Vítima. escrita por G I Dallastra


Capítulo 6
Branca: Vítima do Passado parte 2.




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— que falta de responsabilidade foi essa Branca? - Guilhermina gritava tão alto que o escritório inteiro da revista ouvia – você tem noção do gasto que me fez ter? Tivemos que montar todo aquele cenário simulando a igreja, a contratação de luz,modelos, fotógrafos, todo o staff da revista que se deslocou até lá, a porcaria do ensaio que foi marcado às 9h e você me aparece lá ao meio dia com a cara de pau mais deslavada do mundo e me diz que “passou mal”? Francamente, pode limpar a tua mesa e rua, some da minha frente.

— calma Guilhermina, calma, foi um erro momentâneo – Ângela interveio – você sabe como a Branca se dedica a revista.

— pelo amor de Deus Guilhermina eu já te expliquei, acontece que eu ferrei no sono sabe, eu cheguei em casa, passei super mal, vomitei e fui dormir, eu não sei o que aconteceu, você sabe que eu sou profissional, foi só um descuido!

— um descuido que me custou milhões além de agora termos apenas 15 dias pra agilizar toda uma edição da revista, porque você arruinou essa edição. E o prejuízo monetário minha querida eu faço o que, você vai me pagar? - Guilhermina estava ainda com muita raiva.

Quando Ângela colocou o remédio no copo de Branca, ela queria apenas que a colega dormisse e perdesse o horário, porém não queria que ela fosse demitida, seu joguete saiu do controle muito além do que ela poderia imaginar.

— Guilhermina eu entendo sua frustração, mas você não pode demitir a Branca por causa disso, você a conhece, você sabe que ela vai conseguir compensar toda essa perda! - A intenção de Ângela em salvar o emprego da colega realmente era real, ela gostava de trabalhar com Branca.

— minha decisão é irrevogável, Branca, junte suas coisas e passe no departamento pessoal – Guilhermina, como sempre, estava irredutível em sua decisão.

— mas Guilhermina, isso vai destruir a carreira dela – Ângela estava assustada advogando por Branca que, a essa altura, estava sentada na mesa tão chocada que nem conseguia falar.

— se você demitir a Branca, eu me demito junto! - Ângela parecia decidida.

— não ouse me desafiar mocinha – Guilhermina fuzilou Ângela – eu sei da eficacia da Branca, mas esse erro não tem perdão. Branca, não precisamos continuar com esse melodrama, por favor retire-se, Ângela, a partir de hoje, você assume e tem quinze dias pra me apresentar a edição do próximo mês. Agora saim, as duas, por favor.

Ângela havia ido com a colega para a sala dela.

— olha só, eu vou intervir junto a Guilhermina. Eu vou fazer uma edição bombar e quando ela me der liberdade criativa total eu vou fazer ela contratar você, quando estiver bombando eu vou exigir que ela te traga de volta, pode demorar o tempo que demorar, você vai voltar.

— tudo dando errado sabe – dizia Branca ao secar as lágrimas – minha relação com o Arnaldo já está horrível, agora ele vai me deixar de vez. Desempregada e chutada pelo homem que eu amo, que merda!

— mas calma Branca, quem sabe agora que você vai ter mais tempo pra se dedicar a relação você consegue sei lá, reconquistá-lo – Ângela estava mesmo preocupada com Branca, que nem fazia ideia que tudo aquilo era culpa dela – Mas essa desgraçada da Guilhermina vai me pagar, nem que seja a última coisa que eu faça na vida, eu vou me vingar dela!

Passaram-se duas semanas, Ângela conseguiu entregar uma edição em tempo recorde que ficou ao agrado de Guilhermina e estava subindo cada vez mais dentro da empresa e Branca estava com a certeza que Antenor a abandonaria então ela estava decidida, ela engravidaria, fosse o filho dele ou não, e ela usaria essa gravidez para segurá-lo, afinal, sua família o obrigaria a assumir a responsabilidade, porém o que ela não fazia ideia era que Letícia estava grávida, ela havia engravidado de Antenor naquela noite da festa, porém Letícia ainda não sabia que Antenor era namorado de Branca.

— pelo amor de Deus me ajuda Branca – Letícia chorava desesperada – minha carreira já está mal, agora que você não tá na revista ninguém mais me chama e se eu aparecer grávida, daí sim que eu morro de fome!

— mas o que você quer que eu faça? - Branca realmente queria ajudar Letícia.

— eu quero fazer um aborto, me dê uma grana pra eu ir pra fora do país arrumar um abroto, ou quem sabe arrumo um aqui mesmo, mas o problema é que eu estou sem um centavo.

— mas Letícia, vamos ser bem francas uma com a outra, não é só você se entupir de droga e cachaça que você perde?

— claro que não Branca, não seja idiota, com a sorte que eu tenho ou eu morro de overdose ou nasce uma coisa mutante!

Nesse momento, Branca teve uma ideia, uma ideia que salvaria a vida de Letícia, porém isso iria atormentá-la no futuro e ela não fazia ideia, mas no momento, foi a ideia perfeita.

Três semanas após o ocorrido, Antenor avisou Branca que queria conversar com ela, e ela sabia que seria o fim da relação, porém ela é quem tinha uma notícia para dar para ele.

— sabe Branca, tem umas coisas que a gente precisa conversar sabe – Antenor tinha a voz trêmula, ele sabia que Branca o amava – eu queria dizer que…

— amor, deixa eu falar antes que a minha notícia eu aposto que é muito melhor que a tua! - Branca correu em direção a Antenor, deu-lhe um beijo – eu estou grávida! Estou de duas semanas e serei a mãe mais feliz do mundo! - ela abraçou Antenor e ele ficou completamente sem palavras.

Como era de se esperar, o pai de Antenor um homem muito antiquado, obrigou o filho a casar-se com Branca às pressas, ameaçando deserdá-lo caso não o fizesse, e agora Branca estava realizada em um dos âmbitos de sua vida, agora só faltava reconquistar o emprego na revista, que mesmo com o ódio de Guilhermina lhe consumindo, ela queria seu emprego de volta, por orgulho.

1987, o filho de Branca havia nascido, ela havia colocado o nome de Fabrício e ela amava aquele bebê mais do que tudo, afinal ele fora quem lhe deu o casamento com Antenor que ela tanto desejava e Ângela havia crescido demais na revista, Guilhermina havia dado liberdade criativa completa para que ela fizesse o que quisesse e deu o passe a contratar quem ela quisesse para fazer parte de sua equipe então ela pediu que Branca fosse recontratada e a resposta de Guilhermina foi “claro! Gosto demais do trabalho dela e esse ano sem ela aqui foi bem triste”. Branca havia aceitado, com toda alegria e voltou a ficar feliz, pois agora ela tinha tudo o que ambicionava, porém ainda nutria um ódio muito grande por Guilhermina ter sido tão injusta com ela.

— sabe que esse ano foi super triste, você e Ângela sempre foram as minhas protegidas, mas acho que esse tempo foi bom sabe, você aprendeu a lição.

Branca fervia de ódio em ouvir Guilhermina dizendo isso, pois a seu ver havia sido uma injustiça terrível que quase lhe destruiu a vida, e Branca estava acostumada a sempre cair de pé, por maior que fosse o tombo. Quando as duas saíram do restaurante, Guilhermina foi dirigindo, pois ela tinha adoração por seus carros e quando saia sem ser motivos de trabalho, ela sempre dirigia.

Branca e Guilhermina conversavam e riam alto naquele momento de descuido, aquele momento em que Guilhermina furou o sinal vermelho e um carro bateu-lhe na lateral e fez Branca ser projetada para frente, sua sorte era estar usando o cinto de segurança. Um pouco atordoada, ela olhou ao redor, ela havia apenas feito um corte no lábio e batido a cabeça, então ela olhou pro lado e percebeu que o motorista do carro que bateu nelas não usava o cinto e foi arremessado sobre o capô do carro e morreu na hora e Guilhermina tinha um estilhaço de vidro cravado em seu pescoço e ela agonizava. Guilhermina tentava pedir socorro e por um instante Branca olhou para ela, olhou para ela e percebeu que aquele vidro era o que lhe matinha viva estancando o sangramento, então enquanto Guilhermina balbuciava “socorro” com aqueles lábios quase imóveis e sem vida, ela olhou bem fundo nos olhos de Guilhermina e disse a ela “quando você chegar no inferno, não se esqueça que fui eu quem te mandou para lá” então, ela arrancou o pedaço de vidro do pescoço de Guilhermina e ficou assistindo até praticamente todo o sangue do corpo dela jorrar para fora, e então apenas quando ela teve certeza que ela havia morrido, Branca saiu calmamente tirou o cinto, saiu do carro e olhou para a cena.

Então, após alguns segundos de choque com o que tinha acontecido, ela percebeu o que havia acabado de fazer, então ela começou a gritar.


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