My first Kiss escrita por Virgo Nyah


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Oneshot despretensiosa! Eu tava com saudades de fazer oneshots ;3;

Nunca fiz com esse casal e até curti. Separei o otp, fazer o que :v

Espero que gostem!



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De um modo geral, não era um bom dia para Milo.

Tudo começou quando acordara atrasado para o treinamento matutino, mal tomando café da manhã antes de descer as escadarias correndo esperando não ser pego pelo Grande Mestre e ser punido de qualquer forma.

Não que o Grande Mestre se importasse realmente com isso, já que normalmente ele não saía do Décimo Terceiro Templo e apenas vociferava as ordens, variando entre o amável (ocasião rara) e o normal rude e megalomaníaco.

Então, depois de um treinamento puxado e um almoço um tanto enfadonho, o escorpiano se pegou pensando em coisas que ele não queria pensar, fruto da proximidade de seu aniversário de 16 anos. Era aquele pensamento incômodo que rodeava as palavras “E se...” e que ele normalmente conseguia ignorar, mas que ganhavam força cada vez que aniversariava.

Não entendam errado, Milo é muito orgulhoso de sua armadura, sua vida, de ser parte da elite dos cavaleiros de Atena, mas... E se fosse diferente? Se tivesse sido criado em uma família normal, que tipo de preocupações teria na vida agora? Será que pensaria em garotas ou garotos ao invés de salvar a Terra, batalhar e não saber se vai ver o dia de amanhã?

Foi perdido em pensamentos que Milo trombou com Aiolia, de cabelos vermelhos meio desbotados e raiz aparecendo. O escorpiano riu. Não entendia essa necessidade que Aiolia sentia de colorir o cabelo. Não era por que estava ruivo que de repente não era mais irmão do traidor. Idiotice.

— Qual é, Milo? – volveu o leonino, rude – Onde está com a cabeça?

— Ah, foi mal.

Aiolia arqueou a sobrancelha em dúvida. Uma reação tão passiva não era típica do outro – Aconteceu alguma coisa?

Milo suspirou. Não era bem o que aconteceu. Era mais o que poderia ter acontecido. – Não foi nada.

— Com saudade do Camus? – Aiolia riu zombeteiro – Não tem nem uma semana que ele foi para a Sibéria e você já está suspirando de saudade feito uma donzela. Ele bem que podia ter esperado seu aniversário, não é?

Bufando e rolando os olhos em reprovação, Milo respondeu – Eu não gosto dele desse jeito. Já disse.

— Então o quê foi?

Milo ficou em dúvida se confidenciava a Aiolia ou não. Nos últimos tempos, tinha se aproximado do leonino e até o considerava amigo, mas tinha medo de parecer fraco, ingrato ou desgostoso da vida que levava. Além do mais, se abrir significava mostrar uma parte de si que nunca havia sido mostrada antes e isso o aterrorizava.

Ficaram em silêncio por um tempo. Aiolia em uma expectativa impaciente de obter uma resposta e Milo em dúvida se respondia sincero ou não.

— Você já se perguntou como sua vida seria se as coisas fossem diferentes?

— Todos os dias.

Milo se sentiu um idiota por perguntar isso justamente para Aiolia. Era óbvia a resposta, não era? Passou a mão pelos cabelos revoltos, irritado consigo mesmo, para então sentar nas escadarias de Gêmeos a Leão.  Aiolia o seguiu, sorrindo triste.

— Eu vou fazer 16 anos. – Milo continuou – Eu sou um adolescente, mas eu não me sinto como um. As coisas que eu já vivi... E já fiz. Quando eu vejo outros rapazes da minha idade, eu fico pensando... Que eles são tão infantis e não sabem de nada da vida, tão despreocupados ou com preocupações tão irrisórias e inúteis. Então eu me sinto orgulhoso do que eu sou, de ser um cavaleiro dourado, de ter salvo o mundo. Mas daí... – mordeu os lábios, ficando em silêncio – Daí eu fico com inveja, por mais que eu queira negar. Por que essa vida normal não é algo que eu vou viver.

— Todo mundo tem vida diferente, cara. Até a minha e a sua, que são parecidas. – Aiolia sorriu, tentando animar o amigo – Além do mais, tem como conciliar as duas coisas. Não me sinto um adolescente muito diferente de um “normal” – fez as aspas – Por exemplo, agora que estamos em paz, mesmo que temporário, minhas duas maiores preocupações são achar a tinta pro meu cabelo e tentar entender o que diabos está acontecendo com meus hormônios.

Milo riu – Como assim?

— É que todo mundo fala de garotas e tudo mais. E que são gostosas, que fizeram isso ou aquilo, que aqueles peitões daquela serva são lindos, essas coisas – o leonino desviou o olhar. Era justo se abrir com Milo, mas sentia medo de ser julgado pelo que ia dizer – Mas eu olho elas e penso “tá, e aí?”.

— Você não gosta de garotas?

— Não.

— Não de “não gosto” ou não de “não, não gosto de garotas”?

— Eu não gosto de garotas, tá? – irritadiço, se voltou para o outro lado. Tinha medo que Milo risse ou coisa parecida, mas continuou. – Tentei beijar uma, certa vez. Foi estranho eu... Eu não gostei. Tentei com outras, mas deu no mesmo. Eu também não consigo... Você sabe... Pensando nelas.

— Então você gosta de rapazes? Você é gay?

Aiolia estancou. Já havia se masturbado pensando em Shaka. E em Mu. E, por mais que queira negar, em Máscara da Morte. Também já havia cogitado seriamente a possibilidade de pegar algum garoto. Então sim, gostava de rapazes. Mas falar isso em voz alta, ouvir alguém dizer, tornava tudo tão palpável, tão real... Se já era complicado assumir isso para si mesmo, o quê diria de assumir o fato para outra pessoa?

— Eu acho que sim.

— Eu nunca parei para pensar nisso – Milo começou. Nunca tinha tido uma conversa assim com alguém, nem com Camus. Quase se sentia normal, como Aiolia disse. Sentia-se, de fato, adolescente – Sei lá, devo ter vocação para monge. Garotas não me atraem e nunca pensei em garotos.

— Nem no Camus?

— O Camus é meu amigo, Olia. – rolou os olhos, cansado das brincadeiras que permeavam ele e o francês – Eu não o vejo nesse sentido.

— Uhm, sei – o leonino riu – E você já beijou, Milo?

— Não. – Milo respondeu confiante, mesmo que de fato não o estivesse. – Nunca me importei com esse tipo de coisa.

— Ah, então não vai querer a minha ideia.

— Que ideia? – o escorpiano disse curioso, observando a careta safada do amigo – Você nunca vai saber se eu vou gostar se você não contar.

Aiolia interpretou isso mais extensivamente que a pretensão de Milo e se aproximou, o beijando de leve e com calma. Era o primeiro beijo do escorpiano e não queria assustá-lo, então se afastou rápido – E aí? O que achou?

Milo arregalou os olhos. O que tinha acontecido mesmo? Aquele era seu primeiro beijo, com Aiolia? Era tão estranho, foi inesperado e bom, mas ao mesmo tempo sentia que era tudo tão superestimado. Tinha gosto de menta e parecia tão natural.

— Foi ok.

O leonino franziu o cenho, se fingindo de ofendido – Eu vou te mostrar quem é que beija ok.

Isso desencadeou um beijo mais voraz, a qual Milo correspondeu, meio tímido e sem saber o que fazia. Rapidamente pegou o jeito e já sentiu Aiolia passando as mãos por sua cintura e deixou que o outro aprofundasse o contato.


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Notas finais do capítulo

Olha, o final ficou bem aberto mesmo, assim como eu tenho costume de fazer. É. Não me matem.

Espero que tenham gostado. Até a próxima ♥



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