Linhas Cruzadas escrita por Cinara Machado


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

NÃO TÔ SABENDO LIDAR COM O FATO DE QUE LINHAS CRUZADAS RECEBEU A PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO! Fiquei louca da vida quando vi, vocês nem imaginam. Obrigada por cada palavra Minelli, esse capítulo (um dos mais fofos, inclusive) é dedicado inteiramente a você, linda!

Capítulo 15 - In love/Risco.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/703421/chapter/15

Cheguei em casa e estava tudo em silêncio. Havia um bilhete da minha mãe em cima do balcão "Saí com seu pai, voltamos amanhã. Qualquer coisa nos ligue, amo você."

Subi pro meu quarto e tomei um banho. Ainda estava cedo para jantar, então fiquei na varanda do meu quarto olhando rua. Começou a chover e minha mente foi invadida por lembranças da última vez que havia chovido. Sorri involuntariamente ao lembrar daquela noite. Meus pensamentos foram interrompidos quando vi alguém sentado no chão encostado em um dos brinquedos para crianças. Semicerrei os olhos para ver melhor e gelei ao reconhecer quem era. Estava um frio horrível e ela usava apenas uma blusa. Antes que eu pudesse pensar eu já estava saindo de casa em direção a pracinha.

– Oi! - falei ao me aproximar.

– Oi! - ela respondeu sem me olhar.

– Por que tá aqui na chuva?

– É da sua conta? - ela respondeu grossa, ainda sem me olhar.

– Não, só te vi na chuva e quis saber se estava tudo bem.

– Já sabe que sim, agora bye.

– Sempre gentil.

– Sempre chato.

Eu ri, e a vi dar um rápido sorriso leve também, e apesar de saber que ela não queira falar comigo, me sentei ao seu lado.

– Por que não vai pra casa?

– Por que não cuida da sua vida?

– Grossa! - eu ri. - Tá trancada fora de casa?

" - Hey boy, trancado fora de casa?"

Eu sorri com a lembrança daquele dia.

– O que foi?

– Uma espécie de déjà vu meio inverso! - apontei pra nós dois e ela riu.

– Por que veio aqui, Peeta? - ela me encarou séria.

– Eu não sei! - admiti em um suspiro. - Eu te vi aqui na chuva e só pensei em vir falar com você. - joguei minha cabeça para trás, encostando-a nas costas do brinquedo.

– E não pensou em pegar um guarda-chuva? - ela riu, encostando a cabeça também.

– Não, só pensei em falar com você. - virei minha cabeça para olhá-la e me surpreendi ao ver que ela estava me olhando também. Nossos rostos estavam próximos, perigosamente próximos. E eu aproveitei para observá-la.

– Perdeu aguma coisa na minha boca, Peeta? - ela disse e eu percebi que estava com os olhos focados em seus lábios.

"Dane-se!"

– Não, mas eu quero achar! - sussurrei antes de puxá-la pela nuca colocando nossos lábios.

– Não! - sussurrei com nossos lábios colados quando ela menção de se afastar de mim. Eu não sabia se depois que eu a soltasse eu conseguiria tê-la novamente e isso me apavorava. Só a soltei minutos depois quando o ar se fez necessário.

– Essa é a hora em que você se afasta, diz que é um erro e coisas do tipo. - ela disse com nossos rostos ainda próximos e eu a larguei imediatamente.

– O quê?

– Hora de você dizer que sou um erro, problemática e afins. - ela deu de ombros se levantando.

Eu travei com ambas as lembranças invadindo minha mente.

"- Eu tenho namorada, isso não devia ter acontecido. Isso foi um erro, você é um erro!"

"- Que você é problemática eu já sei, mas sem noção é uma novidade pra mim."

Idiota! Mil vezes idiota. Como eu pude lhe dizer aquelas coisas? Chamá-la de erro e problemática... agora entendia porque ela havia dito que eu havia cometido apenas mais um erro. Eu me levantei e fui até ela.

– Não chega perto! Vai pra casa, Peeta! - ela se afastou de mim ficando de costas.

Eu a puxei pelo braço colando nossos lábios, mas ela me empurrou.

– O que você acha que eu sou? O seu brinquedo particular? Fica comigo, depois me chama de bitch e agora quer ficar comigo de novo?

Me lembrei da briga na escola, a última vez que havíamos nos falado. Eu me arrependi de tê-la chamado dessa forma, mas não consegui me desculpar.

Toquei seu braço levemente, ela se soltou.

– Don't touch me! Você me chamou de vadia e me culpou por algo que nós dois tínhamos feito. Eu não estava sozinha naquela cozinha.

– Desculpa, eu estava nervoso, você me deixa nervoso! - falei rapidamente e minha voz saiu um pouco mais alta, fazendo ela me olhar. - Eu fiquei nervoso com o que tinha acontecido na festa, não conseguia parar de pensar em você e não sabia como lidar com isso, acabei descontando em você. Eu não te acho uma vadia. Eu te acho a garota mais incrível que eu já conheci. - ela revirou os olhos, mostrando que não estava acreditando em mim. Ela se virou pra ir embora e eu segurei sua mão, incapaz de deixá-la se fastar de mim. - Eu tô apaixonado por você. - ela me olhou nos olhos, e eu me aproximei dela, levando uma mão até a maçã do seu rosto. - Por favor, me desculpa por todas as asneiras que eu te disse, eu falo muita besteira quando estou nervoso.

– Como você mesmo me disse várias vezes: você tem namorada, bom moço! So please...

– Eu não sei como explicar o que eu sinto. - continuei, ignorando o que ela havia dito. Eu precisava falar. - Quando a gente se conheceu eu achei que estava maluco, porque a gente mal tinha se falado e eu vivia pensando em você, te observando, querendo saber cada vez mais de você. E quanto mais eu sabia mais medo eu tinha. Eu evitei qualquer contato com você porque tinha medo de me machucar. Eu te via chegando bêbada pela manhã e só pensava que você era louca e irresponsável, eu sabia que se eu assumisse qualquer sentimento maior por você eu ia sofrer, entende? Por isso eu fiz o que fiz quando te beijei na sua casa e na escola aquele dia. Mas eu não quero mais fingir ou fugir. Eu to completamente apaixonado por você, Katniss.

Sua expressão permaneceu indecifrável por alguns instantes, então mudou bruscamente para raiva.

– I don't believe! - ela disse e me olhou incrédula, se soltando de mim. - Stupid boy!

– O quê?

– Você viu o que você fez? Você justificou todas as atitudes idiotas que teve em relação a mim me criticando, me dizendo o quanto sou irresponsável, me dizendo que mesmo sentindo algo por mim preferiu ficar me ofendendo.

– Eu não quis dizer nada disso. - tentei me defender.

– Quis sim, porque é isso que você estava pensando. Você me julgou sem me conhecer, Peeta! You, assim como tantas outras pessoas me vê assim, like a person que não mede o que faz. Você viu a garota que gostava de balada e achou que eu fosse só isso... a crazy bitch.

Ela estava certa, era assim que eu a via desde o primeiro momento. Eu me senti a pessoa mais estúpida do mundo por tê-la julgado. Ela estava certa em me ignorar durante todo aquele tempo.

– Eu errei Katniss, todos nós erramos.

– Except you, right Peeta? - ela deu um sorriso irônico.

– Não, inclusive eu. Eu errei em fugir do que sentia por você, errei em trair a Delly, errei em te ofender, errei em te culpar... mas eu estou reconhecendo meus erros, eu tô me desculpando com você. Eu quero você Katniss, por favor, diz que me desculpa.

Ela ficou me encarando por alguns segundos.

– O que você está esperando para me beijar? - ela sorriu e eu a beijei, sem medo de soltá-la dessa vez.

Paramos o beijo aos poucos, ela se arrepiou nos meus braços.

– Que foi?

– Eu não sei se você lembra, mas nós estamos na chuva. Eu estou com frio.

– Vem, vamos lá pra casa. - eu a puxei carinhosamente, mas ela não saiu do lugar. - O que foi?

– Your mom...

– Eu estou sozinho em casa, vem. - a puxei novamente, ela relutou por alguns instantes, mas cedeu.

– Vamos lá pra cima? - disse quando entramos na minha casa.

– What? - ela se afastou de mim erguendo a sobrancelha.

– Pra mim pegar algo pra você usar enquanto coloco suas roupas na secadora! - esclareci rindo.

– Sorry! - ela sorriu sem graça.

Sequei todas as suas roupas na secadora e ficamos na sala.

– Peeta, você pode me emprestar um casaco? - ela pediu.

– Claro, já volto! - subi, peguei um casaco preto e voltei pra sala. - Aqui! - estendi pra ela e me sentei ao seu lado novamente.

– Você não está com frio?

– Nem um pouco.

– Eu estou a ponto de congelar.

Coloquei a mão na sua testa para medir a temperatura.

– Você está queimando em febre.

– Impressão sua.

– Não é não, você tá com febre, está sentindo mais alguma coisa?

– Dor de cabeça.

– Eu vou pegar um remédio.

– No, eu não tomo remédio. - ela fez careta.

– Então vem! - puxei-a pela mão delicadamente.

– Pra onde vamos?

– Meu quarto. E não pense errado, você precisa deitar um pouco.

Quando entramos ela olhou em volta e sorriu olhando pra varanda.

– Que foi?

– Nada! - ela riu.

– Deita um pouco, tá? - falei e lhe dei um selinho. - Qualquer coisa tô lá na sala.

– Fica aqui comigo?

– Claro!

Eu deitei e ela deitou ao meu lado com a cabeça no meu peito, meu braço por baixo dela abraçando seu ombro. A observei por alguns instantes. Ela ainda não havia se manifestado claramente sobre o que eu havia lhe dito na praça em relação ao que sentia por ela, mas tê-la ali nos meus braços era o suficiente naquele momento. Vendo-a deitada ali tão calma, tão serena... nem parecia o furação que era. De repente ela riu.

– Que foi? - questionei.

– Nada, só lembrei do dia que nos conhecemos.

– Achei que fosse me bater aquele dia... salvei sua vida e você só reclamou!

– I'm sorry, estava chateada.

– Por que?

– Foi no dia que fui expulsa do outro colégio. - ela ficou tensa.

– Podemos mudar de assunto se quiser.

– No, tudo bem! Eu sei que você pensa que eu simplesmente parti pra cima da outra garota, mas não foi assim. Eu estava voltando pra sala quando ela colocou o pé pra mim cair. Ok, isso não é motivo para partir pra cima de alguém, but eu já estava chateada por estar in Brasil. Eu estava a ponto de surtar e quando dei por mim eu estava em cima dela. Eu me desculpei com ela depois, mas sei que não devia ter feito aquilo.

Eu me senti um idiota. Eu nem sabia o porquê dela ter agido como agiu, e, mesmo sabendo que ela não gostava do assunto havia usado aquela briga para provocá-la.

– Desculpe por ter falado sobre a briga aquele dia.

– Tudo bem, você só estava defendendo a Delly. - ela ficou séria, e se afastou de mim. - Ela é sua namorada, eu entendo. Eu sei que o seu namoro é importante pra você. - ela citou o que eu havia dito no dia da nossa discussão no colégio.

– Eu acho que você não entendeu muito bem o que eu quis dizer quando disse que estava apaixonado por você.

– E a Delly?

Respirei fundo antes de respondê-la.

– A Delly é maravilhosa, mas com você é diferente. - virei seu rosto pra mim e mantive meus olhos nos seus. - Eu vou terminar com a Delly, entendeu? Eu quero você, Katniss!

Ela se inclinou pra mim e me beijou.

– Yeah, eu entendi. - ela deu um sorriso leve.

Ela se deitou novamente com a cabeça no meu peito, passei o braço pelo seu ombro.

– Por que vieram pro Brasil se você não queria? - perguntei.

– My mom e Haymitch se separaram e ela resolveu voltar. Posso te fazer uma pergunta? - ela virou a cabeça pra me olhar, assenti. - Desde quando você gosta de mim?

– Saber eu sei há muito tempo, mas pra ser sincero com você só ontem eu consegui admitir.

– Why?

– Te vi aos beijos ontem com o Diego quando você chegou e quis matá-lo. - dei de ombros, ela se soltou de mim.

– Você estava me vigiando?

"Sim, tenho feito isso o mês inteiro."

– Não. - fiquei sem graça. - É que eu vi quando você saiu e fiquei preocupado, acabei não conseguindo dormir até você chegar. Onde vocês foram?

– Você está com ciúmes? - ela riu.

– De você? - virei na cama ficando por cima dela. - Sempre! - ela riu. - Você é linda. - sussurrei, admirando cada detalhe do seu rosto. Ela era incrivelmente perfeita.

– Peeta... - ela me afastou delicadamente, se sentando na cama, me sentei também. - Acho que precisamos ter uma conversa.

De repente ela estava séria como costumava ser sempre comigo no último mês, senti minha garganta fechar aquela hora. Pelo quê mais nós podíamos brigar aquela noite?

– O que foi? - falei cauteloso.

– Peeta... I'am a problem! - ela suspirou baixando a cabeça. Eu ri. - Shit, eu estou falando sério, bom moço! - ela me encarou séria.

– Tudo bem, mas deixa eu te contar uma coisa... - aproximei meu rosto do dela. - eu não me importo!

– Eu não sou o tipo princess com o qual você está acostumado.

– Eu não quero uma princess, - a imitei e ela riu. - eu quero você. - lhe dei um selinho.

– Eu gosto de você bom moço, but...

– Você gosta de mim? - a interrompi sorrindo. Ela sorriu de volta.

– Yes Peeta, eu gosto, mas eu sei quem eu sou e o suficiente sobre você para saber que não daremos certo juntos, so stay away from me.

– Para de falar besteira - segurei seu rosto com as duas mãos. - Eu gosto de você e você gosta de mim, isso é o suficiente pra mim.

– Peeta... - eu a interrompi com um beijo.

Ela resistiu por alguns intantes, mas correspondeu. E eu a segurei como se ela fosse meu porto seguro. Ela interrompeu nosso beijo.

– Eu sou toda complicada.

– Eu sei.

Ela me agarrou pela nuca aproximando ainda mais nossos rostos, colei minha testa a sua, levando as mãos aos seu rosto, mas sem tocar nossos lábios.

– Nós vamos brigar sempre.

– Estou ansioso por isso.

– Eu posso te magoar. Very.

– Você vale o risco.

– Esse pode ser o seu maior erro. - ela sussurrou com um sorriso provocativo nos lábios.

– Ou o maior acerto.

Ela sorriu e levou a mão que estava na minha nuca até meu rosto, acariciando ali. Eu sorri com o carinho.

Me apaixonar pela Katniss havia sido algo tão natural quanto respirar, mas eu sabia que seria um desafio. A coisa toda. Mas valeria o risco se no final de tudo ela estivesse ao meu lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

FINAAAALMENTE! É PRA GLORIFICAR DE PÉ IGREJA! Eu confesso que tenho uma queda em especial pela cena final desse capítulo, sério. Amei escrevê-la! Espero verdadeiramente que vocês gostem do capítulo. E comentem! Comentem muuito, ok? Eu preciso mesmo de opiniões. O próximo capítulo também tem Peetniss, e se tiver bastante comentários posto amanhã mesmo.
Sobre a coisa de abandonar, eu não farei isso enquanto estiverem comentando - e no último capítulo houve gente que o fez -, os comentários são um estímulo maravilhoso pra que escreve, acreditem. E mais uma vez, obrigada pela recomendação Minelli ♥

"(...)O que eu tinha a perder? Eu gostava dele e ele de mim. Sabia que me fazer mudar de ideia não seria fácil. Nada com ele será fácil, meu subconsciente me lembrou.
— Devo te avisar que me fazer mudar de ideia não será fácil.
— Tenho certeza que consigo. - ele sorriu e me beijou. - Mas você tem razão. - ele sussurrou com nossos lábios colados antes de me soltar.
— In what?
— Nós precisamos nos conhecer melhor. (...)"



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Linhas Cruzadas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.