Only Ones Who Know escrita por lexie lancaster


Capítulo 3
Coming back


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo, a linha temporal principal da narrativa é retomada.
Desejo a todos* uma boa leitura!


* Qualquer alma futura que por ventura venha a encontrar esta fanfic.



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Chegando ao hospital, Sasuke e Hinata foram direto para a recepção. Conhecendo o protocolo hospitalar, Sasuke pediu para ver Mikoto Uchiha, sua mãe. A atendente não o questionou, apenas verificou os registros com rapidez.

— Mikoto Uchiha está internada em um quarto no andar de cima, número 217. Como chegaram no turno da manhã e a sala de espera ainda não está cheia, podem ir pela entrada principal. É só subir e falar com as enfermeiras de lá quando chegar. Elas vão levar vocês ao quarto dela. – Explicou a atendente.

— Obrigado.

Hinata e Sasuke se afastaram da recepção e saíram da sala de espera por uma porta dupla de vaivém que levava à área principal do hospital. Eles avistaram os elevadores no fim do corredor. Em questão de minutos, estavam passando por um posto vazio de enfermagem e se dirigindo ao quarto 217.

Antes de conseguirem chegar no quarto, uma mulher loira de cabelos presos, que aparentava estar em torno de seus cinquenta anos, com pequenos olhos âmbar e vestida com um jaleco branco, se aproximou dos dois.

— Bom dia. Sou a doutora Tsunade. Precisam de alguma ajuda?

— Estamos procurando pelo quarto 217.

A mulher ergueu as sobrancelhas claras.

— Você é parente da senhora Uchiha?

— Sou o filho dela. Sasuke Uchiha.

— Bem, Sasuke, na realidade, Mikoto é minha paciente. Se importaria de me acompanhar até a minha sala antes de ir visitá-la?

Sasuke relanceou os olhos para Hinata antes de olhar novamente para a médica.

— Acredito que não haja problemas em ela nos acompanhar também.

— Claro, sua namorada pode acompanha-lo.

Hinata corou um pouco com o mal-entendido da médica, mas Sasuke não fez questão de corrigi-la.

***

A sala da Dra. Tsunade era relativamente espaçosa e uma consulta naquele local com certeza passava uma sensação de estar lidando com uma profissional renomada. Seu diploma ganhava destaque ao lado da porta, um lírio da paz repousava em um vaso localizado ao lado da janela e muitos livros enchiam a estante que ocupava boa parte do espaço da parede. A médica sentou-se atrás de sua mesa, que estava cheia de papéis com letras ilegíveis, enquanto Sasuke e Hinata sentaram-se nas duas cadeiras que estavam do outro lado da mesa, posicionadas exatamente de frente para Tsunade.

A médica retirou um laudo sobre Mikoto de uma de suas gavetas e ficou segurando-o por um curto período de tempo antes de começar a falar.

 — Tenho atendido a Sra. Uchiha durante os últimos meses. Ela chegou ao hospital reclamando de fortes enxaquecas e sintomas muito específicos para serem tratados apenas como uma mera dor de cabeça comum. Imediatamente foi sugerido que ela se submetesse a uma série de exames para que pudéssemos identificar o problema o mais rápido possível.

A médica fez novamente uma pausa antes de prosseguir.

 — E o que os exames revelaram é que ela tem um tumor no lóbulo temporal.

Quando a médica declarou a notícia pôs o laudo de lado e olhou para Sasuke de forma solidaria.

— Em outras palavras – disse devagar como se ele não tivesse entendido o que acabara de ouvir — Mikoto está com câncer em um estágio muito avançado. Infelizmente, não há mais nada que possamos fazer além de tentar retardar o alastramento do tumor por um determinado período de tempo.

Hinata estava praticamente paralisada. Ela parecia não ser capaz de processar a informação que acabara de receber. Era como se todo o seu ser se negasse a acreditar naquilo que parecia tão surreal; tão equivocado. Ela visitava Mikoto a cada mês e estranhou quando Sasuke havia dito que Mikoto estava no hospital, mas não cogitou sequer imaginar que o quadro fosse de tamanha magnitude. Sasuke. Hinata voltou-se para ele e o Uchiha estava completamente pálido. Todo e qualquer vestígio de cor havia deixado seu rosto.

Para Sasuke, sempre tão racional e observador, a médica parecia esperar uma discussão, uma desculpa ou uma série de perguntas. Sasuke queria poder fazer qualquer uma dessas opções, talvez até mesmo as três ao mesmo tempo. Mas em seu interior ele sabia. Sabia que nada daquilo adiantaria. Nada daquilo iria reverter aquele caso. Nada iria mudar. Ele sabia.

***

Parou por um instante em frente a porta do quarto 217. Sasuke Uchiha sentiu a mão de Hinata ir de encontro a sua. Ele a encarou enquanto ela claramente forçava um sorriso e fazia seu melhor para evitar as lágrimas que começavam a se formar nos cantos dos seus olhos. Pouco antes de ambos entrarem no quarto, Sasuke finalmente soltou a mão dela e lamentou-se senti-la deslizar da sua.

Mikoto já estava acordada, pois ultimamente ela não havia conseguido dormir por muito tempo. Ela encarava o relógio na parede ao lado da cama, vendo os minutos passarem com assustadora regularidade. Ao perceber que a porta havia sido ligeiramente aberta, Mikoto virou a cabeça devagar e olhou para o casal que havia acabado de adentrar o quarto.

— Sasuke! Hina! É tão bom poder ver os dois finalmente juntos de novo. Ah, me desculpe por não poder ter ido te visitar da última vez em Tóquio, querido.

Se a Hyuuga não conhecesse Mikoto, ficaria no mínimo espantada com sua atitude de conseguir preocupar-se com os demais mesmo encontrando-se em uma situação tão delicada. Hinata sentiu os olhos arderem. Estava sendo muito difícil conseguir compreender o motivo de algo tão ruim estar acontecendo com uma pessoa tão boa, mas estava fazendo o seu melhor para manter-se calma e não desmoronar na frente de Sasuke e Mikoto. Ela então pôs sutilmente o arranjo de orquídeas que ainda segurava na mesa ao lado da cama de Mikoto, perto de um buquê de rosas que também ocupava a pequena mesa e depois sentou-se na cadeira ao lado da cama em que Mikoto estava deitada, segurando sua mão.

 O moreno ficou pé perto da portar por um tempo, antes de conseguir fazer seu corpo se mexer até onde sua mãe estava. A última vez que Mikoto havia marcado de encontrá-lo em Tóquio havia sido há duas semanas, mas subitamente havia desmarcado sua visita. Ela nunca havia feito isso antes e Sasuke ficou sem entender a atitude dela, mas agora entendera. Ele sempre se manteve ocupado com o trabalho e fora demasiado orgulhoso, ao ponto de não cogitar sequer voltar para Konoha e, por isso, era ela quem sempre tomava a iniciativa de ir visita-lo. Sasuke engoliu o nó em sua garganta.

— É bom te ver de novo também, mãe. – Sussurrou ele.

Hinata observava a expressão séria de Sasuke enquanto lembrava da época em que passara por algo semelhante quando ainda era uma criança. Recordou-se que foi durante esse período de sua vida que conheceu Sasuke Uchiha e sua família. Ele apareceu em sua vida no exato momento em que o que ela mais queria era um amigo. Hinata ainda relembrava o passado quando a porta se abriu.

Os três – Hinata, Sasuke e Mikoto – se sobressaltaram e depois se viraram na direção da porta que revelava Fugaku.

— Espero não ter vindo em uma má hora.

Mikoto se sentou reta e tentou arrumar sua camisola hospitalar amassada.

— Não, é claro que não. Sasuke e Hinata vieram me visitar hoje. – Disse Mikoto com sinceridade.

Hinata levantou-se para cumprimentá-lo

— Bom dia, Sr. Uchiha.

— Bom dia, Hinata. Bem, eu só queria checar Mikoto para saber se está tudo bem.

Sasuke andou na direção de Fugaku.

— Se não vai ficar muito tempo, posso te acompanhar até a saída.

Os olhos de Hinata se arregalaram um pouco com a atitude do amigo de infância, enquanto Fugaku manteve o papel de homem educado.

— Seria ótimo.

***

Quando saíram do quarto em que Mikoto estava internada, Sasuke ficou parado no meio do corredor, ficando de frente para o pai.

— Há quanto tempo sabe da situação dela?

Fugaku deu um lento e longo suspiro.

— Quando te liguei ontem, eu tinha acabado de conversar com a doutora Tsunade. A médica me contou que os exames saíram a mais de um mês, mas faz menos de três dias que Mikoto decidiu me contar. Aparentemente, ela também precisou de seu próprio tempo para assimilar a notícia

— Bom, foi muita gentileza sua vir aqui e “checar” como ela está. Mas se ainda não percebeu, ela está longe de estar bem.

— Sasuke, eu...

Foi tudo o que conseguiu dizer antes que o filho o cortasse:

— Você o que? Me deixe tentar adivinhar. Você está muito ocupado com seu trabalho para ajudar?

— Eu sei que é difícil pra você acreditar em mim, mas essa situação já está complicada o suficiente. Para todos nós. Mikoto sabe disso, foi escolha dela ficar internada.

Os olhos de Sasuke ainda encaravam os do pai.

— Não. Eu e você sabemos que você não perderia seu precioso tempo para cuidá-la, e, no final, apenas contrataria uma enfermeira. Então acho que ela sabe muito bem que não faria diferença escolher continuar internada ou não.

Sasuke olhou por cima do ombro enquanto dava as costas para Fugaku e voltava para o quarto 217.

— Acho que você sabe como chegar na saída.

O tom da voz dele deixou claro que o assunto estava encerrado.

***

— Vou ficar em Konoha.

Tanto Mikoto quanto Hinata, as quais outrora conversavam distraídas, pareceram surpresas com a volta e revelação repentina de Sasuke.

— Conversei com a doutora Tsunade mais cedo. Ela contou que você não pretende fazer a químio.

Mikoto suspirou e pegou a mão do filho.

— A doutora Tsunade provavelmente também contou que meu caso não é reversível, então sim, eu fiz minha escolha.

Mikoto queria fazer alguma coisa – qualquer coisa, menos ficar deitada ali, tão imponente. Queria poder assumir o controle da situação, mas em sua condição atual, não restava muito mais a ser feito. 

— Já que você fez sua escolha eu também fiz a minha — disse Sasuke — Vou ficar em Konoha e cuidar de você.

***

O horário de visitas havia terminado, os corredores do hospital passavam a impressão de tornarem-se mais cheios com o entardecer e alguns pacientes ainda esperavam na fila de espera. Hinata e Sasuke passavam pela porta de correr automática que levaria ao estacionamento.

— Obrigado por ter vindo hoje — ele disse.

Hinata parou de caminhar, e se virou para olhá-lo dentro dos olhos. Naquele momento, ela percebeu que não havia palavras que pudesse usar que chegassem perto de expressar o que pretendia dizer a ele, então, sem pensar muito, ela simplesmente o abraçou. Por um breve segundo, Sasuke pareceu surpreso, mas logo compreendeu o significado por trás daquele abraço. Ele se permitiu fechar os olhos e corresponder aquele abraço, sentindo a cabeça dela apoiar em seu ombro.

Eles se desvencilharam vagarosamente, e Sasuke mostrou um pequeno sorriso enquanto tocava as costas de Hinata e a guiava em direção ao carro. Ele abriu a porta do passageiro para ela antes de dar a volta e sentar-se no lugar do motorista. O que nem Hinata nem Sasuke sabiam, porém, é que uma mulher de jaleco branco e cabelos cor de rosa observava os dois atentamente enquanto se afastavam do hospital.

***

O dia seguinte amanheceu nublado e com chuva esporádica. Hinata Hyuuga caminhava sob a arcada de pedra do Heiwa Park, o cemitério mais antigo de Konoha. Sabia exatamente para onde se dirigir e cortou caminho pelo gramado, passando por várias sepulturas. Eram tão velhas que dois séculos de chuva tinham apagado quase todas as inscrições nas lápides. Ela se lembrou das vezes em que parara para tentar decifrá-las. Como logo percebera, era uma tarefa impossível.

Hoje, entretanto, Hinata prestava pouca atenção a elas enquanto andava sob um céu nublado. Parou somente ao chegar à sombra de um gigantesco salgueiro. O marco que fora visitar ali, no lado leste do cemitério, tinha pouco mais de 30 centímetros de altura. Era um bloco de granito de aparência comum com inscrição apenas na face superior.

Exceto pela relva alta nas laterais, estava bem-cuidado. Bem na frente do bloco, havia um buquê de azaleias secas. Ela não precisou contá-las para saber quantos eras, nem ficou se perguntando quem as deixara ali.

Seu pai colocara as nove azaleias ali, uma para cada ano de casado. Ele sempre levava aquelas flores, em junho, no aniversário de casamento deles, e fizera isso nos últimos 19 anos. Durante esse tempo todo nunca contou nada disso a Hinata, e ela jamais mencionara já saber.

Passou os dedos pelo granito polido e depois depositou cravos brancos no local. A cada ano, a cada visita, Hinata ficava mais velha, e agora estava se aproximando da idade que sua mãe tinha ao morrer. Hinata fechou os olhos e a imagem do rosto fino e jovial da mãe apareceu em sua mente, seguido instantaneamente pela imagem do rosto de Mikoto. Sem conseguir mais conter suas emoções, ela deixou cair as lágrimas que vinha relutando em derramar desde a visita que fizera ao hospital. Antes de ir embora, fez uma breve oração em memória da mãe e se inclinou para tocar novamente a lápide.

***

 Sasuke Uchiha estava sentado em um dos bancos de madeira que o Mizumi Park dispunha. Ele encarava o lago a sua frente. Duas mulheres, que estavam do outro lado do lago, cochichavam e olhavam para ele sem parar. Ele já tivera experiências o suficiente para saber o que aquilo significava. Embora nunca houvesse chegado nem perto de se casar e duvidava que esse dia chegaria. Não se imaginava casado, mesmo depois de já ter namorado Ino por algum tempo, quando se mudou para Tóquio.

Quando eles se conheceram, Ino estava saindo de um relacionamento desastroso – o namorado engravidara outra mulher – e ela se voltara para Sasuke naquela hora difícil. Ela era um ano mais velha, bonita e eles se deram bem por algum tempo. Mas ela queria algo mais e Sasuke lhe dissera honestamente que talvez nunca se sentisse pronto para esse compromisso. A questão se complicou e, com o tempo, eles se separaram. A última notícia que Sasuke tivera era de que ela estava casada com um advogado chamado Gaara.

Ino uma vez lhe disse que havia algo nele que nenhuma mulher conseguia alcançar. E, as tentativas de conversar sobre seu distanciamento não mudaram nada – e talvez, nem pudessem.

— Sasuke?

A voz serena tirou-o de seus pensamentos e seus olhos escuros fitaram a figura da mulher que se aproximava. Ela usava um vestido azul marinho. O vestido, de mangas curtas e gola V, estava abotoado o mais alto possível; a saia ficava alguns poucos centímetros acima dos joelhos. Os cabelos estavam soltos.

Ela estava linda.

— O que está fazendo aqui? Coincidência, destino ou nenhum dos dois? – Ela disse enquanto sua risada se dissipava melodiosamente pelo local.

Sasuke se levantou para ir em sua direção dela.

— Bem, a única pessoa que sempre acreditou em coisas como coincidência e destino aqui é você, Hina.

Ela seguiu o olhar fundo de Sasuke.

— E você é a única pessoa aqui que permanece tão metódica e calculista como nos tempos do colegial, mas continuo me perguntando como você faz isso.

— Isso o que? – Perguntou ele.

— Me encontrar toda vez que preciso. - Ela respondeu automaticamente antes de mudar o assunto para um tema mais delicado. - Sasuke... teve mais alguma notícia de Mikoto?

— Os médicos querem mantê-la no hospital por mais um dia para exames, mas amanhã receberá alta.

Hinata juntou as sobrancelhas.

— Gostaria de ir visita-la quando estiver em casa novamente, se não for um problema.

Os cabelos de Hinata se moveram ligeiramente à brisa, fazendo com que Sasuke sentisse o cheiro de seu shampoo. Ele concluiu que ela continuava usando mesmo shampoo de lavanda que uma vez lhe fora tão familiar e então colocou as mãos nos bolsos, contento a súbita vontade de tê-la mais perto de si.

— Não tenho dúvidas que ela ficará feliz com isso.


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