Chi Su estava arrumando suas coisas para a sua viajem, ele não levou muita coisa, levou tudo em dois lenços azuis e os amarrou em um graveto. Ele estava pronto! Logo ele desceu para a aldeia à procura de seus dois amigos que estavam brincando com as crianças, ele achou seus dois amigos onças em volta de várias crianças.

—Chi Suuuuu!!!!!!!! - As crianças gritaram ao vê-lo.

—Oi criançada! – Ele se ajoelhou para ficar da altura das crianças.

Uma tigresinha com um ursinho de pelúcia nos braços se aproxima dele:

—É verdade que você vai embora do vale? – Ela tinha voz de choro.

—Você contaram?! – Ele olhou para as duas onças que fintavam o céu tentando disfarçar.

—Bem, eles tinham que saber que você vai sumir por uns dias, Né amigo... – Fang disse com a pata na nuca.

—E foi ele quem contou primeiro! – An apontou para Fang.

—Tá bem, é verdade, eu vou viajar por algumas semanas. – Ele disse às crianças.

—Mas quem vai defender o vale? – Um coelho questionou.

—Ora, vocês têm o Fang, a Na e a Lan Li, mas, cadê a Lan Li? -Ela não saiu do quarto a manhã inteira, nem me deixou entrar.

— An contou. -Mas, ela não vem se despedir de mim? – Chi Su se entristeceu por dentro.

—Ah, ela deve estar naqueles dias, sabe... - Fang disse dando um pequeno riso.

—Não fala uma coisa dessas na frente das crianças, seu sem noção! – An o reeprendeu.

—Foi mal, amorzinho. – Ele a abraça pelas costas e começa a beijá-la no pescoço.

—Ecaaaaaa!!! - As crianças gritaram ao ver as ações das onças.

—Bem, melhor eu ir, adeus, prometo voltar em breve. Ele se virou e concentrou o seu chi, quando ele estava pronto deu um salto de tigre no ar e começou a voar, quando estava prestes a acelerar ele vê sua amiga Lan Li acenando para ele lá de baixo, eu ficou feliz em ver que ela não tinha se esquecido dele, só estava atrasada. Depois de acenar para a leoparda ele acelerou o vôo e foi-se na velocidade da luz:

—Adeus meu querido Chi Su, espero que a sua amiguinha já esteja namorando quando você chegar. – Lan Li disse a si mesma esperançosa.

Não demorou para Chi Su chegar no Vale da Paz, ele pousou na entrada do vale e pegou caminho pela floresta de bambu, ele caminhou pacíficamente até um local onde haviam várias plantas cobrindo alguma coisa grande, o tigre pegou em um de seus lenços uma faca em formato de dente afiado no qual ele mesmo esculpiu e uma chave, ele começou a cortar as plantas com a faca e também as arrancava com as garras para ajudar, quando todos o matos estavam no chão foi revelada uma casinha, a casinha onde já foi o clubinho dele e de Tigresa quando crianças. O coração do tigre albino começou a bater, ele pegou a chave e destravou a porta, revelando o lado de dentro da casa totalmente coberto de teias de aranha e revestido de poeira, ele entrou lentamente no antigo clube depois de trinta anos, tudo estava exatamente como ele e Tigresa haviam deixado no dia que ele partiu, provavelmente porque Tigresa nunca entrou ali desde então.

Ele olhou para a parede e encontrou marcas de suas patas que eles faziam com tinta preta e um desenho dos dois quando pequenos que pediram para um desenhista fazer. Ele sorriu com as inúmeras lembranças boas que aquela casinha continha que correram pela cabeça do tigre no momento, ele olhou para a mesinha de centro e viu folhas com desenhos que eles faziam e uma boneca da Tigresa de pelúcia que ele havia feito para ela. (N//A:Acho que alguém também fez isso para ela, não é gente?!) Tristemente ele pegou a boneca e se ajoelhou no chão, começou a imaginar o quão ficou triste Tigresa ficou quando ele a deixou sozinha depois de ir embora, a culpa invadiu o seu coração, agora era a hora! Ele tinha que vê-la depois de trinta anos! Como o mesmo havia prometida há trinta anos!

—A espera acabou, Ruivinha listrada! O seu Floco de neve voltou para você! – Ele disse determinadamente.

Ele guardou a boneca em um dos lenços que carregava no graveto, saiu da casa, travou a porta, guardou a chave e levantou o vôo para o Palácio de Jade. Pousou na frente dos portões do palácio, seu coração bateu mais rápido, sem hesitar ou medo de se arrepender ele bateu no portão com força mas nem tanta para não parecer ameaçador. Logo ele é atendido pelo mensageiro, Zheng:

—Sim....? – Ele se encolheu ao ver o enorme tigre branco.

—Eu venho em paz, estou aqui para cumprir uma promessa muito importante para a mestra Tigresa, líder dos Cinco Furiosos, ela mora aqui, certo?

—S... sim, ela mora, e, quem seria o senhor?

—Sou mestre Tigre, mas meu nome é Chi Su.

—Sim, mestre Chi Su, vou chamá-la imediatamente, espere aqui dentro, por favor. – Zheng abriu o portão para que o tigre albino entrasse.

—Obrigado, mensageiro do Palácio de Jade, peço que quando for me anunciar para ela não diga qual é o meu nome, diga que sou “um amigo”. – Ele pediu gentilmente.

—Mas é claro, ela já estará aqui. – O ganço disse antes de voar e deixar algumas de suas penas caírem.

Na cozinha, os mestres estavam almoçando e conversando como sempre, Po e Tigresa estavam sentados lado a lado, por baixo da mesa eles tiraram as suas sandálias e sapatos e começaram a esfregar os seus pés uns nos outros em uma demonstração de afeto que lhes proporcionou um prazer estranho porém agradável. Tigresa sabia disfarçar muito bem, continuava um pouco séria e comia os seus tofus sem esboçar nenhuma manifestação de seu corpo à sensação que ela e seu panda estavam dando um ao outro. Já Po não conseguia disfarçar muito bem, às vezes era pego com os olhos virados para cima com um sorriso bobo ou soltava um pequeno gemido, mas parava suas ações com um olhar ameaçador da felina ou um beliscão da mesma. Logo depois, Zheng entrou na cozinha e os interrompeu:

—M... mestra Tigresa? - Ele estava encolhido como sempre.

—O que foi, Zheng? – Ela tinha um olhar totalmente frustrado.

—Tem alguém querendo te ver.

—E quem seria? -Ele se identifica como “um amigo”.

—Ai ai, já estou indo. – Ela pôs as sandálias rapidamente e se retirou da cozinha, mas não sem antes dar uma piscadela para Po.

No palácio, Chi Su encarava o seu reflexo na piscina de reflexão, Tigresa entrou pelo portão e avistou a figura que parecia ser um felino, estava muito desconfiada então andou lentamente, quando já estava há alguns centímetros do estranho ela o chamou:

—Oi, quem é você? Queria me ver? - Chi Su se paralizou, era a primeira vez que ouvira a voz de sua amada depois de anos sem vê-la, sua voz mudou muito, costumava ser bem doce e inocente quando criança e agora estava mais grossa, muito mais madura, uma voz durona! Ele se virou um pouco mas manteve os olhos fechados misteriosamente:

—Mestra Tigresa? – Ele perguntou.

—Eu mesma, e quem seria você? – Ela estava cada vez mais curiosa e intrigada.

—Você não se lembra de mim?

—E eu deveria? Não dá para abrir o jogo logo e dizer quem você é? Eu não tenho o dia todo! – Ela já estava nervosa com aquele mistério todo.

—Fique calma, tudo tem o seu tempo, eu vim aqui para cumprir a minha promessa, se é que você se lembra.

—Que promessa?

—Ora, você esqueceu? Vou abrir o jogo logo, Ruivinha listrada... – Ao dizer isso ele se vira e a encara pela primeira vez em anos, ele se impressionou com o tanto que ela amadureceu. Quando o tigre se virou a ficha de Tigresa caiu... ele era Chi Su! O queixo dela caiu e a mesma pôs a pata na boca, não acreditava que o seu melhor amigo tinha voltado mesmo para ela.

—Chi.... Su?! Mas como.... você voltou mesmo?! Eu pensei que tivesse me....

—Esquecido você? Como eu poderia esquecer da minha melhor amiga no mundo todo? – Ele se aproxima dela mais um pouco até ficarem muito próximos. Num ato inesperado, Tigresa se lança nele e o abraça fortemente pelo pescoço, mas não o suficiente para o sufocar, ele passa os seus braços brancos e fortes pelas costas dela gentilmente, compartilhando um abraço que ambos esperaram por anos para compartilhar.

—Eu senti sua falta! – Foi tudo que ela conseguiu dizer naquele abraço.

—Eu também, minha Ruivinha listrada! – Ele respondeu a apertando mais.

—O que está acontecendo aqui? Os tigres-do-sul se separaram e viram Po parado na frente deles com o olhar chocado:

—Po, não é o que você está pensando, esse é o meu amigo de infância, Chi Su, eu já te falei dele lembra? Chi Su, esse é o Po, o Dragão Guerreiro e meu namorado. – Tigresa os apresentou.

—Muito prazer em... – Chi Su sentiu que foi atropelado por uma avalanche. A garota de seus sonhos já tinha um namorado?! Mas, e a parte dela da promessa?

—Ti, agora to confuso, por quê você não quer contar sobre o nosso relacionamento para os outros mas para ele você diz na lata? – Po perguntou um pouco nervoso.

—Po, nós podemos confiar no Chi Su, ele vai manter segredo, não vai, Floco de neve? – Tigresa perguntou ao tigre branco em choque.

—Ruivinha, podemos conversar à sós? – Ele perguntou à ela de um jeito mais nervoso ainda.

—O que você tiver que dizer à mim pode dizer na frente do Po. – Ela foi para o lado de Po e o abraçou pelo braço deitando a cabeça no ombro do panda.

—É uma coisa sobre nós, Tigresa, ele não vai entender, por favor, vai levar só cinco minutos. – Ele insistiu.

—Cara, o que é que eu não vou entender, hein? Tá com medo de falar na minha frente? – Po disse de uma forma muito enciumada.

—PO! Ele têm razão, você não vai entender se ele falar na sua frente, deixa ele falar só comigo, por favor! – Tigresa pediu.

—Você ta defendendo ele?

—Por favor... – Ela fez seus olhos ficarem grandes e fofos de uma forma que Po nunca conseguia resistir.

—Tá bem, por mim tudo bem. – Ele disse tranquilamente.

—Obrigado, Dragão Guerreiro. – Chi Su agradeceu. Eles foram para o lado de fora do palácio e fecharam a porta:

—O quê você ta fazendo? – Ele perguntou de um jeito grosseiro.

—Como assim? – Ela estranhou o modo dele agir.

—Eu cumpri a minha parte da promessa, treinei desde os sete anos até meus ossos quase se partirem, me tornei um grande e respeitado mestre do kung fu e voltei pro vale por você, mas você não cumpriu a sua parte!

—E o quê eu deveria cumprir? – A felina cruzou os braços e se entortou como costuma fazer.

—Você não se manteve solteira para mim! Era para quando eu voltar nós começarmos a nossa vida juntos! Você me traiu, Tigresa!

—Do quê está falando?

—Você não sabe o quanto eu sonhei por isso, todo o meu esforço para chegar onde eu estou foi por você! E é assim que me retribui? E o pior é que ele é um panda! Isso é repugnate!

—Espera, agora você ta pegando pesado! O que o Po tem a ver com isso?

—Você é um tigre e ele um panda! Isso não vai dar certo! Nós dois somos compatíveis, por quê me traiu com ele, Tigresa?

—Agora chega! Primeiramente:Eu não ia ficar te esperando até hoje! E se você não voltasse? Eu não tinha como saber e você não têm o direito de me culpar por isso! E segundamente:Eu e o Po nos amamos e nada e nem você pode mudar isso, se isso é ou não é errado nós não ligamos! - Ela disse revoltadamente.

Ele ficou paralisado, no fundo amava a Tigresa mas, também queria que ela fosse feliz, se aquele panda a fazia feliz ele não podia interferir no relacionamento deles:

—Me perdoa, Tigresa, eu sou um tolo! Não devia ter dito nada disso para você, vou entender se você quiser que eu vá embora. – Ele abaixou a cabeça e pôs a pata na testa em vergonha.

—Não! Tá tudo bem! Eu entendo que você tenha ficado chateado pelas coisas não terem saído do jeito que você queria, mas, nem sempre é assim, eu não estou nem um pouco brava com você, afinal, somos melhores amigos. – Ela ergueu a pata fechada e levantou o dedo mindinho.

Chi Su fez o mesmo e eles apertaram os mindinhos como faziam quando crianças:

—Amigos para sempre! – Eles disseram juntos.

Do lado de dentro, Po estava assistindo tudo pela brecha da porta: -“Quem esse cara pensa que é”? - Ele pensou indignado.

Quando os felinos soltaram as mãos os dois caminharam até a porta e a abriram, Po as afastou antes deles abrirem o portões e disfarçou que estava vendo os artefatos antigos do corredor:

—Dragão Guerreiro... – Chi Su fez uma reverência ao panda.

—Sim...?

—Peço sua permissão para passar alguns dias no Palácio de Jade, se você aceitar.

Po já tinha um NÃO pronto na ponta da língua mas Tigresa fez os olhos de gatinho mais uma vez e ele não resistiu:

—Mas é claro, fique o tempo que precisar! – Ele disse sorrindo alargamente.

—Agradeço profundamente.

—Venha comigo, vou lhe apresentar ao outros e mostrar um quarto em que possa ficar. – Tigresa o puxa pela pata mas parou por um instante – Pode ir na frente? Tenho que falar com o Po.

—Claro. – Ele disse seguindo sem ela.

Tigresa vai até o ouvido do panda e diz:

—Lembre-se, você é o único pra mim! O Chi Su não passa de um amigo! Eu te amo meu bolinho de feijão! – Ela termina lhe dando um beijo na bochecha antes de correr para acompanhar seu amigo.

—Espero que isso seja verdade... – Po disse tristemente a si mesmo.

—Estou tão feliz que você voltou! – Ela disse enquanto os dois caminhavam até a ala dos estudantes.

—E eu estou feliz por estar de volta! – Ele respondeu sorrindo.

Enquanto eles andavam, Chi Su não parava de olhar para Tigresa, se sentia péssimo por ela já estar namorando, seu coração tinha se partido mesmo não demonstrando isso.

—“Não! Eu não treinei duro todos estes anos para desistir de você, Tigresa! Eu não vou desistir! Aquele panda não vai te dar a felicidade que eu posso te dar! Eu te amo, Tigresa”! – Ele pensou apertando os punhos.