— Yoongi, o que você fez? — Perguntei temendo a resposta.

E seu choro silencioso tornou-se uma maré que caia de seus olhos, se jogou em meus braços apertando-me com força.

— E-eu não queria Jin, ele ia me machucar… — soluçou — eu não tive escolha!

Acariciei seus cabelos verdes de um jeito carinhoso. Olhei preocupado para o Tae que estava procurando as chaves do carro.

— Suga, me escute — puxei seu rosto o forçando a olhar-me nos olhos. — Nós vamos até a sua casa agora, vai ficar tudo bem, vamos resolver.

[•••]

A porta estava entreaberta quando chegamos, como se o Yoongi estivesse tão desesperado para sair dali que não se importou de fecha-la.

— Ele está na cozinha — murmurou se jogando no sofá.

Taehyung entrou na cozinha decidido, e então ouvi seu berro. Corri para ver o que tinha acontecido me deparando com a cena do Namjoon caído no chão com uma faca cravada em seu peito, o sangue escorria de seu ferimento feito um rio.

E então foi a minha vez de gritar.

— Nós precisamos chamar a polícia — digo quando retorno à sala. O Yoongi arregalou os olhos para mim e balançou a cabeça. Agarrei suas mãos nas minhas. — Vai dar tudo certo, você vai ser inocentado, foi autodefesa. Se não chamarmos a polícia você vai ser preso, e sei que não quer isso. Confie em mim, confie em seu hyung, tá?

Um pouco relutante ele assentiu, enterrando o rosto em suas mãos já soltas.

Olhei para o Tae que já discava o número. Suspirei alto.

[•••]

Ver o Yoongi sair algemado por polícias enquanto sirenes tomavam conta da rua me deixava tonto. E agora nos encontrávamos na delegacia à espera de informações.

Caminhei outra vez pela saleta em que nos largaram depois do interrogatório.

— Eu não aguento mais esperar! — Agarrei meus fios loiros com força. — Por que eles estão demorando tanto?!

— Fica calmo — Taehyung disse com a voz arrastada, ele estava dormindo?

Caminhei até ele e taquei uma das almofadinhas do sofá em sua barriga. Arfou levando as mãos ao local.

— Como você pode dormir me vendo nesse estado?! — Grito tacando outra vez a almofada nele, mas desta vez ele se adiantou e desviou, agarrando meu pescoço e me puxando para um beijo calmo como se dissesse "está tudo bem".

— Melhorou? — Perguntou depositando um beijo em minha bochecha.

Assenti no momento em que um policial entrou pela porta.

— Min Yoongi? — Perguntou olhando alguns papéis.

O olhei com cara de poucos amigos, só tínhamos nós ali.

— Sim.

— O chefe quer vê-los, por aqui, por favor.

Andamos por vários corredores até adentrarmos uma sala. Fiquei apático ao ver que na parede havia um fundo falso e nós podíamos ver o Yoongi, mas ele não podia nos ver. Ele estava sentado numa saleta pequena enquanto tentava levar o copo d’água a boca, mas falhava miseravelmente, pois suas mãos tremiam bruscamente. Ainda estava coberto se sangue, devia estar desesperado por um banho.

— Eu quero vê-lo — exigi —, agora.

— Fica quieto Jin — Tae me cutucou nas costelas, o olhei de cara feia.

— Ora, ora, o que temos aqui? — O oficial que estava encarando o nada voltou sua atenção para os papéis que um dos policiais havia lhe dado. — Não é que o garoto conseguiu em uma noite o que tentamos por anos?

O encarei confuso, o que ele estava dizendo?

— Kim Namjoon — jogou uma pasta cheia de fotos do Namjoon encima da mesa. — Procurado há cinco anos pela policia de Seul, aquele filho da mãe sabia como se esconder. Mas vamos ao que interessa, Yoongi será inocentado, encontramos sinais de arrombamento na porta dos fundos e câmeras de segurança que tinham sido instaladas na rua registraram o momento em que o Namjoon saltou a cerca da casa do s.r. Min Yoongi.

Suspirei aliviado. Ia ficar tudo bem.

— Mas ele irá ficar detido durante o tempo em que estão organizando o julgamento, então estará tudo no papel e seu amigo pode ir — disse desinteressado enquanto vasculhava a montanha de papéis ao lado da mesa.

— Por quanto tempo? — Entrelacei minha mão com a de Tae.

— Uns três dias — murmurou.

E um silêncio caiu sobre a sala.

— Eu quero falar com ele — exigi outra vez.

O oficial me olhou com cara de poucos amigos parecendo analisar a questão. Tirou os óculos e os pôs encima da mesa.

— Certo. Não é permitido, mas... eu fui com a sua cara. Pode ir — apontou a porta com o queixo.

Agradeci a todos os deuses por ter essa carinha de quem não apronta.

— Jin? — Yoongi levantou o olhar assim que entrei. — Jin!

— Yoonnie — enterrei meu rosto na curva de seu pescoço o puxando para um abraço. — Você está bem?

— Estou melhorando — murmurou e então senti lágrimas molharem a gola da minha camisa. — Obrigado por estar comigo quando mais preciso.

Acariciei suas costas carinhosamente enquanto contava tudo o que o oficial tinha dito. Mas não pude ficar por muito tempo já que os pais do Yoongi apareceram, realmente pensei que a mãe dele iria ficar uma fera, mas ela só puxou o filho para um abraço materno. E eu fiquei feliz por ele, fui embora com um peso a menos no coração.

[•••]

No fim das contas tudo tinha acabado bem.

Agora o Yoongi estava fazendo terapia e estava cada vez melhor. O Jungkook de vez em quando aparecia para visitar o Tae, aparentemente ele era obrigado a servir o Namjoon por causa de uma divida, Kookie era um cara legal.

 Jimin e J-Hope nunca mais brigaram o que era um grande passo para os dois, e estavam até conversando sobre morarem juntos. Minha Omma tinha se tornado fã número um do meu relacionamento com o Taehyung, e vinha frequentemente me visitar para ver o Tae. Sentia-me traído? Talvez um pouco, mas é aquele ditado, se a vida lhe der limões... jogue-os fora e bola pra frente.

— Você é irritante! — Berro correndo atrás do Taehyung que estava com o controle da TV em mãos e não queria me devolver. — Kim Taehyung, volte aqui agora ou sofrerá as consequências!

— Ah, é? — Debochou. — Como o que?

Às vezes ele parecia uma criança de cinco anos.

— Eu vou fazer greve!

Taehyung paralisou no lugar, não consegui parar de correr a tempo e acabei dando um encontrão em suas costas, acabei no chão com a bunda dolorida.

— Ai! — Esfreguei o bumbum. — Precisava ser um cavalo desse jeito?

— Precisava, você disse que iria fazer greve — um bico surgiu em seus lábios. Jogou o controle da TV no sofá, se agachando para ficar encima de mim. — Você sabe os meus pontos fracos Seokjin, e eu também sei os seus. Você é um hyung malvado.

— E você é um tarado que fica me stalkeando pela janela!

— Com certeza — e riu selando nossos lábios.