desorientada. Ela havia sido colocada para fora na própria casa! – Eu vou...

—Não, Julie – interrompeu Ashton, empurrando-a para o carro. – Nós vamos sair agora.

Eles entraram no carro e ficaram em silencio enquanto colocavam o cinto. Ashton não conseguia compreender a razão pela qual Julie encarava-o ao ligar o carro. Se dependesse dele, ambos ficariam em silencio, não que ele estivesse reclamando, melhor para Ashton se não gastasse dinheiro. Julie tentou levantar a sobrancelha, contudo parecia mais que ela arregalava os olhos. Julie nunca conseguiria fazer isso direito e nunca desistiria de tentar.

—Você não se esqueceu de nada? – questionou Julie depois de um tempo, não aguentando mais o silencio.

—Ah, eu não sei... – respondeu Ashton, olhando-a de canto. Ele não conseguia se lembrar de nada.

—Qual é, Ashton? Pense.

—Você está linda? – tentou ele.

—Eu sei – concordou ela enfaticamente, batendo no ombro dele. Enfática de mais, quem sabe ela esteja debochando de mim, pensou Ashton. – Mas obrigada, você sabe como fazer uma garota se sentir especial.

—Desculpe?

Ashton não estava entendendo nada.

—E aprende rápido! – exclamou Julie, levando a mão ate a boca. – Meu Deus, quero te levar para casa. Embrulham para presente?

—Já está caindo nos meus encantos? – perguntou ele, desviando os olhos da estrada para ela. Garotas caindo em seu encanto ele entendia. – Demorou menos tempo do que eu esperava.

—Menos? Eu não sei se isso é um elogio. Você está dizendo que sou difícil ou que começou a contar agora? Porque pensei que estava tentando me conquistar desde que nos conhecemos.

—Só recentemente você começou a ficar bonitinha... – provocou Ashton, olhando-a de cima a baixo.

E não era verdade. Julie usava um vestido de bolinhas e ele já esperava por essa, ela tinha uma obsessão por qualquer coisa que envolvesse bolinhas. Para completar, as bolinhas eram acompanhadas de botas. Mesmo Ash sabia que aquilo não combinava de jeito nenhum. Seus cabelos ao invés de lisos naturalmente estavam cacheados artificialmente. E ele os preferia lisos. Julie parecia uma boneca com os cabelos daquele jeito, muito falsa, lembrava-o a boneca que ela tinha na cômoda. Quem sabe Julie havia se inspirando nela para se produzir?

—Recentemente? Bonitinha? – interrompeu ela. – Naquele quadro que você desenhou de mim aos meus 12 anos, eu não estava bonitinha!

—É claro, eu não sei desenhar coisas feias.

Ashton achava que Julie não entendeu o que ele disse e ele estava certo, se bem que estava mais para “Julie não quis entender”.  Pois ela decidiu aceitar o elogio mesmo que soubesse que não era um. Durante o resto do caminho, Julie ficou quieta. Bem, não quieta realmente, ela ficou quieta cantando as musicas de uma forma muita desafinada.

—Esse carro não é seu, é da Anne. Quando você tiver um, pode retirar – reclamou Julie, batendo na sua mão quando ele tentou.

Ashton precisava destruir aquele porta cd que Julie deixava no carro da sua mãe. Ele os jogaria pela janela se não acreditasse que Julie contaria a Anne e ela o repreenderia por ter mexido com sua favorita.

 

—Você vai abrir a porta? – questionou Julie quando Ash desligou o carro.

—Isso não é um encontro – disse ele, olhando-a.

—Não, não é – concordou ela. – Isso é cavalheirismo.

—Pensei que você fosse feminista.

—E eu sou, mas abrir a porta para a mim não é contra os meus ideais. Odeio quando acham que ser feminista é ser uma vadia, é ter a liberdade na forma de ser vista, mas isso não significa que você não pode ser um cavalheiro. Ser cavalheiro é simplesmente aceitar o seu nível na hierarquia social... Abaixo de mim.

Antes mesmo da Julie completar o que quer que seja que fosse, Ashton já estava rodeando o carro para abrir a porta, se não os dois ficariam o dia todo ali, na frente do restaurante e seu cheiro delicioso sem comer. Não dava. Ele preferiria perder uma discussão com a Julie a rejeitar por escolha própria comida gostosa.

—Eu espero que você não seja uma cadela a noite toda – comentou Ash ao ouvir o final. Ele até aceitava tudo que ela disse, menos o final. Aquilo não fazia parte do feminismo.

—E eu que você não seja um canalha – rebateu Julie, nem piscando ao ouvi-lo. – Mas nunca temos o que queremos.

—O que você quer dizer com canalha?

Ashton franziu o rosto. Ele era muito educado, sua mãe o havia criado para ser um cavalheiro.

—Você não sabe o que significa “canalha”?

—Eu não sou um canalha – defendeu-se Ashton.

—Não, imagina... – disse Julie, revirando os olhos. – Duvido que consiga ficar sem dá em cima de alguém, qualquer uma, apenas por essa...

—Eu aceito – interrompeu ele.

—Mas... – falou ela, franzindo a testa. – Não era uma aposta.

—Percebeu que vai perder?

—Ashton, quando foi que perdi para você em algo?

—Então o que eu ganho?

—Conversamos sobre isso quando você ganhar – Julie avisou, batendo a porta com força. – Algum dia.

 

—O que vai querer?

—O que você sugere?

Se inclinando por cima da mesa, Lauren apontou com a caneta algo, mas Ashton não percebeu, ele tinha olhos para outro lugar e percebia que deveria agradecer a dona pelo uniforme das garçonetes. E a Lauren por ter o que mostrar neles.

—Você por acaso não está no...

—Hum hum – pigarreou Julie, chutando-o por debaixo da mesa.

—O que é? – perguntou Ashton ao se virar irritado para ela. Sua perna doía pelo chute que Julie havia lhe dado, aquela bota tinha uma sola dura.

—Sem flertes. E esse foi de graça – avisou ela, e se virando para Lauren perguntou: – Cadê meu cardápio, Laura?

—É Lauren – corrigiu Ashton.

—É Laura – disse Laura, olhando-o magoada antes de se retirar, batendo o cardápio que estava na sua mão com força na mesa. Só porque Ashton já havia ficado com ela uma vez, isso não significava que ele devia conhecê-la. Ou saber o seu nome.

—Como você sabe o nome dela? – perguntou Ash, intrigado.

—Estava no crachá, gênio – disse Julie, abrindo o cardápio e ignorando-o completamente.

A concentração dela estava nos pratos que pediria, como se já não tivesse escolhido antes mesmo de chegar ali. Ashton não duvidava que Julie tinha feito uma lista das coisas que comeria com o dinheiro dele.

—Sobre o que vamos conversar? – questionou ele, brincando com os saleiros.

—Eu vim aqui para comer, não conversar. Menos papo e mais comida – respondeu Julie, levantando o cardápio para chamar a atenção de alguma garçonete.

Ela duvidava que Lauren Laura fosse aparecer naquela mesa de novo, ter um segundo round de vergonha e humilhação não era algo que alguém se voluntariava. Que a sorte estivesse a seu favor, se assim fosse.

Colocando o queixo sobre a mão, Ashton não disse nada e observou sua amiga. Meu Deus, Julie parecia uma morte de fome com fome, o que com certeza era o que deveria ser. Quando ela citou o que queria, esse pensamento de Ashton só se confirmou, Julie pediu mais de dez coisas diferentes cheia de óleos e calorias, ao invés de uma salada como todas as outras. Não que ele já tivesse levado alguma garota para jantar e soubesse, mas ele achava, em teoria, que elas só comiam isso em encontros. Não que aquele fosse um.

—Oh, e uma torta de chocolate para mais tarde – lembrou-se Julie. Onze coisas diferentes. A garçonete se virou para ir embora, mas a acompanhante de Ashton questionou-o: – O que vai querer, Ash?

—Você quer dizer que...

A garçonete pareceu sem palavras, mas se recuperou rapidamente, voltando a ser profissional, embora Ashton a tenha a visto observar Julie discretamente. Ela devia está se perguntando se Julie era uma mendiga, porque aquela roupa só podia ter visto do brechó e sua fome era de outro mundo, não tinha como ela comer sempre desse jeito e continuar magra daquele jeito. Ashton sabia que Julie comia sempre daquele jeito e que sua forma devia-se ao fato dela ser magra de ruim.

—Porém – disse Julie quando a garçonete foi embora – podemos conversar sobre queijo enquanto esperamos.

—Queijo? – repetiu Ashton, sorrindo. – Eu pensei que seria sobre ovos.

Julie sorriu também, compreendendo o que ele disse e lembrando-se daquele dia...

 

—Oh, meu Deus, esse bolo está uma delicia! – exclamou Julie, saboreando e gemendo. – Hum...

—Me dê um pouco – Ashton exigiu, puxando o prato para si.

Julie entendia porque ele queria o seu bolo. O bolo era um belo bolo com todo aquele chocolate na massa, no recheio e na cobertura, mas era o seu bolo. Por que ela deveria dar o seu bolo para ele? Por isso, Julie espetou-o com o garfo, forçando-o a largar o prato, deixando bem claro que se Ashton fizesse algum movimento brusco, ela enfiaria mais fundo.

—Solte – ordenou Julie, entredentes. – Se quiser, compre um para você.

—Você acabou com todo o meu dinheiro, que tal me dá um garfo?

—Eu lhe darei quando o fizer sangrar, mas se você pedi por favor...

Sorrindo docemente para Ashton e piscando os olhos da forma mais inocente, Julie deixou a frase no ar e esperou a resposta dele. Demorou um pouco para Ashton falar – de tão chocado e irritado que estava – mas ele falou. Ashton deveria estar realmente desesperado por um pouco daquele bolo, não que Julie o culpasse por isso.

—Você poderia por favor me dá um pedaço do bolo que eu paguei?

Julie responderia a ele que não, ela não daria, ela não havia prometido dá-lhe o bolo se ele fizesse o que ela mandou. Contudo, do nada, Anne estava do lado deles, olhando para a mão do seu filho que continuava pressionado contra a mesa por um garfo.

—Minha nossa! – exclamou ela. – O que vocês estão fazendo? Por que está espetando-o, Julie?

—Ashton quer roubar meu bolo – defendeu-se Julie.

—Ashton! Eu te criei para tratar bem as mulheres, não roubá-las.

—É, Ashton. Roubo é errado – concordou a garota com a mãe do seu amigo, encarando-o.

—Tenho certeza que se você pedisse, Julie teria dado.

Julie virou-se para Annie, pensando: “não sei de quem ela está falando, mas não é de mim.”

—Não. Não teria – discordou Julie.

—Sua...

Ashton com certeza xingaria Julie, mas lembrou-se que sua mãe estava ao seu lado, então ficou calado. Embora seus olhos continuassem aparentado o seu desejo maligno de fazê-la em pedacinhos. Julie ate idealizava que ele devia estar planejando um plano do mal e rindo tipo vilões com “mua ha ha”, para logo depois tossir por ter se engasgado. Apesar de saber que estava exagerado, Julie não pode evitar.

 -Ele acabaria comendo todo o bolo, deixando-a sem nada – concordou Anne, pensativa.

Julie adorava o quanto Anne conseguia ser racional. Sério, por isso elas se davam muito bem desde a primeira vez que se conheceram.

— Vou pegar uma fatia para você, querido, não se preocupe. Vai querer mais um para viagem, Julie?

—É claro, obrigada, Anne. Você é um amor de pessoa.

E ela realmente era, além de ser uma das únicas pessoas que Julie conseguia dizer isso. Julie tinha gostado de Anne de primeira, não que pudesse dizer o mesmo em relação ao seu filho maloqueiro e drogado.


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Notas finais do capítulo

A pior coisa para um autor é, sem dúvida - depois da falta de criatividade - saber a opinião dos leitores. Tenho quatro que me acompanham e nem sei quem são eles, apenas um comenta! Qualquer coisa, gente, mande um comentário. Me xingue que eu te xingo de volta, simples.



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