Embora Grissom não aceitasse perder uma aposta, concordava que essa era com certeza a mais maluca que havia aceitado, o problema maior era a pessoa com quem teria que conviver por um ano. E vendo as várias caixas de mudança e as malas dentro do carro que estava parado em frente a sua casa, chegou a pedir que pudesse voltar no tempo para não ter concordado com aquilo. Era muita loucura, balançou a cabeça, perguntando-se como esse casamento terminaria. E se nesse período encontrasse alguém que amasse de verdade, como faria para não perder ela e a aposta também?

No momento, o mais importante era saber se suportaria conviver com Sara em sua casa, desorganizando tudo, mexendo em suas coisas... Droga! Agora era tarde. Teria que aguentar. E era melhor na sua casa do que no minúsculo apartamento dela, assim cada um teria o seu quarto, um dos de hóspedes que tinha uma cama de solteiro e um guarda roupa ficaria para ela durante esse tempo. Tempo que torcia para acabar logo.

E saísse vitorioso. 

Porém, ainda tinha uma tarefa mais importante para fazer.

Contar a sua mãe sobre o casamento. E explicar porque estava casando sem ao menos apresentar nenhuma namorada a ela.

Realmente estava encrencado. Principalmente se sua mãe não gostasse de Sara, o que não seria novidade, pois Sara é bem irritante.

—Você pode me ajudar com as caixas ou vai ficar aí parado? Seja cavalheiro!  

E abusada também. Mal chegou e já está sendo irritante e mandona!

—Não sou seu empregado! _Retrucou, cruzando os braços. _Entretanto, se me pedir por favor eu ajudo.

Ela o encarou, nenhum pouco contente, Grissom ouviu Sara soltar um resmungo, não entendendo o que ela havia dito, com certeza deveria ter lhe xingado. Esperou que ela desse o braço a torcer e pedisse sua ajuda, não o fez, pegou uma das caixas e se caminho até a entrada da casa, passando direto por ele.

—Não vai mesmo querer ajuda? _Provocou. Acompanhando-a.

—Não precisa! Pode ao menos mostrar o quarto onde ficarei

—Claro. Mas posso ajuda-la. Sabe o que fazer.

De jeito nenhum iria pedir por favor a ele, não, preferia carregar as caixas a se sujeitar a isso. Nem que ficasse exausta para o turno que começaria em três horas. E nem estavam tão pesadas assim, daria conta de carrega-las sozinha. Já bastava ter concordado em se mudar para a casa dele, infelizmente, além de conviverem juntos no trabalho teriam que dividir a mesma casa também e o pior, atura-lo por um ano inteiro ou enquanto durasse esse louca aposta. Depois de ter concordado com essa loucura, nunca mais ficaria tão embriagada novamente, saber no dia seguinte o que havia feito foi pior que a ressaca, ela durou apenas um dia e essa aposta seria por um ano. Doze meses, onde tudo poderia acontecer.

Estava entrando em território inimigo e pouco sabia sobre ele, assim como ele pouco sabia sobre ela, na verdade não sabia nada. E nem precisa, afinal, tudo não passava de uma aposta. Não seria necessário revelar seu passado para ele. Antes de leva-la ao quarto, Grissom lhe mostrou a casa, como era esperado, era bastante organizada, tinha uma sala enorme, confortável e sofisticada. A cozinha não era diferente, os móveis planejados as cores combinando perfeitamente com o ambiente, se perguntou para quê uma cozinha tão grande, com certeza ele nem sabia cozinhar. Seu escritório tinha uma mesa bem no centro, alguns papeis em cima, tinha também algumas estantes com aquários onde os insetos vivos estavam e outros empalhados em molduras na parede atrás da mesa. O ambiente não era diferente da sua sala no laboratório. Notou outra porta no recinto, essa os levou direto a biblioteca, era maior que a sala, um verdadeiro paraíso, sabia o quanto Grissom adorava livros, mas nunca imaginou que ele tivesse uma biblioteca em sua própria casa.

Embora estivesse impressionada com essa descoberta, escondeu a surpresa. 

—Vamos, agora vou mostra o seu quarto.

—Ótimo! _O seguiu.

Saíram por outra porta que dava na sala e ficava próxima a escada. Na parte de cima tinha três quartos, o dele era o primeiro o segundo seria o dela e o outro era o de hospedes.

—Aqui. _Abriu a porta, lhe dando espaço para passar. _Pode decorar como quiser.

O quarto era grande, uma suíte, tinha apenas uma cama de solteiro um guarda – roupa embutido e uma cômoda. Caminhou até cama deixou a caixa em cima dela e foi até a pequena varanda, tendo como vista os fundos da casa e um belo jardim. Tinha que admitir, ele tinha bom gosto. Aliás, já era a segunda vez que tinha que admitir com algo que se referia a ele.

—Obrigada por me mostrar a casa.

—De nada. Vejo que gostou.

—É legal. _Não iria admitir para ele que gostou. _Preciso pegar o resto das minhas coisas.

—Fique a vontade. Não quer mesmo ajuda?

—Não!

Sara trouxe apenas o necessário, roupas, alguns calçados, itens de higiene... E claro, não poderia esquecer os livros, se bem que com a biblioteca que Grissom tinha, com certeza encontraria bons livros lá. Deixou algumas peças de roupas e itens pessoas em seu apartamento caso precisasse ficar longe dele. Ou ter um momento sozinha. Finalmente conseguiu terminar de arrumar suas coisas, estava um pouco cansada, mas o recinto ficou como queria. Agora vinha o mais difícil, casamento não era algo fácil até para quem se ama, imagina para quem se odeia.

Se bem que ainda tinha que contar a sua “sogra” sobre o casamento. E torcia para que dona Beth gostasse dela como “mulher” de seu filho, mesmo sendo mentira, assim como gosta sendo colega de trabalho dele.

Só tinha certeza de uma coisa. Ela ficaria surpresa em saber que o filho iria se casar.

Ainda mais de uma hora para outra. 

—Vamos ver o que irá acontecer.