Isso não é... escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 39
Isso não é diversão.


Notas iniciais do capítulo

E aí? Quem estava ansioso? Eu estava - ainda acho que estou, mesmo agora enquanto posto - presa neste capitulo. Foi tão difícil, ruim, superá-lo... Espero que os outros saiam mais rapidamente.
A música é Girls Just Want To Have Fun de Cyndi Lauper (ouvir num episódio de Bones e amei a música) - https://youtu.be/PIb6AZdTr-A



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Oh girls just wanna have

That's all they really want

(Oh, as garotas querem só se divertir

É isso que elas realmente querem)

 

39-Isso não é diversão. (Mas é tudo o que elas querem.)

Quinta-feira, 12 de Maio de 2016

Conversas bêbadas era a queda de Julie, mas quem poderia culpá-la? Julie amaria completamente conversas bêbadas, por toda aquela sinceridade e revelações surpreendentes, se não fosse a parte do choro. Se retirassem o choro que ocasionalmente acompanhava as conversas, Julie estaria feita. Ela achava que esse era o preço a se pagar por alguns minutos de sinceridade – sinceridade ao molho de lágrimas – entretanto, mesmo assim, Julie ainda odiava essa parte.

Duvidosa em relação ao que iria ver, Julie levantou os olhos devagar para Demi, temendo encontrar lágrimas e afins. O que Julie faria se Demi de repente começasse a chorar? Bêbados sinceros e chorões eram a anti-queda de Julie. Ver olhos secos foi um alivio para ela.

—Precisamos conversar – interrompeu Demi. – Bem, eu preciso conversar, você pode apenas ouvir. Sim – ela balançou a cabeça, confirmando suas próprias palavras. – Você só precisa me ouvir.

—Cer... – murmurava Julie, olhando-a curiosa, mas Demi puxou-a antes que ela pudesse terminar de falar.

—Vamos – disse Demi.

E, não podendo fazer nada para impedi-la e estando muito surpresa para isso, Julie a seguiu, percebendo que se alguém necessitava da pergunta "você está bem?", esse alguém seria Demi. Mas não seria ela a perguntar se Demi – Demi que parecia um pouco lunática e bêbada – estava bem, porque era óbvio que sua amiga não estava bem.

—Sabe, Julie? – começou Demi, remexendo-se na cadeira do balcão.

—Não, não sei – respondeu Julie, sentando-se a contragosto ao lado da sua amiga. Por que ela tinha que estar ali?

—Isso – anunciou Demi, como se fosse óbvio. E completou surpresa ao perceber que Julie realmente não sabia o que era "isso": – Eu e Michael e tudo... Isso?

Julie temia ter murmurado algo parecido com “Ahhhh....”, mas se foi um tão desanimado quanto achava que era, ela não sabia, já que Demi continuou do mesmo jeito, sem ser afetada. Ela era realmente boa em fingir que não (ou)viu.

—Isso que não é um relacionamento nem vai ser algum dia, que é apenas um mau hábito. Nos acostumamos a ignorar um ao outro e isso é tudo que sabemos fazer, e quando penso que estamos avançando, na verdade recuamos. Se algo não sai como previsto, caímos de novo nesse mau hábito. Eu tenho que colocar na cabeça que esse Michael não é o meu Michael – disse Demi, fracamente para si mesma e seu copo.  – O meu amigo de infância. Eles podem ser parecidos e idiotas, mas meu Michael sempre estaria comigo, apoiando-me e cuidando de mim, e nunca mentira ou esconderia algo. E esse não é o mesmo Michael. E eu quero mais do que esperar que isso mude – disse Demi, olhando para Julie com um olhar que ela classificou como perdido. – E também quero que Michael tenha mais do que isso.

—Você parece decidida – comentou Julie. E louca, pensou ela, com tudo aquilo de "meu Michael".

—Eu estou – disse Demi, balançando a cabeça tão entusiasmada quanto pode. Ou seja, bem devagar. O simples movimento para cima e para baixo fazia com que diversas agulhas penetrassem ao lado dos seus olhos, nos seus templos.

—E bêbada – falou Julie em vez disso.

—Um pouco – confessou Demi. – E você não é tão sutil quanto acredita que é. – Completando em resposta ao "não sei do que você está falando" de Julie: – Me empurrar para cima do Michael? Literalmente. Colocar o pé para me fazer tropeçar e cair nele? Esperava algo mais requintado de você, Julie.

—Requintado? – ecoou Julie e riu. – Você já viu a bagunça que eu faço quando estou comendo sorvete? Posso ser tudo, menos requintada.

—Certo – concordou Demi. – Mas você não vai me jogar mais para cima do Mike. Eu vou superar isso e já tenho uma ideia. – Dessa vez, Julie não perguntou o que era isso, ela apenas inclinou-se para o lado quando Demi fez o mesmo, como se dividissem um segredo (Demi não contava um segredo) num sussurro: – Sabe o barman bonitinho?

—Ele é um pouquinho mais do que bonitinho – refletiu Julie, jogando a cabeça para trás e encarando fixamente o barman que lhe lançou um olhar desconfiado. Ela devolveu o olhar e sorriu. – Só um pouquinho.

—Sim, sim – concordou Demi, impaciente e irritada ao puxá-la para frente. – Você está fazendo isso de novo, Julie!

—Fazendo o que? – murmurou Julie, não quebrando o olhar entre ela e o barman. Tinha algo nele que Julie não gostava, principalmente quando ele devolveu o sorriso.

Era um sorriso tão estranho, pensou ela, franzido a testa. Julie definitivamente não gostava dele. Seu primeiro instinto podia errar quando ela gostava de alguém e esse alguém se revelava uma praga do tipo bíblica, mas Julie nunca esteve errada quando não gostava de alguém. Quando ela não gostava de alguém, era porque esse alguém não tinha nada para gostar. E Julie definitivamente não gostava do barman.

—“Fazendo o que”? – Demi riu, porque percebeu que Julie realmente não fazia isso consciente, como ela tinha dito antes, embora isso não tornasse as coisas melhores. Se Julie conseguia chamar a atenção de alguém sem tentar, imagine quando tentasse? Demi não teria chance. – Você está flertando com ele!

—Eu não estou – recuou Julie, finalmente desviando o olhar. – Ele não é meu tipo.

—E qual é o seu tipo? – perguntou Demi, curiosa. Por que...

Do que Julie gostava? Ela parecia ser do tipo que gostaria de um nerd que nem ela, alguém que soubesse e entendesse todas aquelas coisas complicadas que Julie gostava de falar só para confundir todos, enrolando-se cada vez mais. Embora Ashton não tivesse nada a ver com esse padrão que Demi idealizava para Julie.

—Moreno, olhos claros, mais velho... – citou Julie.

Alguém como Michael, pensou Demi, sentindo-se com inveja, mesmo que estivesse desistindo de Michael... Não, superando Michael. Mas não era como se fosse um processo de ligar e desliga, não existia algo do tipo “não vou pensar nele e não pensarei nele”. Demi teria que trabalhar naquilo para superar, porque aquilo era realmente um mau hábito que começava a dominar a sua vida. Principalmente quando ela sentia ciúmes de sua melhor amiga, pensando que Julie e Michael poderiam ter algo, quando Julie já estava apaixonada por alguém que não era Michael.

—Porque Ashton é tudo isso... – cantarolou Demi, sorrindo com o olhar afiado que Julie lhe lançou. Ash realmente era tudo que Demi pensou que Julie não fosse querer.

—O que você quer? Pensei que estávamos falando de você.

Por um momento, Demi pareceu confusa. Julie viu isso, tão bem quanto sabia que ela pensava “De mim? Estávamos falando de mim?”. Como foi que Demi tinha chegado nessa situação de bêbeda? Certo que Demi não estava completamente bêbada, como na festa pós-basquete, bêbada ao ponto de subir no balcão e fazer strip-tease, mas ela ainda era menor de idade para estar um pouco que fosse bêbada num local comercial.

—O barman me chamou para sair! – lembrou Demi, arregalando os olhos. – Não que eu espere um relacionamento, eu apenas quero, mereço, me divertir um pouco.

—Ele que te deu essa bebida? – adivinhou Julie, puxando o copo suspeito para si e cheirando, franzindo o nariz antes mesmo de sentir o cheiro. – Isso tem álcool. Quem te deu isso, Demi?

—Quem você acha? – perguntou ela com um risinho irritante.

—Que você vai para casa – respondeu Julie, puxando-a para que ficasse em pé e empurrando-a com dificuldade. – Você não deveria beber coisas suspeitas.

—Sim, papai – zombou Demi. – Vai me mandar de volta para aquela escola que todos me odeiam também? – questionou ela. (Talvez não tão zombeteira assim, parecia mais sonolenta; quando Demi tinha bebido?) – Eu não gosto daquela escola nem dos meus colegas de classe. Nem eles de mim.

—Eu gosto de você – confessou Julie, querendo que o momento dramático parasse, quase com pena. Isso é, caso ela sentisse pena de alguém, pois não era como se existisse inocentes no mundo. Todas as pessoas fazem por onde.

O homem é o lobo do homem, afinal, refletiu Julie, dando-se conta que estava com mais fome do que achava se estava toda filósofa, falando de comida e injustiças e seres humanos. Eram perguntas existenciais que ela utilizava apenas para se esquecer que estava com fome, pois se perdia demais em reflexões... Assim como teoria quântica e universos paralelos e paradoxos. Julie amava paradoxos – a teoria por trás deles, como existia paradoxos nos paradoxos, bem como uma preferência na ordem do menos paradoxo acontecer durante vários paradoxos mutuamente parado... Julie amava eles e era o que importava. E ela estava com fome. E seu bolo não tinha chegado.

Mas Demi estava bêbada e iria para casa, lembrou-se Julie, e seus planos arruinados. Ela mataria Demi depois por ter arruinado seu bolo grátis.

—Você só gosta de mim porque você é o meu pai, papai – delirou Demi, agarrando-se ao braço dela.

—Esse é mais um desafio? – questionou Calum, franzindo a testa.

—Ela está bem? – perguntou Michael, levantando-se preocupado e segurando-a quando ela cambaleou para um lado.

—O que você fez, Julie? – exigiu Luke, encarando a irmã novamente, acusando-a.

Julie balançou a cabeça, incrédula pela falta de confiança do seu irmão nela. O que ela tinha feito para merecer isso? Além de ter confessado que mentira na cara dele, é claro, mas ela estava protegendo seu irmão da verdade!

—Eu não sou... Quer saber? – perguntou Julie. Ninguém entendeu a pergunta. – Vamos para casa. Agora.

—Seu bolo não chegou – disse Ashton.

—Droga – disse Julie, sabendo disso, mas odiando mais ainda ter a confirmação de que estava certa.

Normalmente, Julie amava estar certa, só que ela amava mais ainda estar de barriga cheia. E ela não estava. A satisfação de estar certa não valia a pena em frente à insatisfação de estar com fome.

—Eu a levo para casa – ofereceu Mike.

—Você? – piscou Julie, cética.

—É – concordou ele, animado.

—E não vai se aproveitar dela? – perguntou Julie, testando as convicções de Michael.

Ela realmente não acreditava nessa farsa de bom samaritano que Michael fingia que era. Não que ele fosse a pior pessoa do mundo, só que... Michael fingia ser essa pessoa para Demi e era uma surpresa vê-lo não escondendo isso.

Talvez ele estivesse cansado. Julie também já estava cansada dessa brincadeirinha entre eles, esse jogo de chover e não molha... Esse mau hábito, como Demi disse. Julia adoraria ter formado um casal – não que fosse romântica, mas Demi e Michael era um dos seus OTPs na vida – só que ela percebeu que não podia formar um casal, ela não tinha poder para isso. E mesmo se tivesse não o usaria, isso era algo que eles deviam conseguir sozinhos caso contrário não teria valor. E Julie tinha sua própria vida amorosa – ainda era uma surpresa usar essa frase, pois, "ela tinha uma vida amorosa?" – para se preocupar.

—N-não – gaguejou Michael, lembrando-a da vida amorosa alheia. – Eu nunca faria isso. Aproveitar-me de Demi quando ela não pode ser defender? Pfff, claro que não.

—Por que esse "não" não me convenceu? – questionou-se Julie, olhando-o desconfiado. Ele era um suspeito tanto quanto o barman. – Sou amiga de vocês dois, não tenho dúvida de isso, mas não faça nada com que possa se arrepender.

—Julie Hemmings admitindo que tem uma amiga? – disse Mike, sorrindo. – Nunca pensei que fosse ver isso acon...

—Eu não...

E apesar de lutar tão fortemente contra essa reação, Julie não pode evitar recuar ao ouvir essas palavras. Depois de tanto tempo recuando ao ouvir elas, quase como se temesse ser contaminada – ou contaminar alguém – era difícil lutar contra o instinto que adquiriu. Ao seu próprio mau habito.

Não ter amigas – amigas dos sexos femininos – fazia parte de quem ela era. E Julie não sabia o que seria de si sem isso. Mas ter uma amiga era tão ruim assim? Julie não conseguia se lembrar de nada tão tenebroso assim. Antes. Antes das partes tenebrosas acontecer, é claro.

—Você não pode deixar que uma amizade ruim te impeça de fazer novas amizades – disse Michael, colocando uma mão no ombro de Julie e apertando-o.

—Uma? – repetiu ela, livrando-se daquele conforto. Ela não precisava disso. Ela não merecia isso. – Diga isso para Malia...

No seu caixão, completou Julie no pensamento, mas não disse.

—Malia? Quem é Malia? – questionou Michael e Ashton juntos.

Eles não conheciam nem uma Malia, embora Ash estivesse mais perdido do que o Michael, pois não fazia ideia de qual era a amizade ruim que impediu Julie de fazer novas amizades... Se bem que isso explicaria porque Julie era tão teimosa ao admitir que tinha uma amiga.

—Malia é um segredo que levarei para o túmulo...

Dela, mais um complemento mental. Julie realmente odiava isso de segredos, mas aquele segredo não era dela...

Um rápido olhar a Calum confirmou-lhe que ele estava pálido e que aquele segredo também era dela, mas Julie não se sinta no direito de dizer quem era Malia. Talvez um dia sim, mas não naquele momento.

Talvez se Malia ainda tivesse viva, Julie ainda tivesse uma melhor amiga...

Ela nunca saberia, mas gostava de pensar que sim, que nem todas as amigas que fazia lhe davam as costas depois de um tempo, como se Julie fosse uma ferramenta para sair do fundo do poço e depois não servisse para mais nada, como se esse fosse o seu único propósito da sua vida. Como se tivesse uma doença transmissível.

Se Julie odiasse alguém, esse "alguém" seria Agatha, ela não tinha dúvida. Ela tinha feito-a ter medo de fazer amizades. Julie negaria é claro – ela com medo? – contudo o que mais Julie Hemmings temia era fazer amizades. Quem teme fazer amizades? Julie! Ela se sentiu péssima ao confirmar isso, ela claramente era misógina e do sexo feminino ao mesmo tempo. Ela era uma decepção como feminista.

—E não fale como se conhecesse Agatha – completou Julie. – Nós não éramos amigos naquela época.

—Acho que todos conhecemos o drama Agatha&Julie.

—Eu não conheço – disse Ashton, sentindo-se ignorando.

Não estudar no mesmo colégio deles o fazia se sentir ignorado, perdido em algumas expressões mesmo após três anos de amizade. Ashton não fazia a mínima ideia de qual era o drama Agatha&Julie. Ele nunca tinha ouvido falar de um drama assim antes.

—Drama Julie&Agatha – corrigiu Julie. – Eu venho na frente.  E você só diz que a conhece porque ela dava em cima de você. Não acredite nos dramas que ela fez.

—Você nem sabe o que ela disse...

—E nem preciso – interrompeu Julie. – Aquela menina era uma peste bubônica.

Todos – tirando Luke e Calum que conheciam a praga em questão – ficaram de boca aberta. Julie estava tão... Irritada. Eles ficaram surpresos por isso. Ela não ficava com raiva facilmente – Julie os colocava lá facilmente – e isso não era tão bom quanto pensaram que seria. Eles ficaram tristes – sem exceção, até Calum e Luke, que conheceram o drama ao vivo, sempre ficavam abalados ao pensar nele.

—Ela era sua melhor amiga – disse Michael, sem entender.

—Exato! Era, conjugação de ser no passado, então a deixe no passado pelo amor de Deus.

Ashton pensou no quanto aquilo parecia perfeito para a sua confusão: Julie era sua melhor amiga e... Ele não queria perder a única amiga que tinha. Ashton esperava que toda essa historia de paixão fosse apenas um capricho de Julie – não tinha como ela está realmente apaixonada por ele – e que o tapa que ela deu nele a tivesse feito perceber isso.

—Eu não quero falar do diabo para chamá-lo, você sabe como são as pragas.

—Cer... - o olhar no rosto de Julie disse que nada estava certo e Mike parou na metade. – Acho que vou levar Demi agora? – disse Michael, como uma pergunta, pedindo a permissão de Julie

—Faça o que quiser – rosnou ela, puxando a cadeira e sentando-se com tudo. – Agora eu quero comer bolo. Toda essa conversa me irri... Ei, Ethan! – gritou Julie, levantando-se tão rápido quanto sentou e acenou animada.

O olhar de Ethan poderia ser classificado como puro terror e parecia que ele dizia algo como "essa não" para si mesmo. Ashton sentiu pena dele, que virou-se pronto para sair da pizzaria, mas foi detido por uma mão pequena na sua, que o puxou em direção a mesa deles.

—Parece que você iria me ignorar e fugir, Ethan – repreendeu Julie, parecendo que tinha pegado-o roubando. Ashton sabia como Ethan sentia-se por experiência própria.

—N-nãooo – disse Ethan, olhando ao redor e gemendo quando a pequena garota lhe pisou no pé. – Paciência, Sammy.

—Você está me ignorando – disse a garotinha, cruzando braços com birra. Ashton achou isso estranhamente parecido quando Julie fez birra. – Vou dizer a mamãe!

—Certo, pare. Julie, Ashton, Luke, Calum... Aqueles são Michael e Demi fugindo? – apontou Ethan para os dois.

—Você está enrolando – disse Julie e a garotinha juntas, que se olharam surpresas e sorriram conspiradoras. Julie nem sabia quem ela era, mas já tinha gostando da garota. Era sempre assim. Julie era ótima com crianças pequenas, elas a adorava.

—Certo. Essa é Sammy...

—Mamãe disse que você deve dizer o nome completo ao se apresentar para alguém e Sammy é meu apelido – implicou Sammy.

—Certo. Essa é Samantha Wood, satisfeita?

—Então ela não é a sua irmã? – questionou Luke, porque ele estava quase certo que o sobrenome de Ethan era Lewis.

—Eu já ouvi esse nome antes – murmurou Ashton.

—Ah, ela se parece mesmo com... – murmurou Julie. Eles tinham a mesma pele pálida, o cabelo e os olhos escuros, só que a personalidade, ao que parecia, era completamente diferente. Anos luzes de diferença.

—Aí estão vocês! – gritou a diretora da escola entrando na pizzaria. – Eu disse para me esperarem... Olá, garotos. E garota – completou Cornélia rapidamente quando Julie e Sammy abriram a boca para implicar.

—Mãe, não precisa correr – disse Oliver, desfilando paciente pela pizzaria, com as mãos no bolso e a expressão mais calma que alguém ali já viu. – Ahh... Ei, Ethan – murmurou ele ao lado do amigo. – Essa é a Julie que você saiu para um encontro e deu bolo?

—Oliver! – sibilou Ethan, corado. – Pense uma vez antes de falar ao menos!

—Vamos, vamos, garotos – chamou Cornélia, lançando um olhar preocupado a Ethan, que parecia que iria entrar em combustão espontânea, antes de pegar a mão de Sammy e puxá-la. – E garota. Vamos deixá-los sozinhos. Não fiquem até tarde – disse ela, indo para sua própria mesa.

—Boa noite, sra. Wood – disseram Luke, Calum e Ashton juntos, muito educados.

—O mesmo para você, Cornélia – disse Julie, sempre tão íntima, recebendo um olhar frio de Oliver e repreensivo dos seus amigos. Cornélia só a olhou divertida e Sammy curiosa. – Tchau, Ethan. E Oliver! – gritou Julie.

—Ei – murmurou Oliver, acompanhando o amigo ainda corado até a mesa que sua mãe sentou-se. – Como ela sabe o meu nome?

—Ei – disse Calum, virando-se para Julie. – Oliver é filho da diretora?

—Você não sabia? – E completou (só porque amava uma fofoca): – E levantador do time da escola. Sabe aquela casa que fomos para a festa depois do jogo de basquete? — A mesma casa que tive uma epifania sobre estar tão ciente de Ashton, pensou Julie. – Ela é da Cornélia.

—Cor... Você está dizendo que a festa foi na casa da diretora? – questionou Ashton, chocado. – Eu acho que quebrei um vaso de... Nada – completou Ash, falando mais baixo, lançando um olhar preocupado para a mesa vizinha.

—Hum, sei – disse Julie. – Acho que vou dizer a Cor...

—Eles não são nada parecidos – comentou Luke, ainda observando Ethan e Oliver.

—Eu não acho – disse Julie, observando-os interagirem um com outro e sorrindo.

Eles realmente não tinham nada em comum, com Ethan pálido e ruivo e cheio de sardas enquanto Oliver era moreno e alto. (Ele era meu tipo, pensou Julie, tendo realmente gostado dele e do seu jeito frio. Isso é, se Oliver fosse mais velho e não estivesse enrolado com um amigo dela, ele seria o seu tipo perfeitamente.)

—E mesmo se fosse verdade, eles se dão muito... Oh, meu Deus! – gritou Julie, animada. E, para demonstrar isso, ela começou a pular sem sair do lugar. – Essa é a minha música!

Ashton não fazia ideia de que musica era, mas ela devia realmente ser a musica favorita de Julie, porque ela nem tinha começado – ainda estava no toque – e Julie já tinha reconhecido-a. Calum e Luke também, pois gemeram, se olharam e murmuram em resposta a pergunta que Julie nem tinha feito ainda:

—Ashton.

—Quem vai dançar comigo? – perguntou Julie mesmo tendo ouvido a resposta. E se eles tivessem previsto uma pergunta diferente? Era bom ter certeza. Mas eles não reagiram, então ela puxou o escolhido. – Vamos, Ash. – E começou a murmurar enquanto corria até a pista de dança: – Oh meu Deus, oh meu Deus...

Sem saber o que o aguardava, Ashton deixou ser puxado e pensou ter ouvido algo como “Boa sorte” e “Você vai precisar” – e um “Ei, Julie? Demi? Você esqueceu da Demi?” de Michael – antes de descobrir o porquê disso.

Se Julie era péssima dançando “normal”, ótima dançando de modo sexual, Ash não sabia o que pensar sobre ela dançando como antigamente, com tudo que uma musica antiga – aquela musica que tocava era uma delas – tinha direito: mexidinha dos ombros, virada para os lados, cabeça balançado ao vento... Mas Julie parecia estar se divertindo muito.


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Notas finais do capítulo

A música que Julie ama no final é a mesma que está em cima, ok?
Quem prefere capitulo longos? Ou os curtos? Eu gosto de medianos, entre 2000 e 3500 palavras, mais ou menos. E vocês?



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