Total Drama: Tudo ou Nada Brasil! escrita por Hikari Ouji


Capítulo 8
Perdidos no Mato


Notas iniciais do capítulo

Depois de enfrentarem os mais diversos desafios na cidade do Rio de Janeiro, nossos corajosos competidores se surpreendem em ainda estarem vivos, ninguém ser eliminado e para completar o pacote ganharam (embora alguns acreditem que é uma premiação por ainda estarem vivos e não terem desistido) como descanso, e por terem completarem a primeira semana de desafios, um fim de semana com tudo pago na cidade carioca.Mas como nada dura para sempre, nosso querido apresentador Olávio, está pronto para seguir em frente. Sejam bem vindos ao: TOTAL-DRAMA-TUDO-OU-NADA-BRASIL!



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No alto do terraço ainda escuro, ao ar livre de um hotel carioca, Olávio, tentando disfarçar a cara de sono, endireita sua gravata e dá inicio as gravações.

— Olá! Sejam bem vindos a mais um episódio de Total Drama Tudo ou Nada Brasil! Após uma incrível aventura pelo Rio de Janeiro, onde sobreviveram aos perigos no céu e na terra, ninguém foi eliminado e ainda ganharam um final de semana de descanso. Finalmente, ou não, chegou a hora de seguirmos em frente – diz recebendo um controle remoto de um dos staffs e com um sorriso malicioso aperta o botão vermelho.

Espalhados pelo hotel, os competidores dormiam confortavelmente em meio aos edredons, travesseiros macios, e ar condicionado no máximo quando do nada, em cada quarto, o alarme de incêndio começa a soar em alto e bom som espantando a todos.

            

ATENÇÃO! – dizia uma voz feminina pelo alto falante escondido em alguma parte do quarto – ISSO NÃO É UM TREINAMENTO! TODOS DEVEM SE APRESENTAR AO TERRAÇO DO HOTEL O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL!

—  QUÊ! INCÊNDIO!? – berra Lana caindo da cama - SOCORRO!!

— PEGA A CÂMERA E VAMOS CAIR FORA! – grita Guilherme saltando da cama e tropeçando no próprio pé.

 

Em outro quarto, Os Militares saltam da cama e são os primeiros a correr com extintores na mão, assim como Os Desempregados e Os Melhores Amigos que assustados acabam disparando o extintor ao ver Lucio e Lilith surgirem na escuridão do corredor.

— É O APOCALIPSE! – berra Raimunda correndo pelo corredor agarrada a bíblia e ao seu esposo, preparados para o arrebatamento.

— TÁ BERRANDO ‘CARDIQUE! – grita Vera abrindo a porta enquanto tenta abaixar os cabelos desgrenhados no triplo do tamanho normal.

— SOCORRO! – berrou Tony levantando da cama e batendo de cara na parede – TÔ CEGA!

— Ai, bicha burra! Tira esse treco do olho! – puxa Brianna a máscara para dormir dos olhos do rapaz – Vambora!

Pelo elevador, Pai e Filho passam mais mal do que a Velha Guarda que parece não ter se abalado com o susto. Assim que chegam ao terraço encontram Olávio aguardando os com o mesmo sorriso de sempre.

— Bom dia competidores! – saúda de braços abertos escapando por pouco de ser atingido por um chinelo arremessado em sua direção.

— Bom dia nada! Quase descolei a coluna com o salto que dei da cama – grita Vera com as mãos na cintura.

— Mas são que horas, hein? – pergunta Rian surgindo só de cueca samba canção e chapéu.

— Cinco da manhã! – responde Olávio atirando um roupão na direção do sertanejo – Vamos recomeçar! Bom dia compe... Abaixa esse chinelo Angélica! – alerta Olávio - Tô de olho hein, boneco do filme “Trolls” – ignorando as gargalhadas de alguns participantes que entenderam a referência, o apresentador continua sua fala – Competidores! Infelizmente é hora de se despedir do Rio de Janeiro e seguirmos com a viagem, inclusive nossa carona chegou –aponta para um avião do exército sobrevoando sobre eles e se preparando para fazer o pouso no aeroporto.

 

— Ah não! – alerta Luis – Já vi que vamos pra algum fim de mundo!

— Como assim? – pergunta Olávio segurando um riso.

— Lembram quando fomos parar lá no meio do mato em Roraima? Foi esse avião que nos levou!

— É mesmo! – concorda Alice – pra onde vamos!?

— Sabem que só posso revelar quando pousarmos, né? – responde Olávio em tom misterioso – Vocês tem meia hora pra se arrumarem! Partiremos ás seis horas. Alguma pergunta? Ótimo, podem ir.

 

— Engraçado né – diz Vera – Os Índios vivem de tanga pra cima e pra baixo o dia todo e dormem todo empacotado de pijama...

Né non— responde Tony – Enquanto isso Os Sertanejos usam essa cueca de seda vagabunda da ferinha.

— E esse chapéu gente? – pergunta Isabella – Pra quê?

            

Como o hotel fica a poucos metros do aeroporto, a chegada pontual dos participantes garante a decolagem antecipada do voo.

— Nossa mais foi todo mundo pra praia mesmo, hein – observa Isabella passando hidratante na pele vermelha.

— Mana, me dá um tiquinho desse creme aí – pede Tony – Tá tudo ardendo!

— Aproveitou mexxxmo o Rio, hein – ri Vera arrancando a embalagem das mãos do rapaz.

— Xiu! Tá todo mundo da cor do carvão, aqui – responde Tony - Quer dizer quase todos – olhou para As Testemunhas de Jeová e Os Esquisitos.

 

“ – Nós passamos o dia na Universal, escutando a palavra – responde Zebedeu – Não tem coisa melhor!

— Aleluia! – concorda Raimunda.

— Estávamos em uma festa gótica - responde Lilith - Chegamos hoje de manhã.

— Hell yeah! – conclui Lucio ignorando a cara dos pastores”

 

— É né – ri Alice sem graça pegando o hidratante.

— Tá falando do quê, doida? – pergunta Tony.

— Só estou concordando que fomos à praia.

— Que mentira – diz Alice mostrando a filmadora – Estávamos fazendo um v-log pro nosso canal quando filmamos vocês dois! Olha aqui!

— É mole! – ri Brianna - Vendendo coco na praia!

— Claro! – responde Luís – Ainda ganhamos duzentos reais!

— Satisfeito? – pergunta Vera - Até a Velha Guarda se arriscou a ter câncer de pele pra tomar um bronze! Agora que tem dinheiro pode sair da competição. Ô PILOTO! Me dois paraqueda que tem gente que vai descer! – berrou fazendo todos, até os câmeras, rirem.

— Gente? E meu monange? – pergunta Isabella recebendo só a embalagem do hidrante vazia.

 

Quando todos pensavam em tirar um cochilo, a voz do comandante soou:

— Senhores passageiros, ponham o cinto.

— Pronto, lá vamos cair de novo – teme Matheus.

Por uma janela, alguns competidores puderam perceber que sobrevoavam o interior de alguma cidade cheia de plantações e estradas de terra. Desconfiados, apertaram os cintos e com a cabeça entre as pernas se prepararam para qualquer impacto. Por sorte o pouso foi tranquilo e assim que avião parou, a porta traseira foi aberta para que pudessem sair. Do lado de fora, duas vans tão imundas que pareciam ter participado de algum rally, os esperavam de portas abertas para levar até o local da competição. Sacolejando as estruturas a cada buraco que atravessavam, minutos depois, por entre o matagal um prédio apareceu, e pela placa descobriu-se ser uma fábrica. Mais a frente, uma gigantesca plantação se estendia por quilômetros sem fim e próximo dela Olávio e sua idêntica Caixa os esperava sob uma tenda.

— Bom dia competidores! Sejam bem vindos á Aquidauana!

— Oi? - pergunta Tony.

— Estamos no Mato Grosso do Sul, em Aquidauana, conhecida como a Cidade Natureza ou Portal do Pantanal. A cidade com mais de quarenta e sete mil pessoas, tem uma extensa variedade de fauna e flora e belezas únicas que só podem ser encontradas aqui – explica Olávio em um breve vídeo mostrado para os telespectadores com diferentes partes da região – E será nessa região do pantanal mato-grossense que nossa aventura irá começar! – termina Olávio dando espaço para que os primeiros colocados retirassem suas dicas.

 

Com uma troca de olhares fulminante, Os Melhores Amigos e Os Militares pegam suas dicas e quase gritando leem em uníssono as informações:

— “Tudo em Um” – lê Jéssica tampando rapidamente a boca de Mateus com a mão.

— “Pegando na mandioca” – completa Capitão Guerra ficando vermelho com as gargalhadas dos participantes.

— Adooro!!! – grita alguém.

— Estamos em uma das diversas áreas de plantação aqui da cidade – explica Olávio – Nesse em que estamos está na época da colheita de uma safra da mandioca, também conhecida como aipim e macaxeira, em alguns lugares do Brasil. O primeiro desafio é simples – disse distribuindo sacos de estopa para as equipes – Hoje, essa fabrica tem que colher dois mil quilos de mandioca para ser transportada para o nordeste, porém tem poucos funcionários. Logo caberá a vocês retirarem cem quilos de mandioca da terra e entregar para o gerente da fabrica que dará a dica para a próxima etapa.

— Vem cá, Otavio! – chama Vera – Você tá solteiro?

— Jura Vera? Uma horas dessas?

— Não fofo, é serio.

— Por quê? – estranha o apresentador.

— Quero te apresentar uma pessoa.

— Quem?

— Isabel

— Isabel? Eu conheço? Ela é famosa?

— Muito! – debocha Luis entrando na plantação.

— O quê que ela já fez? – continua Olávio esperançoso.

— LIBERTOU OS ESCRAVOS, OTÁVIO!

 

Em meio às gargalhadas, as equipes se espalham pela plantação e começam a desenterrar as mandiocas da terra. Só não contavam que tivessem que cavar tão fundo e dedicar tanto tempo debaixo do sol quente para retirá-las do lugar.

— Le-rê, le-rê, le-re-re-re-re-rê – cantava Tony em um lado arrancando risos dos competidores mais próximos.

— O que a gente não faz por dois milhões de reais, né – diz Kauê virando o boné pra proteger a nuca do sol.

— Isso é escravidão infantil – resmunga Diego tropeçando em um buraco.

— Concordo! – apoia Mateus e Jéssica secando o suor com as mãos.

— Ai, minas unhas vão ficar horríveis! – lamenta Lana escavando a terra.

— E minhas mãos! Cheias de calo – reclama Guilherme.

— Agora você sabe o que é trabalho – debocha Luis retirando várias mandiocas do chão e se preparando para levar para pesar.

 

Acostumados com o cultivo, Os Índios recolhem uma grande quantidade, mas ao pesar ainda faltavam alguns quilos. Assim como Os Militares que correm para escavar mais um pouco.

— Se a gente não fosse aposentado, já ia pedir pra assinar a carteira de trabalho – ri Antônio.

— E você não acha que vou pedir – ri Alice – Se sairmos hoje, pelo menos teremos um emprego!

 

Com o calor aumentando, o estresse também começa a alcançar altos níveis. Irritados, os competidores começam a se queixar dos tamanhos desiguais em que encontram as mandiocas.

— Gente, essas mandiocas são mais finas que as pernas do Guilherme e do Kauê – ri Vera.

Carai! Oia o tamanho dessa mandioca! – assusta Paulo desenterrando uma mandioca de quase cinquenta centímetros.

— Que delícia! – surpreende Martha – Deu até água na boca!

— Olha o coração, tia – ri Tony com Brianna e Mãe e Filha - Já vi maiores – desdém arrastando suas colheitas para pesar.

— Mano com certeza isso deve ter uns vinte quilos! – comemora Paulo pondo a raiz no ombro e correndo para pesar.

 

Com quase uma hora de competição, as equipes começam a pesar suas colheitas, e o gerente da fábrica aprova Os Índios, Os Militares, e Os Desempregados para seguirem em frente dando-lhes a dica.

— “Corram até o estacionamento da fábrica, para seguirem para o próximo desafio” – lê Quaraçá dando início a corrida para quem chegasse primeiro.

— Parabéns! Essa é uma das maiores mandiocas que foi colhida aqui – parabeniza o gerente aos Jogadores de Futebol.

— Espera até ver a nossa! – responde Rian surgindo com uma mandioca de quase um metro.

— Gente, que mandiocão! – admira Vera.

— Tamanho não é documento – diz Kauê trazendo seu saco lotado – Olha quantos eu peguei!

— Essa mandioquinha aí não satisfaz ninguém – retruca Vera.

 

Enquanto Os Melhores Amigos se esforçam para arrastar o saco pesado de mandiocas, as primeiras equipes chegam ao estacionamento e encontram um helicóptero e duas vans os esperando.

— Pode subirem – pede o comandante ligando o helicóptero.

Após o termino de suas tarefas, Os Jogadores de Futebol, Os Sertanejos, Os Funkeiros, e Os LGBT chegam a tempo de ver o helicóptero decolando e reclamam do motivo de terem que entrar novamente na van encardida de poeira e serem conduzidos pela mesma estrada por aonde chegaram.

De volta à plantação, mais quatro equipes terminam seus afazeres e correm para a fábrica. Mauro, no instinto paterno, ajuda os Melhores Amigos a carregarem o saco até a pesagem ao verem sofrendo com o peso.

 

“ – Qualé pai, ajudando os inimigos! – irrita Diego de braços cruzados.

— Lembra de Roraima, quando tivemos que esperar os outros pra sair lá de cima do morro – explica Mauro – Aposto como aqui deve ser a mesma coisa.

— Muito bom pai! Ajuda mesmo o coleguinha, Ugh! Nós somos uma dupla, não um Quarteto Fantástico! ”

 

Assim que a primeira van chega ao aeroporto, as equipes encontram, no lugar do avião, um helicóptero do exército:

— Ótimo, agora vamos pra guerra, produção? – pergunta Paulo – Já falei que sobrei no exército.

Minutos depois que o segundo helicóptero levanta voo, as últimas equipes chegam de van e encontram um avião de pequeno porte pousando no aeroporto:

— Essa lata velha de novo! – reclama Guilherme se preparando para entrar no avião.

— Não é outro? – pergunta Martha.

— Coitada não tomou o remédio – diz Angélica – Já entramos nessa lata de sardinha lá no Piauí!

— Quê isso? – pergunta Lana ao se sentar e sentir algo grudar nos seus cabelos no apoio de cabeça.

— Né que é ele mesmo gente! – diz Vera quase berrando – Olha o chicrete que chupei lá no nordeste!

— Ugh – resmunga Lilith olhando pela janela o avião decolar da cidade.

 

Depois de quase uma hora de voo, e pouca conversa, as três primeiras equipes estranham quando o comandante anuncia que irão pousar.

— Aqui? No meio do mato? – pergunta Luis.

Só não acharam mais estranho, pois Olávio esperava sorridente pela chegada deles. Assim que os participantes se afastaram do helicóptero, que voltou a levantar voo, nosso querido apresentador dá as boas vindas:

— Boa tarde! Sejam bem vindos á Nhecolândia!

Alice e Soldado Mello quase se engasgam com as gargalhadas, mas depois de alguns minutos se concentram para não rir de novo.

— Nhecolândia – explica Olávio ignorando a dupla que continha risinhos – É uma das regiões do Complexo do Pantanal, e um dois seis distritos da cidade de Corumbá, a quase duzentos quilômetros da capital Campo Grande. Estamos nas proximidades do Rio Negro uma parte da região considerada Patrimônio Natural Mundial. E é nessa região que começará o segundo desafio – terminou dando permissão para que retirassem suas dicas da Caixa.

— “Tudo em Um” – lê Quaraçá – “Selfie do Pantanal”

— Vocês sabe tirar foto? – pergunta Olávio recebendo três câmeras fotográficas – O desafio é interessante. Aqui atrás de nós foi construído um centro de pesquisa da fauna e flora do pantanal, e conta com uma equipe de vinte pessoas, entre elas biólogos, veterinários e até pesquisadores da Argentina e do Paraguai. A cada semana, o número de animais que vivem aqui cresce, e hoje vocês terão que tirar uma selfie com um desses animais.

— Tirar foto com bicho!? Nem pensar! – reclama Alice fazendo Capitão Guerra respirar fundo.

— Ok. Existem centenas de animais nessa região e nesse tablet estão as fotos de quais vocês deverão procurar – disse distribuindo os aparelhos – Regras! Os dois participantes devem aparecer na foto com o animal que deve estar visível! Depois é só trazer para que um dos biólogos avaliar as fotos. Se estiver borrada, sem um dos participantes, ou com o animal muito longe, terão que tirar novas fotos. Outra coisa...

— Agh! Tanta coisa! – resmunga Capitão Guerra.

— Não aceitaremos fotos do mesmo animal de duplas diferentes. Logo, assim que tirarem a foto com o animal, selecione a foto dele no tablet e apague. Isso fará com que os outros participantes saibam quais animais já foram fotografados. Caso a foto não estiver no padrão, ela volta para os aparelhos e será a chance de outros capturarem o animal, Ok? E lembrem-se de sorrir, pois todas as fotos irão para o site oficial do Total Drama e do IBAMA! Divirtam-se!

 

Enquanto os primeiros participantes se embrenhavam na mata prestando atenção em todo o tipo de sons, e observavam pelo tablet, uma mapa que indicava o caminho de volta. A segunda equipe é recepcionada por Olávio:

 - Tenho até medo de saber onde a gente tá – diz Isabella sentindo o mormaço do meio dia.

— Olá competidores! – cumprimenta Olávio – Sejam bem vindos á Nhecolândia!

— Ai, desisto – ri Tony – Aquidauana, Nhecolândia... Quê isso?

Depois de mais uma explicação, Olávio ouve o avião dos últimos competidores passar sobre eles e pousar na estrada de terra batida mais a frente. Depois de enfrentar a poeira e verem algumas duplas perdidas entre as árvores, a últimas seis equipes encontram Olávio.

— Sejam bem vindos á Nhecolândia! – anuncia o apresentador pela terceira vez.

 

“- Quando eu entro em um avião eu penso ‘ Hmm, vai que a gente vai pra Paris, Londres, Nova Iorque...’ – sonha Lana – Mas não... vamos pra onde? Nhecolândia. Pra quê!

— Lana, uma coisa que aprendi é: Se prepara, pois raramente caíremos numa cidade conhecida – diz Guilherme desanimado”

            

Espalhados pelo matagal, os competidores encontram dificuldade em conseguir encontrar os animais no meio da vegetação.

— Medo de algum bicho pular desse mato... – diz Alice segurando no braço de Luis.

— Calma, não vai acontecer n.. AHHH

Assustado Luis acaba puxando a parceira para o lado ao ver algo cair da árvore, mas ao prestar atenção se envergonha ao ver que era só um cipó.

— Acho que tenho mais coragem que você...

— Pensei que fosse uma cobra!

— Isso é uma cobra – responde Lilith surgindo do meio do mato com uma cobra nas mãos e Lucio com uma envolta do pescoço.

— Tira isso daqui! – grita Luis se afastando.

— Ugh, vamos tirar logo essa foto – pede Lucio sentindo a cobra subindo por sua nuca.

Assim que retiram a foto, sem sorriso, e apagam a imagem do tablet, a dupla encontra As Testemunhas de Jeová e quase os mata de susto.

— CreinDeuspai! Fi do Demo! – grita Raimunda saltando quase dois metros quando os viu com cobras no pescoço.

— Me poupe – resmunga Lucio comendo uma fruta vermelha.

— É o fim dos tempos Senhor! Isso tá na bíblia Jeová! Eles estão comendo o fruto proibido! Shalarabalabaxuria xerebebebe!

 

“ – Que eu me lembre das aulas de catequese, o fruto proibido era uma maça – diz Lucio na sala de entrevistas – O que estávamos comendo era lichia.

— Você fez catequese? – estranha Lilith.

— É uma longa história – responde Lucio com um suspiro”

 

— Quê que tá acontecendo aqui? – pergunta Vera retirando galhos agarrados nos seus cabelos – Culto no meio do mato?

            

Afastados, A Velha Guarda caminhando por um lago discutem se o animal que seguravam era uma tartaruga, um jabuti ou um cágado.

— É tudo a mesma coisa, veia – responde Antônio preparando para tirarem a selfie.

 

Do lado oposto, Os LGBT caminhavam a procura de algum animal quando quase tem um ataque do coração ao serem surpreendidos pelos Jogadores de Futebol que brotam do mato:

— Pega o veado! – gritou Paulo.

— Quê isso genten! Piada velha! Isso é preconceito! – enfurece Tony.

— Não é isso retardado! – gritou de volta André – Atrás de você tem um veado!

— Onde gente! – pergunta Brianna – Ali Tony, pega a câmera!

— É o bambi mona! Chega mais!

Com um puxão, Tony aproveita que o animal tá ocupado comendo grama e rapidamente retira a maior quantidade de selfies possível, e depois apagam a foto do animal do tablet.

— Vai bambi! Corre veado! – berra Tony espantando o animal que corre pra dentro da mata – Não sabia que tinha veado aqui!

— Em Nhecolândia? Nem me surpreendo – ri Brianna conferindo as fotos.

— Ei isso é trapaça! – irrita-se Paulo.

— Chora no meu coque, boy! – debocha Tony puxando os cabelos para fazer um coque que nem dava um nó, e correndo para entregar a foto.

  - Aghh que raiva! – grita Paulo mirando um chute numa pedra, mas se André não o tivesse empurrado estaria sofrendo um processo nesse instante.

— Paulão! Tá doido! É um tatu!

— Caraca! Pega ele! Vamo tirar a foto!

Mais ao longe, Os Índios se divertem com um casal de macacos-prego e seguem com eles para o biólogo. Próximo dali no rio, Os Sertanejos saltam em cima de um jacaré e ignorando o perigo, tiram a selfie. No outro lado do rio, Os Funkeiros encontram um animal com as pernas iguais a de Kauê e tiram uma foto mostrando a língua.

Perdidos no mato, As Testemunhas de Jeová sofrem com o calor e rezam aos céus por um milagre, já que a cada minuto um animal some do tablet e para piorar, sem querer Raimunda excluiu o mapa.

— Eu não suporto mais – cai Zebedeu de joelhos com cara de choro – Eu não tenho dormido mais. Eu não consigo comer direito mais. Eu não tenho vivido... Eu não-suporto-mais! Eu cheguei no limite!

— Calma pastor! – diz Raimunda – Quem acredita sempre alcança! Olha!

Deitada debaixo de uma árvore, uma anta que não estava ali até minutos atrás, masca calmamente seu capim. Para maior surpresa do casal, o animal se levanta e caminha até o pastor como se estivesse ali somente para atender sua súplica.

— Oh Glória! – agradeceu Raimunda tremendo.

Rapidamente Zebedeu tira a foto e enquanto se pergunta por qual caminho deveriam seguir de volta a base, eis que o animal começa a andar de volta a mata. Achando que aquilo poderia ser um sinal, a dupla decide seguir o bicho.

 

Concluindo o desafio, Os Esquisitos chegam para entregar a foto e recebem a autorização do biólogo, mesmo com a cara séria de Lilith e a careta de Lucio.

— “Siga até o heliponto e espere mais quatro equipes para decolarem para o próximo desafio” – lê Lilith – Saudades de quando não precisava depender dos outros.

 

Longe, Os Militares desafiam uma ave e conseguem uma foto no alto de uma árvore com um carcará, enquanto Mãe Filha se surpreendem ao dar de cara com uma onça-pintada.

— Tá longe mãe!

— Fica quieta! Aproveita que tu tá usando essa brusinha de onça e vamo chegá perto.

— Isso não vai dar certo...

— Faz uma pose filha! Aê, isso, tipo a Inês Brasil, UAAAAARWW

Enquanto Mãe e Filha correm de medo depois que a onça rugiu, o biólogo entrega as dicas à Velha Guarda, aos LGBT, Jogadores de Futebol e aos Índios que pegam os últimos lugares dos Sertanejos que tiveram que se limpar da lama antes de subir no helicóptero. Com quase uma hora de desafio, As Testemunhas de Jeová encontram o biólogo e se ajoelham para agradecer aos céus.

— Está tudo bem? – pergunta o biólogo entregando-os garrafas d’água.

— Sim. Aqui a foto! Esse animal de Deus que nos indicou o caminho! – diz Zebedeu.

Ao mostrar a foto para o biólogo, o mesmo arregala os olhos e chama seu assistente para ver a imagem.

— O que houve? – pergunta Raimunda.

— Nada. É que nessa região não vemos antas a mais de cinco anos – explica o biólogo entregando lhes a dica.

— Viu! Isso é mistério de Deus! – testemunha Raimunda.

— Ou o mistério da “Anta Sobrenatural” – diz o assistente – Existe uma lenda na região, que diz que às vezes aparece uma anta do nada e que ela tem poderes sobrenaturais dependendo das intenções da pessoa que ela encontra. Logo ela pode ter ajudado vocês a realizar essa proeza difícil.

— Isso é história pra boi dormir – diz Raimunda pegando sua dica e seguindo em direção ao helicóptero.

 

Enquanto caminham As Testemunhas de Jeová ouvem o mato ao redor começar a se agitar e com medo correm antes de saber que o alvoroço era causado pelos Melhores Amigos que acabaram fazendo amizade com filhotes de cachorro do mato. Afastados, Pai e Filho correm atrás de um papagaio que cismou de chamar Diego de “Filhinho do papai”, e nas proximidades, Os Desempregados tentam se aproximar de um bando de tuiutis. Já Os Youtubers, tentam se aproximar de uma ema:

— Se essa galinha gigante me beliscar você vai ver Lana.

— Para de graça. Vamos aproveitar que esse avestruz tá preso nesse cercado.

— É uma ema!

— Tanto faz! Você acabou de chamar isso de galinha! Anda faz biquinho de pato pra foto.

Mesmo odiando essa ideia, Guilherme cede ao pedido de Lana e faz o biquinho, mas assim que a foto é tirada a ema bica sua testa, pega o boné e corre para longe. Desesperado, Guilherme corre atrás do animal e Lana, que não sabia se ria ou corria, tenta segui-los.

 

“ – Eu dei mole – lamenta Guilherme com curativo na testa – Sorte que aquela galinha gigante deixou meu boné de lado. Eu só trouxe ele!

— Eu disse que você ia se arrepender de deixar a mala de boné em casa. Por isso trouxe minha mala de maquiagem – responde Lana retocando o batom”

 

Longe de Nhecolândia, depois de quase uma hora de voo, o primeiro helicóptero pousa próximo a uma lagoa atraindo olhares curiosos das pessoas que aproveitam à tarde em um resort. Em uma tenda, Olávio, fora de seus trajes formais, os espera descalço, de shorts e com uma boia na cintura.

— Fiu-fiu! – assobiam Os LGBT, os únicos interessados no físico do apresentador.

— Sejam bem vindos á Bonito, a capital brasileira do ecoturismo!

— Bonito mesmo, hein – avalia Tony com uma pisadela.

— Bonito é uma das cidades mais desejadas para se conhecer no país – narra Olávio enquanto imagens da cidade são mostradas para os telespectadores – Conhecida por suas águas transparentes que parecem brotar do chão, nossos participantes irão ter uma desafio radical nas próximas horas.

 

Com a permissão de Olávio, Os Esquisitos são os primeiros a retirar a dica da Caixa, que por algum motivo também tinha uma boia ao seu redor.

— “Tudo em Um” – lê Lilith – “Altos e Baixos”. Deviam por esse nome em todos os desafios.

— Alegre-se Noiva do Frankenstein! Hoje literalmente será um dia de altos e baixos – responde Olávio chamando dois staffs do programa que trazem uma televisão onde imagens do desafio começam a serem passadas – Competidores! O desafio final será dividido em três partes: Primeiro participarão do Boia Cross onde percorrerão o Rio Formoso nessa boia que estou usando através de três corredeiras e cinco cachoeiras, até o segundo ponto onde terão que atravessar um circuito de arvorísmo onde enfrentarão diversos desafios, sendo três deles, inclusive o último, envolvendo culinária local – termina Olávio mostrando o mapa do desafio – Para não molharem suas roupas, podem usar nosso estoque de roupas de praia, lembrando que vocês carregarão suas roupas por todo o trajeto dentro de mochilas a prova d’água. Se perdê-la irão correr igual Os Índios: Pelados.

Ignorando as caras dos Índios que não acharam a mínima graça, rapidamente as cinco primeiras equipes trocam de roupa e correm para entrarem nas boias.

— Poxa Lu – observa Tony ao ver Lucio de shorts – Vambora malhar esse corpo! Até o Vô Antônio tem mais músculos que você.

— Olha quem fala– responde o rapaz pondo a mochila nas costas

— Inveja mata, queridõn... Quem desdenha quer comprar – retruca Tony rindo.

— Dispenso. Sou igual zumbi, gosto de comer cérebro – tréplica Lucio fazendo aqueles que acompanhavam o bate boca rir.

— Que tiro! – debocha Martha rindo.

— Tá sabendo das gírias em tia – ri Brianna.

 

Enquanto a primeira equipe aposta corrida rio a baixo sobre as boias que são levadas pela correnteza, o segundo helicóptero pousa no heliponto e as próximas cinco equipes seguem para receber as instruções do desafio.

— Ô lá em casa, hein! – diz Vera para seu apresentador favorito ao correr para trocar de roupa.

— Nossa, mas essas roupas são tão pequenas! – reclama Raimunda.

— Tu acha? Acho que tá até grande! – diz Vera – Se joga no biquine que aqui não tem ceroula não!

— Nem burca! – completa Isabella passando com um biquine minúsculo e chamando atenção dos homens.

— Onde achou? – Pergunta Vera.

 

Descendo pela correnteza do rio, alguns competidores estranham ao ver manchas na água.

— Tem alguém sangrando aí? – se preocupa Martha ao ver a água vermelha.

— É tinta – responde Aruanã.

 

“ – Eu disse pra gente usar aquela tinta a prova d’água – irrita Aruanã.

— Aquilo coça pacas! Fora que é péssimo de tirar.

— Pelo menos não ia precisar ficar me pintando toda hora. Onde a gente anda deixa marca!”

 

De volta á Olávio, os últimos competidores não perdem tempo e usam os braços como remos para ganhar tempo. Mas a frente, quanto mais se aprofundavam na floresta, mas o rio se tornava rebelde com suas cachoeiras que os faziam cair de seus botes e ganhar um banho não planejado.

— Meu cabelo! – reclama Angélica depois de voltar do fundo do rio.

— Pelo menos agora tá liso – ri Kauê sendo interrompido pelos gritos de Raimunda.

— TIRAA! TEM UM BICHONAS MINHAS COSTAS!

— Para de graça que é só uma folha – ri Raul pegando a folha e jogando na beirada do rio.

— Ufa! Pensei que fosse morrer!

— Não da folha, mas dessa queda talvez – Se preocupa Rian ao ver a última queda d’água se aproximar, e pelo barulho da cachoeira a queda seria grande.

E foi. A queda de quase dois metros, fez todos se desprenderem de suas boias e mergulharem nas águas geladas do rio emergindo em meio a xingamentos e risos. Não muito atrás, as últimas quatro equipes se divertem mais do que sentem medo e já conseguem ver o quão adiantados estavam, já que conseguem ouvir discussões mais a frente. Liderando, Os Índios já quase sem suas pinturas no corpo encontram um píer de onde saem do rio e encontram a Caixa do Olávio:

— “Atenção” – lê Quaraçá – “Ponha seus equipamentos de segurança e prepare-se para uma aventura nas árvores, e lembrem-se se cair terão que recomeçar”

— Rá! – riu Aruanã – Equipamento pra subir em árvore? Logo eu, índio!

 

Ao ver que mais equipes saiam do rio, Os Índios se adiantam e chegam ao primeiro estágio do arvorísmo. Depois de subirem um lance de escadas, os participantes tem uma breve aula com o instrutor que os veste com os equipamentos de segurança e os dá permissão para seguirem em frente: Equilibrar-se em um tronco de vinte centímetros de largura á dois metros do chão não foi tão difícil, mas no segundo estágio, alcançar a madeira seguinte a meio metro de distância um do outro, eles começam a sentir que aquilo não é tão fácil o quanto parecia. Sorte que havia três caminhos lado a lado possibilitando que não se formasse uma fila interminável, mas mesmo assim ainda havia competidor que travava no meio do caminho com medo de despencar de três metros de altura.

— “Pit Stop #1” – leu André ao alcançar a terceira plataforma – “Desça e deguste o primeiro prato. Ao terminar, continue o desafio”.

— Tomara que seja um churrasquinho – comemora Paulo descendo as escadas animado, encontrando uma mesa e um maître os aguardando. Na mesa também se reúnem, Os Índios, Os Esquisitos, Os Sertanejos, Os Militares e Os LGBT que chegam pelo faro.

— Boa tarde. Prato número um – anuncia o maître dando permissão para que abrissem as cloches.

— Ugh, peixe? – pergunta Paulo desapontado – Pelo menos o cheiro é bom.

— Não é um peixe. É um maravilhoso pacu assado – responde o maître formalmente.

Com exceção dos Esquisitos, Capitão Guerra e dos Índios, os demais caem na gargalhada.

— Só faltou o hipoglós – Raul riu.

— Hipoglós? – pergunta Soldado Mello dando uma garfada no peixe.

— É, pois hipoglós que é bom “pacu assado”.

Enquanto Os Índios se limpavam de resquícios de peixe que Soldado Mello expeliu enquanto gargalhava da piada, Os Funkeiros tentavam não olhar para baixo e se esforçavam para não pisarem em falso na próxima madeira, Mãe e Filha temem os som das cordas se esticando e a Velha Guarda tenta não ser derrubados pelos Melhores Amigos que reclamam da demora da dupla.

Terminada a comilança, as equipes voltam ao desafio agora subindo ainda mais alto para se pendurarem e equilibrarem em uma gigantesca rede vertical, dando espaço para as outras apreciarem o cardápio.

— Poxa não desce nem uma breja, uma gelada?  Como é que vocês falam cerveja aqui – pergunta Vera se sentando à mesa.

— Cerveja – responde o maître – E não, não podem beber.

— Ih pinguim chato! – reclama se contentando com um copo d’água – Ainda por cima água morna! Pegaram do rio?

— Mãe! Que vergonha!

— E ainda quer beber, essa pinguça – ri Isabella.

— Olha quem fala! – retruca Vera com a boca cheia de peixe – Come logo filha.

— Eca – reclama a garota – Eu não gosto de peixe.

— Eu também não! – concorda Diego com cara de nojo.

—Come filho, faz bem pros ossos – diz Mauro cortando um pedaço e fazendo aviãozinho com o garfo – Abre a boca.

— Que mico pai! – responde o garoto envergonhado sendo interrompido pela briga no outro lado da mesa.

— Garota volta aqui que vou empurrar esse peixe garganta abaixo! – berra Vera correndo atrás da filha.

Acostumados com esses tipos de exercícios, Os Militares terminam a rede, recebem um capacete e sentem alivio ao ver que o próximo desafio é somente para atravessar uma ponte.

— Espera Lilith – pede Lucio - É uma armadilha.

— Como você sabe? – pergunta a garota pondo o capacete.

— Por que tem uma rede cercando aquela mata e nenhuma cercando a ponte? Lembra daquelas competições idiotas do Programa do Faustão?

— Ugh! Ainda bem que agora existe TV a cabo. Mas isso será interessante – sorri Lilith vendo Os Militares dando os primeiros passos na ponte – Espero que esteja certo.

E ele estava. Escondido entre as moitas, canhões de ar começaram a bombardear Os Militares assim que eles começam a correr na ponte de madeira que se balançava à medida que eles corriam.

— Capitão!– grita Soldado Mello protegendo o rosto com as mãos.

— Continue! – grita Capitão Guerra, que nem vê quando uma bola lhe atinge a cabeça e o faz cair da ponte.

Rapidamente Soldado Mello o segura pela mão e tenta puxa-lo de volta, mas o peso do capitão é maior e o suor em suas mãos não estava ajudando.

— Força capitão! – pede Soldado Mello o puxando, mas uma bola acaba por lhe atingir o traseiro, faz perder o equilíbrio e cair junto com o parceiro.

Afastados, os outros competidores observam a cena e seguram o fôlego enquanto ambos despencam de quase cinco metros de altura. Assustado, Capitão Guerra solta um grito ao ver o chão se aproximar, mas ao invés de se esparramar, acaba quicando em uma cama elástica coberta de folhas.

— Ah... Que pena – sussurra Mateus em um tom de deboche e desapontamento.

— Tirou a palavra de minha boca – diz Lucio se preparando para encarar o desafio.

Além dos Militares, Os Sertanejos, A Velha Guarda, Os Jogadores de Futebol, Pai e Filho e As Testemunhas de Jeová acabam caindo na armadilha e tendo que repetir a etapa. Mesmo com todo o cuidado, Os Desempregados, Os Índios e Os Esquisitos por pouco não caem. Já Os Melhores Amigos, Mãe e Filha e Os Funkeiros correm a toda, como se as bolas fossem feitas de ferro:

 

“- Tu acha que eu, nascida e criada nas favela do Rio, vou cair nessas armadilha? – pergunta Vera com uma gargalhada alta – JAMAIS!

— Né – concorda Isabella – Pra quem corre dos tiro todo dia, isso é rotina! – gargalhou”

 

 Já Os LGBT escapavam em meio a cambalhotas, estrelinhas e rolamentos sobre a ponte.

 

“- São as técnicas milenares do ‘Gaymado’— explica Tony dando um beijinho no ombro.

— Lá na bairro onde a gente mora, todo ano tem competição de queimado, e nosso grupo sempre compete. As bicha de lá joga mais forte que isso!

Né non! Elas joga pra arrasá ‘cas cara das inimiga! Só as mana que manja das técnica que se salva. Tem gay que sai toda roxa!”

 

Em seguida, na próxima etapa, mas alguns ficam para trás. Na tentativa de se equilibrarem em uma prancha de madeira, tomar impulso e se jogar na outra, Os Índios e Os Desempregados acabam escorregando e tendo que recomeçar.

— Mulé tu num destrói esse troço não, hein – grita Brianna ao ver Vera tomando impulso.

— Vou te dar um soco! – ameaça a mulher alcançando a próxima prancha com a filha a seguindo.

Enquanto as equipes se recuperam na ponte de madeira e nos balanços, os mais adiantados chegam ao segundo prato degustação.

— Mas você não era o mesmo de antes? – pergunta Jéssica confusa ao ver o maître.

— Sim – responde ele seriamente dando permissão para que abrissem as cloches.

— Quê isso? Bolo de fubá? – pergunta Angélica fazendo o maître respirar fundo.

— Não. Pamonha.

— COMÉQUIÉ? – pergunta a garota já subindo em cima da mesa.

— Mas é barraqueira igual à mãe, né – diz Brianna assistindo a cena enquanto come – Ô pamonha, isso é uma pamonha, criatura.

— Eca! Eu nã... – Angélica até tentou dizer que não gostava, mas o olhar fuzilante da mãe a impediu de terminar a frase e comer o alimento.

Nos balanços, a Velha Guarda, Pai e Filho e As Testemunhas de Jeová se esforçam para alcançar os demais que já descem para comer a pamonha. Já alimentados, os mais adiantados se equilibram para passar de uma tora rolante para outra. Dessa vez somente Os Melhores Amigos se dão bem e com o coração na boca, já que nem eles acreditam como conseguiram, seguem para o penúltimo desafio: se equilibrar em uma corda. Engolindo em seco, a equipe mais jovem do programa se arrisca e seguem lado a lado segurando firme nas cordas sobre suas cabeças e os pés firmes na corda de baixo, tentando ao máximo não olharem para o chão. Subindo de posição, Os Jogadores de Futebol, Os Índios e Os Militares seguem atrás dos Melhores Amigos.

Ainda comendo a pamonha, Os Desempregados, Pai e Filho e Os Youtubers se perguntam como a Velha Guarda conseguiu devorar suas pamonhas tão rápido, se arrependendo em seguida ao descobrir o segredo:

 

“ – As vezes tirar a dentadura facilita as coisas! – ri Martha e Antônio com a boca desdentada

— É só molhar com água e mandar goela abaixo – diz Antônio repondo a dentadura”

 

Enquanto Diego e Os Youtubers vomitam, Os Desempregados se engasgam enquanto riem da situação, e As Testemunhas de Jeová aproveitam a deixa para seguir em frente. Nas cordas, Soldado Mello tenta impedir que Capitão Guerra perturbe Os Melhores Amigos, mas isso não o impede de usar a mesma corda que a dos jovens fazendo-a vibrar de propósito e como consequência os faz cair na cama elástica.

 

“ – Eles estão pedido uma Segunda Guerra Mundial! – irrita Mateus.

Você quer dizer Terceira Guerra Mundial?— corrige o produtor por detrás das câmeras.

— Por quê? Vocês também vão entrar em guerra contra eles?

Não, É que já existe uma Segunda Guerra.

— Ahh. Não sabia que outra equipe já tinha declarado guerra – responde Jéssica confusa”

 

Rapidamente, Os Militares, Os Índios, Os Esquisitos, Os Jogadores de Futebol, Os Sertanejos e Os Funkeiros se equilibram na corda e chegam ao último desafio: descer trinta metros de tirolesa até o outro lado do rio onde a Caixa do Olávio os espera.

— Ai já tá escurecendo! Quero ficar perdida no meio do mato não! Desce logo Kauê – empurra Isabella.

Em meio a gritos, as primeiras equipes disputam a liderança se soltando o mais rapidamente possível da corda e correndo para retirarem a dica final.

— “Tudo em um” – lê Raul – “Refrescando a alma”. Tamo precisando mesmo... Ô lugarzinho abafado esse sô.

— E como véi! – responde Olávio secando o suor com uma toalhinha – Enquanto vocês se divertiamm vim fazer uma visitinha rápida à Assunção, no Paraguai, para buscar um dos itens para o desafio final. Aqueles que terminaram o arvorísmo, agora irão beber três copos de 500 ml de uma das duas bebidas mais deliciosas do pantanal: O tereré, um parente do chimarrão, porém servido gelado ou o caldo de peixe piranha... gweerp— segurou a ânsia Olávio se recompondo com a toalhinha na boca – É o calor! Esse caldo é servido morno e possui diversos temperos que deixam um ótimo sabor, pode confiar! Muitos dizem que dão uma energia danada! – ri recebendo um copo d’água – A dupla que terminar primeiro é só seguir as bandeiras do programa que levará até a Zona de Relaxamento. Saúde!

— Mas é fresco mesmo, né – ri Raul.

 Enquanto os competidores disputam corrida até o desafio final, Angélica tentava controlar uma crise de risos ao imaginar como a mãe iria atravessar a corda.

— Vou nem falar nada! – irrita Vera – Moço! Tem uma corda mar grossa não?

 

Aproveitando da situação, Os Youtubers, Os Desempregados, e até a Velha Guarda e As Testemunhas de Jeová, aproveitam para atravessar a ponte de cordas e seguir para as tirolesas. Já mais adiantados, as primeiras equipes encontram novamente o maître anterior arrumando dezenas de mesas em um espaço aberto. Sobre elas, duas caixas fechadas com a palavra “escolha” os esperam para ser levantadas. Em meio a dúvidas e uma breve discussão, as equipes puxam uma das caixas e se deparam com as bebidas escolhidas na sorte: Os Sertanejos, Os Funkeiros, e Os Jogadores de Futebol acabam com um copo feito do chifre do boi com um canudo de alumínio. Dentro pedaços de erva verde flutuavam no líquido. Já Os Militares, Os Índios, Os Esquisitos se deparam com uma tigela de sopa morna e uma colher.

— Eita trem bão! – alegra Raul bebendo o tereré como se fosse refrigerante.

— Isso não é sopa? – pergunta Lilith bebendo de seu caldo.

— Bebe logo soldado! – ordena Capitão Guerra bebendo o caldo da própria tigela e em seguida cuspindo longe ao queimar a língua.

— Bem feito! – ri Jéssica chegando à mesa com Mateus, escolhendo a caixa direita com seis copos de tereré – Isso é chá de mato? Tio, posso comer a sopa não?

 

Em seguida, Os LGBT e Os Desempregados chegam para a refeição, e as cegas, escolhem a mesma coisa?

— Que isso? – pergunta Alice.

— Caldo de Piranha – responde o maître.

— Adoro um caldinho de piranha – diz Brianna lambendo os beiços.

— Eww – enoja Tony – Prefiro um pacu bem assadinho!

— Degustem! – indica o maître.

— Qual você prefere, fofo? – pergunta Tony tomando seu caldo.

— Não tenho preferência, gosto das duas coisas.

— Hmmm – sorri Tony – Versátil... Gosto assim! – diz causando o engasgamento dos seus ouvintes que tentam não rir da piada de duplo sentido.

— Não entendi a graça – diz Mateus fazendo careta enquanto bebe seu tereré.

 

Enquanto a maioria terminava o segundo copo entre caras e bocas, mais quatro equipes chegam na base dos empurrões e escolhem qualquer caixa a fim de terminarem logo a competição. Como resultado, Os Youtubers e A Velha Guarda recebem tereré e As Testemunhas de Jeová e Pai e Filho, o caldo de peixe. Minutos depois, Mãe e Filha chegam suando em bicas e abrem a caixa com o mate. Sem pensar duas vezes, Vera termina o primeiro copo em duas sugadas.

— Que diabos é isso! – pergunta ao sentir o gosto amargo.

 

Usando diferentes técnicas, sendo tampando o nariz ou bebendo as pressas, cada equipe aos poucos vão terminando o desafio, mas só podem seguir com a autorização do maître. Os Índios, acostumados e famintos terminam ao mesmo tempo e tem que apostar corrida com Os Sertanejos no caminho para a Zona de Relaxamento. Logo atrás, depois de encontrar um ovo de codorna no fundo da tigela, Os LGBT partem para conseguir uma vaga, tendo que apressar o passo ao ver Os Funkeiros e Os Esquisitos logo atrás.

— Tá chorando, capitão? – pergunta Soldado Mello.

— É suor! – resmunga tentando suportar a dor na língua.

— Toma logo isso! – pede Mauro ao filho – É só uma sopa.

— Bebe logo esse cacete, menina! – grita Vera tentando forçar o canudo na boca da filha.

— Ainda bem que meus pais não estão aqui! – ri Mateus terminando seu tereré com uma careta e correndo para terminar a competição gritando “UH TERERÊ”  e assustando a Velha Guarda que deixa a colher cair no chão.

Enquanto Os Desempregados e Os Youtubers são aprovados para seguir em frente, Olávio observa quatro homens levantando poeira na corrida pela vitória. Mesmo com calos nos pés, Os Sertanejos aumentam a velocidade, mas acabam perdendo para Os Índios.

— Parabéns Índios, vocês são os vencedores! – parabeniza Olávio.

— Esse é só o começo! – diz Aruanã confiante.

Depois dos Sertanejos, Os LGBT, felizes por chegarem em terceiro, quase são atropelados pelos Funkeiros que enjoados correm para o banheiro. Com a chegada dos Esquisitos, Olávio se surpreende com a chegada dos Melhores Amigos.

— Essas crianças ainda conseguiram chegar em sexto!? Quê que tá acontecendo, Desempregados? – pergunta vendo a dupla chegar cansada.

Em seguida, é a vez dos Youtubers, da Velha Guarda, Os Jogadores de Futebol, dos Militares e das Testemunhas de Jeová chegarem ao tapete da Complexão, deixando os pais brigando com seus filhos:

— Só falta uma tigela filho! – incentiva Mauro já fazendo aviãozinho com a colher.

— Bebe que faz bom pra saúde! – diz Vera com o chinelo na mão.

— Vou te denunciar pro conselho tutelar! – choraminga Angélica

 

Assim que o sol se põe no pantanal, Mauro por fim põe a última colher na boca do filho e correm para garantir sua permanência.

— Alá! – berra Vera – Vamo perder! Bebe minha filhinha! Se a gente perder não vamos ter dinheiro pra abrir nosso salão de beleza.

Vera disse a palavra certa na hora exata. O medo de Angélica em não ter o cabelo dos sonhos, a faz terminar a bebida em segundos e aceleram atrás do prejuízo.

— Ughh aquela sopa não tá me fazendo bem – reclama Diego sentindo a barriga doer.

— Aguenta firme filhão! – pede Mauro, vendo duas cabeleiras gigantes os perseguindo.

 

Mesmo com dores no joelho Vera consegue se aproximar de Mauro e ambos disputam ombro a ombro o último lugar, assim como seus filhos que os seguem a toda a velocidade. Com a Zona de Relaxamento a poucos metros, Mauro tenta acelerar, mas algo escorrega de sua cintura, se enrosca em suas pernas e o faz cair de cara no chão. Diego tenta escapar, mas acaba caindo por cima do pai. Graças a tantas vezes que escapou de levar uma chinelada, Angélica salta sobre a dupla e alcança Olávio.

— Antes tarde do que nunca! – celebra o apresentador – Mãe e Filha permanecem! Pai e Filho infelizmente é hora de dar tchau - lamenta o apresentador.

— Tudo bem – diz Mauro pondo a pochete de volta a cintura – Acho que nessa competição acabei perdendo uns quilinhos – ri.

— Eu disse pra você deixar esse trambolho em casa! – Diego cruza os braços irritado.

— E como eu iria curar sua dor de barriga? – pergunta tirando um comprimido da pochete e um curativo para o machucado no joelho do filho.

— ‘brigado pai...

 

“- Eu gostei de passar mais tempo com meu filho – comenta Mauro no carro de volta para o hotel com o filho sonolento – Ter guarda compartilhada, é chato, mas espero que ele saiba que o pai o ama muito.

— Para pai! Que mico! Você sabe que só sobreviveu esse tempo todo por que eu estive contigo!

— Obrigado. Te amo filhão!

— Agrr.. Eu também – sussurra envergonhado”

— Alguém me trás um lenço de papel! – pede Olávio – E depois dessa cena emocionante de reaproximação familiar, nos despedimos dessa incrível aventura no Mato Grosso do Sul! Nós vemos no próximo episódio! – acena entrando em um carro e seguindo para um descanso digno de apresentador.

 

— Ufa! Perdi uns dois quilos! – ri Kauê saindo do banheiro – Ué, cadê o povo!? – pergunta ao ver o local deserto.

— VOLTEM AQUI! – grita Isabella ao ver um carro sumindo na escuridão – E agora? Como que vamos sair daqui!!

 

Mapa da Competição no Mato Grosso do Sul

...continua...

(^_^)/

by Hikari-Ouji


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Notas finais do capítulo

Curioso para saber por ondes nossos corajosos participantes andaram passando? Acesse o link no final da fanfic para ver tudo o que rolou na competição no Mato Grosso do Sul. Fotos dos locais onde estiveram, dos desafios e até imagens do circuito de arvorismo estão lá! Acessem também meu perfil, e confira o "Diário de Bordo Total Drama: Especial" para mais informações e maiores explicações. Aproveitem!!!



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