Outro dia, não sei quantos mais aguentaria. Por um lado sinto-me mal por me pensar isso, muitos dariam tudo para ter o que eu tenho, casa, dinheiro, uma família unida. Sinto tanto a falta daquele carinho, do abraço e beijinhos que ele me dava.

Recentemente chegou uma carta do Iraque, o meu irmão foi declarado morto após desaparecimento em combate. Quando os meus pais leram a carta apenas as lagrimas caiam pelos seus rostos, a dor era palpável. E eu ali ainda parada, como se o meu coração tivesse falhado uma batida, e fosse desmaiar. Apenas senti as lagrimas a ofuscarem os meus olhos e os meus joelhos irem ter ao chão. O homem que cuidou de mim enquanto os nossos pais estava a trabalhar, que me ensinou a andar de bicicleta, que me protegeu na escola, o homem que foi como um segundo pai para mim acabara de morrer.

Não consegui sair da cama durante dias, não tinha vontade de fazer nada, só queria o meu irmão a embalar-me como fazia quando havia tempestade.

Agora 1 mês depois aqui estou, sentada na cafetaria a lidar com as conversas fúteis e infantis do Mike, a criticar os supostos novos alunos. Até que decidi intervir.

— Precisas de fazer isso Mike? Rebaixar os outros para te acharem o melhor?— Disse eu já farta dessas criancices

— Sabes bem que estava a brincar Bella— respondeu Mike

Até que decidi olhar para os novos alunos que provocavam tanto falatório, quando olhei fiquei deslumbrada. Tratava-se de um grupo, de irmãos se não me engano, eram 5. Cada um com a sua beleza extraordinária, ambas as raparigas tinham um corpo perfeito, uma possuía cabelos longos e loiros, já a outra igualmente linda tinha cabelo curto e castanho. Os três rapazes eram altos e com músculos levemente desenvolvidos, a exceção de um deles que parecia um armário. Mas um deles chamou-me a atenção. Tinha o cabelo cor de bronze, era lindo isso não posso negar, mas algo nele me chamava a atenção.

— Eles são como nós, não vejo o esquisito a que te referes.— Disse eu para acabar com o assunto.

Pouco depois a campainha tocou. Fui só ao wc refrescar-me, dei por mim simplesmente a olhar para o meu reflexo, as olheiras era notáveis, os meus olhos estavam cansados as vezes só queria deitar-me e dormir por anos, talvez assim a dor desaparecesse. Quando percebi já tinham passado 5 minutos do toque de entrada. Odiava atrasar-me, detestava ter de entrar fora de horas e todo mundo olhar para ver quem era. Mas enfim. Fui a correr para a aula.

— Desculpe pelo atraso professor.— Disse

— Não faz mal Isabella.— Disse o professor, sempre gostei dele, não é daqueles que só querem dar más notas e ir para casa, ele de verdade era bom professor.

Fui para o meu lugar e não consegui evitar perceber que o rapaz novo estava lá. Queria saber o nome dele, mas nunca teria coragem de falar com ele. A aula foi passando, e eu pouco ouvi, já faz um tempo que não me consigo concentrar nas aulas. Eu apenas contava os minutos para ir para casa, deitar-me e dormir. Mas lembrei-me que hoje havia treino e se havia algo que ainda gostava de fazer era ginástica, é como se estivesse dentro de uma bolha. Tocou para fora, estava pronta para ir para o treino quando percebi o que mais uma vez o Mike estava a fazer.

—O menino pálido não vê por anda?!— Disse o Mike com aquela voz ainda por engrossar.

Percebi pela cara do rapaz novo que não sabia o que responder, então decidi meter-me.

—Mike!— Chamei a atenção

Ele desistiu da discussão que tinha em mente fazer com o rapaz. Apenas me beijou na testa

—Olá, sou a Bella.— Decidi apresentar-me.

Ficou a olhar para mim, não sei bem porque mas decidi esperar que ele responder, se é que o ia fazer.

— Olá, sou o Edward.— Finalmente responde.

Agora já sabia o nome dele, se ele era lindo visto de longe então assim de perto era ainda mais.

— Não lhe ligues, ele é bom rapaz apenas as vezes dá-lhe na cabeça— Disse-lhe

— Não faz mal, e obrigada.— Agradeceu sorrindo discretamente de seguida, escuso dizer que o sorriso era lindo.

Eu apenas acenei e segui em frente, já devia de estar a equipar-me. Corri, entrei no balneário, vesti o equipamento. Quando cheguei ao centro do campo já era a minha vez de fazer o meu exercício. Então alonguei, respirei fundo e subi a barra que desde pequena conhecia como as palmas da minha mão.

Comecei por fazer exercícios fáceis, e fui evoluindo até ao mais difícil que sabia fazer. Pensava muito antes de fazer, porque acima d tudo sei o que pode acontecer se fizer algo perigo e cair. Lesões neste tipo de desporto são muito difíceis de recuperar já para não dizer que a maioria nunca volta a praticar.

Quando acabei respirei fundo e senti alguém a chegar atras de mim, dando-me um beijo na testa.

— Perfeita como sempre— Disse Jacob

— Querido como sempre.— Respondi

Jacob era o meu melhor amigo, desde pequenos que eramos inseparáveis, fazíamos quase tudo junto, ele sempre me tratou muito bem. Ele tem sido das poucas pessoas que me apoiou. Sempre esteve lá para mim e claro que eu tentei fazer o mesmo.

— Vens comigo para casa a seguir?— Perguntou

— Claro.— Confirmei

Apesar de querer ir deitar-me e simplesmente dormir sentia que não me podia afastar dele, ele de certo modo me mantinha com a mente livre. Treinei mais uma hora e fui tomar banho. Quando sai Jacob estava a minha espera a porta do pavilhão com um guarda-chuva, sempre muito cavalheiro. Fomos para a casa dele, onde decidimos ver um filme.

— Bella, acorda.— Ouvi Jacob a dizer-me enquanto me acariciava a cara.

Eu nem tinha dado pelo facto de adormecer durante o filme, mas ando tão cansada que nem me surpreende.

— Desculpa.— Pedi

Ele sorriu, abraçando-me.

—Sabes que sempre estarei aqui para te apoiar não sabes?

Achei estranho mas decidi responder mesmo assim.

— Sei e digo-te o mesmo, nem sei como te agradecer tudo o que fizeste por mim.

Apenas me abraçou mais forte.

Despedi-me dele e do resto da família dele e fui para o meu carro. Quando cheguei a casa já era hora de jantar, mas sinceramente não tinha fome nenhuma por isso subi até ao meu quarto onde voltei a tomar banho, devo ter ficado la por meia hora a vontade, a minha pele já enrugava quando decidi sair.

— Filha?— Assustei-me com a minha mãe a bater a porta

— Sim? Podes entrar se quiseres.

— O jantar está pronto.— Disse ela

— Não tenho fome mãe, desculpa.

Percebi na cara dela o desespero e tristeza.

— Por favor filha, olha como estas a emagrecer, a ficar desnutrida, precisas de comer!

Antes que pudesse dizer algo

— Por favor.— Repetiu ela

Apenas suspirei e decidi ceder, um bocado de comida não me mataria. A minha mãe parece que tinha ganho a lotaria, abraçou-me forte e saiu.

Acabei de me vestir e desci. Coloquei comida no meu prato, era uma das minhas comidas preferidas. O meu pai estava de serviço no posto por isso não vinha jantar. A cada dentada que dava via a alegria da minha mãe. Ela era sem dúvida a mais bela para mim. Mal acabei de comer beijei a minha mãe na bochecha e subi onde lavei os dentes. Deitei-me e de mais nada me lembro.