Segunda Chance escrita por Bruxa da Luz


Capítulo 1
Capítulo 1 - Um Jeito de Salvá-lo


Notas iniciais do capítulo

Já dei um aviso nas notas da história. Por favor, leiam-na.
De qualquer forma, Boa Leitura!



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O dia estava cinza. Talvez vá chover. Não sei e nem ligo pra isso. Nem sei o que eu estou fazendo, perdendo o meu tempo na escola. As aulas não parecem serem tão importantes quanto a minha preocupação... Com o meu irmão.

Pequeno e bobo Peter. Ele sofria e eu ignorava porque eu só queria me divertir. Eu sabia dos seus medos e me aproveitei disso de maneira mesquinha e cruel. Não era para dar errado. Eu só queria... Vê-lo chorar... E os meus atos tiveram um preço alto: a sua vida, que pode ser retirada a qualquer instante. E isso me tortura a cada dia. Quantas vezes eu visitei o hospital e sussurrei várias promessas caso ele melhorar? Eu prometi mil vezes que eu vou mudar e que só iria protegê-lo e ser um irmão melhor. São falsas esperanças que a minha teimosia insiste em pensar.

— Você está chorando. – Então ouvi uma voz que me tirou de meus pensamentos. Eu levantei a cabeça e vi uma garota que estava de pé, em frente á minha mesa. Seus cabelos eram negros, com um arco roxo que tinha um pequeno laço. Ela usava o nosso uniforme da escola, que era uma camisa branca, casaco e calças azuis escuros e sapatos pretos. Ela me encarava com aqueles olhos azuis como duas safiras. Dava impressão que brilhava. Sua boca era tão roxa quanto o arco na sua cabeça. – Você vai ficar me encarando ou vai falar comigo?

— Hã... – Comecei a limpar o meu rosto que estava muito molhado. – Desculpe, quem é você?

— Eu estudo com você há anos e nem sequer sabe o meu nome? Sério mesmo?

— Não...

— É o que eu mereço por não saber falar com as pessoas... Eu sou Evangeline, mas me chame de Eva, tudo bem?

— Não quero ser rude, Eva. Mas eu apenas quero ficar sozinho.

— É por causa do seu irmão, não é?

A encarei, desconfiado.

— Como sabe?

— Eu andei o observando.

Dei uma pequena risada.

— Você é uma perseguidora?

— Não. É que vocês sempre frequentaram os mesmo lugares que eu. Aqui na escola, eu posso vê-lo, já que somos da mesma sala. Na pizzaria, eu vou pra lá para me divertir e comer pizza, é claro. Além disso, minha mãe trabalha no hospital, portanto eu o vi visitando o Peter.

— Você sabe até o nome dele. Tem certeza de que não é uma perseguidora?

— Certeza absoluta. Então? Eu acho que vai para o hospital depois da aula. Por que não me apresenta ao seu irmãozinho?

— Ele está em coma.

— Mas ele pode nos ouvir.

— Eu não sei. Acabei de conhecer você.

— Cara, se eu fosse uma assassina louca, eu teria o matado faz tempo. Além disso, eu sou boa com crianças. Aposto que o Peter vai gostar de mim. – Ela sorriu.

— O que eu ganho se eu levá-la?

— Depende. O que você quer?

Eu quero o meu irmão de volta.

— Quanto você tem de dinheiro?

— Não é isso o que você quer. Por que não me diz a verdade?

Por que eu sinto como se ela estivesse lendo a minha mente? Não, Marc! Calma! Acho que estou delirando por causa dos dias ruins que passei. Talvez a tristeza esteja bem na minha cara!

— Você pode me pagar uma pizza, já que gosta tanto de ir á aquela pizzaria.

— Diga o que realmente quer. – Seu sorriso sumiu, assumindo uma expressão como se fosse uma mãe querendo obrigar o filho a dizer a verdade.

— Eu... Eu...

Eu quero o meu irmão de volta!

— Marc... – Ela tocou em minha mão e olhou profundamente nos meus olhos. – Diga-me... O que você quer?

Eu sei o que eu quero. Por puro orgulho, eu não conseguia falar para a garota estranha, mas o seu olhar e o seu tom de voz são como uma ordem que sou obrigado a obedecer.

— Eu quero... – Era difícil falar...

— Sim?

— Eu apenas... – Senti os meus olhos ficarem marejados.

— Hã...

— Eu quero o meu Peter de volta. – Abaixei a cabeça, deixando as lágrimas grossas caírem, molhando as minhas bochechas. – Quero que ele volte pra casa...

Eu não ligava mais se eu estava chorando na frente de alguém. Não me importava com mais nada. Senti a tristeza e a culpa baterem em meu peito, trazendo-me uma dor enorme. Eva caminhou até ficar no meu lado e me abraçou. Acho que é isso que eu estava precisando. Depois do incidente, não tive muito contato com outra pessoa, nem com os meus amigos e nem com a minha mãe, que está sofrendo tanto quanto eu.

— Negócio fechado. – Eu ouvi Eva sussurrar.

— O que? – Perguntei, assim que me acalmei.

— Deixe-me visitar o Peter e eu o trago de volta.

— Não há nada o que fazer. Foi uma ferida muito grave. Os médicos disseram que...

— Os médicos disseram que não tem o que fazer com o corpo. Eu posso tentar dar um jeito nisso. Mas o problema que iremos enfrentar é bem mais complicado.

— O que?

— Bem... – Ela se afastou e caminhou até a porta. - ...Veremos isso depois. Vamos?

— Pra onde?

— Para o hospital. A aula já acabou.

— Já?! – Eu olhei para os lados e só agora percebi que estávamos sozinhos na sala. Guardei as minhas coisas na mochila e a coloquei no ombro, alcançando Eva logo depois.

— Então? Você tem medo de fantasmas?

— Hã? Fantasmas?

— É.

— Não. Você acredita?

— Tanto quanto acredito que sorvete é gelado.

— Hã... Tá bom...

Essa garota é estranha...

 

Já no hospital, entramos no quarto onde o Peter estava. Sua cabeça estava enfaixada e seu corpo imóvel. Seus batimentos cardíacos estavam bem fracos, o que me fazia temer que seu coração pudesse parar a qualquer momento.

— Então esse é o pequeno Peter? – Eva se aproximou do meu irmão inconsciente. Ela largou a sua mochila azul em um canto qualquer do quarto e se aproximou do menino. – Olá, Peter. Meu nome é Eva. Sou a amiga do seu irmão. Não precisa ter medo.

— Você acha mesmo que ele está ouvindo?

— Sim. Ele está feliz por você está aqui. Ele gosta muito de saber que você está preocupado.

— Como posso saber se você não está mentindo só para me animar?

— Não. Peter acabou de me dizer isso.

— Eva... – Por um minuto, achei que ela era louca e que estava inventando isso, porém...

— Espera... Você já o trancou dentro do quarto? – Ela me perguntou, encarando-me com uma expressão de repreensão.

— Quem disse isso?

— O Peter.

— O Peter não pode falar! Ele está em coma! – Falei, impaciente.

— Se eu fosse você, abaixaria o tom de voz. Estamos em um hospital.

— Tá! – Me sentei em um banco, cruzando os braços. Durante uns dez minutos, eu fiquei observando Eva conversar com o Peter. Ela perguntava e agia como se estivesse sendo respondida. – Hei, Eva.

— Sim? – Os par de olhos safira me encarou.

— Você disse que o traria de volta. Como?

— Mas eu já tenho que pagar? – Perguntou num tom como uma criança reclamando, mas logo se recompôs. – Tudo bem. Acho que já deu por hoje. Tchau, Peter.

Ela deu um beijo em sua testa, encima faixa dele, e depois pegou a mochila para logo me acompanhar. Assim que saímos do hospital, ela começou a falar:

— Para salvar a vida do seu irmão, eu preciso falar com alguns amigos.

— Que amigos exatamente?

— Você gosta de pizza, Marc? – Ela ignorou a minha pergunta.

— Dá para não mudar de assunto?

— Você gosta ou não?

— Claro que eu gosto.

— Então pode me encontrar na pizzaria do Freddy Fazbear?

— Eu não vou pra lá desde o acidente. Além disso, é um lugar para criancinhas.

— Não se preocupe. Entraremos após fechar.

— ‘’Após fechar’’?! Está pensando em invadir o local?! E o guarda noturno?!

— Eu conheço o cara. Ele é legal e sempre me deixa entrar.

— E o que vamos fazer lá?

— Eu já disse. Nós vamos falar com os meus amigos.

— Não há outro ponto de encontro para falar com eles?!

— Não.

Suspirei. Parecia que eu estava indo direto para uma armadilha. Apesar de que, por tudo que fiz ao meu irmão, eu mereço os piores castigos.

— Que horas eu devo lhe encontrar?

— Que tal á meia-noite?

— Terei que sair sem ser visto pela minha mãe...

— Tudo bem. Eu tenho que fazer o mesmo com o meu pai. E olha que eu moro em um apartamento.

— Tá. Bem, eu tenho que ir.

— Ok. O vejo á noite, Marc. – Ela começou a caminhar.

— Até. – E comecei a andar também.

Ao chegar em casa, a minha mãe estava na cozinha. Falei um pouco com ela, pois sei que deve ser muito difícil saber que tem um filho no hospital com risco de vida. Eu disse que ia ao meu quarto, mas fui para o quarto de Peter. Seus brinquedos estavam todos ali, no mesmo lugar em que ele gostava de deixar, no canto do chão. Sua cama estava arrumada, pois a mamãe cuida muito bem dela... Nunca se sabe se ele deitará nessa cama novamente.

Essa Evangeline parece ser uma doida enigmática, mas deve saber de alguma coisa para curar o Peter, por mais impossível que pareça. Ela pode ser a minha última esperança.

Tem que ser.


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Notas finais do capítulo

Então? Merece segundo capítulo?



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