Anjo Negro escrita por Raquel Eloi Bisquin


Capítulo 2
Fragmentos


Notas iniciais do capítulo

Olá seres lindos ♥ Voltei cedo não?
Esse capítulo é em homenagem ao meu primeiro leitor: Marcondes Pereira !!!
Obrigado seu lindoso ♥



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CENA 1 –CASA DE ERIK/ INT / TARDE

 

E-mail: “Querido lipe,

Retiro todas as coisas boas que senti ou falei desse ogro chamado Erik…”

 

ERIK: Ei serva… Onde você pensa que vai sem terminar de limpar esse chão direitinho?- Ele derruba alguns farelos do biscoito que antes estava comendo- Isso aqui está imundo!

A casa de Erik é espaçosa, e bastante organizada para um homem… O que fez Isa questionar se ele realmente precisava de uma empregada. No dia em que a garota chegou ali procurou por porta retratos ou qualquer coisa que lhe dissesse mais sobre aquele homem, ele parecia solitário.

 

ISADORA: Deve ser porque você insiste em sujar a porcaria do chão assim que termino de limpar! Erik seu idiota! Por favor fique careca!- Erik corre para frente do espelho e olha atentamente a cabeça a procura de alguma calvíce eminente, Isa chega por trás e sussurra fazendo graça- Vê? alguns fiozinhos já estão caindo!

ERIK: Morra sem vezes sua pirralha!- Erik puxa suas bochechas- Retire o que disse serva!

ISADORA: Cafeca, cafeca!- Ela tenta cantarolar careca mesmo com a boca esticada- Foce fai ficar Cafeca!

ERIK: Cara… você é como uma criança pirracenta!

Ele solta o rosto da garota e se aproxima e a encara, Isa é pega de surpresa cora e fecha os olhos enquanto espera ser beijada…

 

E-mail continuação:  Mas em alguns breves momentos, mesmo tendo um ódio absoluto da forma como ele é mandão, meu coração me trai e me sinto como uma adolescente boba novamente, o cheiro dele, aroma de café misturado com o cheiro de cigarros… Me deixa tonta…”

 

ERIK:  Ei pervertida- ele diz segurando uma risada- Eu só ia te dizer que você tem uma sujeirinha no dente!

 

E-mai continuação:  Pensando bem… Ele é sim uma mula quadrada! Espero que fique careca logo!”

 

ISADORA: Idiota! Fique logo careca!- Dito isso ela joga o pano de chão nele e sai correndo para se arrumar para seu segundo trabalho.

 

Isadora deveria se sentir cansada por estar trabalhando de dia na casa de Erik e a tarde na lanchonete… Porém o trabalho extra da garota só a fazia se sentir mais viva.



CENA 2 –FAVELA SANTA INÊS/ INT / TARDE

 

A cena se passa na varanda de uma casa no alto do morro, na rua crianças soltam pipas, e algumas senhoras conversam alegremente. Lurdinha caminha com algumas sacolas de compra e Chico se oferece para levar.

LEOZINHO: O carregamento chega amanhã- Um garoto de 21 anos magrelo e de barba por fazer- Tá tudo pronto.

DIGÃO: Beleza- Desce as escadas deixando o menino conversando sozinho.

 

CHICO: Então eu vô ser promovido agora sabe- O homem diz alegremente- Vô ganhar mais dinheiro e vô ser supervisor…

DIGÃO: Olha quem se deu ao luxo de aparecer- Digão interrompe e passa os braços na cintura de Lurdinha que está claramente incomodada.- Eu estava te procurando. Recebeu meu recado?

LURDINHA: Recebi e recusei Diego!- Ela se livra do aperto.

DIGÃO: Tem um limite para se fazer de difícil gatinha- Aperta o braço da moça- Pensa bem.

CHICO: Ela não quer não, num adianta Digão!- Ele puxa Lurdinha.

Digão vira para Chico com os olhos em chamas e empurra o homem que cai no chão derrubando todas as sacolas. Pega sua arma e aponta para ele.

DIGÃO: Não te mete onde não foi chamado.

LEOZINHO: Os poliça pegaram o Pedro Digão! Deixa esse ai e vem resolver.

Ele guarda a arma, olha uma última vez para os dois e sobe novamente as escadas com o garoto.

LURDINHA: Você tá bem?- Ela ajuda Chico a se levantar- Machucou?

CHICO: Tô beim Lurde, não te preocupa!

LURDINHA: Que bom!- A mulher recolhe suas sacolas e olha para Chico de forma severa- Nunca mais se meta nos assuntos dos outros! Escutou? Não é dá sua conta! Tu não me conhece!

Ela sai andando deixando um Chico tristonho e chocado para trás.

 

CENA 3 –FAVELA SANTA INÊS/ INT / TARDE

 

Lurdinha se senta no banco de frente a sua casa, sacolas ao chão e lágrimas rolando.

Uma mulher durona não deveria estar chorando, iria borrar a maquiagem. Ela tinha responsabilidades com seus pais, tinha que sustenta-los, não tinha tempo para dramas e nem joguinhos. Tinha que ser forte pois a noite estava chegando e seu trabalho exigia toda a sua energia.

Prostituta.

Esse rotulo engolia toda a sua vivacidade. Claro que ela trabalhava do outro lado da cidade para que seus pais não descobrissem nada. Mas para seu azar, o dono do morro havia descoberto e agora, por razões que nem ela entendia, ele a queria. Que fosse dele, sua posse, seu objeto.

Ainda podia sentir as mãos de todos os homens sobre seu corpo, as vezes isso lhe custava até algumas cicatrizes, não só na pele. Mas também em seu interior. Sua alma doí mas ela junta o pouco de energia que ainda lhe restava e se levanta, põe sua linda e confortável mascara de felicidade para encarar seus pais.

 

CENA 4 –LANCHONETE/ INT / NOITE

 

Isa está na cozinha jantando, após servir várias mesas. Seu turno estava quase acabando.

RENATA: Então… Rolou alguma coisa com o bonitão?- A garota se senta ao lado da amiga.

 

ISADORA: Não vai me dizer que se apaixonou por ele. Rê você entrega seu coração tão fácil!

RENATA: Não eu não iria roubar o crush da minha amiga!

ISADORA: A gente não… ele não…- Ela gagueja- Ele me vê apenas como “serva” dele, dá pra acreditar?… Aquele playboy folgado! Não sinto nada por ele!

RENATA: Isa você ficou suspirando pelos cantos o dia inteirinho e chamou o Gustavo de Erik o dia inteiro! O coitadinho deve estar sofrendo de crise de identidade depois de hoje!- A menina gargalha.

ISADORA: Não posso gostar dele. Ele vem com uma placa gigantesca gritando: FURADA NÃO SE APROXIME!- Ela sorri ao lembrar dele mais cedo procurando indícios de estar careca e logo após a deixando sem jeito -Tenho a impressão que vou me machucar.

RENATA: Sabe você está bem mais sorridente esses dias.- Rê olha para a amiga rindo sozinha- Após a morte do seu irmão você se trancou e não sorria nem brincava como antigamente.-Isa encosta a cabeça no ombro da amiga- Acho que você não pode escolher se vai sofrer ou não… Mas por “Quem” sofrer. Nunca vai saber se não tentar. Na pior das hipóteses, você sempre pode chutar o pinto dele, afinal você é o Batman!

ISADORA: Você nunca vai esquecer isso não é?- Ela ri.

RENATA: Eu? Nunca! Minha amiga é chutadora de virilhas oficial!- As duas caem na gargalhada- Vou mandar meu Batsinal sempre que precisar.

ISADORA: Você deveria é parar de se envolver com aquele tipo de otário- Isa sente o celular vibrar e percebe ser um e-mail de Lipe.- Só um minutinho…- Sorri e vai até o lado de fora para ler.

 

E-mail:

Isa eu estou preocupado com você. Não acho que este rapaz seja uma boa pessoa.

Siga meu conselho e se afaste dele. Não tenho um bom pressentimento sobre isso!”

 

Isa fita a mensagem e sente o chão se abrir debaixo dela. A opinião de Lipe era muito importante para ela, afinal agora ele substituía o lugar de seu irmão. Entrou e juntou suas coisas silenciosamente para ir embora. Sem que percebesse deixou cair uma lágrima solitária.

 

CENA 5 –BAR/ INT / NOITE

 

Um bar sujo, que cheirava mau, alguma música ruim sai de uma vitrola antiga. Algumas pessoas bebem em suas mesas despreocupas, alguns choram amor perdido, outros riem de suas vidas patéticas.

1 2 3 4 copos vazios… Erik já perdera as contas do quanto havia bebido.

 

GARÇONETE: Mais alguma coisa?- Uma mulher loira e peituda se debruça sobre o balcão se oferecendo juntamente com a mercadoria.

 

ERIK: Vodka pura.

Precisava de alguma coisa o dopar e tirar de sua cabeça aquilo que tanto o corroía por dentro. Aquilo que estava fazendo estava realmente certo?  Vigiar aquela garota. Tinha a impressão de estar em um jogo perigoso e sem volta.

Sentia a fina camada que lhe separava da realidade viva e cruel. Seu telefone toca e ele prontamente atende.

ERIK: Fala- Ouve atentamente o que lhe diz - Sim já estou de olho na menina- Esculta por mais algum tempo- Não, acho que não desconfia de nada, acho que o irmão não revelou nada do que estava acontecendo, ela não tem ideia do seu passado e de quem é realmente é filha.- Outra pausa- O irmão escondeu tudo dela. Te manterei informado de tudo.

Desligou o telefone e fitou o teto. Sentindo nojo de estar preso na própria carne. Para ele Isadora Marciel era apenas trabalho. Bem… Talvez se divertiria um pouco com ela antes.

 

CENA 6 –APARTAMENTO DE ISADORA/ INT / NOITE

 

No chão as roupas que estivera usando. Na cama uma bagunça um amontoado de tecido e um saco de carne e osso que se chamava Isadora Marciel. Ela se sentia tão pequena em seu apartamento frio. Sentia falta do calor humano, das risadas do irmão e da alegria que sempre enchia a casa.

Em dias chuvosos ele sempre lhe preparava sua comida favorita, lhe dava um beijo na testa e lhe chamava com um sorriso no rosto: “Isa sapeca”

Ela se levanta e coloca uma música em seu aparelho de som. A melodia enche o ambiente “Sia - Elastic Heart “ A garota começa a dançar de forma calma e aos poucos seus movimentos se tornam mais urgentes, como uma garoa se tornando uma grande tempestade. Pois ela sabia que naquele exato momento seu coração trovejava. O suor do esforço se junta as lágrimas que lentamente escapavam por seus olhos.

Nunca se sentira tão frágil e quebradiça.

 

CENA 7 –DELEGACIA/ INT / NOITE



A delegacia está vazia e o Delegado Marco Antônio(Homem de 40 e poucos anos, cabelos com indícios de grisalho) Trabalha até tarde. Sobre suas mesa montanhas de documentos, provas e fotografias. Já estava a anos naquele mesmo caso. O homem o qual investigava era influente no Brasil inteiro e no exterior. Porém a maioria parecia fazer vista grossa a respeito das atrocidades que cometia. Tráfico internacional de Drogas e humano. Lavagem de dinheiro e desvio de verba.

Mas se todos estavam cegos e não enxergavam a verdade ele via. Ele provaria que o homem que destruiu sua família era um criminoso, ele se vingaria em nome de todos os inocentes e em nome de sua família. Custasse o que custasse ele atingiria seu alvo.

Ele larga os papeis e abre a gaveta e tira um porta retrato e encara. Seu peito se aperta e ele se deixa afundar na cadeira.

MARCO: Ricardo Marciel… Eu terei sua cabeça em uma bandeja.- Ele joga o porta retrato no chão, que se quebra, ao tentar pega-lo de volta acaba se cortando. No chão uma foto de uma garotinha loira no colo de um homem de cabelos negros está caída, e algumas gotas de sangue caem encima dela.


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Notas finais do capítulo

Campanha: Deixe seu comentário e faça uma autora feliz :D
A cada comentário um novo sorriso no rosto desta pessoa que fica horas batendo a cabeça no teclado e relendo esse texto.
Erros? Acertos? Digam-me plisssss...
É errando que se aprende e é aprendendo que se... Sei lá kkkkkk
Batatinha quando nasce põe a mão no coração?
ATéeeee a proxíma mosqueteiros :P