— Katniss? – tenente Odair chamou minha atenção, fazendo-me desviar os olhos dos papeis que assinava em minha mesa.

— Bom dia, senhor. – cumprimentei. – O que devo a honra de sua ilustre visita em minha humilde sala? – brinquei soltando a caneta, colocando meus braços sobre os papeis, e cruzando-os em seguida.

— Você precisa saber de uma coisa, sargento. – Finnick coçou a nuca, parecendo desconfortável com algo.

Eu o conhecia bem, sabia que havia algo errado.

— Pode falar. – disse colocando-me em pé.

— O Primeiro Sargento da S.W.A.T* do sul do Brooklyn está sendo realocado para Manhattan. – Odair soltou a informação rapidamente.

Pisquei algumas vezes, antes de dizer qualquer coisa. Minha cabeça tornara-se rápida a partir do momento que as palavras “Primeiro Sargento” e “sul do Brooklyn” ecoaram em meus ouvidos.

— ESS-1 ou ESS-2? * – questionei em tom baixo.

— ESS-1, sargento. – Finnick afirmou, fazendo a minha raiva contida, liberar-se.

— Você só pode estar brincando comigo! – exclamei incrédula, curvando-me pra frente, e espalmando minhas mãos sobre minha mesa de madeira.

— Peço desculpas por isso, mas não é brincadeira, Katniss. – Odair disse, me analisando cuidadosamente com seus olhos verdes mar. – Não há nada que eu possa fazer, sargento. As ordens vieram de cima. Eu só posso acata-las.

Inspirei lentamente, deixando que o oxigênio circulasse calmamente por minhas vias respiratórias, como se ele fosse a válvula de escape, que mandaria embora, assim que eu soltasse o ar, a agitação que se instalava dentro de mim.

Expirei pela boca, colocando-me ereta novamente, e só assim podendo perceber que todos do lado de fora da minha sala, observavam a cena. Talvez eu tenha gritado em algum momento.

Não tinha certeza de nada.

Fechei os olhos, pedindo a Deus para acordar daquele pesadelo, mas ao abri-los, Odair ainda me analisava, agora com o cenho franzido, parecendo aguardar minha próxima reação explosiva.

Pigarreei, puxando minha blusa branca de botões um pouco mais para baixo, tentando desamarrotar o tecido, que nem ao menos eu sabia se estava amassado.

— O que está acontecendo? – Madge, minha amiga e colega, passou por Finnick, parando em frente à minha mesa. – Katniss? – ela me chamou, já sabendo que meu temperamento errático havia tomado conta daquela conversa.

— Peeta Mellark chegou, tenente. – um oficial anunciou, parando na soleira da minha porta.

Finnick suspirou pesadamente, antes de deixar minha sala, acompanhado pelo rapaz.

— Peeta? – Madge indagou, franzindo as sobrancelhas. – O seu marido Peeta? Aqui?

— Quantos Peetas Mellarks você conhece? – rebati mal humorada. – A propósito, é ex marido. – semicerrei os olhos. – E sim, ele está aqui.

Madge pareceu pensar antes de abrir a boca novamente.

— Você sabe o que ele quer? – questionou depois de alguns segundos em silêncio.

— Acho que veio acabar com o que restou da minha vida.