Breathe escrita por Ju Rodrigues


Capítulo 7
Capítulo Seis


Notas iniciais do capítulo

Capítulo recém-saído do forno. Espero que gostem!



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Capítulo Seis.

Quando acordei, estranhei o cômodo em que eu estava, mas logo em seguida lembrei de tudo que tinha acontecido na noite anterior. E que noite! Eu tinha descoberto tantas coisas nesses dois dias que tinha chegado a La Push. No primeiro dia, descubro que meu pai está morto e eu tenho irmãos, então no segundo dia, descubro que eu sou um tipo de aberração lobisomem. Ou seria lobimulher? Ah, não importa. Deixei de lado meus devaneios sobre a minha outra natureza (essa é uma boa maneira de denominá-la, se você pensar. Certo?) e percebi que tinha dormido bem, apesar dos apesares. Levantando da cama, me espreguicei e fui até minha bolsa para pegar meu celular que eu não tinha mexido desde que tinha saído do Brasil, já que ele não funcionaria aqui, e assustei-me ao ver a hora.

- Puta merda! Já são uma e meia?!

Com os olhos arregalados praticamente corri até minha mala e tirei de lá um jeans qualquer e regata branca básica. Pensei em pegar um casaco, e percebi que não sentia frio. Mas acabei pegando mesmo assim um dos meus muitos casacos (sim, eu realmente gosto de casacos). Esse era cinza de moletom e tinha um capuz. Também peguei minha toalha e saí do quarto, seguindo para o banheiro que ficava no final do corredor.

Depois de pronta e de ter escovado os dentes, calcei meu par de All Stars e segui o barulho que levava até a cozinha. Encontrei Sue lavando louça vestida num uniforme de enfermeira.

- Boa tarde. – cumprimentei.

- Boa tarde, querida. Dormiu bem?

- Sim, e você?

- Ótima, mas um pouco preocupada com você. Está tudo bem, certo?

- Yeah... Tudo indo. Vou me acostumar. Tenho que me acostumar – fiz careta – Mas, onde estão Seth e Leah?

- Dormindo. – disse rindo. – Eu estava de saída, indo trabalhar, mas deixei comida pronta para vocês.

- Ah. E eu pensei que tinha acordado tarde. – comentei rindo.

- Amanhã é segunda, mas é Julho e Seth não tem escola até o final de Agosto. Suponho que você ainda estude, estou certa?

- Bom, sim, no Brasil eu fazia o último ano do colegial, mas estava de férias nesse mês, por isso eu vim pra cá.

Sue balançou a cabeça como quem entendia.

- Sim, mas você sabe que não vai poder voltar, não é? – tentei esquecer, pensei, mas disse:

- É, sei sim.

- Então você deveria vir para a escola daqui da Reserva. Tenho certeza que irá gostar e você ainda tem duas semanas até as aulas começarem.

- Tudo bem por mim. Acho que vai ser legal me enturmar com as pessoas daqui. – disse sincera – Sue, você se importaria se eu usasse seu telefone para uma chamada internacional? Eu pago.

- Claro que não! Fique a vontade.

- Obrigada. Hã, tenho mais uma coisinha pra pedir.

Ela riu.

- Pode pedir, farei meu possível para ajudar.

- Acontece que eu tenho que devolver o carro que aluguei... Mas não tenho como chegar à Forks... Você tem um carro ou sabe de alguém que possa me levar até lá?

- Ah, isso é fácil. Você pode pegar o carro da Leah, ela não vai trabalhar hoje e tenho certeza que ela concordaria em ir com você se eu pedisse. – ela falou e eu duvidei um pouco disso. Aposto que com “pedisse” ela quis dizer “mandasse” e mesmo assim seria meio difícil de Leah ser convencida a ir, mas apenas sorri e agradeci.

- Ok, vou ligar para minha mãe agora.

E essa, eu pressenti, seria uma ligação beeeeeeeem longa. E difícil.

Fazendo cálculos eu presumi que no Brasil seria mais ou menos 16:00 e minha mãe estaria em casa. Disquei os números e códigos receosa com a conversa e esperei enquanto chamava mordendo o lábio inferior. Com o canto do olho, vi Sue me observando. E com minha audição nova e melhorada (apesar de não tão boa como quando estou transformada, mas totalmente melhor que a de um humano comum) eu ouvi passos arrastados no corredor e um bocejo. Eu suspeitava que fosse Seth que havia acordado.

- Alô? – despertei ao ouvir a voz da minha mãe.

- Mom! – disse, só depois reparando que tinha sido em inglês e logo falei em português: - Que saudade!

Sue sentou-se na minha frente agora e sorria pra mim, me encorajando mesmo sem entender o que tinha falado.

- Eita, já inglês, é? – ela riu e eu também – Como você está, filha? Também to morrendo de saudade de você! – ela disse e eu sorri, já com os olhos molhados.

- Eu estou bem, mãe. E a senhora?

- Bem, também. Mas, me diga, você conheceu seu pai?

É, agora ia começar...

- Não, mãe. Meu pai morreu há quase um mês.

Ela ficou em silêncio absorvendo a informação. Então eu continuei,

- Estou ligando da casa dele agora, sua mulher, Sue, me cedeu o telefone.

- Filha, está tudo bem mesmo aí? Não tem nada errado? – ela parecia preocupada. Eu pisquei, o jeito que ela falou parecia como se... Não pode ser!

- Você sabe, não é? A senhora sabe, mãe! – soou quase acusatório, apesar de não ter sido proposital. Eu estava genuinamente incrédula.

- Filha, você tem que entender... A razão pela qual seu pai e eu nos conhecemos foi por eu conhecer, e me interessar, sobre as lendas dos Quileutes.

- Então a senhora sempre soube? – minha voz estava baixa e soou meio como uma afirmação e uma pergunta. Fechei os olhos. – Também sabe que eu não vou voltar mais, em um bom tempo, não é?

- O quê?!

- Mãe, a senhora devia ter me contado. Por que não me contou? Mãe! Eu me transformei, eu sou uma droga de uma loba.

A conversa não melhorou. Seth tinha se juntado a Sue, que tinha uma expressão de preocupação. Não era preciso entender o que eu dizia para saber que a conversa não tinha tomado um bom rumo. Leah acabou vindo, também, alegando que eu a tinha acordado. Não me importei, estava ocupada discutindo com minha mãe.

- Eu juro que não sabia, meu amor! Juro! Não queria isso pra você. Eu te amo demais, e não quero isso pra você. Eu sinto tanto. – ela soluçava.

Me doía tanto saber que estava fazendo minha mãe chorar, mas uma parte de mim estava muito ressentida. Mas eu não chorei, não queria chorar. Ia piorar tudo.

- Eu só preciso de um tempo. Ok? Tenho coisas pra fazer, arrumar, e preciso que você me ajude.

- É claro que eu ajudo, filha. – sua voz ainda estava embargada pelo choro.

- Você tem que pegar minha transferência na escola. E eu odeio pedir, mas vou precisar de dinheiro para ajudar nas despesas da casa, afinal, seria injusto se eu não colaborasse com nada e eu não tenho um emprego então...

- Está tudo bem. ela me interrompeu, sua voz suave – Você sabe que eu posso ajudar com isso. Vou mandar algumas das suas coisas também e roupas.

- Obrigada mãe.

- Filha, vou sentir saudades.

- Eu também. Eu te amo, mãe. E assim que puder, vou vê-la. Prometo.

- Digo mesmo!

- Tenho que ir, to indo devolver o carro que aluguei.

- Ah, tudo bem. Me liga viu? Não esqueça de mim.

- Nunca! Mande um beijo pra vovó e pro vovô por mim. E pra Jaque e pra todo o resto!

- Claro que sim! Beijinhos.

- Beijo.

Então eu desliguei e olhei para a minha pequena platéia.

 

Leah e eu estávamos no seu Fiat 128 vermelho que era bem charmoso e muito bem cuidado. Quase não acreditei quando ela disse orgulhosa que aquele modelo era de 1975. Eu não sei muito de carros, mas eles sempre me fascinaram e parecia ser o mesmo com ela. Parecia que eu e Leah tínhamos mais isso em comum e a viagem até Forks até foi agradável.

Antes de sairmos, contei da minha conversa com minha mãe aos três e resolvemos assim: Sue ligaria para minha mãe na manhã seguinte para combinarem melhor os detalhes sobre como seria as coisas comigo morando com eles; sobre a escola e tudo mais, e ela também conversaria com a diretora da pequena escola da Reserva e me matricularia para continuar meus estudos o mais rápido possível – mesmo eu imaginando que não seria Senior¹ e sim Junior² por causa da minha idade. E agora eu fecharia a conta no hotel e entregaria o Caddy, com a ajuda de Leah.

Finalmente chegamos ao hotel dos Stanley e encontrei com Jessica no lugar que geralmente é da mãe dela.

- Olá – cumprimentei.

- Hey Clary!

- Jess, eu vim fechar a conta. Você sabe por quanto sai minha estadia aqui?

- Ué, você já está indo?! – ela exclamou. – Achei que sairia com a gente hoje!

- Não indo. Só mudando... Vou morar em La Push.

- Ahh, sim. Legal.

- Pois é... Você vai fazer? – pedi meio apressada.

- Agora mesmo!

Alguns minutos depois eu saí do hotel com a promessa de que ligaria para Jessica para confirmar nossa saída mais tarde.

Leah me esperava impaciente do lado de fora e rolou os olhos antes de levantar as mãos para o ar e dizer ironicamente “Aleluia”. Eu ri. Rolando as chaves do Caddy no meu indicador, pisquei brincando pra ela e entrei no carro.

 

Cara, eu ia sentir saudade daquele Cadillac, pensei enquanto entrava no carro de Leah novamente depois de ter devolvido o alugado. Mas tudo bem, eu supero.

Agora nós estávamos passando pela placa de “Bem vindos a Reversa Quileute La Push!” quando virei para minha meia irmã e perguntei:

- O que vocês fazem para se divertir aqui?

Ela não virou para me olhar, mantendo seus olhos na estrada.

- La Push é bem calmo, mais ou menos. Nada como aqueles filmes idiotas adolescentes que dão festas em casa e quebram tudo. Mas, como percebe, a vida aqui também é agitada para certas pessoas. Como nós. – ela disse.

- Jessica e seus amigos me chamaram para sair hoje. – eu comentei distraidamente.

- E...?

Rolei os olhos.

- Nada! Mas... você sabe se eu, nós, vamos ter que fazer algo essa noite?

- Até onde eu sei, não.

- Ah. Bom. – disse pensando que não teria que cancelar com eles.

- Talvez treino. – ela disse como se não importasse, mas eu sabia que não era verdade.

Gemi. Parece que cancelaria sim.

Leah me olhou com um sorrisinho petulante. Ela gostava de irritar. Mas pelo menos não olhava mais pra mim como se quisesse me matar cortando em pedacinhos e depois mastigá-los. Sério, aquele era um olhar meio assustador.

- Acho que eu preciso de um emprego – comentei.

- Por que mesmo estamos conversando?

- Leah! Deixa de ser rabugenta, sua chata. – eu reclamei e ela riu alto. Riu ALTO. Ai meu bom Deus, eu fiz Leah Clearwater rir! Olhei estranho pra ela.

- Ta olhando o que? – ela me lançou um olhar assassino. Eu hein, garota bipolar.

- Nada, nada. – e não falamos mais nada, tínhamos chegado em casa. Minha nova casa.

 

¹ Senior é como chamam o último ano no High School, ou seja, seria o 4º ano (se tivéssemos) no Brasil.

² Junior é o penúltimo ano, 3º ano, do HS.

 


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Notas finais do capítulo

Olá :] Quem aqui já viu Eclipse?! Eu vi na estréia, e todo aquele Jacob renovou minha inspiração para escrever na fic. E é, sei que não teve nenhum Jake aqui, mas, pra que pressa?! UIASDHAUSIHDSUI

Deem reviews, favoritem, etc. *-----*

xx Ju.