➳ T R O U B L E M A K E R ➳ escrita por c l a r a


Capítulo 3
Cap 3 - O que estava acontecendo?




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Argh! Kim Taehyung era uma verdadeira praga. Ele comeu o meu japchae, o japchae que eu havia feito com tanto prazer para comer a noite. Pelos menos a cozinha ele deixou arrumada. Mas não posso dizer o mesmo do banheiro, e no meio de toda a bagunça eu encontrei suas roupas dobradas encima do vaso sanitário com um bilhetinho.

“- Obrigado por sua voluntariedade de lavar minhas roupas  ;D – Tae.”

— Asih, que abusado! – Reclamo recolhendo-as.

Eu as botei para lavar, é claro que eu iria lavá-las, mesmo que eu não o conhecesse direito e mesmo que eu não ganharia nada com isso, minha Omma sempre me dizia a mesma coisa todos os dias: seja gentil e tenha coragem. E eu levo seu conselho para todos os meus dias desde que vim morar sozinho e tem dado certo.

Enquanto a máquina de lavar fazia seu trabalho fui comprar outra escova de dente já que a minha estava contaminada por germes chamados “babaquice”, vai que isso pega. Quando voltei eu as coloquei na secadora, indo preparar outro japchae para guardar na geladeira para mais tarde. Assim que as roupas saíram da secadora eu senti o cheiro do amaciante invadir o cômodo, coloquei-as numa sacola de papel e calcei o tênis indo para o prédio em frente. Calculei a localização da janela e a posição do elevador logo achando a porta de seu apartamento. Bati uma, duas, três vezes e nada... mas onde diabos ele estava? Eu não fui até ali para nada, não iria desistir tão fácil. E por algum motivo que eu desconhecia eu realmente queria vê-lo outra vez, aish, no que é que eu estou pensando?

Desta vez toquei a campainha em vez de bater, eu a apertei e a segurei causando um barulho irritante e contínuo. Sorri satisfeito quando ouvi uma chave girar na fechadura. Fiquei surpreso ao vê-lo sem camisa, com os cabelos desgrenhados e o rosto marcado pelo travesseiro. Meu olhar involuntariamente se desviou para seu peitoral definido por meio segundo. Provavelmente estaria dormindo, e eu o acordei, ótimo. 

— Olha só se não é o Seokjin – disse apoiando seu ombro no batente da porta e sorrindo de lado. – A que devo a honra de sua ilustre visita? Ficou com saudades da minha presença na sua cama?

Senti minhas bochechas arderem.

— Eu deveria ter as jogado no lixo – digo erguendo a sacola em frente aos seus olhos. – Mas recebi educação suficiente para não o fazer. E é só Jin, pare de dizer o meu nome todo – empurrei a sacola de encontro ao seu peito.

Ele ergueu as sobrancelhas parecendo surpreso ao abrir a sacola e encontrar suas roupas limpas, dobradas e cheirosas. Ele riu.

— Ora, não é que você lavou mesmo? Eu achei que você iria vir aqui e joga-las no meu rosto me mandando tomar vergonha da cara. Realmente estou agradecido, Jin— disse olhando nos meus olhos. – E tenho um jeito em mente perfeito de agradecer.

Senti novamente meu rosto arder, dei-lhe um tapa no braço.

— Ai – reclamou massageando o lugar.

— Eu tenho o meu orgulho, não vá achando que eu sou qualquer um – ralhei virando-me para ir embora.

— Ei – agarrou-me pelo pulso fazendo-me encara-lo.  O repentino contato físico me fez sentir arrepios. – Eu estava falando de convida-lo para conhecer o meu apartamento. O que você... Ah – seus olhos brilharam. – Estava tendo pensamentos impuros, Seokjin? Que feio – seus olhos se estreitaram.

Engoli em seco. Qual era a daquele cara?

— Eu não... – comecei a me defender, mas logo fui interrompido por ele que me puxou para dentro do apê.

— Você fala demais – e riu fechando a porta.

Comecei a ficar nervoso. Do lado de fora eu poderia sair correndo se por algum acaso ele quisesse fazer algo comigo, mas aqui... eu não poderia fazer nada, eu estava mais indefeso do que com aquela estátua de girafa em mãos – o que sinceramente não servia para nada além de enfeitar a mesinha.

Olhei em volta surpreso por tudo ali ser uma completa bagunça.

— Meu Deus... – murmurei andando pelo lugar. Como alguém poderia viver naquelas condições?

Encarei o sofá desarrumado e as migalhas de comida que estavam espalhadas pelo chão perto de um pacote salgadinho – aliás, um não, vários pacotes – e não parava por ali, a bagunça se estendia por toda a sala. Várias caixas da mudança ainda se espalhavam pelo cômodo.

Taehyung me observava com um sorriso e parecia tentar conter uma risada.

— Não ria de mim! – Digo levando as mãos a cabeça, agoniado. – Como você consegue se achar aqui?

— Eu... – foi interrompido por batidas altas na porta. Ele juntou as sobrancelhas.

— Abra a porta, Tae! – Alguém gritou. – Eu sei que você está aí!

— Merda – arregalou levemente os olhos agarrando o meu pulso e me puxando para uma porta próxima. Me enfiou ali dentro e sussurrou: – Shiii, fique aí e não faça barulho, ok? Aconteça o que acontecer não saia daí.

Era um banheiro e pelo visto ali era o único lugar arrumado da casa.

As batidas continuaram mais fortes e então ouvi a porta se abrir. Minha curiosidade falou mais alto que a razão e eu abri uma fresta da porta e espiei o que estava acontecendo.

Dois caras entraram, um tinha os cabelos tingidos de cinza esbranquiçado e o outro tinha os cabelos negros.

— Como estão? O dia está muito bonito hoje não acham? – Taehyung sorriu.

O cara de cabelos rosa o agarrou pela gola da camisa – é, pelo menos ele teve a decência de vestir uma – e o prensou contra a parede.

— Não estamos aqui para brincadeiras, Taehyung!

— Calma Nanjoom – o de cabelos negros se manifestou com a testa franzida.

— Não se meta, Jungkook – o tal Nanjoom rosnou e então cerrou os dentes. – Você já me enrolou demais, Taehyung, eu o quero, agora!

— E-eu ainda não tenho – Taehyung fechou os olhos.

Meu coração estava batendo feito louco. Mas o que diabos estava acontecendo? Quem eram eles e o que queriam com o Taehyung?

Nanjoom riu forçado e socou o rosto do Taehyung.

— Nanjoom! – Jungkook segurou seu pulso. – Pare com isso!

Ele empurrou o Jungkook, que caiu sentado no chão e segurou os cabelos do Tae com força, forçando sua cabeça a ir para trás.

— Hoje você não escapa – disse o empurrando contra a parede. Aquilo fez com que o Taehyung perdesse o ar dos pulmões por alguns segundos e iniciasse uma tosse. Um fio vermelho de sangue escorreu por seu nariz sucedido por vários outros.  

Jungkook se levantou e puxou o pulso de Nanjoom que havia se erguido pronto para outro soco.

Por algum acaso o chão estava meio molhado e meu sapato escorregou quando me inclinei para ver melhor, o que consequentemente me fez abrir a porta e cair de quatro no chão. Ergui o olhar e agora todos me encaravam.

— Porra Jin, eu não disse para não fazer barulho? – Taehyung sussurrou irritado.

Me levantei.  

— Quem é esse? – Nanjoom olhou diretamente dentro dos meus olhos. – É o seu novo namoradinho? O Jungkook não foi o suficiente?

Jungkook baixou o olhar parecendo desconfortável com o rumo daquela “conversa” – acho que podemos chamar assim.

— Ele não é ninguém, deixe-o em paz – o Taehyung cerrou os punhos. – Vá embora.

Nanjoom umedeceu os lábios me olhando de cima a baixo. Aquele olhar por alguma razão me deixou nervoso e agitado, me fazendo querer sair correndo dali.

— Claro – ele disse rindo nasalado e se dirigindo à porta. – Eu vou, mas eu volto. E você não vai gostar quando eu voltar.

Ele saiu pela porta e o Jungkook correu para perto do Taehyung, pousando suas mãos em seus ombros.

— Você está bem? – Ele perguntou e o Tae assentiu. – Eu avisei para você, Tae! O Nanjoom não é do tipo de pessoa que você brinca. Por que não me ouviu quando ainda tinha tempo?

— Se for para ficar jogando na minha cara coisas que eu já sei é melhor você ir embora também – Taehyung se irritou apontando para a porta ainda escancarada.

— Você não mudou nada, ainda é um idiota! – Jungkook exclamou e saiu pela porta, fechando a mesma com força.

Eu estava paralisado no lugar, mas assim que vi o Taehyung deslizar na parede até estar sentado no chão eu movi minhas pernas em sua direção. Agachei-me em sua frente e limpando o sangue de seu nariz com manga da minha camisa. Ele afastou a minha mão relutante.

— Você vai se sujar – ele protestou.

— Não me importo, agora fica quieto e me deixa ver se quebrou – digo estancando o sangue.

— Você não é médico – resmungou de cara feia.

— Mas daqui a alguns anos eu vou ser – digo movimentando de leve a ponta de seu nariz. (N/A: Eu não deveria estar aparecendo aqui, mas... não pude deixar de dizer ‘haha tomou na cara Tae’)

— Uh – ele gemeu assim que eu o soltei.

— Você está bem? – Perguntei olhando em seus olhos. Ele assentiu e fechou os olhos jogando sua cabeça para trás, suspirou parecendo cansado.

Fiquei o encarando, ele era bonito não pude deixar de notar e principalmente essa pintinha no nariz que o deixava... ainda mais fofo. Meu coração voltou a acelerar quando percebi que estava involuntariamente aproximando seu rosto do meu e então ele abriu os olhos de repente, prendendo a respiração.

— O que está fazendo? – Sussurrou.

— Eu... eu estava olhando seu nariz mais de perto para ver melhor – menti afastando-me com o rosto pegando fogo. – Ele não está quebrado, só coloque gelo e vai desinchar perceptivelmente. Não tente pegar peso ou fazer força e amanhã ele vai estar quase que novinho em folha.

Ficamos em silêncio nos encarando por um tempo até eu voltar à realidade.

— Eu tenho que ir – pigarrei me levantando e indo em direção à porta.

— Obrigado Jin – ele disse quando eu estava prestes a sair. Eu sorri e fechei a porta.

➳➳➳

Passei o resto da tarde pensando no que tinha acontecido. No que havia me metido? E quem realmente era Kim Taehyung?

Batidas na porta me despertaram do meu devaneio. Abri e fiquei surpreso ao ver o J-Hope ali.

— Hobi?

Ele passou por mim e se jogou no sofá gemendo de cansaço.

— O que aconteceu? – Perguntei. Era estranho ele aparecer sem avisar, ele nunca fez isso.

— O Jiminie está putinho comigo – sacou o celular. – Olha só as mensagens que ele me mandou “Só observo você online conversando com as putas depois de tudo o que aconteceu hoje”, “Tomara que seu celular exploda” e pra terminar “Bem no meio da sua bunda”.

— Por que ele mandou isso? Vocês brigaram? – Me sentei defronte a ele.

— Você quis dizer ele brigou, eu só fiquei quieto ouvindo o ciúme dele nível preguiça do Yoongi – ele suspirou de novo.

— Aish, então ele realmente estava muito puto para você envolver a preguiça do Suga no meio – digo segurando a risada.

Ele abriu os olhos.

— Pode rir, eu sei que quer.

Soltei uma risada baixa e curta me desculpando em seguida.

— Pode dormir aqui se quiser. Vá tomar um banho, pode pegar uma roupa minha emprestada – digo vendo-o se levantar.

— Você é um bom amigo Jin, é por isso que você é o meu preferido – apontou para mim sorrindo e entrou no banheiro.

Pelo menos agora eu não iria ficar sozinho pelo resto da noite.


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Notas finais do capítulo

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