A Filha Da Lua escrita por AC Espadeiro


Capítulo 7
Capitulo 7




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14 de abril, 1485 - 19:00
2 dias para a próxima lua cheia

Depois de dois dias inteiros, presa dentro dessa carruagem que mais parece uma caixa de confinamento, finalmente chegamos em Winterfell. O frio aqui é muito pior do que eu imaginava, e nem chegou o inverno totalmente. Falta uma semana para o inverno, mas a cada dia que se passa, este lugar fica mais frio, nem mesmo no verão aqui esquenta.

Vamos entrando pelo portão enquanto eu observo tudo, um pequeno castelo feito de tijolos escuros, a neve que o cobre, as grades, os lobos brancos e umas poucas crianças correndo pelas ruas. De longe, vejo Arya correndo para fora de sua casa, a última vez que a vi ela tinha 16 e eu 9 anos, agora que estou com 16 elas está com 23. Ela mudou muito desde a ultima vez que a vi, seu cabelo agora está em seu ombro, ela está mais pálida e seu nariz parece ter dado uma afinada, ela usa uma roupa de couro toda preta, o que realça suas curvas. Aos poucos a carruagem começa a reduzir a velocidade então por fim, finalmente paramos.

—Princesa Irina da casa Targaryen!!!- O guarda anuncia e então abre a porta me ajudando a descer.

É bom poder respirar livremente depois de tanto tempo trancafiada. Olho para tudo e para todos, a minha frente está Arya, Margaret, e um homem gordo barbudo que não conheço mas sinto de longe seu cheiro de cerveja com suor. Não sei como ele sua aqui.


—Seja bem vinda, princesa!!!- Dizem os Starks se reverenciando.
—Obrigada! - Digo acenando com a cabeça.
—Irina!! - Por fim ela para com a formalidade e corre pra me abraçar.
—Arya!!!- Nos abraçamos com muita força, admito que sinto muita falta de passar minhas férias aqui.
—Está aqui em segredo pelo que sua mãe me contou, não é?
—Exato.
—Então vamos, é melhor entrar logo!

Entramos na casa e meus olhos começam a observar tudo e minha memória aos poucos vai se lembrando de cada detalhe. A casa tem 2 andares, na parede há um quadro da antiga e completa família Stark com Catelyn, Ned, Arya, Sansa, Robb, Bran e Rickon. Que família, 5 filhos. Não posso falar nada até porquê minha mãe tem 10 então...

Arya vai andando e vou a seguindo logo atrás. Não muito longe da sala está um dos primeiros quartos da casa. Entramos nele, lá há: uma cama de casal bem grande cheia de cobertas grossas por cima, uma bandeira da casa Stark, uma lareira acesa e um armário de duas portas. O quarto não tem tantas cores como o palácio que nasci, na verdade aqui é tudo de madeira e tijolos para manter o calor. As janelas estão trancadas para impedir a passagem da neve e da brisa gelada. Vai ser um longo e um frio mês.

Arya coloca minhas malas em cima da cama e diz:

—Arrume suas coisas e depois se encontre na sala conosco para o jantar, terá que dormir cedo, amanhã será um longo dia, filosoficamente e literalmente! - Explicando, o que ela quis dizer é que com o inverno aqui em Winterfell, as noites são mais longas o que "torna" o dia mais longo.

—Pode ficar a vontade! Durante 2 meses, essa será sua nova casa. Espero que goste e se acostume facilmente até porque precisa descansar e se sentir bem aqui porque lá fora... O frio vai comer. O banheiro fica ali- Ela aponta- Pode tomar seu banho, trocar de roupa, e iremos jantar aqui dentro, na sala de jantar, já que está frio demais para ficar lá fora e você é novata aqui. Não tem couro.
—Couro? Isso é coisa de boi. - Ela ri de meu comentário mas eu fico boiando, sem entender a graça.
—Não o couro exatamente, Irina. Você tem uma pele fraca, brilhante, reluzente por causa do sol da Inglaterra. O maior frio que sua pele já passou foi o quê? -10º negativos? Aqui sua pele resseca com -50º, ela terá que se acostumar com o frio o mais rápido possível. Não poderá treinar cheia de agasalhos. Ela vai ter que te esquentar sozinha! Boa sorte! - Ela faz menção a sair do quarto mas digo:
—Arya, eu não vou conseguir treinar se estiver congelando!!! Na verdade com esse frio todo, não vou conseguir nem sair de casa! - O tom de preocupação já predomina a minha voz.
—Primeira lição: Nunca diga que não consegue fazer algo. Khaleesis são imbatíveis, você consegue e pode tudo, basta querer. Entendeu? Não quero que me diga novamente que não consegue. Sei que não temos uma grande diferença de idade mas eu nasci aqui, eu perdi meu pai com 12 anos, fui para a patrulha da noite, quase morri, tive que fingir ser um garoto e muito mais para sobreviver e chegar aqui onde estou hoje. Agora me responda: Você irá conseguir lutar com poucos agasalhos?
—Eu acho que...- Ela me interrompe e repete:
—Vou repetir a "pergunta"- Ela faz o sinal das aspas com as mãos- Você IRÁ conseguir lutar com poucos agasalhos, Irina? - Respiro fundo parando de cerrar os punhos e a respondo:
—Eu vou conseguir!

Ela acena com a cabeça e então se retira do quarto, me jogo na cama e fico pensando, no foi que eu me meti? Preciso de muita sorte, muitos camponeses morrem porquê não tem agasalhos suficientes para os proteger do frio, e eu não usarei nenhum? Eu vou morrer... Espera... EU sou imortal... A rosa usada pela minha avó me deu a imortalidade e algum poder a mais. Seria uma boa descobri-lo. Já sei que não é imunidade ao frio pelo menos.

Resolvo pegar o livro que Lauren me deu com algumas explicações sobre a flor e seus dons. Nele está dizendo que eu posso sentir muito frio mas ele não atingirá meu coração me mantendo viva, eu posso ficar tetraplégica, perder algum membro do corpo entre outras coisas. É.... Pelo menos eu não irei morrer.

Pego minha mala que está aberta em cima da cama e escolho uma roupa quente. Pego um casaco preto longo felpudo na parte do pescoço e da cintura ele é bem volumoso o que ajuda pra esquentar. Levo tudo para o banheiro e lá começo a tomar banho, enquanto estou dentro da banheira na água quente é ótimo, quentinho e aconchegante. Agora que terei que me levantar para me secar, será horrível. Levanto aos poucos, estou congelando totalmente, ai jesus, que frio!! Que dor nos ossos!!! 

Puxo a toalha e me seco rapidamente, pego as roupas e as visto, isso me aquece novamente enquanto isso começo a pentear o cabelo. Quase totalmente loiro com fios já brancos, sorte que aqui não preciso me esconder. Apenas a família Stark está aqui. A maioria do povo foi embora já que o inverno está chegando e outros que estão aqui não saem de casa por medo. Medo? Sim. Do frio? Não. 

Junto ao inverno vêm as lendas, os caminhantes brancos, gigantes, mortos-vivos, entre outros. Parece uma história que se conta para um garoto de dez anos, mas é a verdade. Alguns acham que são apenas lendas, já a patrulha da noite acredita no contrário, e eu também. Se bruxas existem, como eu e quase toda a parte materna da minha família, como é que eles não? Ainda mais porquê meu tataravô já foi da patrulha da noite, ele morreu ao atravessar a muralha para investigar.

Não encontraram seu corpo mas encontraram sua cabeça junto a seu sangue. Nunca temi nenhuma daquelas lendas já que estão todos do lado de fora da muralha, e prefiro acreditar que a muralha é grande o suficiente para não deixá-los passar. Pena que uma parte de mim sabe que isso não é totalmente verdade... Mas todo mundo tem medo de algo.

Meu medo tem nome, ele é chamado de Wyrm de fogo, conhecido também por "verme de fogo", ele se parece com um dragão, cospe fogo, dentes afiados, etc. Por que eu o temo tanto? Porque ele tem um dom que os outros não têm, ele perfura o solo como uma minhoca. Eles são gigantes, nascem em vulcões porém conforme o tempo passa eles saem e se habitam facilmente ao frio graças a grossa e cascuda pele. Pois é, e tudo isso está a apenas alguns kilômetros de distância de mim, já que a muralha fica aqui mesmo, em Winterfell.

Me afasto de meus pensamentos, não posso sentir medo de algo que nem está aqui, de algo que nunca vi e só ouvi falar. Ponho a escova sobre a penteadeira e saio do quarto, estou ficando com fome. Vou para a sala de jantar, Margaret está pondo os pratos e talheres sobre a mesa enquanto Arya fecha toda a casa.

—Olá... Boa noite...
—Oi, amei sei vestido!- Diz Arya.
—Vaidade, hun, pecadora...- Sussurra Margaret Stark enquanto arruma as coisas, eu disse que ela era uma pessoa totalmente fiel a Deus e  com um simples deslize, ela já te mandava para o inferno.
—Pelo menos eu sou feliz e minha mãe não me obrigou a casar com alguém que eu não amava. Eu pude escolher. - Digo baixo porém alto o suficiente para que ela consiga ouvir e me olhar de cara amarrada.
—O que disse?- Ela se levanta e me encara.
—Você escutou.
—Gente... Não vamos discutir não é? Primeiro dia da Irina aqui em casa né, Margaret?- Arya nunca chamou Margaret de mãe até porque, ela não é mãe dela.
—É. Você está certa.- Diz ela com uma voz cheia de ódio enquanto me encara.
—Ótimo. Agora vamos jantar como a bela família nós somos. Certo? - Ninguém responde - Bem vou encarar isso como um sim!!!

Nos sentamos em volta da mesa, eu e Arya começamos a pegar a comida mas Margaret começa a rezar. Eu encaro Arya e ela sussurra: "Não liga ela é assim desde que veio morar aqui." Logo após uns minutos o marido dela entra em casa e se senta junto a nós na mesa, sem dizer nem uma palavra, muito menos olhar pra minha cara. O que é estranho, ele foi simpático na hora que cheguei.

~1 hora depois~

Depois de um jantar completamente tenso Arya se levanta e me pede para a acompanhá-la até o último andar da casa. Vamos para lá e eu começo a congelar, mas em compensação a vista é linda, as montanhas de gelo, as casas, se você olhar com concentração você vê um traço reto que parece a linha do horizonte mas na verdade, é a muralha.

—P-p-por que me trouxe a-a-a-aqui?- Digo tremendo de tanto frio.
—Quero que se prepare para amanhã. Que veja o reino, que saiba que agora que chegou aqui não tem mais volta, é ganhar ou perder. É isso que encarará amanhã mas tenha certeza de que no dia de seu teste você implorará para voltar para cá. 
—Arya, como sabe de tantas coisas sobre como se tornar uma Khaleesi...?

Automaticamente ela abaixa a cabeça e para de sorrir, ela não me olha mais nos olhos e aperta com força a grade da varanda.

—Está tudo bem? - Pergunto.
—S-sim, está. Vamos dormir, está tarde!
—Mas você não me falou como...
—Irina VEM!! - Ela fala autoritária e grossa, como se num passe de mágica ela mudasse. O que houve com ela...?

 


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