Opostos escrita por Lily Potter, Beaa Lupin


Capítulo 6
About a broken boy


Notas iniciais do capítulo

Capítulo total e completamente betado pela linda da Clara.

Espero que gostem, desculpa a demora e bem até as notas finais! I hope you enjoy it.



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Ela me olha com tristeza e reprovação, entra em meu quarto em silêncio e me olha acusadora.

— Eu não consigo acreditar que você traiu a Ginny! - Exclama ela enquanto se senta em minha cama e me olha firme. Me sento na cama, ao seu lado e a olho com raiva.

— Eu não traí ela! - Grito com raiva e ela arqueia uma sobrancelha.

— Ah, não? Então uma garota que se veste como uma prostituta estava saindo do seu quarto por que você é apenas amigo dela e nada mais? -Pergunta sarcástica e a olho com apreensão, pensando em como explicar que tudo o que aconteceu aqui não fui por minha intenção.

— Eu não queria, mãe! Eu juro que não, mas ela veio aqui e se jogou em mim e então ela... - Eu começo a falar com raiva, mas não consigo finalizar, afinal como eu falaria para minha mãe que ela me drogou e essa não foi a primeira vez?

— E você se deixou levar? Eu sei muito bem com que tipo de gente ela está envolvida, mocinho! - Fala minha mãe me olhando com aqueles olhos verdes como se lesse minha alma, desvio os olhos mais do que depressa e minha mãe estreita os dela mais do que antes.

Então seu rosto se clareia em entendimento e descrença:

— Eu não acredito que você fez uma coisa dessas, Harry James Potter! É claro que eu deveria ter desconfiado, mas eu sempre achei que era só aquela fase chata por qual todos passam, onde beber é legal e divertido, mas se drogar? - Grita ela com força e eu me encolho sob seu olhar, ficamos em silêncio e logo escuto passos na escada, a porta do meu quarto é escancarada e meu pai entra nos olhando com um misto de preocupação e reprovação.

— Eu ouvi seus gritos, Lily. Que história é essa de drogas? - Ele pergunta estreitando os olhos entre mim e minha mãe.

— Pergunte ao seu filho! Ele é quem tem experiência no assunto não eu.-Debocha ela me olhando com raiva, meu pai me olha incrédulo e depois furioso.

— Eu não posso acreditar! - Ele murmura sob a respiração e se senta em minha cama me olhando com descrença. - Meu próprio filho, um drogado. - Ele balança a cabeça como se não pudesse compreender o que minha mãe acabara de lhe falar, seu olhar se volta para mim quebrado, inconsolável e furioso. - Por que Harry? Eu só quero saber isso. Por que você se droga ou se drogou?

— Porque eu não queria me sentir sozinho, porque queria chamar atenção, pelo menos um pouquinho, porque queria vocês perto, mesmo que você pra escutar alguma bronca. - Falo baixinho arrastando meus pés pelo tapete envergonhado, sinto dois pares de braços em minha volta.

— Eu nunca imaginei que você se sentisse assim meu amor. - Fala minha mãe com a voz triste se separando do abraço e olhando para mim firme. - Mas você não pode pensar que isso vai te livrar do castigo.

— Sim, eu concordo com a sua mãe, mas acho que pelo menos as férias você pode aproveitar. - Meu pai fala concordando com minha mãe em parte, olho para ele sem entender o que ele queria dizer.

— Como assim, pai? - Pergunto um pouco apreensivo sobre o castigo, afinal nunca podemos saber o que esperar de meu pai.

— Bem, eu acho que você precisava de novos ares, então acho que um ano em Paris vai ajudar. - Ele explica com simplicidade e minha mãe o olha incrédula.

— James, você absolutamente não vai levar meu bebê pra longe de mim. - Briga minha mãe com as mãos na cintura olhando para ele com raiva.

— E eu não vou querida, a ideia é nós três irmos para Paris. - Ele fala a ideia genial dele e minha mãe concorda rapidamente.

— Isso é ótimo eu tenho dois restaurantes lá e você pode passar um tempo naquela firma que você tem lá também! - Exclama minha mãe e a julgar pelo brilho de seus olhos ela já pensava em mil e uma coisas para fazermos lá.

Passamos o resto da tarde conversando sobre nossa mudança que acabaria por acontecer em apenas cinco semanas.

Eu tinha três semanas para contar a Ginny.

As semanas passaram rápido e logo só me restava uma semana e eu não sabia mais o que fazer, estávamos nós dois em meu quarto jogando conversa fora, quando a porta de meu quarto é escancarada e uma Judith radiante entra e pula em meu colo, olhando maliciosamente para Ginny.

— Parabéns, Harry! Você vai ser papai! - Exclama ela me beijando. Eu não conseguia raciocinar, ela estava grávida? De verdade?

— Papai? Do que ela está falando, Harry? - Pergunta Ginny com lágrimas nos olhos se levantando da cama e ficando de pé, antes de que eu sequer pudesse abrir a boca para responder, Judith solta seu veneno.

— É o que você escutou, fofinha, ele vai ser papai, eu estou grávida.-Ela fala sorrindo com malícia e se vira para mim com um sorriso. - E está muito feliz não é mesmo amor?

—Sai de perto de mim, Judith, eu não quero você perto, achei que tinha deixado isso claro. - Estalo com raiva e ela se afasta com um sorriso, Ginny me olha com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Então é verdade? Você me traiu? - Ela pergunta chorando, mas me olhando com raiva.

— Não é assim, Ginny, eu não podia fazer nada do contrário. - Tento me defender, porém Ginny ri sarcástica entre as lágrimas.

— Então nem se dá o trabalho de negar, não é mesmo? - Ela grita para mim com deboche escorrendo por suas palavras.

— Não é bem assim, Ginny! Eu não tinha escolha! Eu ia te contar, juro que ia, mas eu não sabia como. - Falo desesperado e me aproximo dela que recua com uma careta de nojo.

— Não ouse encostar os seus dedos podres em mim, Potter! - Rosna ela me olhando entre um misto de raiva e nojo. - Você é um canalha da pior espécie, Potter, eu tenho pena daquelas pessoas maravilhosas que são seus pais por terem um filho tão nojento, asqueroso, desrespeitoso e canalha igual você! - Grita ela com o rosto contorcido em ódio cru. -Eu odeio você, Harry Potter!

— Me desculpa, Ginny, por favor, eu juro que ia te falar tudo o que aconteceu, não faz isso comigo ruiva, eu te imploro. - Peço histérico à beira de lágrimas, ela sem se compadecer ao meu estado de pura tristeza, me lança um olhar mortalmente frio e joga a aliança de compromisso que eu a presentei no nosso aniversário de um mês de namoro.

Saí pela porta como um furacão e a vejo partir no carro do Ron para casa, ela era o que eu tinha de melhor e de repente a vi escapar por meus dedos como num piscar de olhos. Judith ainda estava ali me olhando com um sorriso cínico.

— Saí daqui, Walker, eu não tô com saco pra você agora. - Falo para ela com a voz desprovida de sentimento. Escuto a porta do meu quarto bater novamente e me enterro de baixo dos cobertores, apesar de ser um dia quente de verão, eu sentia um frio incomum e uma tristeza descomunal, me permiti chorar por tudo que já havia me acontecido, não desci para comer e nem sai da cama, minha mãe entrou em meu quarto na hora do jantar, me olhando confusa.

— O que aconteceu querido? - Pergunta se sentando na beirada da minha cama, me arrasto para o colo dela, com lágrimas escorrendo por meu rosto, olhos vermelhos, boca seca e uma dor interna tão forte que eu preferia morrer.

Eu nunca me senti assim e a coisa mais perto disso foi a morte do meu avô em novembro.

— A Ginny, mamãe, ela terminou comigo.- Respondo com a voz embargada e choro no colo de minha mãe que passava as mãos por meus cabelos rebeldes. Não sei quanto tempo passou enquanto minha mãe me consolava, logo senti meus olhos pesarem e eu já estava dormindo.

Passei a semana trancado dentro do quarto, só falava com meus pais, mantinha distância de todos meus amigos, eles tentavam falar comigo, porém eu não cedia, logo chegou o dia em que Ginny iria viajar, queria intensamente ir até aquele aeroporto e implorar seu perdão, ir junto com ela para New York e largar meus compromissos, mas não podia, meus pais precisavam de mim e eu deles, os negócios da família precisavam seguir em frente e eu não ia fazer feio.

As férias acabaram em um piscar de olhos e logo eu me vi dentro de um avião rumo a cidade do amor com meus pais sentados ao meu lado e a perspectiva de uma nova vida, uma melhor, na França, bem longe de todo esse caos que é minha vida.

~ Dois anos depois ~

Eu estava em meu quarto olhando entediado para o teto, quem diria, huh? Harry James Potter, filho do grande magnata James Potter, trancado no quarto em pleno sábado a noite, apenas e somente porque ainda morava com seus pais e tinha o que fazer o que eles mandavam. O cúmulo do ridículo! Onde já se viu colocar seu filho de 20 anos de castigo? Okay, eu errei, beleza, eu entendi isso, mas caralho! Me trancar dentro do quarto? Ridículo e desnecessário. Bato com raiva na escrivaninha pelo que parecia ser a centésima vez, quando mamãe entra no meu quarto com uma careta brava.

— Será que você pode parar de agir como uma criança mimada? - Ela pergunta sarcástica, apontando para os cacos de vidro que estavam espalhados no chão.

— Talvez se vocês não me tratassem como um menino de dois anos, eu não agiria assim. - Retrucou mal humorado, minha mãe se limita a arquear a sobrancelha e me olhar brava.

— Nós só o tratamos assim porque nos importamos com você! - Ela grita exasperada, alisa seu vestido verde rapidamente e me olha com uma intensidade surpreendente. - Não saia de casa, por favor. - Pede mamãe fechando a porta, confirmo veemente e os espero sair.

Observo-os da janela saindo, antes de tirar minha roupa de dormir e tomar banho. Após um longo banho, visto minha calça jeans de lavagem clara, uma blusa cinza, tênis preto e minha amada jaqueta de couro também preta.

Com um sorriso devasso, pego as chaves do carro, meu celular e a carteira e desço as escadas, caminhando em direção a porta sorrateiramente, quando a empregada que minha mãe contratara semana passada grita meu nome.

— Sr. Harry, sua mãe deixou claro que você não poderia sair. - Ela fala balançando seus cachos loiros no processo e me lançando um sorriso feminino. A olho, avaliador, e percebo que ela estava muito gostosa nesse uniforme azul claro apertado e relativamente curto. Lanço meu melhor sorriso sedutor em sua direção e me aproximo.

— Eu sei, Val, mas você não acha um tanto injusto me impedir de ter um pouco de diversão? - Pergunto sedutoramente, lhe lançando um sorriso maroto.

— Bem, talvez a Sra. Potter possa estar exagerando, mas tenho certeza que é para o seu bem. - Ela responde no mesmo tom de voz que eu usara e passa a mão carinhosamente por meu braço, ainda sorrindo me direciono para a cozinha ouvindo seus passos suaves atrás de mim.

Antes que ela chegasse à cozinha, a pego pela cintura e cubro sua boca com um beijo entusiasmado. Ela passa a mão por meus cabelos e em seguida a desce para meu membro latejante. Ela abre o zíper de minha calça com uma rapidez impressionante e olha com gula para o membro que estava começando a se animar, sendo impedido apenas pela cueca. Ela o acaricia pelo fino tecido e planta um beijo molhado ali. A pego no colo e coloco a sobre o balcão da cozinha, estávamos nos beijando afoitamente, quando eu me separo bruscamente.

Valérie me olha com desgostoso estampada em seu rosto.

— Avise minha mãe para não me esperar voltar. - Falo sarcástico, e saio mais do que de pressa, deixando a empregada desejosa no balcão. Encostado na porta do apartamento, fecho meu zíper e arrumo a roupa sob meu corpo antes do elevador parar.

Cumprimento a adolescente rebelde que mora um andar abaixo do nosso quando ela entra no elevador usando um vestido curto cinza, jaqueta de couro preta, maquiagem pesada e saltos para completar seu visual. Seus cabelos coloridos caiam pelo seu rosto.

— Hey, Jess. - Cumprimento ela, sorrindo divertido ao vê-la corar fracamente.

— Hey, Harry. - Ela devolve o cumprimento me beijando no rosto. - Pra onde vai hoje? Pelos gritos da tua mãe, você estava de castigo. - Ela implica, levantando a sobrancelha perfeitamente desenhada.

— Você fala como não estivesse de castigo. - Retruco a empurrando levemente e ela ri, jogando o cabelo para trás.

— Sim, mas eu tenho dezessete anos, normal estar de castigo, mas já você tem vinte anos. - Ela retruca divertida, reviro os olhos e balanço a cabeça, desnecessário lembrar disso, Jess.

— Meus pais aparentemente não confiam em mim para morar sozinho, é meu eterno castigo. - Reclamo, percebendo que finalmente tínhamos chego a garagem. - Quer uma carona, luv?

— Sim, mas, por favor, não me chame assim de novo. - Ela implora segurando em meu braço, enquanto caminhávamos em direção do carro.

Entramos em silêncio e assim saio da garagem do prédio, ela sem sequer pedir permissão liga o rádio deixando uma música qualquer tocar.

— Pra onde você quer ir? - Pergunto, saindo da rua do prédio em uma velocidade normal.

— Qualquer balada boa. - Ela responde indiferente. - Pra onde você vai?

— Eu tô indo para The Red Room, pode ser? - Pergunto seguindo caminho para a rua onde estavam as melhores boates.

— Pode sim! - Ela exclama animada, antes de me olhar incerta ao me ver pegar um cigarro e acelerar ainda mais, ela pega um cigarro do maço temerosa e ao ver que eu não disse nada, o acende. - Se você não tiver companhia me leva pra casa? - Ela pede, parecendo incerta.

Concordo rapidamente, antes de estacionar na boate, acabamos de fumar e entramos em uma das melhores boates de Paris.

Eram 3 horas da manhã e eu estava levemente bêbado, estava dançando com uma garota morena bonita, de sorriso convidativo, quando meu celular começa a tocar irritantemente. Ignoro as primeiras vezes, mas ao ver que a pessoa realmente queria falar comigo, vou ao banheiro pra atender, vejo o ícone da minha mãe aparecer e deixo um palavrão baixo sair, ao perceber que era uma chamada de vídeo.

Eu estava duplamente ferrado.

— Oi, mãe. - Falo ao atender a ligação tentando parecer inocente. Apenas por seu rosto irritado, eu soube que não tinha a enganado.

— Oi, mãe? É tudo o que você tem pra me dizer, Harry? - Ela pergunta decepcionada.

— Eu estou indo pra casa, mãe. - Falo me sentindo imensamente culpado por ter vindo.

— Pode se divertir, Harry, só tranca a porta quando voltar, tá bom? - Ela fala com a voz chorosa. Eu tinha acabado com tudo, não tinha mais vontade de ficar aqui. Saio do banheiro e começo a procurar por Jess.

Quando finalmente acho ela, ela está dançando bêbada com alguns garotos que estavam passando a mão em seus peitos e sua bunda. Desrespeitosos, afinal ela estava obviamente fora de si.

Me meto entre eles puxando-a pelo braço, ela sorri desnorteada, e me abraça pelo pescoço, quase me beijando.

— Você é tão lindo, Harry. - Ela fala, puxando as palavras.

— Obrigado. - Agradeço a colocando firme no chão, ela passa o braço em volta de minha cintura, me apertando forte. - Vamos embora, querida, eu vou te levar para casa.

Coloco uma Jess meio adormecida no banco do carro e parto para o prédio com o peso da culpa firme em meu peito. Chegamos rápido e eu a ajudo entrar em casa. Dou um banho frio para ela melhorar e coloco roupas de dormir nela, deixo uma mensagem colada em seu celular junto com comprimidos para ressaca e um copo da água em sua mesa de cabeceira.

Vou para o apartamento dos meus pais de cabeça baixa, me sentindo sujo. Abro a porta sem fazer barulho algum e percebo que estava tudo escuro. Me deito no sofá me sentindo horrível por ter feito isso com meus pais, tento dormir e esquecer a merda que eu fiz.

A culpa era tão grande que não conseguia sequer dormir, vou para meu quarto e ligo o computador, iria adiantar alguns trabalhos da faculdade, já que não conseguia fazer mais nada.

Tentei por uma hora fazer o tal trabalho, mas nem mesmo isso conseguia fazer. Já eram 4:30 da manhã, mas a culpa não me deixaria até eu conseguir falar com a minha mãe.

Caminho silencioso até o quarto de minha mãe, a culpa aumentando a cada passo, abro a porta sem fazer barulho.

Ela estava deitada de frente para a porta, a luz da lua que vinha das cortinas batia em seu rosto e mostrava marcas de lágrimas recentes ali. Me aproximo devagar, não querendo acordar meu pai, cutuco ela um pouco e vejo seus olhos verde se abrirem confusos e uma carranca se instalar em seu rosto ao me ver, ela se vira irritada, mas eu continuo a cutucar.

Suspirando resignada, ela se levanta, o rosto vermelho de raiva e sai pela porta do quarto furiosa, sigo ela como um cão com o rabo entre as pernas. Nos sentamos no sofá, um do lado do outro em silêncio.

— O que foi agora, Harry, o que é tão urgente que precisou me acordar as 4:35 da manhã? - Ela pergunta em um sussurro raivoso, me encolho sob seu olhar e sinto meus olhos começando a lacrimejar.

— Eu sinto muito. - Peço em sussurro fraco com minha cabeça abaixada, a primeira lágrima cai, dando lugar as outras que eu não era capaz de impedir de cair.

— Harry, você me decepcionou muito hoje, eu deixei claro que não queria que você saísse e mesmo assim foi saiu. - Ela fala, sua voz suave me machucando mais que adagas em chamas fariam.

— Eu não sei mais o que fazer, mamãe. - Sussurro me sentindo pequeno novamente, uma criança perdida em seu primeiro dia de escola.

— Seja você mesmo. - Ela fala me abraçando com força, a raiva dando lugar a compreensão, ao aceitamento.

— Eu não sei mais quem eu sou mãe.- Era a verdade que mais me doía admitir, eu não me reconhecia mais desde que Ginny terminou comigo.

— Eu vou ajudar você, mas você precisar permitir ser ajudado. - Ela fala colocando minha cabeça em seu colo e fazendo carinho em meus cabelos.

— Você me perdoa, mãe? Por todas as besteiras que eu fiz e faço? Você não merece isso. - Falo me sentindo sonolento. Ela acaricia meu rosto com seu toque gentil e eu me permito sentir todo seu amor por mim.

— Você ainda faz muita besteira, eu fiz muita besteira, seu pai também fez, todos nós fazemos quando somos jovens, não se preocupe, meu príncipe. - Ela fala suave e compreensiva, como todas as mães supostamente devem ser. - Eu te perdoo sim.

Com essa frase tão simples, sinto meu corpo relaxar e me permito finalmente cair no reino dos sonhos.

Acordo com uma mão firme em meu braço, abro os olhos desnorteado quando me deparo com meu pai me olhando gentil, me levanto do sofá, me sentindo ligeiramente enjoado e me apoio no meu pai para não cair, quando repentinamente a sala começa a rodar.

— Vamos pra cozinha, temos muito o que conversar. - Ele fala passando a mão por minha cintura e me ajudando a chegar na cozinha.

A conversa foi longa e cansativa, porém muito boa, pois aliviou um grande peso em meu peito. Ficou decidido que eu iria ao psicólogo na segunda-feira.

Segunda chegou e eu estava extremamente nervoso, a hora não parecia passar.

Ocorreu tudo bem, ela explicou que iríamos trabalhar para diminuir minha ansiedade e em pensar antes de agir.

Os dois meses de tratamento estavam fazendo um efeito tremendo em minha vida. Eu era mais controlado e assim meu desempenho na faculdade era melhor.

Estava tudo correndo bem, meus pais estavam felizes com minha conduta e eu ainda tinha namoradas de sobra.


Estávamos comendo nosso café da manhã quando batem na porta, eu, é claro, me desculpo e vou atender, qual não é minha surpresa a encontrar Bea e Luke parados na minha frente, me sentindo um pouco atordoado, libero a passagem para eles passarem.

— Hey, cara! - Exclama Luke, me abraçando com força, saindo de meu estupor, abraço ele forte.

— E ai, Luke, como você tá cara? - Pergunto me direcionando para Bea.

— Hey, Bea, tudo bem? - A cumprimento com um abraço firme e ela me devolve com dois beijos no rosto.

— Oi, Harry, tudo bem sim e você? - Ela fala sorridente ao lado do Luke.

— Tudo ok. - Respondo os direcionando para a cozinha.

Foi uma chuva de cumprimentos e outras exclamações divertidas. A conversa seguia divertida na cozinha.

— Obrigado pelo café da manhã, Lily. - Agradece Luke sorrindo, Bea para de conversar com minha mãe.

— Bem, Harry, James, Lily, nós viemos aqui para convidar vocês para nossa festa de noivado. - Fala a loira radiante, entregando a cada um de nós um envelope rosa bebê.

— Nossa, que lindo, queridos, com certeza vamos estar lá! - Exclama mamãe abraçando os dois, sorrindo feliz abraço meus amigos.

— Que bom que vocês podem ir! - Exclama Luke animado sorrindo bobo para Bea.

— Nós precisamos voltar pra Londres depois de amanhã, mas enquanto estamos aqui, Harry pode levar a gente para conhecer os lugares? -Pergunta ela com um sorriso esperançoso no rosto.

— Claro, querida, ele vai adorar mostrar Paris à vocês. - Fala mamãe me olhando firme. Esse olhar representava muitas coisas, mas principalmente " comporte-se ".

— Claro, eu vou adorar. - Concordo olhando para eles.

— Bem, o noivado vai ser em agosto, então eu acho que podemos ir antes do aniversário de Harry, certo? - Fala mamãe a meu pai, que concorda. Junto com Luke e Bea, subo levando as bagagens e eles me seguem para meu quarto.

— Céus, Potter, o que aconteceu no seu quarto? - Pergunta Beatriz de olhos arregalados, olhando a bagunça do meu quarto.

— Já esteve pior. - Respondo dando de ombros, ela revira os olhos e se senta na minha cama, que, milagrosamente, estava arrumada.

— E de pensar que Harry era o mais organizado de nós. - Graceja ele enquanto chutava uma bolinha de papel. - Mas e as gatinhas?

— O de sempre, Luke, nada dura mais de duas semanas. - Respondo passando a mão pelo meu cabelo.

— Ainda nisso? - Pergunta ela parecendo pasma. Sou impedido de responder pelo toque do meu celular, era um toque personalizado ridículo. Sabendo que era Jess, ignoro o meu celular, o desligando rapidamente.

Volta a tocar sem intervalo e eu deixo a coisa tocando, Jess precisa realmente aprender a esperar.

— Não vai atender seu celular? - Pergunta Luke divertido quando o refrão começa a tocar.

— Não, muito obrigado. - Respondo me contendo pra não tacar meu celular na parede.

— Quer privacidade? A gente pode sair, pra você atender. - Sugere Bea, compreensiva.

— É sério, gente, eu realmente não quero atender, e não é porque vocês estão aqui, pode ter certeza. - Respondo suspirando, o aparelho para de tocar por alguns instantes, antes da chamada de vídeo do meu computador tocar.

Xingando baixinho, desligo o computador e retorno a chamada.

— Até que enfim, garoto, achei que nunca ia me atender. - Exclama Jessica do outro lado.

— Eu não sei se você sabe, mas quando a pessoa não atende, é porque ela não quer falar com você, Jess. - Respondo cortante.

— Que seja, eu preciso da sua ajuda. - Ela fala sendo tão grossa quanto eu.

— Eu estou com meus amigos, Jessica, não vou te ajudar. - Falo olhando para meu melhor amigo que sorri pra mim conhecedor.

— Eu tô indo pra sua casa, é muito sério. - Ela fala parecendo desesperada. Saco, ela sempre me ajudou.

— Você venceu, vem logo! - Falo já desligando o celular, assim que o jogo na escrivaninha Luke e Bea, desatam a rir.

— Domado por uma menina, Potter? - Pergunta Bea rindo escandalosamente, Luke ri me empurrando, quando a porta se abre.

Um furacão de cabelos coloridos de azul, rosa e roxo, entrou em meu quarto e se jogou em cima de minha pessoa, me abraçando com força.

— Jess, está tudo bem? - Pergunto preocupado, ao perceber que Jessica estava chorando.

— Eu tô grávida. - Ela fala baixinho, mas eu tinha certeza que tanto Luke quanto Bia, tinham escutado.

— Harry, você engravidou outra guria? - Pergunta Beatriz soando entre raivosa e espantada.

— Eu nunca engravidei ninguém, Bea, você sabe muito bem disso. - Retruco irritado, Jess, parecendo despertar levanta os olhos para meu meus amigos, com um sorriso envergonhado no rosto.

— Eu sou Jessica Bouvier. - Se apresenta secando os rastros de lágrimas em seu rosto e se sentando em minha cama.

— Luke Pettigrew, e essa é minha namorada Beatriz Falcão. - Ele fala simpático, como se nada tivesse acontecido.

— Harry fala muito de vocês. - Ela comenta com a voz fanha, sabendo que ela deveria estar realmente muito mal, me sento na cama a puxando para o meu colo.

— Espero que ele fale bem. - Brinca Luke, e Jess sorri fracamente.

— Ele sente falta de Londres e de vocês também. - Ela continua, sorrindo doce para eles.

— Vocês se conhecem a muito tempo? - Pergunta Bea, parecendo curiosa, e um tanto receosa.

— Desde que ele chegou. Moro no andar de baixo. - Responde ela, se aconchegando em meu peito. Bea e Luke trocaram olhares cúmplices e continuaram a conversar normalmente, o fim de semana aqui conhecendo a cidade e matando a saudade uns dos outros.

Os meses não demoraram a passar e logo eu me vi voltando para meu lar. Os dias passavam devagar e tediosos, mas então finalmente chegou o grande dia.

Era a noite da festa de noivado de Luke e Bea e embora eu não soubesse como me sentia ao voltar para a Inglaterra depois de tanto tempo, eu me sentia moderadamente bem. Era surreal estar em casa e eu sabia que a hora de sair de casa se aproximava e muitas coisas ruins poderia acontecer e era exatamente hoje o dia que eu teria que enfrentar meu passado.

A festa estava sendo realizada no Hotel de Peter, estava tudo decorado com perfeição, nada fora do lugar. Susan obviamente se esforçara para a festa de noivado de seu único filho e sua amada nora.

Mamãe estava conversando com as amigas que a muito já não via, meu pai fazia o mesmo e eu ao invés de me reunir com meus antigos amigos, apenas me retirei para o jardim, tentando apenas me misturar com as plantas.

Mas obviamente não deu certo, logo após uns minutos respirando o ar supostamente puro de Londres, aparece a ruiva mais linda que eu conheci. Lá estava ela com seus belos cabelos cor de fogo soltos caindo por suas costas em uma cascata de cachos, o vestido azul claro, maquiagem e acessórios compunham seu visual. Ela aparentemente não havia me notado, e eu por minha vez, não queria que ela me visse.

Tento sair o mais discretamente possível do jardim, e consigo chegar até a porta que dava acesso ao jardim sem fazer um barulho sequer, mas aparentemente não era apenas ela que vinha para onde eu estava, mas sim todos nossos amigos em comum, me movendo o mais rápido possível.

Não era um esconderijo eficiente estar atrás de arvorezinhas de jardim, mas servia por enquanto, esperei pacientemente eles entrarem e por fim fecharem a porta. Estavam ali a apenas alguns passos de distância de mim, Ron, Hermione, Ginny, Luke, Bea, Math, Meggie, Lizzie e Ted, quase parecia com os tempos da escola.

— Algum de vocês viram o Harry? - Pergunta por fim Liz, olhando para Math e Ted com seus olhos brilhando de astúcia, eles sempre me acobertavam, mas não dessa vez.

— Não quero saber deste maldito tão cedo. - Resmunga Ginny rancorosamente, seu rosto contorcido em uma máscara de raiva e dor.

— Ele está na festa, tia Lily confirmou que ele veio com eles. - Comenta Meggie, ignorando o tom ácido de Ginny para comigo. - Faz tanto tempo que não o vejo, estou preocupada com ele, já fazem dois anos!

Todos a olham curiosamente, principalmente Ginny, e ali em seus olhos havia uma centelha de curiosidade e preocupação. Eu queria tanto me aproximar e dizer tudo que sentia, mas é claro eu não queria estragar a noite de meus amigos.

— Eu também me preocupo com o Harry, no começo ele era aberto com tudo que acontecia, só que de repente ele apenas parou de falar. - Diz Math com um encolher de ombros tristonho, eu me sentia a pior pessoa do universo, mas eu não podia contá-los tudo o que estava acontecendo.

— Tio James comentou algo sobre remédio que ele precisava tomar enquanto estávamos na França, - Diz Luke pensativamente, seu cenho se franzindo com o esforço de pensar no que acontecera meses atrás. - Acha que ele pode estar doente?

— Eu não sei, amor, não o conheci tão bem como vocês. - Responde Bea, balançando seus cabelos, e se aproximando um pouco demais de onde eu estava.

— Bem só podemos saber se perguntarmos ao senhor ou a senhora Potter. - Fala Hermione astuta, seus olhos brilhando por ter encontrado a solução.

— Já tentamos, Mi, eles nos falaram para perguntar ao Harry. - Responde Ron, após tanto tempo calado, era horrível saber o caos que eu causava na vida das pessoas.

Aproveito que estavam distraídos falando de mim e tento furtivamente sair do esconderijo e ir para um lugar onde não me achariam, mas apenas tento, pois mal dou um passo e tropeço em um copo de vidro, fazendo um barulho alto ecoar pelo jardim.

Era surreal o quão azarado eu era. Xingando baixo, chuto os cacos de vidro na parede mais próxima, com o rosto pegando fogo e pelo constrangimento que viria.

— Quem tá aí? - Perguntam as nove vozes em uníssono, caminhando com passos largos e rápidos para perto de mim. Quem me dera se eu pudesse sumir ou parar de corar, a vergonha consumia minhas entranhas e se instalava em meu rosto, deixando-o rubro.

— Merda! - Exclamo alto, segurando a enxurrada de palavrões que desejavam sair de minha boca e disparar pela noite Londrina. Então o silêncio, apenas para segundos depois passos de pessoas diferentes se aproximarem de onde eu estava.

— Harry! - Exclama Meggie alegre, se jogando em meus braços assim que me vê, mas apenas para um segundo depois se afastar e seus olhos brilharem em fúria.

— Por que você não falou antes? - Pergunta ela com olhos incrivelmente estreitos, eu não conseguiria mentir para ela, não com meu rosto pegando fogo, escuto exclamações igualmente indignadas atrás de si e suspiro.

— Eu tenho que voltar para o salão, meus pais devem estar preocupados. - Falo passando a mão por meus cabelos e olhando a hora, apesar de ter sido uma mentira momentânea, me lembro que eu precisava tomar o remédio dali alguns minutos.

— Tenho certeza que não estão, porque não quer falar conosco? Somos melhores amigos, Harry!- Exclama Liz indignada, sua feições demonstrando uma vulnerabilidade que não combinava com suas feições delicadas.

— Ele não se importou com isso anos atrás, tenho certeza que se importa menos ainda agora. - Rebate Ginny acidamente, seus olhos brilhantes de raiva e seu rosto avermelhando se em fúria, a expressão totalmente fechadas. - Aposto que deve apenas estar querendo fugir para ficar com suas vadiazinhas e se embebedar, afinal é isso que você faz.

Tudo que eu enxergava era vermelho, não conseguia acreditar que a doce Ginny, estava insinuando isto. Eu queria bater nela e depois beber até não poder mais. Eu estava descontrolado e a culpa era dela.

— Não se atreva falar do que não sabe, Weasley! - Grito com raiva, fúria era tudo que eu enxergava, era insano o quão alterado eu poderia ficar sem a terapia e como os remédios haviam desestabilizado meu temperamento.

Em um piscar de olhos sua mão colidiu com meu rosto, deixando uma marca vermelha em minha bochecha esquerda. Doía como uma ferroada.

— Do que eu não sei? Você me traiu, se embebedou e colocou a culpa na garota. - Ela exclama, sua fúria derramando em suas palavras como veneno.

— Você cala sua boca, não sabe a merda que eu passei e quão sujo me senti. - Retruco a segurando com força no braço.

— Me solta você está me machucando! - Reclama ela tentando tirar seu pulso de minha mão, seus olhos brilhavam de surpresa e fúria, que não seria acalentada. - Seu cafajeste, você está estragando a festa de noivado de seus melhores amigos e nem se importa, seu canalha egoísta!

Os gritos machucavam como adagas quentes em minha pele, eu não conseguia sequer me lembrar do que ela dissera, muito menos as palavras duras que usei, apenas sabia que em uma certa altura nossos gritos eram tão altos que meus pais apareceram.

— Harry! - Gritou a voz reconfortante parecendo distante de mim, era como estar em outro corpo. - Querido, se acalme, respire e inspire.

Sem me importar com as palavras carinhosas me afastei, eu precisava de bebida, talvez uma ou duas, precisava de um cigarro e só. Talvez aquilo acabasse com a culpa em meu peito. O bar era minha melhor escolha, com certeza.

Desviando dos rostos preocupados e familiares, eu não queria responder as perguntas que viriam, eu não queria ver seus olhares decepcionados, queria apenas esquecer a todo custo.

Passo despercebido pelas pessoas vestidas elegantemente, mostrando seus melhores sorrisos falsos a todos. Não exibia meu sorriso falso, estava imerso em uma profunda máscara de impassividade, que a muito se instalara em meu sistema.

Sento-me na banqueta em frente ao balcão e não demoro a fazer o pedido. Com precisão o Barman me entrega, não me demoro a virar a dose, nem a virar outra, em seguida mais outra. Foram incontáveis doses, até uma mão macia e pequena envolver meu pulso, me forçando a interromper o movimento de levar a bebida a boca.

— Pare de beber, Harry ou você vai passar mal. - Pede ela com carinhos, fazendo um afago gostoso em meus cabelos revoltos. Solto sua mão de meu pulso e continuo a beber, eu não pararia tão cedo.

— Eu não vou passar mal, Meg, me deixe em paz. - Respondo irritado, faço um gesto pedindo outra dose, olhando em volta para tentar encontrar - com minha visão nublada pelo álcool - meus pais, só eles conseguiriam me tirar daqui, pois mesmo sabendo o estrago que poderia vir a fazer, eu não conseguia me forçar a parar de virar cada dose que eu pedia.

— O que você tem, Harry? - Pergunta ela se sentando no banco alto e ao fazê-lo, seu vestido se levanta mostrando suas coxas, belas coxas bronzeadas, quais eu adoraria passar minhas mãos.

— Eu não tenho nada, Meg, nada. - Falo usando todo meu sentimento, pois era exatamente assim que eu me sentia. Vazio. - Ou melhor, eu tenho muito, mas não significa nada.

Virando o último resquício de álcool no copo, saio do banco do bar e me direciono para a saída do hotel. Não conseguiria continuar aqui, estava me sufocando e tudo que eu precisava era liberar tudo que estava em mim.

Não tardei a chamar um táxi e dar o nome de uma das baladas onde eu costumava ir, não me importava que eu estava de roupa social, nem que meus pais provavelmente estariam muito preocupados comigo, eu queria apenas esquecer.

Assim que entrei senti o cheiro característico de balada, suor, bebidas e excitação. A música animada aos poucos me acalmava, não paro para olhar para as garotas, eu precisaria de algumas bebidas antes disso.

Após uma dose de Zombie e duas de Aunt Roberta e estava finalmente pronto para me aventurar pela pista de dança, havia sim muitas meninas lindas ali e não foi difícil encontrar uma que me chamasse atenção.

Dançamos, rimos, bebemos, nos beijamos, ficamos chapados e quando saímos tropeçando, ela passou a mão por minha bunda, me arrastou para um beco e fez o que queria de mim. Eu não me importava de estar sendo usado, eu só queria alcançar o esquecimento absoluto e quando isso acontecesse eu não me lembraria da morena de corpo malhado que me assediou, nem da ruiva que eu amava que me bateu, muito menos da decepção nos olhos de quem eu chamava de família.

Mas o esquecimento nunca chegou, a única coisa que eu alcancei foi um orgasmo, uma droga dentro de minha boca e um passeio para a delegacia, pois segundo o guarda que nós aprendeu nós estávamos cometendo atos obscenos e ofendendo quem passava.

Assim que chegamos a delegacia o policial nos deixou ligar para qualquer pessoa de confiança, optei por dar o número de meu pai ao policial e pedir para que ele mesmo ligasse, eu não tinha saco para ligar para ouvi-lo no momento, fui encaminhado para uma cela e fiquei ali dividindo com minha "parceira de crime" e um outro casal que foi pego em uma festa ilegal.

Uma dor de cabeça começava a se mostrar assim que a adrenalina se esvaia com uma rapidez inesperada, a culpa começava a se alastrar por mim e agora eu apenas queria me enrolar em posição fetal e chorar.

— Moço, o senhor está bem? - Pergunta a menina após alguns bons minutos de silêncio, eu provavelmente não estava nada apresentável ou com uma cara horrível, talvez uma mistura dos dois.

Me viro para ela, só agora realmente a vendo. Ela tinha longos cabelos castanhos, os cachos bagunçados de um modo bonito, um vestido vermelho extremamente curto e justo e sandálias de salto. O cara que estava com ela usava uma calça rasgada, uma blusa de estampa xadrez de magas cumpridas e um tênis simples, comparado a eles e a moça que me acompanhava eu estava absurdamente formal e deslocado.

— Estou sim. - Respondo apenas por educação, o silêncio reinou novamente e eu tive tempo para ficar com meus demônios novamente, exatamente aqueles que me davam náuseas. Apesar de ter durado mais que o último, o silêncio logo se desfez, quando passos de salto são escutados no corredor. Levanto minha cabeça, esperando ver minha mãe ali, mas qual não é minha surpresa, quando Liz e Meg se mostram diante da cela com os rostos outrora delicados, contorcidos em preocupação.

O guarda abre a cela e por fim me libera. Constrangido, levanto de meu lugar no canto e saio de onde estava, permaneço em silêncio enquanto caminhávamos para onde eu pagaria a fiança.

— Vamos, Harry, nós já pagamos, vamos para casa. - Elas chamam, pegando minha mão e me levando para o carro, concordo sem muitas discussões. Eu só queria poder esquecer o dia de hoje.

Mas mesmo eu sabia que não seria assim tão fácil, pois eu era apenas mais um garoto quebrado entre milhares de peças desconectadas que formavam o mundo. Afinal esquecer o amor da sua vida não foi feito para ser fácil.

 


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Notas finais do capítulo

Hey pessoinhas, como estão? Não vou me desculpar pela demora, pois vcs sabem como a minha vida anda corrida, então eu espero que vocês comentem , pq eu demorei muito pra conseguir escrever, então espero retorno.


Me digam o que estão achando e me deem ideias para o próximo capítulo - será o ponto de vista de Ginny, durante os anos que ficou nos E.U.A. 

Mil beijos e até o próximo capítulo



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