Alaiziel corria com o seu grupo por uma encosta, a armadura pesava-lhe o corpo já cansado pelos intensos combates que havia travado no caminho.

Um sinal de mão do líder fez com que a companhia parasse.

—Escutem com atenção. – Começou o anjo retirando o elmo. – O objetivo da nossa missão é descobrir quem os lidera, então nada de heroísmos, só iremos observar.

Advertiu o líder.

—Poderíamos ter vindo voando.

Reclamou uma dos soldados.

—Se tivéssemos voado seriamos abatidos antes de chegar aqui.

Explicou Alaiziel fazendo a jovem estremecer.

Aquilo tudo parecia ser surreal demais para ele, durante toda a vida jamais ouvira falar de um ataque a o lar dos anjos e também jamais pensou em presenciar um.

—Capitão Otniel. – Começou ele se recostando na parede de rocha. – Quem o senhor acredita estar por trás disso?

O capitão olhou profundamente para eles enquanto se ouviam explosões em várias partes anunciando que a batalha havia se tornado mais intensa.

—Os nossos superiores tem quase certeza de que... Trata-se de Samael.

Aquilo exasperou os demais cadetes que nunca haviam vivido uma batalha real até então os fazendo temer.

—Nos mandaram aqui para confirmar se Samael lidera esse exército? Nos mandaram para a morte!

Gritou um deles.

—Silencio!

Ordenou o capitão olhando para Alaiziel que permanecia calculista e sorrateiro.

—Você já suspeitava disso não é? Então porque não está com medo?

Exclamou a mesma cadete que reclamará do cansaço de correr.

Alaiziel fitou a todos que o olhavam incrédulo e sem entender o motivo de tanto desespero.

—Vocês não honram suas asas.

Começou ele.

—Quem você pensa que é pra falar assim conosco!

Exclamou irritado um de seus companheiros.

—Sou um anjo, membro do exército de Deus e vocês?

A pergunta os pegou de surpresa.

—Estão duvidando de Deus e da sua sabedoria temendo esse bastardo, vocês não se envergonham de tamanha falta de fé?

A resposta a tal pergunta foram várias cabeças baixas.

—Levantem essas cabeças, cinjam suas espadas e tenham fé e coragem!

Começou Alaiziel surpreendendo seu capitão.

—Mesmo que fosse o próprio diabo que estiver no outro lado dessa encosta lutaríamos, e se morrermos nossas mortes serviram de apoio para os que viram depois de nós!

As palavras de Alaiziel encorajaram os outros.

—Nós sabemos que dificilmente sairemos daqui vivos jovens mas, mantenham a fé e serão imbatíveis.

E assim os seis anjos desceram pela encosta íngreme e seguiram por uma trilha que rodeava o local e enfim chegaram ao seu destino.

Aos pés da encosta um numeroso exército enviava tropas aladas para o local de confronto.

—Realmente os cálculos estavam corretos, a base deles está concentrada do lado de fora das muralhas para impedir qualquer retaliação vinda da cidade.

Alaiziel sentiu as pernas o traírem por um minuto mas, logo tratou de se recompor haviam dragões sendo domados pelos caídos e isso explicava as constantes explosões.

—Estão usando os dragões para derrubar as defesas aéreas da cidade capitão, o verdadeiro ataque ainda não começou.

O capitão Otniel era um oficial experiente mas carregava o peso de estar levando aqueles jovens para a morte certa.

—Precisamos agora determinar a identidade do seu líder cadetes, quero que saibam de antemão que foi uma honra combater ao lado deste grupo. Safira, agora é a sua vez.

Instruiu ele para a única presença feminina no grupo.

—Ok.

Respondeu ela pensionando-se a frente do grupo.

—Provavelmente sentiram a minha presença quando usar a herança. – Começou ela sacando a espada. – Estejam prontos, e que o Criador nos ajude.

Os demais se prepararam enquanto os olhos de safira assumiam uma cor escarlate.

O alcance de sua visão era incrível, a jovem conseguia ver nitidamente a quilômetros de distância procurando o lugar de onde provavelmente o líder estaria comandando as tropas.

 Seus olhos então encontraram uma figura que a fez cambalear.

—C... Cabelos negros, alto e forte, utiliza...- Os olhos fixos na figura. – Utiliza a armadura dos arcanjos... Senhor.

Continuou ela tremendo.

O alvo de seus olhares a percebeu e com uma ordem sua centenas de inimigos avançaram em direção do grupo.

—Nos descobriram!

Gritou ela levantando voo a toda velocidade sendo seguida pelos demais.

—Manobra defensiva Alaiziel!

Ordenou o capitão ao jovem, Alaiziel concentrou-se e lançou uma imensa nuvem de fogo pelos céus atingindo grande parte dos inimigos.

—Não foi perfeito, preparem-se!

Gritou ele enquanto vários caídos os atacaram, a batalha se transformou em um massacre e um a um os cadetes iam sendo exterminados até sobrarem somente Alaiziel, Safira e Otniel.

—Afastem-se!

Ordenou o capitão enquanto uma forte rajada de vento atingiu a horda inimiga, as lufadas tornaram-se em laminas que mutilaram seus adversários.

—Continuem, não podemos tombar aqui!

Eles avistaram a cidade onde dragões e caídos bombardeavam os altos e belos prédios de Atziluth.

—Capitão devemos entrar no bosque e correr, será arriscado continuar no ar.

Falou Safira.

—Tem razão, vamos!

O bosque possuía muitas arvores, o que ajudou na ocultação deles.

Corriam desesperadamente quando avistaram uma brecha na muralha.

—Não é prudente, e se houverem inimigos?

Falou Safira prevendo a decisão do seu líder.

—Estamos numa batalha real, sempre haverá inimigos. – Começou Alaiziel calculando um inevitável combate dentro da muralha. – Você escolhe, arriscamos na brecha onde poderão ser poucos ou você pode ir direto ao portão principal e pagar pra ver o que acontece.

Otniel então decidiu-se.

—Entraremos pela fenda e nenhuma objeção a mais!

Ao adentrarem na falha deram de frente com alguns caídos porém, este foram fáceis de derrotar.

—Precisamos alcançar o quartel e entregar a missão.

Instruiu Otniel enquanto eles avançavam pela cidade em chamas, a cena era horrível mortos por toda a parte, prédios em ruinas e batalhas entre anjos que mostravam a realidade da guerra.

—Aquele maldito... – Otniel estava visivelmente alterado. – Maldito seja Samael!

Uma torre da muralha desmoronou os fazendo recuar.

—Mas o que...

Um demônio surgiu em frente a eles.

—Vejo que vocês estão com muita pressa. – Começou ele com sarcasmo. – podem me falar onde é o incêndio?

O deboche era notório e isso enfureceu o trio.

—Como vocês ousam profanar este santuário!

Gritou Safira enfurecida.

—Santuário, profanar, na verdade é isso que fazemos, é bastante divertido.

Continuou ele ao se aproximar dos anjos.

O seu porte era de alta estatura com músculos bem definidos, trajava uma armadura que lhe cobria o corpo inteiro e em sua cabeça trazia uma preciosa coroa, seu rosto era a parte perturbadora do conjunto, a face feminina não encontrava equilíbrio no conjunto.

—Diga seu nome demônio.

Exigiu Alaiziel sacando da espada.

—Nos chamam de demônios, caídos, criaturas das trevas, condenados qual deles quer?

Continuou a estranha presença.

—Não nos faça de tolos!

Alaiziel avançou enquanto Otniel lhe ordenou inutilmente que recuasse.

—Vejo que tens coragem. – Disse o demônio desarmando Alaiziel com uma facilidade notória. – Mas te falta a inteligência.

O inimigo acertou Alaiziel com um golpe tão forte que o prendeu ao chão, ele pode sentir seus membros se torcerem com a força bruta daquele adversário.

—Alaiziel!

Safira precisou ser contida pelo capitão.

—Não seja tola, você não pode vencer um demônio desse nível!

Gritou ele segurando a jovem.

O demônio então fez um gesto de reverencia.

—Permitam que me apresente como o seu amigo exigiu. – Falou ele pisando na cabeça de Alaiziel. – Eu sou Paimon.

Seu pé afundou a cabeça de Alaiziel na terra.

—Paimon...

Os braços de safira caíram ao lado de seu corpo soltando a espada.

Ela conhecia muito bem aquele nome, um demônio da realeza do inferno.

—Exatamente isso que tentei dizer a vocês. – Falou Otniel desnorteado. – Ele é um dos reis do inferno, um dos mais fiéis e obedientes a Lúcifer.

Paimon soltou uma gargalhada enquanto arremessou Alaiziel contra o que sobrou de uma casa destruída.

—Sinto-me lisonjeado de que os anjos conheçam meu nome.

Otniel deu um sorriso surpreendendo Paimon e Safira.

—Você acha que poderá nos impedir? Saiba que está enganado Paimon, eu mesmo me encarregarei de você.

A energia espiritual de Otniel tornou-se massiva surpreendendo Paimon que preparou-se para o combate.

—Maldito este lugar será a sua co...

Paimon foi interrompido por um choque poderoso no rosto, Alaiziel o acertou com um chute que o arremessou a metros de distância.

—Vamos!

Gritou ele, Otniel ordenou que safira fosse junto.

—Eu ficarei, completem a missão.

Sem perder tempo os dois levantaram voo rumo ao quartel.

—Confesso que subestimei sua criança. – começou Paimon enquanto se erguia. – Tinha certeza de que o havia deixado impossibilitado.

Otniel sorriu.

—Vocês acham que com esse ataque podem acabar com nossa cidade, matar os nossos semelhantes e sonhos?

O olhar de Otniel era motivado surpreendendo Paimon.

—Vocês não tem noção de ondem vieram se meter.

Mesmo distantes Safira e Alaiziel puderam ouvir a explosão de poderes e sabiam que a batalha entre Otniel e Paimon havia começado.