Depois de o diretor ter feito o seu discurso nós fomos até a primeira aula que por sorte teríamos juntos, quando chegamos a sala ela já estava um pouco cheia então pegamos um lugar no fundo, o Felipe sentou ao meu lado e a Juliana na minha frente, a primeira aula seria de matemática o professor era bem legal e conseguiu unir a turma com a dinâmica de apresentação, conhecemos vários alunos novos que são bem legais e por mais que eu tentasse não pensar certos olhos azuis não saiam da minha cabeça, e isso estava me assustando.

Depois da aula de matemática ainda tive física e literatura, o bom foi que uma aula e outra eu tinha com a Ju e o Lipe, mas infelizmente química eu não tinha com nenhum dos dois, e era justamente para essa aula que eu ia agora. Ao entrar no laboratório eu vi que a aula iria ser em duplas só não sabia se nós iríamos escolher ou o professor que escolheria, então como todos os outros que já estavam na sala eu esperei em pé conversando com meus antigos colegas até o professor chegar. Eu estava tão concentrada na conversa divertida que estávamos tendo que não percebi as outras pessoas entrando, só quando senti estar sendo observada que olhei em direção a porta e como a primeira vez congelei, ali encostado na parede perto da porta estava Ele com sua postura relaxada conversando com seu amigo, na verdade o amigo parecia falar sozinho pois ele estava com os olhos voltados para mim e desta vez me olhava com uma expressão que eu não sabia explicar o que era, mas me deixou desconfortável com a intensidade dos seus olhos negros que pareciam me envolver e me deixar com a impressão que só havíamos eu e ele naquela sala.

Mas desviei o olhar do seu quando o professor entrou na sala, vários alunos continuaram a conversar e isso deixou o professor Stivie meio zangado. Ele bateu com suas coisas em cima da mesa para chamar a atenção da turma e conseguiu, pois todos se viraram para ele surpresos.

— Bom dia turma! – Exclamou ele bem humorado, o professor Stivie era bem legal, tinha por volta dos 35 anos e usava óculos junto das suas calças jeans, tênis esportivo, uma camisa comum e seu inseparável jaleco branco. Eu gostava dele o único problema é que eu sou péssima em química, minhas notas são sempre baixas, sinceramente não sei como passei todos esses anos em sua matéria. – Hoje nós temos muitas coisas para fazer então vamos começar escolhendo as duplas do ano. – Ele disse entusiasmado. Então ele começou a dizer os nomes das duplas, eu não estava prestando até ele falar meu nome e o da minha dupla que me deixou surpresa e nervosa. – Sophie e Peter.

Eu olhei para ele instantaneamente e ele estava me olhando com a expressão divertida como se nós sentando juntos fosse uma piada que só ele entende. Então ele pegou uma bancada mais ao fundo e perto da porta e eu segui para sentar ao seu lado, quando me sentei ao seu lado ele nem olhou para mim então resolvi me apresentar.

— Olá, Sophie, muito prazer. – Eu disse, tentando ser gentil. Ele se virou para mim e eu pude ver de perto seus olhos que pareciam o céu em uma noite sem estrelas, eu me senti sendo atraída para perto dessa escuridão e quase não ouvi o que ele falou depois.

— Olá, o prazer é todo meu, acredite. – Ele disse sedutor e deu um sorriso que me deixou sem fôlego.

Antes que eu falasse mais alguma coisa o professor mandou a gente se conhecer melhor para termos um bom relacionamento com a nossa dupla, então eu me virei para ele puxar assunto.

— Bom bem-vindo a Seattle High School. – Eu disse com um sorriso tentando ser gentil. Ele olhou pra mim com um sorriso torto mais lindo que eu já vi. – Está gostando da escola?

— Ah eu estou adorando. – Ele disse me olhando dos pés a cabeça com um sorriso de segundas intenções, e eu me senti ficar vermelha. Parecia que ele queria me provocar.

— Por que você foi transferido? – Perguntei querendo saber mais dele.

— Estou aqui porque tenho assunto para resolver. – Seus olhos ficaram mais escuros, o que me causou arrepios de medo. Minhas pontas dos dedos estavam ficando mais geladas, como se meu poder quisesse me proteger.

— E quanto anos você tem? – Perguntei tentando mudar de assunto para tentar controlar o gelo dentro de mim e por mais que aquele olhar me desse medo eu queria saber mais sobre ele.

— Eu tenho 17. – Seu olhar ficou divertido por um momento e eu não entendi por que. Qual era a graça em dizer sua idade para alguém? Mas deu certo consegui me controlar um pouco.

Percebi que suas respostas sempre eram curtas e não davam abertura para mim me aprofundar no assunto, era como se ele quisesse que eu não o conhecesse. Então eu notei que era só eu que falava, ele não tentava fazer nenhuma pergunta para mim.

— Você não vai me fazer nenhuma pergunta? É para nós nos conhecermos, não eu fazer perguntas e conhecer só você. – Falei um pouco grosseiramente, mas não foi intencional só estava cansada de só eu fazer perguntas e de ter que me controlar mais perto dele do que das outras pessoas. Ele riu e respondeu:

— Não preciso fazer perguntas, já sei bastantes coisas sobre você. – Ele me deu um olhar de superior que me deixou com raiva e eu pude sentir o gelo correndo mais rápido pelas minhas veias.

— O que você sabe de mim posso saber? – A raiva era notável na minha voz. E ele apenas riu e respondeu como se realmente me conhecesse há anos.

 - Eu sei que você é brasileira, mas se mudou para Seattle aos 7 anos, sua cor favorita é o azul, você gosta do frio e muito. – Nessa parte ele me olhou como se soubesse do meu segredo o que seria impossível, se bem que tudo o que ele estava falando era impossível ele saber se me conheceu apenas hoje. – Você tem dois melhores amigos que por acaso são seus únicos amigos, você não tem uma comida preferida porque você gosta de varias, você prefere a musica pop e um pouco de musica clássica para escutar quando esta muito estressada ou nervosa, você não se acha muito bonita embora seja linda e não veja isso, você adora ler e ver filmes. Quer que eu continue ou isso já é o suficiente? – Ele disse com sarcasmo, eu estava assustada e ao mesmo tempo com raiva. Como ele sabia tudo aquilo sobre mim? Era impossível, mas olhando em seus olhos pretos eu percebi que ele não estava brincando.

Eu precisei respirar fundo inúmeras vezes para não me descontrolar, as pontas dos meus dedos estavam formigando e eu estava me sentindo cada vez mais gelada enquanto eu ainda olhava em seus olhos então desviei meus olhos dos seus para ver se isso me ajudava a me controlar mais rápido. Mas mesmo com raiva e tentando a todo custo não congelar a sala inteira eu tinha que saber como isso era possível.

— Como sabe tudo isso de mim? – Perguntei ainda olhando pra frente e forçando a voz para sair normalmente.

— Eu sou muito observador. – Ele parecia contente por ter me deixado nesse estado, parecia que ele queria me ver perdendo o controle. Sua resposta foi vaga como sempre, e isso me irritou mais ainda por não conseguir uma resposta completa dele.

Podia sentir que meus poderes estavam quase se soltando. Eu preciso sair daqui, AGORA! Eu pensei enquanto me levantava da cadeira da sala e sai correndo para o banheiro, só me lembro de ter murmurado um com licença para meu professor não me virei para olhar para o Peter, pois sabia que se eu o fizesse me descontrolaria ali na frente de todos.

Ao chegar no banheiro eu tranquei a porta de entrada e me apoiei no mármore da pia, parei um pouco para respirar devido a corrida e o meu esforço para me controlar. Assim que me acalmei um pouco levantei a cabeça para me olhar o espelho e tive que reprimir um grito de susto. Meus olhos estavam num azul quase branco, Oh meu Deus o que esta acontecendo comigo? Eu pensei assustada, meus olhos nunca ficaram assim antes, isso só pode significar que meus poderes estão ficando cada vez mais fortes e isso me assusta, pois eu não sei o que vai acontecer quando eu não conseguir mais controla-los, quando eles forem maiores do que eu.

O que ira acontecer comigo?