As horas passaram devagar. Naquele lugar não tinha nada pra fazer. Tinha TV, mais não havia nada de bom passando.
Tentei dormir, mais não consegui. O fato do Frank precisar vir no hospital me incomodava, será que algum parente dele tava doente ou algo assim?
Bom, se estivesse ele me contaria.
“Ele não te contaria porque ele não gosta de você...”

Ele pode até não gostar, mais se fosse alguma coisa seria com alguém da sua família ele pelo menos comentaria comigo.
Alguém bate na porta....

- Posso entrar Ge? –ouço uma voz não muito grossa.
- Pode claro.

Mikey entra meio “desajeitado” no quarto e se senta do meu lado. No seu rosto haviam pequenos cortes. O que mais dava pra ver era na boca.

- Ge, por favor, me desculpa, eu não devia ter falado com eles daquele jeito, se não fosse por mim, você não teria apanhado. –ele parecia preocupado comigo, por impulso, eu segurei sua mão forte.
- Shi, você não vez nada, não foi culpa sua, você acha mesmo que eu ia deixar eles te baterem? - nossos dedos se entrelaçaram.
- Mais não precisava ter batido nele daquele jeito só por causa de mim.
- Para Mikey, eu fiz aquilo porque eu quis. Esquece okay? Eu to bem...
- Bem mesmo?
- Ótimo. A, o Frank veio aqui... –soltando sua mão, e me sentando na cama.
- Hum, por isso você ficou feliz né?! –ele pareceu triste...
- Não, eu não gosto dele Mikey, eu vou apenas beija-lo....
- Tem certeza que você não vai se apaixonar?
- Certeza absoluta.

Ele sorriu pra mim, e eu sorri de volta.

- Eu tenho que ir Ge, ta ficando tarde....
- A não, fica mais, eu não tenho nada pra fazer, fica conversando comigo.
- Não, eu tenho que ir mesmo, e daqui a pouco você vai jantar.

A enfermeira entrou no quarto com uma bandeja na mão, e a pois do meu lado.

- Esta na hora de jantar Gerard. –disse ele se aproximando de mim e me entregando a bandeja.
- Eu não estou com fome...
- Mais você precisa e vai comer, é uma ordem, você esta muito fraco. –ainda segurando a bandeja. Eu a peguei.
- Tudo bem, eu como essa “comida”. Se isso pode ser chamado de comida.
- Não reclama Ge. Eu to indo, amanha depois da escola eu volto.
- Promete Mikey?
- Prometo.....

Ele me deu um beijo no rosto, e saiu.

“Ele anda realmente estranho, dês de que eu apostei que eu iria ficar com o Frank, ele mudou comigo, ele anda triste, será que ele...não, não pode ser Gerard.”

Procurei alguma coisa de interessante na TV, eu queria apenas parar de pensar naquilo. No Mikey, no Frank, em mim, e em tudo que os envolvia. Terminei de comer a “comida”, horrível por sinal, era um macarrão ruim, salgado. Quase não comi nada, joguei o resto na privada. Pelo menos assim eu enganaria a enfermeira.

- E então Gerard, você comeu tudo? –pegando a bandeja que estava no criado-mudo do lado da minha cama.
- A, comi sim... –sorrindo falsamente.
- Quer mais alguma coisa?
- Não não, brigada, agora eu preciso dormir sabe, ta tarde.
- Isso, quanto mais você dormir, mais cedo você vai pra casa.

Eu estava realmente cansado, me levantei com muito custo, fui até o minúsculo banheiro e escovei meus dentes. Me deitei na cama novamente, e tentei me ajeita de uma maneira que eu ficasse confortável. Acabei adormecendo.

- Ei, Gerard. –aquela voz doce me acordava.

Estava muito escuro, abro meus olhos pra vê-lo melhor, ele estava sentado do lado da minha cama, me olhando. Dei um leve sorriso, e ele retribuiu.

- O que você ta fazendo aqui essa hora Frankie? –com voz de sono.
- Eu vim te ver, se você quiser eu vou embora. Eu te acordei né?!
- Não tem problema, fica aqui comigo. Eu quero te perguntar uma coisa....
- Pode perguntar.
- O que você veio fazer aqui? Você esta doente? Ou alguém da sua família esta?
- É....não Ge...é que sabe, eu e sou voluntário aqui, e nas quartas e nas quintas eu venho aqui. –ele parecia nervoso.
- Jura mesmo?
- Claro que eu juro....

Nós ficamos em silencio por minutos. As vezes nós nos olhávamos. Ele parecia cansado, estava mais pálido que o normal, e estava tremendo de frio.

- Ei, o que você tem? Você esta tremendo..
- Não, nada Ge, só com um pouco de frio...
- Só isso mesmo?
- Claro, agora eu tenho que ir, só vim pra ver como você estava mesmo. Mais vejo que você esta bem. Se você for pra casa amanha, me liga okay?!
- Okay, eu te ligo.

Ele se levantou, e me deu um beijo no rosto pra se despedir. Automaticamente eu virei meu rosto, estávamos próximos de novo. Nossos olhos se encontraram de novo. E eu como sempre, me perdi naquela tristeza que eles expressavam.
Eu podia sentir sua respiração, que agora estava ofegante.
Nossos lábios se tocaram, mais nenhum dos dois fazia um movimento sequer. Ele estava frio, seu corpo inteiro era assim.
Ele se afastou de mim, e eu segurei sua mão impedindo que ele tentasse fugir de novo.

- Frankie, por favor... –eu tentava encontrar seus olhos de novo, mais toda vez, ele desviava o olhar. –Olha pra mim pelo menos.
- Não Gerard, não! –eu segurava sua mão cada vez mais forte.
- Para de fugir de mim, para de ter medo.
- Eu não tenho medo. Eu apenas não posso fazer isso com você. Agora me solta, você ta me machucando. Sai de perto de mim, por favor.

Eu o soltei, ele se virou, quando chegou na porta do quarto, me olhou uma ultima vez, e foi embora.

“Ele não pode fazer o que comigo? Será que me beijar seria uma coisa tão difícil pra ele?”