Isso não é... escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 15
Isso não é uma escolha.


Notas iniciais do capítulo

Bem... Olá?!
O mais estou gostando - além de Caluke, é claro - é procurar músicas para a fic. Estou encontrando tantas interessantes, é achando uma e baixando. Essa é Luck de American Authors - https://youtu.be/Uc0mJJHYrHM



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/704566/chapter/15

How can we both pick sides when we know nothing's right?

Open up the door that's shut

(Como podemos escolher lados quando sabemos nenhum está certo?

Abrir um porta que está fechada)

 

15-Isso não é uma escolha. (Até porque não tem o que escolher!)

Domingo, 01 de maio

A primeira coisa que Anne disse ao seu filho vê-lo descendo as escadas de ressaca? “Cadê a Julie?” Mãe era uma dessas, que se preocupava mais com a amiga do filho do que com o fato dele ter ou não bebido e está ou não com ressaca. Por que se preocupar com ele quando se tem uma garota como a Julie?

A filha perfeita que me fez ficar bêbado, pensou Ashton amargamente, ela era perfeitamente perfeita em levar os outros para o mau caminho. Ela já estava até nele, mas... Isso não era justo com a Julie, Ashton sabia disso e se sentia triste por ela. Ele nunca iria querer estar no lugar dela. Deveria ser insuportável ver a pessoa que ama todo dia e não poder nem demonstrar, e mesmo assim Julie continuava como se nada estivesse acontecendo dentro de si, sorrindo, provocando, flertando... Apenas num momento de fraqueza foi que ela contou a Ashton e ele não sabia como reconfortá-la. Ou aliviar sua própria consciência. Como dizer a Julie que seu amor era errado?

—Cadê a Julie, querido? – perguntou Anne, piscando inocentemente, alheia aos sentimentos do filho.

Não que ela fosse agir diferente se soubesse deles, Anne continuaria querendo saber onde Julie estava para poder reconfortá-la. Ashton sentiu-se tentado a contar tudo, mas Julie havia confiado nele – ou seja, estava muito bêbada para saber o que fazia – e ele não podia contar algo que obviamente era um segredo para sua mãe, embora soubesse que Anne não iria julgá-la.

—Bom dia para você também – disse Ash, forçando um sorriso.

—Faz tempo que ela não vem aqui – continuou Anne, ignorando-o e parecendo meio triste com o fato de ter sido ignorada pela Julie.

—Seu filho é outro, senhora Anne.

—Grande coisa – desconsiderou ela, abanando a mão e revirando os olhos. – Eu quero a Julie, não você.

Ashton deveria sentir medo da faca de manteiga que ela apontava para ele, parecia bastante ameaçadora toda banhada de gordura.

—Puxa, obrigado – agradeceu ele, puxando a cadeira. Não tinha como não se sentir querido com uma recepção calorosa dessas. – Você sempre me faz sentir especial.

—Qual é, querido? – questionou Anne, deixando o jornal de lado. – Não está com ciúmes, está?

—De você preferir sempre a Julie a mim? Pff. Não.

—Que bom – assentiu ela, voltando para o jornal. – Porque é a verdade.

Por que se preocupar com Ashton quando se tem a Julie?” Parecia que Anne vivia para essa pergunta. Se fosse para escolher entre Ash e a amiga do seu filho seria fácil. Isso não poderia nem ser considerado uma escolha.

—Julie tem uma casa. Uma mãe. Um... – Ashton não conseguiu dizer “irmão”, parecia uma traição. – Afinal, por que ela estaria aqui a essa hora?

—Oh, você sabe... – disse Anne, abrindo um sorriso malicioso para o filho ao bebericar o café. Deveria ser proibido uma mãe fazer um sorriso desses e sugerir algo do tipo a um filho. Ashton engasgou-se com o ar ver isso.

—Você reclama quando me encontra beijando qualquer garota e está sugerindo que eu durma com a Julie?

—Julie tem classe. E essas meninas que você traz não – apontou sua mãe, nem piscando ao pronunciar essas palavras. – Você podia namorar com ela, não? Vocês são amigos há tanto tempo que seria apenas uma evolução. E ela é bonita, certo?

—Não – negou Ashton, horrorizado pelos pensamentos de sua mãe, embora não surpreendido.

Não era a primeira vez que Anne sugeria algo desse tipo, mas... Ashton e Julie juntos? Não. Sem chance de algo desse tipo acontecer – e o pensamento que Ashton queria esquecer e tinha conseguido voltou – não quando ela era apaixonada pelo irmão.

—Não? Julie não é bonita? Não me diga... – Anne levou a mão à boca, os olhos arregalados e disse num sussurro: – Você é gay?

—O que?

Ashton realmente não sabia de onde sua mãe retirava essas coisas, porque... Simplesmente não tinha como Anne achar isso, embora ele não duvidasse que ela pudesse realmente acreditar nessa historia. Como se Anne nunca tivesse encontrado o filho agarrando-se com alguma menina em momentos... bastante fortes.

—Eu não tenho nada contra isso, só quero que você seja feliz – disse ela, tomando um gole de café.

—Obrigado... eu acho?

Era bom saber que mamãe quisesse que eu fosse feliz, apesar de..., Ashton não conseguia nem completar o pensamento de tão surpreso que estava. Suas preocupações eram completamente sem cabimento. De onde Anne estava tirando isso?

—Embora ficarei meio triste com o fato de não ter netinhos... – murmurou ela.

—Mamãe...

—Mas sempre pode se adotar... – continuou ela. Do nada, sua cabeça levantou-se, olhando-o como se tivesse entendido algo muito complicado. – Ahh, agora faz sentido você e Julie serem tão próximos e nada nunca ter acontecido entre vocês.

—Não.

—Não? Então quer dizer que já aconteceu algo entre vocês?! – exclamou Anne, batendo as mãos contra a mesa. – Eu sabia! Eu disse isso a Liz, mas ela não acreditou.

—A Liz? A Liz, mãe de Julie?

—Sim – confirmou a abençoada mãe de Ashton, balançando a cabeça semelhante a um boneco de mola. – Ela disse a mim que vocês eram apenas amigos ainda, e eu disse que vocês não eram apenas isso há muito tempo. Eu preciso contar isso a Liz – murmurou Anne, pegando o celular – ela está me devendo cem reais.

—C-cem reais? – repetiu Ashton, engasgando.

Elas haviam apostado sobre isso? Com um exemplo desses, Ashton estava perguntando-se se não deveria sair por aí fazendo apostas imorais, ganhar um bom dinheiro conquistando garotas para logo depois rejeitá-las.

—O que acontece se eu for mesmo gay ou Julie lésbica?

—Você não é gay – comentou ela, teclando no celular.

—Mas você estava falando...

Anne sorriu e Ashton soube que ela estava brincando com a sua cara. Ela e Julie eram iguais nesse aspecto. O amor em fazê-lo de trouxa.

—E a Julie?

—Aquela menina não tem como ser lésbica apaixonada daquele jeito por caras morenos, tipo o Johnny Depp.

Ashton tinha que discordar, Julie era apaixonada por alguém loiro de olhos azuis, uma versão feminina dela mesma.

 

Julie passou a manhã toda reclamando silenciosamente da dor de cabeça que sentia, pois sua mãe não podia nem imaginar que ela estava de ressaca. Só de pensar no sermão que Liz lhe daria, Julie sentia sua dor de cabeça voltando e ela nem tinha ido para começo de conversa. Oh, maldita, praguejou Julie, silenciosamente. Minha dor de cabeça, não Liz. Deus me livre dela ouvir meus pensamentos.

—Você deveria parar de fazer careta se não ela vai perceber – disse Luke.

Em resposta, Julie fez mais uma careta, provocando-o, mas também pelo remédio que ele tomou sob a sua vigilância antes que passasse para ela o copo com água. Aquele remédio era repugnante. Observando-o, Julie permitiu-se perceber a semelhança entre eles. Os dois tinham a mesma pele pálida, os olhos azuis e os cabelos loiros, só que os de Julie eram mais claros que os de Luke. E eu sou mais bonita, pensou Julie, sorrindo. Embora Luke não fosse feio e encarava-a de um jeito estranho. Julie achava que era uma retribuição ao olhar que ela o havia dado em primeiro lugar.

—O que foi? – perguntou Julie, desviando os olhos para poder tomar sua água. Apenas água sem remédio.

Nem com a dor de cabeça que tinha, Julie tomava remédio. Ela não gostava de remédio e não era pelo gosto ou algo similar, Julie apenas queria que seu corpo curasse por si mesmo. Ela achava que devia dar ao menos isso a ele, a oportunidade de se mostrar útil depois de tudo.

—Você está me encarando – afirmou Luke.

—Sim, você tem... – Julie franziu as sobrancelhas pensando numa desculpa aceitável, quando percebeu algo. – Nem parece que você está de ressaca.

—E eu não estou.

—Maldito.

—Hum hum – pigarreou alguém e Julie se virou para encontrar Ashton, sentado na cadeira. Ela não o tinha visto ali.

—Ah, Ashton... – gemeu Julie. – Você por aqui?! O que você está fazendo aqui tão cedo?

—Cedo? Já são 11...

—E era para mim está dormindo – completou ela, assentindo para sua próprias palavras. – Você também, Luke. E você deveria esperar um pouco para aparecer, Ashton. Eu sei que você é apaixonado por mim e tudo mais, contudo pare de parecer desesperado. As garotas odeiam... Não, elas amam desespero. Mas eu odeio isso.

—Eu não estou apaixonado por você – afirmou Ashton. Já bastava sua mãe com essa ideia.

—Então, cuidado, Luke – avisou Julie, batendo o quadril no do irmão e passando depois os braços de forma possessiva ao redor da cintura do mesmo. – Ele te quer. Vou ter que competir com Ash pela sua atenção?

—Você não precisa, Julie – disse Luke, sorrindo ao abraçar sua irmã de lado. E tentou fazer a voz mais sexy que conseguiu ao completar, era difícil fazer uma voz sexy com a própria irmã: – Eu sou seu. Apenas seu.

—Assim eu me apaixono mais, Luke – suspirou Julie, tentando parecer derretida e não uma louca, rindo descontrolada por aquela voz patética. – Cuidado.

—Você é a única para mim – sussurrou Luke.

Como ele era um pouco mais alto do que Julie, Luke teve que se inclinar para frente, até seus narizes se tocarem, para poder dar um beijo de esquimó na sua irmã. Ate porque, se ele realmente queria dá um beijo de esquimó em Julie, os narizes de ambos deveriam se encostar.

—Parem. Vocês são irmãos – disse Ashton, tendo um calafrio que não tinha nada a ver com a temperatura.

Para Luke aquilo era falso. Para Julie era verdadeiro. Ela sabia que Ashton estava verdadeiramente assombrando com a possibilidade deles terem algo. Não que Luke fosse praticar incesto. Não que Julie não fosse se seu irmão a quisesse. O ponto chave da historia estava em Luke querer.

—Eu pensei que fosse o único para você, Luke – comentou Calum, entrando na cozinha todo descabelado, bocejando e esfregando os olhos. Ele era o estigma de quem havia acabado de acordar. – Ontem a noite não significou nada para você?!

—Você está me traindo com o Calum?! – exclamou Julie, afastando-se do irmão e dando um tapa em seu peito. Luke tinha um bom peitoral e, Ashton percebeu, Julie continuou com a mão lá um instante mais do que o necessário.

—Amores – sorriu Luke, abrindo os braços num convite a Calum, embora ainda mantivesse um sobre os ombros de Julie – tem Luke suficiente para todo mundo.

—Eu não quero te dividir! – exclamou Julie, agarrando-se ainda mais a Luke. Os braços dela estavam firmemente presos na cintura dele, e seu irmão achava difícil que alguém conseguisse retirá-los dali algum dia. Ou que ela soltasse voluntariamente.

—Você não é assim tão carente de manhã – observou Luke. – O que aconteceu?

—Estamos falando da mesma garota? – perguntou Calum, andando pela cozinha com bastante familiaridade. – Porque Julie está sempre carente de manhã.

—Não tanto quanto hoje – murmurou Luke.

Aquilo era uma novidade para Ashton – ele não costumava ficar para de manhã – mas ele nem demonstrou sua ignorância em relação ao fato. Ash nunca imaginaria que Julie era tão sentimental pela manhã, contudo ele acreditou em Calum. Se Ashton passava mais tempo ali do que na sua própria casa, Calum vivia na casa dos Hemmings. Ele era o filho bastardo barra adotado dos Hemmings. Calum sabia de tudo ali – onde Luke escondia as revistas pornôs, Julie guardava os doces e Liz protegia as fotos antigas. Aquela casa não era o seu segundo lar, era o primeiro.

—Mas... – Julie fez olhos de cachorrinho enquanto tremia o beicinho da forma que mais achou que causaria pena dum jeito fofo. – Você sabe como eu não consigo ficar longe de você.

Luke só sorriu e atendeu o celular – que ofereceu um toque melancólico perfeito no momento certo – mostrando mais ainda os dentes após conversar seja lá com quem fosse. Tem gente que gosta de ser maltratado e Julie sabia bem como era isso. Ela queria que as suas dores fossem embora, mas parecia impossível que algo desse tipo fosse acontecer desse tipo. E era nesses momentos que Julie odiava beber, a ressaca que a fazia ter vontade de se suicidar por causas dos pensamentos deprimentes que tinha. Qualquer coisa fazia os ouvidos dela zumbirem, os olhos lacrimejarem e a cabeça pesar. Como a palavra festa.

—Michael vai dá uma festa – anunciou Luke ao desligar.

—Uma festa? – gemeu sua irmã, pressionando-se mais contra ele.

Durante todo o momento que Luke falava ao telefone, Julie manteve-se grudada a ele – abraçando-o e com a testa contra seu peito – balançando-se de um lado para o outro sem sair do lugar, como se estivesse grudada num brinquedo que amava muito e não quisesse perdê-lo, com medo disso acontecer se desviasse o olhar por ao menos um minuto. E, de modo distraído, Luke alisava os cabelos da irmã com a mão livre, desembaraçando os nós. Julie nem havia penteado os cabelos antes de descer.

—A melhor forma de acabar com uma ressaca é bebendo – respondeu Luke aos seus pensamentos. Ele a conhecia bem.

—Quem disse essa frase sábia? Um alcoólatra?

—Como Nathan e Ella estão fora, Mike decidiu dá uma festa na piscina.

—Piscina?

—Hum hum – concordou ele, entendendo.

Michael estava dando uma festa na sua nova casa e Julie não perderia o barraco por nada, era ela e um barraco. Julie não gostava apenas de vê o circo pegando fogo, ela gostava de riscar e jogar o fósforo.

—Julie – chamou Calum, cutucando-a.

—Não vou soltar o Luke agora, Calum. Você sabe como funciona. De manha ele é meu e a noite é todo seu. Eu não fico roubando-o no seu tempo – lembrou Julie num murmurinho. O balançar já fazia efeito e ela caia no sono em pé.

—Seu café – insistiu Calum, passando a xícara perigosamente próximo do nariz dela.

De súbito, Julie abriu os olhos e tomou a xícara das mãos dele, absorvendo o cheiro e bebendo-o ainda quente. Esse, refletiu ela, era uma das coisas que Calum sabia fazer. Julie não gostava do café de mais ninguém se não fosse o seu ou o de Calum. Esse era um dos motivos pelo qual ela o amava e ignorava-o quando se enjoava de vê-lo todo dia. Dia após dia e após dia.

—Cadê o Ashton? – questionou Luke, olhando ao redor e não o encontrando.

Apenas naquele momento Julie percebeu que Ash não havia falado muito e se surpreendeu quando não o encontrou quando também olhou ao redor, procurando-o. Ela nem tinha visto ele saindo, concentrada demais no próprio irmão, mas Luke estava um arraso com aquela blusa fofo de algodão. Ele era um ótimo substituto para um travesseiro.

—Vocês saberiam se não tivessem tão agarrados um no outro.

—Mas não conseguimos manter as mãos longe um do outro, por mais que tentemos. Né, coração? – perguntou Luke, abrindo um sorriso sedutor a sua irmã.

—Não me faça vomitar, Luke – respondeu Julie. – Isso foi péssimo.

Balançando a cabeça, Luke sentou-se a mesa com outros dois, cientes que o momento carência de Julie já passou. Ele continuava ate que a cafeína fizesse efeito e levasse o resto do sono embora.

—Enfim, ele disse algo sobre precisar fazer algo e que iria nos encontrar lá quando tivesse terminado de fazer esse algo – disse Calum com a boca cheia de algo.

—Tem algo certeza? – provocou Luke, rindo pelo uso excessivo do algo.

—Isso foi péssimo – repetiu Calum.

Julie concordou e completou, rindo pela idiotice:

—Vá algo fazer alguma coisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem está shippando o incesto? Eu! Mas também sou Caluke, é tão difícil assim...
Bem... Alguma dúvida? Não fiquem tímidos e questionem. Só para saberem, gente, adoro uma critica. Para mim, critica serve para evoluir. Então, não tenha medo e critique!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Isso não é..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.