Isso não é... escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 37
Isso não é irritação.


Notas iniciais do capítulo

Quem quer mais um capitulo? Eu!!!
A música é Jealous de Nick Jonas - https://youtu.be/yw04QD1LaB0
Boa leitura!



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It’s not your fault that they hover, I mean no disrespect

It’s my right to be hellish

I still get jealous

(Não é sua culpa que deem em cima de você, não quero ser desrespeitoso

Mas tenho o direito de ficar irritado

Ainda sinto ciúmes)

 

37-Isso não é irritação. (Caso fosse, você não estaria aqui agora.)

Quinta-feira, 12 de Maio de 2016

Seu carinha passou na direção do banheiro e Julie o seguiu. Ela duvidava que fosse arranjar um lugar melhor do que aquele para conseguir o telefone do bonitinho, porque aquele era um ótimo lugar. Julie ate podia citar dois ótimos motivos: ali não teria plateia – Julie odiava uma plateia intrometida tanto quanto o segundo ótimo motivo; e ali não tinha como sua conquista fugir, pois era quase certo que ela tentaria fugir. Ela devia ser louca se não fugisse, e se esse fosse o caso Julie era quem deveria fugir.

O dia sem garotos deve ter começado dando errado quando Julie sugeriu o desafio de conseguir números de garotos e Demi prontamente aceitou. O fato de Demi ter aceitado aquele jogo já deveria ter sido um sinal para que as coisas não estivessem bem, mas não... Julie queria se divertir e ganhar o próprio jogo que sugeriu, e ate agora ela estava na dianteira com quase dez números a mais. Julie estava indo para ganhar esse jogo, e nem participar do karaokê – desafio dentro do desafio e justiça para que a balança entre ela e Demi ficassem equilibradas (e que futuros carinhas se traumatizassem) – a impediria disso. Julie ganharia custe o que custar; coisas ruins aconteciam quando ela perdia uma aposta.

Claro que Ashton não sabia de todos esses detalhes, mas não tinha importância. Julie só ia pedir um número, ela não iria marcar um encontro. Ou o casamento. Só era um número. De um garoto bonitinho. Bonitinho que era sinônimo de feio. E Julie estava apaixonada por ele pelo amor de Deus! Ela não iria... não iria... Por que diabos ele estava tão irritado com isso? Não era como se eles fossem namorados ou gostasse de Julie daquele jeito para poder ficar com ciúmes desse jeito... Isto é, se o que Ashton Irwin sentia naquele instante fosse ciúmes, porque Ashton Irwin não sentia ciúmes. Não de Julie. Não de Julie vestida como uma hippie. Não de Julie e do seu carinha bonitinho. Não de Julie em seu todo... Quem ele estava querendo enganar? Ashton estava morrendo de ciúme e irritação por não poder ir tirar satisfação com Julie e sua suposta paixão por ele.

—Elas vão realmente nos ignorar? – questionou Calum, embasbacado pelo comportamento delas. Contudo não tanto quanto Ashton. – Porque é o que parece.

—É o que parece – concordou Luke, equilibrando todos os condimentos que tinha na mesa. E Calum, distraído com o celular, lhe passava mais coisas quando Luke o cutucava, sem pensar, em modo automático.

Era como se alguém tivesse que ser louco ali já que Julie não estava, pensou Ashton. E loucura devia estar nos genes compartilhados deles, mesmo que eles não fossem gêmeos idênticos, porque Luke era bom no personagem.

—Não vou ficar aqui – falou Mike, levantando-se. Ele que estava ficando louco sem ter Demi sob sua vista.

—Com "não vou ficar aqui", ele quer dizer que irá seguir Demi? – perguntou Ashton, vendo-o seguindo Demi. E querendo seguir Julie, mas qual desculpa ele teria?

Ashton não se sentia no direito de seguir Julie quando tinha rejeitado-a – ou sido rejeitado, não fazia diferença, tudo levava para o mesmo fim; ela com um carinha bonitinho e ele querendo segui-la, mas... – e com certeza Ashton não iria segui-la quando próprio irmão dela não se sentia no dever de fazer isso. Embora Luke parecesse muito ocupado para ter percebido o que sua irmã fazia. Ou estava tão louco que não se importava com o que ela fazia.

—É o que parece – repetiu Luke, concentrado em empilhar o saleiro em cima do ketchup, que por sua vez estava sobre a maionese, essa que tinha a mostarda como base.

—Você não está nem olhando.

—Não – concordou Luke, observando sua torre de pisa (Que quase ironia! Uma torre de pisa quando esperava pizza! Seria melhor ainda se estivessem em Roma!) Onde seria o centro de gravidade daquilo? – Mas estou certo. Passe-me o paliteiro, Calum – pediu Luke, esticando a mão sem retirar os olhos daquilo. - Eu também posso dizer que Demi está fazendo um ótimo trabalho em ignorar Michael.

—Isso não é uma novidade – retrucou Ashton, vendo Demi ignorando Michael (e flertando com o barman para conseguir o número dele) sem esforço. E Mike nem tinha orgulho para sair dali! E cadê Julie? Ela já não deveria ter voltado? Pegar o telefone de alguém não deveria demorar tanto, a menos que...

—Assim como ter Michael seguindo Demi não me surpreende – explicou Luke,  levantando os olhos. - Pronto, eu terminei! O que acham?

—Isso é...

Ashton queria saber o que era isso. Isso não era nada que ele já tenha visto antes. Isso era um monte de coisas empilhadas de algum jeito e que pareciam tentadas a cair e não caiam, desafiando a física. Isso era...

—Fantástico – completou Calum, batendo-o no ombro. – Agora arrume tudo que a pizza está chegando.

—Estraga prazeres... – murmurou Luke, desmontando sua obra prima ate perceber que sua irmã não estava ali. Quando ela tinha saído? – Cadê a Julie?

Ashton não se surpreendeu, apenas balançou a cabeça. Aquilo era uma permissão dele ir atrás de Julie. Se aquilo não fosse, Ashton não saberia mais qual era o sentido da vida.

—Vou chamá-la – disse ele, seguindo-a tarde demais.

Tarde demais. Tarde demais para que sua mente não criasse fantasias por toda aquela demora de Julie, só que cedo para que elas não se realizassem completamente. Ashton agradecia ao fato daquela pizzaria não ter apenas a melhor pizza, mas a melhor e mais rápida pizza da cidade, porque se ele tivesse demorado um pouquinho, um pouquinho que seja, Ashton não sabia o quão avançando a cena na sua frente estaria. Ela já estava bem avançada para seu gosto, com Julie inclinada sobre o cara bonitinho – ele realmente era bonitinho, um bonitinho que Liz aprovaria, na opinião de Ashton. E era um inclinado que sugeria que Julie iria beijá-lo.

—Querida – disse Ashton, com um grande sorriso, como se não tivesse percebido que eles estavam quase se beijando. Ou simplesmente o cara bonitinho. – Ah, oi. Sou Ashton, namorado dela. – E para comprovar Ash passou um braço ao redor dos seus ombros, puxando-a para si. Mais possessivo impossível. – Não é, amor?

A maneira que Julie olhou-o fez Ashton se parabenizar por saber se aproveitar tão bem de uma situação. Não tinha como Julie mandá-lo desaparecer e negar o que ele disse sem reconhecer que Ashton existia. E ela os ignorava!

Graças a Deus, agradeceu Ashton por estar sendo ignorado.

Mas que diabos!, amaldiçoou Julie. Ela não sabia quão apelido era pior: amor ou querida. Ela odiava ambos. Ela queria matar Ashton.

O cara bonitinho sorriu para Julie, balançando a cabeça e dizendo para si mesmo ao passar por eles “eu devia saber, era bom demais para ser verdade”. Ele podia ser um dos bonitinhos tão falado de Liz, mas Julie realmente gostou de ter conversado com ele... E ela iria fazer muito mais do que isso. Ou não, Julie ainda estava se decidindo. Mas não teve oportunidade, por que alguém a interrompeu.

—Qual você prefere: amor ou querida?

Sorrindo resignada e de cabeça altiva, Julie bateu com toda força que conseguiu o ombro no dele ao passar por Ashton. Ela realmente odiava ser chamada de amor, querida ou preciosa. Ela realmente odiava o que Ashton fez. Ela realmente não odiava Ashton. Ainda não, mas se ele continuasse desse jeito... Ela preferia ele no chão gemendo de dor.

—Ou você quer preciosa? – questionou Ashton, puxando-a pelo braço, não satisfeito com a cena que fez. Ele não sabia o que fazia! Ash estava que nem Calum, em piloto automático.

Se alguém lhe perguntasse, Ashton diria que era totalmente culpa de Julie o que aconteceu a seguir. Ele não tinha planejado que suas bocas, por acaso – puramente por acaso – tivessem se unido. Não era como se Ashton quisesse beijá-la ou tivesse feito algo para que isso acontecesse – algo além de ter puxando-a pelo braço e empurrando sua boca agressivamente contra a dela. Não era. Ou como se ele ainda pensasse "meninas são nojentas", só que... Ele e Julie? Não. Ele com ciúmes? Não. Não mesmo. Sem chance.

Apesar de que... Julie pareceu estar na fase "meninos são nojentos" – se é que algum dia ela esteve – pois Julie não o beijou de volta. Ela o empurrou e deu um tapa na sua cara, olhando-o enojada quando Ashton colocou a mão na bochecha quente e ela esfregava os lábios furiosa,  tentando apagar qualquer vestígio dos lábios dele nos dela. Quem Ashton achava que ele era? Quem Ashton achava que ela era?

—Quem você acha que é? Nunca mais me beije sem minha permissão! Eu já disse que não. Não iremos ser amigos coloridos, com benefícios ou o que seja. Não sou uma de suas vadias para que você me beije quando quiser. Não sou sua para que você me trate como um objeto. Nem sou um objeto pelo amor de Deus! Sou uma pessoa. Uma pes-so-a. Você sabe o que é isso? Então me trate como uma! E saia da frente, Calum, se não vai sobrar para você – avisou Julie.

—Mandou bem – elogiou Calum, levantando a mão para um high five.

Julie revirou os olhos, mas bateu com força – e com a mão esquerda; a direita ainda ardia - quando passou por Calum, que o olhou questionador. Pelo fato dela ter retribuído o comprimento com sua mão não dominante ou pelo por que de tudo aquilo estar acontecendo? De qualquer jeito, Julie movimentou a boca em algo vagamente parecido com "bem". Ela odiava "bem".

Dizer que estava bem era compactuar com a mentira mais dita no mundo: eu estou bem. Mas ela estava. Não era como se Ashton tivesse roubado seu bv – embora ele tivesse roubado e agido desse mesmo modo quando fez isso, tratando-a desse jeito. Julie só odiava ser tratada como um objeto, um boneco sem emoção, e saber que Ashton tinha beijado-a não por ciúmes, mas por um sentimento de possessão, tornava tudo pior. Ash sentia que ela o pertencia só por causa dos sentimentos dela; seu ego, sua masculinidade – agora que Julie tinha quebrado seu voto de silêncio, ela podia dizer a Ashton onde ele deveria enfiá-los – ele, Ashton Irwin, não aceitaria ser descartado. Como se Julie ligasse para o que um idiota queria.

—Você não vai dizer nada? - questionou Ashton, cansado do olhar de Calum. Por que ele o olhava com pena e não raiva? Ele preferiria muito mais um olhar ameaçador.

—Por quê? Julie já parece ter dito muitas coisas.

—Não vai me bater também?

—Não. E agradeça por não termos comido ainda e eu querer pizza, se não Luke já saberia. Aí sim, ele te bateria.

—Comer? Julie deve querer qualquer coisa agora menos eu ao lado dela...

—Julie não está com raiva – disse Calum, franzindo a testa.

—Ju...? Ela pode esquecer facilmente o que você faz, Calum, mas comigo as coisas não são...

—Se ela estivesse com raiva – explicou Calum – ela o socaria, quebraria seu nariz, daria um chute você sabe onde, e não um tapa fraco desses. Ela não está com raiva.

Mas Ashton só acreditou quando Julie ordenou "me passe a mostarda, Irwin", esticando a mão impaciente; e Ashton viu a palma vermelha dela. Ele a encarou fixamente. A bochecha dele queimava vagamente, já esquecida do tapa – e Calum tinha dito que ela não estava vermelha – mas Julie era branca, branca, mais branca do que ele e sua mão agora estava vermelha, vermelha, como se sangue fosse tudo que ela conhecesse...

Está tudo bem, Julie não disse, mas o joelho batendo no seu teve o mesmo efeito. E a mão esquerda dela apertando seu joelho. Ashton colocou a sua por cima, entrelaçando-as, e não acreditou nem um pouco.

As coisas não estavam nada bem.

Bem não era ele sentindo ciúmes de algo que não era seu – não que Julie fosse um objeto, Ashton tinha aprendido a lição. Bem não era ele fingindo ser o namorado de Julie – e gostando disso. Bem não era ele beijando-a a força – e se odiando depois por isso. Bem não era ele sendo reconfortado pela pessoa que deveria estar com raiva dele – e se odiando ainda mais por não conhecer Julie tanto quanto achou que acreditava (Ela não estava com raiva dele? Ela estava reconfortando-o? Sério, Julie Hemmings o reconfortava?) Bem era qualquer coisa, mas não o que quer que estivesse acontecendo agora... Ou quando quer que isso começou.

Ashton não estava bem.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei Ash, mas eu estou bem. Um capitulo por dia? Isso só está acontecendo porque eles já estavam quase prontos, vamos ver ate onde eles vão...
Qualquer dúvida ou incoerência ou relação com a realidade não hesitem em me dizem.



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