Alex continuava martelando na cabeça de Samael.

“Você sabe que ainda há tempo de parar com essa loucura!”

—Não existe loucura nas minhas atitudes Alex... Só vingança.

Respondeu o caído enquanto levantava-se do trono e observava a cidade de Londres aparentemente deserta.

“A vingança em si é a maior loucura de todas, tudo que vai te restar é o vazio.”

—Você está enganado meu caro, eu já estou vazio por dentro.

O diálogo foi interrompido por Caim.

—Meu lorde, aparentemente a primeira linha defensiva trata-se apenas de armas controladas por computador, sem soldados.

Samael continuava fitando a cidade.

—Estão poupando vidas humanas ao máximo.

Respondeu enquanto voltava-se para Caim.

—As aeronaves estão prontas para pousar e invadir a cidade.

Prosseguiu Caim tentando decifrar inutilmente os pensamentos de seu pai.

—Não desembarquem, é obvio que prepararam uma armadilha. – Samael começou a vestir sua armadura. – Eles não tem a intenção de impedir nossa entrada, mas sim a nossa saída. – Disse ele apontando para uma parede invisível e quase imperceptível. – Uma Barreira.

Caim estava confiante.

— Entendo, vai nos manter nas aeronaves até que a manobra deles seja feita. – Um sorriso se formou em seus lábios. – E depois disso ira usa-la contra eles.

Samael colocou seu elmo.

—Não é tão simples. Caim quero que faça algo. – Samael segurou o rosto do filho entre as mãos. – Você é tudo o que me resta... Aconteça o que acontecer ... Fique longe dos arcanjos. – Em um ato incomum ele abraçou Caim. – Eles o matariam em poucos minutos.

Caim ficou sem palavras com aquela demonstração de afeto.

—Sim senhor... Meu pai.

Ele então se foi para repassar as ordens de seu lorde.

“Você não estava vazio por dentro?”

As aeronaves da primeira linha começaram a ser bombardeadas pela linha de defesa, três delas foram abatidas.

—E a queda de Londres começa.

***

Inoue aguardava com seu pelotão no decimo andar de um edifício.

—Lex, situação da linha de defesa?

O responsável pelas comunicações tratou de repassar as notícias.

—Estão entrando na cidade, três naves foram abatidas, porém a linha foi varrida em poucos minutos.

Ela fitou a avenida deserta.

—Parece que a Estratégia de Salatiel está dando certo. – Ela então olhou nos olhos dos vinte jovens que estavam sob seu comando. – Atenção! Logo eles estarão aqui, lembrem-se do plano de ação e da nossas três regras de ouro que são!

Gritou ela com voz de comando.

—Sem heroísmos, sem rebeldia, em caso de extremo perigo retirada!

Responderam os seus soldados.

Ela estava nervosa, as lembranças da última batalha ainda estavam frescas em sua memória.

—Estamos entendidos.

***

Joseph trajava a sua armadura.

—Você acha que podemos acabar com isso de uma vez por todas hoje?

Questionou enquanto Raphael se aproximava.

—Sinceramente... Não.

Joseph estava inquieto.

—Ele ainda está lá fora não é? Meu irmão?

O arcanjo respirou forte.

—Sim está, não sabemos ao certo quais são os planos dele.... Sua intenção... Mas ele está por ai.

O coração de Joseph apertou por um instante.

—Estou com um mal pressentimento Rapha.

***

As naves de Samael estavam no meio da cidade agora.

—Mestre Amon, nenhum sinal do inimigo.

O demônio sabia que algo estava errado.

—Mantenham-se atentos e ...

Uma explosão na lateral da aeronave fez todos caírem.

—Estamos sendo atacados!

Gritou Amon enquanto outros três disparos foram efetuados contra a nave.

—Estamos caindo!

Gritou um dos pilotos.

—Saiam da nave, é uma ordem!

Antes que até mesmo Amon pudesse sair a nave explodiu.

O demônio sentiu as costas arderem enquanto as chamas se alastravam.

—Maldição, estas armas possuem magnitia!

Enquanto tentava apagar as chamas, Amon pode ver toda a frota sendo abatida.

—Nós os subestimamos.

Ele então virou-se depressa enquanto uma rajada de tiros veio em sua direção.

—Cuidado, muitos ainda estão vivos! – Alertou o comandante do pelotão de ataque, eles usavam uma espécie de traje robótico fortemente armado.

O demônio partiu para o ataque, abatendo todo o pelotão.

—Mas, não fiquem se achando tanto só porque estão com brinquedinhos novos.

***

O pelotão de Inoue prosseguia em combate, havia perdido três soldados.

—Lex, situação!

O encarregado preparou-se para reportar quando uma presença diferente surgiu ao final da rua.

— Capitã Hikari, os civis não tinham sido evacuados?

Inoue terminou de abater alguns demônios de pequeno porte e se voltou para ver do que Lex falava.

— Não há civis aqui soldado, do que você está ... – Os olhos de Inoue se arregalaram quando viu a jovem de longos cabelos negros aproximando-se lentamente deles.

Ela usava um short curto com uma meia rasgada que entrava em suas botas escuras, usava uma camiseta branca e uma capa escura cobria seu corpo.

—Fujam... Fujam daqui agora, é uma ordem!

Gritou ela desesperada porem foi inútil, em um movimento insano a desconhecida sacou de uma espada e em uma velocidade absurda cortou as cabeças dos restantes no pelotão deixando apenas Inoue de pé.

— Ora vejam só... Quem diria que você se tornaria uma capitã.

Prosseguiu a estranha inimiga abaixando-se em frente a um dos cadáveres que acabara de derrubar.

—Não acredito que você os fez usar o brasão de nosso clã idiota.

—Cale essa maldita boca!

As lagrimas vieram em torrentes enquanto Inoue Hikari olhava para os corpos mortos de seus soldados.

—Ora querida não fique assim, você está com a mesma expressão de quando nossos pais morreram.

—Já disse pra se calar, vagabunda!

Gritou ela desesperada lançando um rio de chamas contra seu inimigo que as desviou facilmente.

—Você não mudou nada, irmãzinha.

Inoue estava desequilibrada com aquele encontro.

—Porque... Você está aqui... Yuki...

Yuki Hikari sorriu maliciosamente.

—Porque estava com saudades... Querida Imoto*

*Irmã mais nova.