the pirate's gospel escrita por Ironborn


Capítulo 1
while some folks pray their path to jesus


Notas iniciais do capítulo

tudo o que eu tenho a dizer é: gay pirates (não mas sério a fic é só piratas se pegando)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/704362/chapter/1

O movimento das ondas não conseguia mais deixá-lo enjoado. Depois de três anos à bordo de uma galé — dois deles passados esfregando o chão do convés —, Benjamin já tinha o cheiro de água marinha impregnado nos cabelos e na alma.

Agora, como primeiro-almirante, ele cuidava do leme enquanto o capitão descansava em seus aposentos. O sol brilhava no meio do céu, e o mar, quase parado, tornava impossível que o navio se movesse. A tripulação do Rainha da Libéria estava presa em uma calmaria, sem previsão de melhora.

Com um suspiro — calmarias eram quase tão ruins quanto tempestades —, Benjamin virou as costas ao leme e desceu as escadas do convés. Não ficaria com queimaduras de sol sem motivo algum. E além disso, ele tinha um capitão de quem cuidar.

A porta do quarto de Oluchi estava fechada, mas ele não se incomodou em bater antes de entrar — eles se conheciam há muito tempo para se importar com formalidades. Desde que Oluchi ainda era um almirante daquele navio, desde que trouxe em seus calcanhares um menino maltrapilho que havia fugido de casa. Benjamin.

(beija-me, benjamin)

— Pensei que você não ia aparecer — o capitão disse, estirado na cama. Em seu rosto, o tapa olho branco feito de couro de baleia chamava a atenção de qualquer um que o olhasse, ainda mais contrastando com sua pele negra. Nos lábios grossos, ele mostrava um sorriso. —, Benjamin.
— Você não anda merecendo nenhuma visita — ele respondeu, sentando-se ao lado de Oluchi. Com cuidado, começou a retirar as bandagens que cobriam seu torso. — Entrando no meio do combate daquele jeito. Parecia estar procurando a morte.

— A morte dos meus inimigos, com certeza. — Sua face se contorceu numa expressão de dor quando Benjamin revelou os ferimentos que marcavam sua pele. Cobertos de sangue seco, os cortes deixados pelas espadas dos homens do último navio que ele conquistara pareciam ter saído de um quadro macabro. — Quanto a mim, bem. Argh! Mais cuidado. Eu tenho o melhor médico de todo o Caribe, não tenho?

— Vamos ver até quanto tempo o melhor médico do Caribe vai aguentar se você morrer. A tripulação provavelmente vai esperar uma tempestade para então me fazer andar na prancha. Ah, isso depois que todos eles me estuprarem, é claro.

Ele esfregou uma das feridas de Oluchi com mais força do que o necessário, deixando sua raiva transparecer. Benjamin se sentia odiado naquele navio. Invejado talvez fosse a palavra certa — sim, pois como um garoto daqueles, que mal conseguia lutar, fora direto do chão do convés para o lugar de honra ao lado do capitão?

Salvando-o da morte certa. Essa era a resposta que apenas os dois sabiam.

A mão de Oluchi apertou seu pulso, impedindo-o de continuar com sua tarefa. — Alguém ameaçou você? Alguém tocou em você, Benjamin? Por que eu juro pelos meus deuses que se isso tiver acontecido…

— Não aconteceu nada — ele rapidamente cortou, livrando a mão do aperto do capitão para continuar com sua tarefa. — Mas eles não precisam me dizer nada para que eu saiba, Oluchi. Para que você saiba. — Com as feridas devidamente limpas, ele passou a enrolar bandagens novas pelo torso de Oluchi, tendo cuidado para não deixá-las apertadas demais. Ninguém precisava de um capitão que não conseguia respirar. — Você não pode morrer, Oluchi. Não pode.

Depois de finalmente ter acabado a troca do curativo, Benjamin permitiu-se deitar ao lado de Oluchi — com cuidado para não causar-lhe dor. Seu rosto ficou escondido junto ao pescoço do capitão, que ele enchia de beijos e pequenas mordidas.

— Eu não vou morrer, Benjamin. Eu não morri no cativeiro, quando arrancaram um olho de mim. Só vou morrer quando voltar para casa.

— Não acho que sua mãe vá gostar de saber que você agora tem um caribenho escondido debaixo das saias. — Benjamin disse, mudando o tom da conversa. Ele não queria pensar no pior.

Uma das mãos de Oluchi fez o caminho até suas nádegas, apertando-as, e os dois sorriram.

— Mas sou eu quem estou debaixo das suas saias o tempo todo. É difícil te foder se você estiver usando calças, Benjamin. — Ao ouvir seu nome, Benjamin levantou a cabeça. Beijou o queixo de Oluchi, sua mandíbula e por fim seus lábios, sentindo neles o gosto de rum que sempre o deixava um pouco tonto. Oluchi não demorou para incluir sua língua no beijo, mas Benjamin ainda tinha uma carta na manga.

Ele rompeu e beijo e, aproveitando a surpresa do outro, sentou-se no colo de Oluchi com uma destreza vinda de meses de prática. — Sempre é difícil me foder, entendeu?

— Quero ver você dizer isso quando eu estiver com a língua no seu rabo. — As mãos fortes do liberiano abriram os laços da blusa de Benjamin, revelando o peito sem cicatrizes por baixo, tão diferente do de Oluchi. — Quero ver você dizer qualquer coisa.

— Ah é — Benjamin disse, derretendo-se quando as mãos do outro começaram a apalpá-lo por cima das calças. O almirante tocou de leve a bochecha de seu capitão, num rápido momento de ternura entre os dois, apenas para surpreendê-lo ao esfregar suas nádegas no membro dele segundos depois. — Você pode até ser o capitão lá em cima, mas aqui quem manda sou eu.

(alguns marujos afirmaram terem conseguido ouvido a risada de oluchi mesmo estando no convés superior, mas benjamin nunca se arriscou a confirmar)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[whispers] gay pirates, guys