Ichinomiya Eruna estava sendo ignorada. Kyouma realmente estava ignorando-a. O nível de estresse da Eruna ultrapassava do limite.

“Bem, tanto faz. Eu não me importo.” Foi o que ela disse, há 4 horas atrás. Já havia tentando tudo o que podia para fazê-lo prestar um pouco de atenção em si e todos fracassaram.

A grande Eruna Ichinomiya tirou algumas horas da sua agenda para passar um tempo com seu maravilhoso senpai e ele sequer queria falar com ela. Não gostava de admitir, porém, mais do que a irritava, aquilo a magoava. Ela, sinceramente, gostava um pouco a mais de Kyouma do que de Otone, Himi e até mesmo Seisa. Claro, Seisa era sua deusa. Deuses são apenas símbolos de adoração e admiração. Eruna não sabia se era só Kyouma que não percebia seus sentimentos ou que talvez Yuuto e Bimii fossem um pouco observadores demais.

“Não, com certeza o problema é ele.” Ralhou em pensamentos, frustrada.

Eruna não era do tipo que escondia os sentimentos e era claro como a água que gostava dele, Kyouma que era denso demais. Ou talvez, pelo fato dela sempre ser tão sincera e honesta com tudo, que Kyouma tivesse confundido.

“Mas eu me declarei, oras, e não foi nenhum pouco fácil.”

“Enoyan-senpai.”*

Kyouma suspirou. A última hora havia sido tão silenciosa que achou que a garota nem estivesse mais lá.

“Você ainda estava--“ Rápido demais para que os olhos de Kyouma pudessem acompanhar, Eruna enrolou o cachecol ao redor do seu pescoço e o puxou.

A proximidade dos seus rostos não estava fazendo bem à pose de Kyouma, estava começando a se envergonhar.

“Enoyan-senpai, eu vou falar isso apenas uma vez e é melhor você escutar tudo. A sua bela e fofa kouhai, Eruna Ichinomiya, está apaixonada por você e é horrível ignorar a garota que gosta de você por 4 horas, por isso, você precisa ser castigado.”

Ele esperou por algo como, participar de uma das peças doidas do Clube de Teatro ou ser obrigado à fazer tudo que Eruna quisesse por um dia, até várias outros pedidos estranhos, mas nunca, realmente nunca, imaginaria que teria seus lábios contra os dela.

Foi apenas um encostar de lábios, mas não deixava de ser um beijo. E era seu primeiro beijo.

Kyouma continuou estático enquanto Eruna o soltou e sorriu.

Presenciou um momento único, ver Kyouma Kuzuryuu corar.

Saltou três vezes até a porta e virou-se enrubescida para encará-lo.

“Até mais, Enoyan-senpai. Agora eu vou anunciar para todo o Colégio Mikagura sobre as intolerantes ações que você tomou contra mim, a adorável e amada Eruna Ichinomiya.”

Kyouma não sabia o que falar. Não, não lembrava nem mesmo de como se falava. A prima de Shigure havia levado suas palavras com o beijo.

“Talvez até diga que você se forçou em mim.”

Com um sorriso travesso, passos rápidos e coração quase saindo pela boca, Eruna afastou-se da sala de artes feliz por ter deixado para trás um Kyouma envergonhado.